Game Kill escrita por mile_ramos


Capítulo 9
Hora da verdade. (part 1)




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                Então ele estava preparado, para o que quer que pudesse vir.

                Apareceu como um holograma um título “Corrida de obstáculos” , a única coisa que passava por sua mente era –que tipo de corrida se usa armadura, escudo e armas? –mas então seguiu sua prova com firmeza.

                Começou correndo normal pois havia notado um cronômetro, mas não em contagem de duração, e sim em contagem regressiva. Ele corria quando de repente voou uma flecha por cima de sua cabeça, então ele passou a ficar mais alerta, pois provavelmente haveriam muitos obstáculos perigosos. Ele continuou correndo contra o tempo, até passar por várias flechas, lanças chamas, que queimaram parte de seu escudo, e armadilhas no chão como por exemplo rachaduras que se abriam de repente. Até que em uma parte em vez de os obstáculos serem lobos como nas provas de Hailey e Annabel, eram ursos. Então ele carregou rapidamente a arma e atirou certeiramente no primeiro, mas quando virou para o segundo errou, recarregou e acertou de raspão o urso, o que fez com que ele ficasse furioso e arranhasse parte do braço e da cintura esquerda de Fred, ele caiu mas levantou-se rapidamente, e atirou direto na cabeça, mas havia um outro atrás de Fred e ele não havia percebido... O urso o empurrou, o que fez ele parar longe e ficar muito ferido, foi se levantando, e usou a ultima bala para dar um tiro na cabeça do urso, e correu até a linha de chegada. Fred havia concluído sua prova. 

                Assim que Fred saiu da prova, os cartões pareceram mudar de cor, de repente. Todos perceberam que o próximo tipo de prova seria diferente. Ele tinha que escolher alguém, mas quem? Era a pergunta que rodeava em sua cabeça. E se a mudança nas provas fossem desafios piores? Estavam todos ali feridos, e como ninguém tinha se sacrificado, talvez o jogo quisesse matar a todos ali. Ele apenas escolheu Annabel, ainda estava bravo pela sua falta de compreensão, e era a única que não estava literalmente ferida. Ela pegou um cartão e estava escrito: Conte uma verdade que seus amigos queiram saber.

-Que verdade vocês querem saber?

-Am.. –disse Fred –porquê você e Giovanna tinham tanto ódio uma pela outra? –ele perguntou o que realmente queria saber desde o início.

-Ai ai... longa história, vou contar, desde o início...Quando cheguei aqui esse ano Giovanna já era a “rainha” do colégio, a mais bonita, mais desejada... E então eu vim pra cá. Ela no início foi minha amiga, ou pelo menos fingiu ser... Ela dividia segredos e pedia para eu contar alguns também. Um dia um desses segredos foi que eu gostava do Fred, mas eu não sabia que você já tinha sido namorado dela... ela na hora não me contou. Um dia ela armou uma humilhação pra mim no meio da cantina, e disse bem alto para todos ouvirem: -NUNCA MAIS ANDE CONOSCO, VOCÊ É A PESSOA MAIS RIDÍCULA QUE JÁ CONHECI, E AINDA ACHA QUE PODERIA ANDAR COMIGO, OU NAMORAR COM O FRED? –ela disse num tom de deboche. Todos riram de mim, mas sinceramente não me importei. Mas aí, sempre que passava por ela, e ela estava com você, ela começava a beijar você, isso me fazia muito mal, e ela sabia. Acho também que ela se sentiu ameaçada, principalmente no primeiro baile, do primeiro semestre, ela concorria pra ser a rainha do baile, mas quem ganhou fui eu, mesmo sem me inscrever pra concorrer, as pessoas simplesmente votaram em mim. E também quando me inscrevi pra ser líder de torcida, ela fez de tudo pra ser a capitã, e em alguns campeonatos me colocava na reserva. Não sei de onde ela tirava tanto ódio mas... ela simplesmente me odiava, eu só a odiava porque ela estava com o cara que amo... e também soube... que ela traia o Fred com o Ryan, ela só não terminava, ou dava um jeito de voltar com você pra me deixar com raiva, escolhi o Ryan pra fingir namoro porque sabia que ia deixá-la com raiva, ele aceitou porque achou que se você tivesse ciúmes ia terminar e ele teria a Giovanna só pra ele, ele era apaixonado por ela, não sei como né... o que me deva mais ódio é que ela traia você, você Fred, eu nunca faria isso com você.

