Angel Of Darkness. escrita por Mari Trevisan


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Esse foi bem difícil de escrever.



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Eu sabia que estava lhe causando dor, mas agora isso para mim não era nada, pois eu era apenas um monstro sedento.

Bem... eu quase me matei depois daquilo – eu o teria feito se Yuuki não tivesse me impedido. Depois eu tentei ir embora, ela correu atrás de mim e se agarrou no meu peito, quase chorando, enquanto eu olhava para cima, para as estrelas.

Eu estava tentando entende-la. Como podia ela, depois de eu a ter machucado tanto, me perdoar, e pior, pedir, aos soluços que eu ficasse? Será que ela não via que eu era um monstro?

Mas de qualquer modo, Yuuki era muito especial para mim para que eu a tivesse jogado para trás e saído andando. Se qualquer outra pessoa, até mesmo o Diretor, tivesse me pedido para ficar, eu não teria concordado.

Mas era ela, afinal. Yuuki. E eu a fizera chegar à beira das lágrimas. Foi por isso, e também pela sua preocupação em relação a mim, que eu decidira ficar.

Porém, Yagari sugerira que eu ficasse isolado num dos quartos de hóspedes do Diretor até que eu me acalmasse, já que no dia anterior eu tivera outra crise, no Dormitório da Lua.

E não teria sido nada bom, porque se eu a tivesse sangrado, todos os vampiros ali teriam ficado tentados, talvez até mesmo aquele Kaname.

Era nisso que eu pensava quando ouvi alguém batendo na porta.

Era ela.

-Yuuki... – falei, surpreso. – Por que?

-Por que você está sendo mantido num lugar como este? – ela respondeu com outra pergunta. Abaixei a cabeça. O que eu responderia? Apenas consegui virar a cabeça.

-Mesmo não tendo nenhuma tranca aqui? – ela insistiu daquele jeito novamente. Bem, eu estava lá por vontade própria. Novamente, fiz a única coisa possível para o bem dela:

-Vá embora. – Tentei fechar a porta, mas ela a segurou. Garota teimosa.

-Espere! Por que você faz tudo o que aquela pessoa diz? -ela se referia a Yagari.

-A linhagem dos Kiryuu consiste numa família de caçadores de vampiros – expliquei. – Meus pais também eram caçadores. Quando éramos crianças, ele cuidou de mim e do meu irmão mais novo, como um tutor e professor. Foi quando eu vi o que era um Level E. – Suspirei, me lembrando daquele fatídico dia. – A enfermeira de nossa escola primaria era uma pessoa bonita e bondosa. Mas a verdade é que ela era uma vampira que já foi humana. E um dia, na nossa frente, ela se transformou numa vampira feroz. Yagari chegou até nós com uma arma e entrei na frente dela, dizendo que a enfermeira era uma boa pessoa. Mas eu estava errado, pois no momento seguinte ela atacou meu sensei, cegando um de seus olhos. Eu observava, chocado, enquanto o sangue dele manchava o meu rosto. Então ele atirou e a matou. – Olhei para Yuuki novamente. – Naquele momento... mesmo machucado, eu a vi mostrando as presas. Pela primeira vez, senti que os vampiros eram seres assustadores. O meu mestre me passou isso pela experiência. É por isso que, se ele quiser me matar, eu vou...

-Não é certo! – Yuuki me interrompeu. – Você está tentando desistir! Você até mesmo me deu aquela arma... não fuja! – Virei o rosto. Ela se afastou um pouco. – Me deixe entrar – ela continuou. Não fiz nada e ela entrou. Eu ainda não olhava para ela quando a garota fechou a porta. Eu me sentia ferido novamente.

Yuuki pareceu perceber isso, tanto que segurou a minha mão. Imediatamente olhei para ela, surpreso.

-Yuuki... o que foi?

Ela andou comigo até a suíte que havia no quarto.

-Se for aqui, ninguém vai nos descobrir – ela disse, e abriu a porta. Será que ela queria dizer... - Continue o que você estava fazendo ontem... – Era isso mesmo, então. Ela queria que eu a mordesse de novo, como eu acabara de suspeitar. Arregalei os olhos.

Eu não podia. Eu não devia.

Mas entramos no banheiro de qualquer modo. Era grande. Ela soltou a minha mão e tirou uma parte de seu uniforme, ficando com a camisa branca que ficava por baixo, enquanto falava:

-A única coisa que posso fazer... eu finalmente percebi... - Continuei olhando, atônito.

-O quê... você está dizendo...? – indaguei, mas não consegui terminar de falar, pois ela me olhou, e vi que estava um pouco envergonhada, mas decidida.

