Segredos Submersos escrita por lovegood


Capítulo 6
Durante o baile desastroso




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Naquele exato momento, senti meu estômago se contorcer em um nó de nervosismo enquanto várias borboletas voavam dentro dele. Não ficaria surpresa se repentinamente eu vomitasse. E bem, se você está prestes a dançar num baile, dou uma dica: tente não demonstrar que está prestes a vomitar, se não quiser que seu parceiro te ache doida, e/ou fique prestes a vomitar também.

Olhei para Percy. A segunda opção estava bem clara na cara dele.

– Você está bem? – murmurei, enquanto entrávamos no salão, ambos com sorrisos extremamente falsos colados no rosto. Não conseguia entender como as pessoas ainda achavam que estávamos... felizes. Bem, com exceção de meus amigos. Ao olhar para o grupo de seis ali no canto (Harry, Ron, Gina, Luna, Nico e Thalia), pude perceber que a grande felicidade emanada por mim e Percy não estava os convencendo.

– Pergunte isso quando você estiver pelo menos um pouco melhor do que eu – disse ele entredentes, enquanto lançava um sorrisinho falso para os primos, que agora pareciam que iam começar a gargalharem feito hienas. Pude notar, porém, que por mais que seu grande sorriso se dirigisse a Thalia e Nico, seus olhos ainda fuzilavam outra pessoa.

– Eu ficaria muito melhor se você parasse de querer matar a professora de DCAT com o olhar – retruquei.

Pensei que Percy iria retrucar, ou fazer alguma piadinha sem graça. Na verdade, ele apenas me olhou sem dizer nada. Seus olhos azuis agora haviam endurecido, como se eu tivesse acabado de tocar em um ponto sensível. Abaixei o olhar, um pouquinho constrangida.

A música começou a tocar. Senti meus joelhos amolecerem; meu estômago se contorceu em outro nó. Parecia que todos os órgãos do meu corpo começaram a derreterem de tanto nervosismo - seja lá como fosse tal sensação.

"Relaxe", uma voz fraca soou em minha mente. Era apenas a minha consciência boa, que sempre me reconfortava quando eu tinha, sabe... problemas de garotas. Mas não parecia que ela iria me reconfortar agora. "Não é assim tão difícil, Hermione. Você apenas tem que seguir o ritmo da música. Pense naquele dia na cabana, no ano passado, quando você dançou com Harry, uma pessoa que sempre foi seu amigo"

"Bom, e tente ignorar o fato de que você não está dançando com um de seus melhores amigos e sim com esse cara que na verdade é, hã..." disse a voz da minha nem-tão-boa consciência, e que rapidamente se dissipou no ar. Não pude deixar de impedir uma forte sensação de irritação tomar conta de mim, ao ver que não teria a frase completada.

Suspirei. Isso não estava me ajudando em nada, não mesmo.

– Sabe, Hermione... – Percy disse, me trazendo de volta à realidade. – Você podia tentar relaxar, pelo menos um pouco – Já estávamos dançando, e bem... realmente não estava sendo muito agradável, parecíamos mais dois robôs desajeitados. – Sei que não sou o melhor dançarino do mundo, porque não sou mesmo, mas se você relaxasse... hã, talvez as coisas sairiam melhor. E minha mão ficaria bem mais feliz.

Olhei para sua mão esquerda, a que estava entrelaçada com a minha direita. Ela parecia estar normal, tirando o fato de que minha força estava um pouquinho maior do que de costume e que os nós de seus dedos estavam começando a ficar esbranquiçados.

– Desculpe – balbuciei, afrouxando um pouco o aperto. Involuntariamente, olhei para o lado, bem em direção ao meu grupo de amigos. Nem Thalia e nem Nico estavam mais lá. Franzi as sobrancelhas, confusa. Voltei meu olhar para Percy. – É que... bem, esses tempos eu ando confusa. Como se...

E como essas coisas só podiam acontecer comigo, bem na hora que eu ia continuar a falar, um chiado pôde ser ouvido. Era um ruído que mais aparentava que algo começaria a vazar, e tão alto que todos pararam para ouvir, inclusive eu e Percy e os outros casais que estavam já dançando.

– O que está acontecendo? – perguntei. Percy sorriu. Parecia que ele sabia que algo ia acontecer.

– Não faço ideia – disse, ainda sorrindo de um jeito besta. Levantei uma sobrancelha. Certo, ele era um péssimo mentiroso.

De repente, gotas de água começaram a escorrer pela parede, de um jeito tão intenso que o chão até começava a empoçar. Outras gotas brotavam do teto e começavam a cair, encharcando todo mundo. Parecia até... chuva? Estranhei, e, com novamente aquela torção no estômago – algo está errado, algo está muito errado – perguntei a mim mesma quem diabos estaria fazendo aquilo.

– Olhe, Hermione, me escute – agora Percy estava com uma expressão fechada, dura. Ele não estava mais se divertindo com o que estava acontecendo. – Quando as luzes apagarem, pegue Harry e Ron, saia do salão e se esconda em qualquer de Hogwarts.

– Como assim quando as luzes apagarem? – perguntei confusa.

PUUUF! As luzes todas do salão se apagaram e senti como se minha pergunta houvesse sido respondida.

Comecei a procurar por Harry e Ron, no meio de toda essa escuridão e caos que havia se formado: quase todos haviam começado a correr e gritar, como se fossem morrer por causa do escuro e da água.

– Harry, Ron! – gritei no meio do pandemônio. O bom é que eu achei eles bem rapidamente, porque acabaram sem querer esbarrando em mim. Assim que me certifiquei que era realmente os dois, peguei-os pelo pulso e fui arrastando-os para a porta. – Vamos, nós temos que ir!

– Mas para onde? E por quê? – perguntou Ron.

Parei. Realmente, era uma boa pergunta. Percy não havia especificado o porquê de tudo isso, mas aquela sensação de que algo daria errado se apoderou de mim novamente.

– Ahn... é que, eu sei que parece estranho e que não faz muito sentido, mas... eu sinto que devemos fazer isso, senão algo muito errado vai acontecer?

– Como por exemplo? – perguntou Harry.

– Ok, sinceramente? Não faço ideia – eu disse. – Mas pensem vocês dois: quando algo desse tipo acontece do nada, o que geralmente acontece conosco depois?

Os dois se entreolharam, e nem precisaram dizer que nós três estávamos pensando a mesma coisa: sempre que algo desse tipo acontecia do nada, geralmente nós acabávamos entrando em uma enrascada. Das grandes. O que sempre acabava envolvendo Voldemort. Mas, hoje não fazíamos ideia do que ia acontecer, já que Harry o derrotara ano passado. Só sabíamos que parecia ser algo grande.

O que nós fizemos depois? Tudo pareceu um súbito borrão. Só sabia que saímos do salão escuro e encharcado às pressas, apenas querendo chegar a um lugar de Hogwarts, que nem fazíamos ideia qual era.


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