Angel Of Darkness. escrita por Mari Trevisan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Cada capítulo é cada vez que o Zero mordeu a Yuuki, no ponto de vista dele, obviamente. Espero que gostem...



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Era o lado animal que exigia sua parte.

Eu estava no início da escada de madeira refinada que levava à Sala do Diretor. Eu estava tentando me controlar ao máximo – estava à beira de uma crise bem forte, talvez mais forte do que eu jamais tivera até então.

Meu corpo continuava rejeitando os comprimidos de sangue que estavam no meu bolso – lá estava eu, novamente, numa tentativa desesperada de aliviar minha sede, mas sem machucar ninguém.

Bem, eu estava tentando alcançar meu lado humano – se é que eu tinha algum, desde que fora transformado - quando a vi.

Yuuki.

Ela estava andando em direção à escada em que eu me apoiava. Ela se aproximou normalmente - da parte de cima da escada - por sorte sem notar a minha situação.

-Zero! – Ela disse, sorrindo como sempre – acho que eu finalmente entendi alguma coisa do que você estava dizendo...

Levantei-me, ficando de costas para ela, enquanto ela descia a escada. Eu já estava sentindo aquele cheiro quase irresistível e delicioso que emanava da pele dela, e tentava resistir, como fizera tantas vezes.

-Eu sei que há vampiros muito assustadores lá fora... – ela continuou, como se eu não fosse um daqueles a que ela estava se referindo. – Não... aquilo não era um vampiro.

Esperei, enquanto apoiava uma das mãos no corrimão. Praticamente pressenti o que ela ia dizer a seguir.

-Era uma besta que tomou a forma humana – ela terminou, e eu arregalei os olhos. Porque Yuuki não estava falando dos Level E que havíamos encontrado na cidade naquela tarde. Ela estava se referindo a mim, também, mesmo que não soubesse.

Eu me sentia atingido, como se uma espada estivesse me atravessando.

Yuuki se aproximou de mim. Cada segundo passava vagarosamente, e ficava cada vez mais difícil manter o controle, já que uma das mãos dela estava enfaixada. O cheiro era irresistível.

Fiz a única coisa possível para o bem dela.

-Fique longe! – gritei bruscamente. Ela deu dois passos para trás.

-Por quê? – ótimo. Era só o que faltava. Eu a havia magoado. – Eu ainda quero falar com você! – a garota insistiu. – Quero te falar mais sobre mim! – mesmo estando de costas para ela, eu podia perceber como se sentia. – Por que nós somos...

-Nós não somos! – interrompi, desesperado, quase gritando. Não ia dar tempo. – Não somos...

-Eu estava sendo egoísta – droga, por que ela ainda não havia ido embora? – achando que eu estava passando pelas mesmas dores e sofrimentos que você, Zero. – Bem, isso ela não estava mesmo. – Eu só estava pensando em mim mesma. – Yuuki se afastou mais um pouco, visivelmente magoada.

Eu precisava fazer alguma coisa.

Quando vi que Yuuki ia embora, mudei de ideia e me virei para ela rapidamente, tentando pará-la.

-Yuu... – comecei, e segurei sua mão, justamente a que estava enfaixada. Estávamos perigosamente perto, e quando eu a segurei, uma parte da faixa ensanguentada ficou balançando, bem na minha frente.

Era o lado animal que exigia sua parte. O cheiro me atingiu e então não aguentei.

Eu a puxei para mim bruscamente, encostando-a em meu peito, segurando-a firmemente pela cintura com uma das minhas mãos, minha outra mão em seu pescoço, impedindo a fuga.

Nossas cabeças estavam quase encostadas também – de modo que, no momento seguinte, lambi seu pescoço, como se o estivesse preparando para a mordida que viria em seguida.

-Z-zero? – ela perguntou, assustada, enquanto eu passava minha língua sobre aquela pele macia e quente. Não lhe dei ouvidos.

Era tão delicioso...

Yuuki ficou rígida – o medo fizera aquilo – e fechou os olhos.

Eu já havia sentido sua pele quando minhas presas se mostraram e meus olhos ficaram vermelhos.

Segurei seus ombros com as duas mãos e a mordi com toda a força.

Não havia como descrever a sensação – muito menos o gosto divino que senti quando a provei, pois seu sangue era quente e muito melhor do que eu imaginara.

Comecei a sugá-la rapidamente, era impossível parar. Não havia nada ao meu redor, apenas a sede reprimida por anos sendo saciada.

Tomei o máximo que consegui – pois ela parecia ter acordado do estado de choque em que estava mergulhada – e então Yuuki tentou me empurrar, gritando para que eu parasse.

Não a segurei com muita força, de modo que logo ela conseguiu escapar, me empurrando para trás, quando ela se apoiou na escada, a mão no pescoço ferido, me olhando assustada.

Seu sangue escorria desde meu queixo até meu peito, enquanto eu a olhava, ainda descontrolado.

-P-por que... – ela tentou dizer alguma coisa, e algumas gotas de seu sangue pingaram no chão.

Olhei para ela por mais alguns segundos quando finalmente percebi o que havia feito. Arregalei os olhos, enquanto voltavam à coloração normal, enquanto eu voltava ao normal.

-Yuuki... – falei, minha voz machucada, coberta de remorso. Virei a cabeça. – Desculpe. – Continuei, mesmo sabendo que palavras não consertariam o enorme estrago que eu acabara de fazer.

Limpei o sangue que restara em meu queixo, mirando os olhos castanhos da garota.

Estava na hora de lhe contar tudo.

-Yuuki, eu sou... – dei um passo para a frente e ela andou para trás, se encolhendo.

Eu estava prestes a lhe explicar tudo quando a voz que eu mais odiava no mundo nos interrompeu.

-Yuuki. – Era aquele Kuran nojento. Ele subiu a escada. Olhei-o de esguelha e no momento seguinte ele ficou na frente de Yuuki, protegendo-a. A fúria em sua voz era perceptível, pelo menos para mim. – Quer dizer que você se tornou a besta que persegue o cheiro de sangue? Kiryuu Zero.

Entretanto, Yuuki pediu para que Kaname não fizesse nada, e correu na frente dele, como se me quisesse proteger. Só que ela caiu desmaiada a meus pés.

Chocado, fiz menção de pega-la, mas Kaname foi mais rápido e a colocou nos braços, enquanto dizia:

-Você não está controlando sua sede por sangue. Agora a Yuuki mal consegue ficar de pé. – Maldito, ele falava como se soubesse como era meu sofrimento, como se estivesse chamando a atenção de uma criança malcriada! – O sangue dela é tão delicioso assim? – como se ele não fosse um vampiro e não sentisse o cheiro.

Mas a vergonha e o arrependimento me atingiram de imediato, e coloquei uma das mãos no meu rosto, arregalando os olhos novamente.

Ele a levou embora.

Eu queria morrer.


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal, é isso. Por favor postem reviews para que eu possa colocar os outros capítulos! Espero que tenham gostado!
Nyah~~