Segredos Submersos escrita por lovegood


Capítulo 7
Leões, cabras e dragões não são muito gentis


Notas iniciais do capítulo

Bom capítulo, feliz natal atrasado e feliz ano-novo adiantado. :D



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Eu, Harry e Ron estávamos andando pelos corredores de Hogwarts, ainda sem nenhuma espécie de rumo. Já devíamos estar perambulando pelo colégio havia uma meia-hora, sem saber onde poderíamos parar. Pois é. O trio de ouro totalmente encharcado, com roupas de gala e andando sem eira nem beira pelo castelo. A estranheza de tudo isso parecia impregnar meus ossos.

O castelo estava completamente deserto, já que provavelmente os convidados ainda estariam se acalmando de todo o ocorrido, e os que não foram convidados provavelmente estariam dormindo.

Não trocamos qualquer palavra ao andarmos. O silêncio era quebrado apenas por nossos passos que reverberavam pelos corredores vazios, trazendo àquilo tudo uma áurea um tanto assustadora.

– Sr. Weasley, sr. Potter e srta. Granger – disse alguém atrás de nós, fazendo-nos pular de susto. Era a professora Blakewhite. Seus olhos cinzentos e frios ainda estavam colados em mim, fazendo os pelos de minha nuca eriçarem. – Posso saber onde vocês vão, nesse horário?

Nós três nos entreolhamos, nervosos. Por mais que nenhum de nós gostasse muito dessa professora, assim como aparentemente todos os outros alunos, e que ela tampouco retribuísse qualquer sentimento bom, às vezes dava-me a impressão de ser eu a mais odiada.

– Hã... bem, é que nós estávamos no baile do profº Slughorn – disse eu, tentando resumir um pouco as coisas e deixar outras para fora. Até agora, eu estava dizendo a verdade. – E por causa de todo aquele ocorrido da festa, achamos melhor sairmos do salão, professora.

Ela levantou as sobrancelhas. Eu, Ron e Harry acabamos sorrindo amarelo.

– Tudo bem... – disse, parecendo não muito convencida. Seus olhos ainda me perfuravam, deixando-me estranhamente desconfortável. Se eu não soubesse que por trás daqueles olhos velhos e enrugados havia um extremo desgostar por mim, eu poderia achar que talvez estivesse com o rosto sujo ou algo do gênero. – Os senhores agora estão ocupados? Possuem algum compromisso importante?

Entreolhamos-nos novamente, logo depois balançando a cabeça em sinal de negativo. Seus lábios se repuxaram em uma espécie de sorriso. Um sorriso tenso e também malicioso.

– Ótimo – apenas disse, voltando a andar. Ainda de costas, completou: – Se importam em me acompanhar por um instante? Não vai demorar muito... pelo contrário; acho que vai ser até rápido.

Olhei para Harry e Ron pela terceira vez. Resolvemos segui-la do mesmo jeito, mas dessa vez aquela sensação de que algo estava errado realmente torceu meu estômago em um nó – um grande nó, que parecia que não ia ser desfeito assim tão cedo.


A professora Blakewhite acabou nos levando para o banheiro dos monitores do quinto andar. O banheiro estava exatamente a mesma coisa do que a última vez em que estive ali (é, infelizmente este ano eu não fora escolhida como monitora-chefe). A figura da sereia na janela, as cabines e a grande banheira com várias torneiras no topo.

Nós estávamos próximos à porta, enquanto ela posicionou-se de frente à banheira, de costas para nós. Seu corpo estava bem mais rígido do que antes, um pouco inclinado para a frente. Parecia mais que ela estava sentindo dor na região do peito.

A professora olhou para nós, por cima dos ombros. Seus olhos cinzas faiscavam e subitamente começaram a revirar, fazendo-a ficar vesga. Sua boca espumava; seu corpo começou a se contorcer cada vez mais.

Por um momento, lembrei-me de quando eu e Harry fomos até Godric's Hollow no cemitério e visitamos o túmulo de James e Lily, assim como encontramos Batilda Bagshot e a mesma se transformou em Nagini. O jeito em que a profª Blakewhite se encontrava parecia até mesmo com Batilda.

Instantaneamente, começamos a recuar.

– Hã... professora? – perguntou Ron, com os olhos arregalados. Antes que ele pudesse dizer outra coisa, Blakewhite se encolheu ainda mais, ficando em posição fetal. De repente, ela não era mais uma professora de adolescentes. Era uma criatura horrível, bestial. Era um leão. Na verdade, seria um leão se ela não tivesse mais duas cabeças, uma de dragão e outra de cabra.

Ela rosnou e avançou para cima de nós. Rapidamente pegamos nossas varinhas e apontamos para ela (o que não foi algo muito útil, diga-se de passagem).

Estupefaça! – gritou Ron. O monstro foi atingido e lançado para trás, mas em vez de desmaiar rapidamente se levantou, como se apenas uma mosca tivesse o atingido, ou algo do gênero.

– Alarte Ascendare! – dessa vez fui eu quem gritei. Aquela coisa que devia ser minha professora ascendeu e caiu no chão com um estrondo. Mas, para nosso desespero, ela se levantou novamente.

– Sectumsempra! – gritou Harry, usando o feitiço criado pelo Príncipe Mestiço. Novamente aquele leão/cabra/dragão foi atingido, sendo cortado e caindo no chão.

Por um momento, tudo se silenciou. O bicho estava caído, e o único barulho que podia ser ouvido era da água que escorria das torneiras que haviam acabado sendo acidentalmente sendo atingidas. Suspiramos de alívio, mas o medo e a incredulidade de toda aquela situação subia por minhas costas e irradiava por meu corpo inteiro.