 -É verdade isso?... ela era realmente uma pessoa terrível, e fazia tantas coisas ruins...?

-Sim! Porque eu mentiria agora?

-Como eu pude ter sido tão idiota? Fui um objeto dela por muito tempo, pra arruinar a sua vida? Da menina que realmente amo de verdade? Me desculpa Annabel por tudo...

-Ainda está emocionalmente abalado por tê-la matado?

-É... mas acho que quem deveria estar tendo essas provas nos nossos lugares era ela, ela merecia sofrer. Não você. Você me perdoa? Por tudo, que fiz sem saber, e até pelo que a Giovanna fez com você?

-Sim... mas só porque te amo... nenhuma Giovanna poderá acabar com isso que sinto por  você -disse enquanto abraçava o garoto.

-Como eu disse vocês são o casal mais...

-Estranho que você conhece - disseram simultaneamente -nós já sabemos.

                Hailey apenas encarou os dois com uma cara de "eu te disse", o que fez todos rirem. Mas logo o clima alegre que tinha se formado foi embora.

-Bel quem vai agora? -perguntou Fred que não queria mais se soltar da garota.

-Pode ser ... a Cat.

-Ok- disse Catarina meio receosa.

                Catarina tinha medo do que poderia acontecer, mas mesmo assim tomou coragem e puxou o cartão. Ficou pálida quando leu. Nunca imaginou que seu passado poderia retornar, não que ele fosse trágico, mas era doloroso lembra-lo.

-Cat, está tudo bem? - perguntou Eduardo ainda deitado no colo da amiga.

-Não...nunca pensei que teria que contar isso para vocês, queria poder poupa-los disso.

-Você esta me assustando –disse Annabel –o que diz o cartão?

-"Conte como foi sua infância a partir dos cinco anos"-leu em voz alta para que todos ouvissem.

-Você não precisa contar se não quiser –disse Ed que conhecia a historia da amiga.

-Se eu não contar as consequências podem ser terríveis –disse com um sorriso sem humor –Eu nem sei por onde começar...

-Cat... não precisa....

-Ed eu tenho que fazer isso, não suportaria ver vocês pagando por uma coisa que eu poderia fazer e não fiz...e afinal de contas estou entre amigos. Bom...

Flash back on>>>>

                Eu era uma criança feliz, morava na cidade com meus pais. Éramos uma típica família inglesa com uma rotina apertada. Minha mãe trabalhava como administradora do Banco Central Inglês, apesar de não precisar, pois meu pai herdou as empresas automobilísticas de meu avô. Ele era fascinado pela empresa, dedicava parte do seu tempo a ela, mas nunca deixava de aproveitá-lo comigo e com mamãe. Posso dizer que ele nos amava, só que muito mais minha mãe do que a mim.

                Quando o meu avô morreu o meu pai ficou sobrecarregado, teve que dedicar seu tempo integralmente ao trabalho, o que fez minha mãe abandonar o emprego e cuidar apenas da casa e de mim. Ele começou a chegar cada vez mais tarde e a levar trabalho para casa, com isso brigas foram surgindo e se tornando cada vez mais frequentes. Depois de uma briga minha mãe resolveu ir embora e me levar junto. Arrumou algumas roupas nossas e partiu. Lembro que naquela noite minha mãe disse:

-Eu te amo Robert, mas desse jeito eu não aguento mais –ela dizia entre lágrimas e soluços -Depois mando alguém vir buscar o resto das nossas coisas.

                Meu pai tentou impedi-la, porque afinal ele a amava, mas todo esforço foi em vão. Minha mãe estava determinada a sair daquela casa e nós saímos.

                Ela dirigia nervosa e sem parar de chorar, foram inúmeras as tentativas de se controlar, mas não conseguia. Eu tenho certeza que o coração dela estava apertado e angustiado, podia sentir a dor que os seus olhos demonstravam e o desespero estampado em sua face. Tendo apenas cinco anos não podia fazer nada, só admirava aquela cena espantada. Mas a nossa situação dramática durou apenas quinze minutos.

                De repente uma luz intensa brilhou na nossa frente, em seguida um terrível impacto me fez bater a cabeça no banco da frente e capotar duas vezes antes de colidir com um poste. Nós tínhamos acabado de sofrer um acidente automobilístico.

                Acordei dez dias após o acidente. Estava com um braço e um perna quebrada, a cabeça também estava enfaixada. Sentia terríveis dores, tanto nos membros quebrados como na cabeça que latejava.