Bem, Yuuki colocou as duas mãos no meu peito e me empurrou gentilmente até que eu encostasse na parede. Não pude impedir; corei levemente. Coloquei as duas mãos em seus ombros novamente.

-Essa é a melhor coisa a fazer! – ela continuou. Vi que estava com um pouco de medo também. Eu não a culpava por isso. –Zero... por favor, eu quero que você tome o meu sangue.  - Ela se sentou no chão e eu acabei indo também, agora segurando seus cotovelos, constrangido. – Mesmo se for só por agora, você pode se sentir saciado... – Levantei a cabeça. Ela não parecia ter percebido o meu constrangimento. Melhor assim, pensei. E então disse:

-Pare com isso... eu não posso me perdoar...- e era verdade. Meus olhos estavam lacrimejando devido a ela, e à sua decisão corajosa. Eu não sabia o que fazer.

-Eu entendo... – ela disse, e eu a abracei com carinho, segurando-a. Comecei a ofegar. – Desculpe... – ela continuou, e senti minhas presas. Droga. Passei o outro braço por suas costas. – Essa é a única coisa que nenhum de nós pode ser perdoado... sangue... – Eu a puxei para mim, segurando-a com um pouco mais de força agora. Ela também me abraçava. Ainda hesitei por um minuto.

Mas não era possível. Segurei seus cabelos com uma das mãos e finalmente a mordi.

Diferentemente da primeira vez, não houve resistência alguma. Ela estava se doando, se entregando a mim completamente. Yuuki ficou completamente quieta, sem fazer um movimento sequer.

Senti novamente aquela sensação maravilhosa quando senti seu sangue em meus lábios. Então aquilo me estimulou e eu continuei, tomando o máximo que conseguia.

Eu sabia que estava lhe causando dor, mas agora isso para mim não era nada, pois eu era apenas um monstro sedento.

Era tão delicioso! Segurei-a com um pouco mais de força por causa de seu... sabor. Sim, ela era saborosa, e parecia que a cada vez o gosto ficava melhor... ela colocou novamente um das mãos em um dos meus ombros.

Continuei. Por um momento eu quis ficar ali para sempre, dominado pelo meu instinto animal. Mas assim que esse pensamente insano me ocorreu, consegui me controlar e a soltei. Eu estava mais do que satisfeito; seu sangue ainda escorria pelo meu queixo e eu me afastei um pouco, encostando na parede, para evitar outro possível ataque.

-Zero, você está bem? – Yuuki perguntou, preocupada novamente. Eu é que devia fazer essa pergunta a ela, pensei, me amaldiçoando por tê-la ferido novamente.

-É vergonhoso, não é? – indaguei, sem coragem para olhá-la nos olhos. Consegui olha-la, porém, no segundo seguinte. – Mesmo que eu odeie os vampiros e não queira machucar as pessoas... – Limpei o sangue em meu queixo. – Eu não posso parar o meu ‘eu’ que deseja sangue... – Senti, novamente, o arrependimento me atingir. – Me deixe... você entende não é? – extravasei toda a minha dor, principalmente emocional. – É a mesma coisa com os tabletes... para mim, não é mais do que ouro falso! Antes de provar o seu sangue...

-Te abandonar? Você diz coisas cruéis... – ela interrompeu, com razão. – Eu vou manter a minha promessa quantas vezes forem precisas. Eu disse que te pararia, não disse? Mesmo que você me odeie, ou odeie isso, ou o que quer que aconteça... eu vou silenciar a besta dentro de você!

Lacrimejei e arregalei os olhos. Como ela podia dizer aquilo? Como podia alguém ser tão corajosa?

-Você não é um Level E! Como eu poderia deixar você morrer? Tudo bem se você odiar os vampiros, ou mesmo me odiar! Pelo menos você não estará desistindo!

-Não há como eu te odiar... – falei sinceramente, sem omitir nada. E era verdade. Ninguém, absolutamente ninguém, poderia ser capaz de odiar Yuuki.

Ela me olhou, surpresa. Tapei meus olhos.

-Você está bem? – finalmente perguntei o que eu tanto queria. Ela relaxou, ficando corada de novo.

-Ei, estou bem! Não vou ficar anêmica nem nada assim. Estou energética como sempre! Eu posso ir pra escola como sempre amanhã. Nada vai mudar. Então amanhã, venha para a aula, tá? Definitivamente! – ela deu aquele lindo sorriso doce de sempre.

Sim, Yuuki. Eu irei.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que tenham gostado... ^^''
Espero reviews para postar o terceiro capítulo!
Nyah~~