– O que foi que aconteceu? – perguntou Ron, passando as costas da mão na testa, limpando o suor.

– Boa pergunta – disse Harry. – E aliás... que bicho foi esse que tentou nos atacar? E que ainda estava disfarçado de nossa professora de DCAT?

– Quer dizer... o cargo de DCAT ficou mesmo amaldiçoado depois de Tom Riddle – disse Ron, e ele e Harry riram. Franzi as sobrancelhas, tentando me lembrar de onde já vira algum monstro assim.

Não me lembrava de ter visto em nenhum livro de Hogwarts, mas essa criatura poderia muito bem ser uma Quimera, monstro da mitologia grega; filho de Tifão e Equidna, e que em certas lendas era descrito como um ser com corpo e cabeça de leão, com mais uma cabeça de cabra e outra de dragão, por mais que houvessem outras variações desse monstro. O que era exatamente idêntico ao negócio que era para ser a profª Blakewhite.

Mas não poderia ser apenas uma coincidência? A mitologia grega era justamente isso, uma mitologia. Não era possível que criaturas como aquela ainda existissem. Antes que pudesse pensar em qualquer outra coisa, a Quimera – que ainda não sabia se era mesmo uma – se levantou, e rugiu novamente.

– Mas essa coisa não estava morta? – berraram Harry e Ron em uníssono.

– Pelo visto não! – exclamei, voltando a recuar e a pegar minha varinha. Assim quando ia conjurar o Sectumsempra, algo aconteceu. Algo grande.

A água que estava na banheira, mais a água que caía da torneira, basicamente se juntaram e formaram uma onda gigante, que jorraram direto na cabeça do monstro. Essa não-sei-se-é-uma-Quimera cambaleou e rosnou.

– Mas o quê...?!

– Como vai; Harry, Ron, Mione? – disse uma voz masculina atrás de nós.

– Nico? – praticamente gritei, assim que o vi. Olhei para as duas outras pessoas um pouco mais para trás. – Percy, Thalia? Mas como... quem...?

– Longa história, Hermione – disse Percy. Vi que ele empunhava uma espada, com um nome reluzindo em sua lateral. Anaklusmos. A quantidade interminável de perguntas que brotavam em minha cabeça incapacitou-me de falar qualquer coisa. – Você vai entender depois. Só temos que acabar com essa Quimera aí. Thalia...

– Estou sempre pronta, Cabeça de Algas – disse ela, passando a mão pelos cabelos negros rebeldes. Thalia voltou-se para a Quimera (que agora descobri que era realmente aquele bicho grego feio), que agora rugia de fúria. – Vamos lá, Aegis! – e mexeu nas correntes prateadas em seu pulso, que logo depois se tornaram em um escudo.

Todos nós viramos um pouco o rosto após Thalia fazer aquele escudo que provavelmente se chamava Aegis. Aquilo era horrível, já que possuía a cabeça da Medusa esculpida no topo (uma cabeça bem feia da Medusa, a propósito). Até a Quimera recuou por um momento, parecendo um pouco assustada.

– Nico, agora! – exclamou. Ele rapidamente pegou uma espada, tão negra que chegava a assustar, e a enfincou no chão. Uma fissura se abriu ali, e um grande buraco (que parecia ser até sem fundo) se abriu. A Quimera rugiu de frustração e caiu ali dentro. Por um momento, jurei que vi alguns esqueletos tentando sair, mas antes que isso pudesse acontecer, o buraco rapidamente se fechou. Como se nada tivesse sido aberto no chão.

– É, agora ela se foi – disse Nico, guardando sua espada negra de volta.

Um silêncio rapidamente se instalou no ar. O banheiro estava completamente destruído; eu, Harry e Ron estávamos completamente confusos com o que estava acontecendo. Percy, Nico e Thalia não eram bruxos normais, não mesmo. Primeiro: eles usavam espadas (no caso de Thalia, aquele escudo horrível). Segundo: tudo a eles parecia se relacionar com coisas gregas, tanto que Percy até ia me falar algo sobre mitologia grega antes de sermos interrompidos pelos primos. Minha cabeça girava.

– Por Merlin, o que aconteceu? – perguntou Ron, balançando a cabeça.

Percy, Thalia e Nico se entreolharam, parecendo um pouco nervosos.

– Bom... – disse Thalia. – Acho melhor nós contamos depois para vocês, Harry e Ron. Achamos que Hermione merece saber as coisas por primeiro. Já escondemos muito dela. Então... Percy, você dá as honras? – e recuou um passo, ficando ao lado de Nico.

Percy bufou e revirou os olhos.

– Tanto faz – disse ele, e rapidamente me puxou para fora do banheiro.


Fomos andando em silêncio pelos corredores, até chegarmos no topo da torre do relógio. Nenhum de nós ousava dizer qualquer palavra. O céu estava extremamente escuro, com várias estrelas salpicando-a. Era noite de lua cheia, e por um momento nós dois parecíamos ter nos perdido um pouco vendo aquele lindo céu.

– Será que... será que agora, você pode realmente me contar o que está acontecendo? – pedi, quebrando o silêncio. Voltando meu olhar a ele, minha voz mal passava de um sussurro. Percy retribuiu o olhar e suspirou. Seus olhos azuis pareciam ainda mais brilhantes, e tinha de admitir que estavam mais bonitos do que nunca.

– Tudo bem, Hermione – sua voz também estava estranhamente baixa. – Acho que agora você merece saber mais sobre o que está acontecendo.


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Notas finais do capítulo

Não sou boa com cenas de ação, foi mal. :S