                A primeira pessoa que queria vê era minha mãe. Queria que ela olhasse nos meus olhos e dissesse que tudo iria ficar bem, mas a primeira pessoa que vi foi meu pai. De cabeça baixa e com um semblante triste, ele chorava. Eu preocupada falei:

-O que aconteceu pai? -disse com uma voz fraca.

                Assustado, pois ainda não tinha visto que eu havia acordado falou:

-Você sofreu um acidente, bateu com um cara bêbado que estava na contra mão.

-E a mamãe como está?

                Ele ficou alguns segundos em silêncio. Um silêncio profundo e desagradável.

-Ela...não resistiu Catarina...ela...está morta.

                Depois disso me mundo desabou, mesmo quando recebi alta parecia que eu ainda estava quebrada, como se alguma parte de mim tivesse se perdido no caminho da vida. Era terrível estar numa casa grande sem a pessoa que unia a todos. Terrível ficou a convivência com meu pai. Ele se tornou agressivo e ignorante. Maltratava-me todos os dias não só com palavras mas também com ações, que era o pior de tudo.

                Num certo momento ele cansou de cuidar de mim. Arrumou a papelada necessária, minhas coisas e me deixou em um orfanato. Ele me deixou no orfanato, pois ninguém me queria.  Meu pai não tinha irmãos, meus avós paternos estavam mortos e a família da minha mãe não aprovava o seu casamento, alegando que eu era fruto de um amor proibido, ou seja, fui para um orfanato.

                Meu pai me tinha como um peso e um peso insuportável. Lembro exatamente do dia que ele me abandonou. Apenas disse que seria melhor estar ali do que viver o nosso pesadelo. Depois foi embora sem se despedir, me deixando ali a uma vida de solidão.

Flash back off>>>>

-E depois? –perguntou Annabel que tinha lagrimas nos olhos.

-Depois de um ano fui adotada pela minha família, eles me receberam com todo amor e carinho que eu estava precisando. Foi através deles que eu conheci o Edu, que também me ajudou superar tudo. –disse Cat se segurando para não chorar tanto.

                Eduardo que não estava mais deitado, abraçava a amiga fortemente em quanto ela chorava. Contar seu passado era muito doloroso, mas se sentia aliviada por compartilhar sua historia com seus amigos.

                Hailey estava espantada. Como uma menina tão meiga, doce e gentil podia ter um passado obscuro? Ela se perguntava como Catarina suportava a dor de perder a família, de ser abandonada e mesmo passando por tudo isso acordar todos os dias com um sorriso no rosto. Era impossível para Hailey.

-Eu só consegui passar por tudo isso –disse entre soluços –porque tive você Edu e minha família que me aceitou... mesmo com todos os meus problemas...obrigada por nunca desistir de mim!

                Catarina falava como se tivesse lido os pensamentos da Hailey. Agora sua mente tinha clareado, Cat teve o que ela sempre quis ter as pessoas amadas por perto.

                Hailey não conteve as lágrimas. Chorava não pelo o mesmo motivo dos outro, que também choravam, mas derramava lágrimas de tristeza por nunca ter tido pessoas que a amava por perto.

-OMG!! A Hailey esta chorando! - Annabel quase berrou quando viu a cena.

-Qual é o problema Annabel? -disse Hailey seria.

-Nenhum...

-Qual é... até o ser mais frio chora, sem ofensa.

-Não ofendeu Fred - Hailey falava enquanto secava as lágrimas.

-Não vamos discutir né? Não queria contar isso para não causar sentimentos de pena -disse Catarina que já tinha parado de chorar.

-Ninguém tem pena de você! Todos te achamos uma guerreira, por ter enfrentado tudo e ainda sorrir.

-Obrigada! -disse Catarina, com um sorriso, após as sinceras palavras de Ed.

                Todos estavam mais calmos e envolta do tabuleiro. Catarina estava sentada ao lado de Ed com a cabeça em seu ombro e um sorriso fraco no rosto. Hailey se encontrava mais afastada, fazendo com que o circulo ficasse oval. Ela estava triste, com uma pontinha de ciúme, queria poder estar no lugar de Cat, deitada no ombro de Eduardo. Annabel percebia toda aquela cena sem dizer nada, talvez se abrisse a boca falaria besteira e magoaria Catarina que amava o melhor amigo, preferiu ficar apenas do lado do seu namorado.

- Depois dessa historia comovente, quem vai ser o próximo? -disse Fred quebrando o silêncio.


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