Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 9
Nove




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— Saori, por que fez isso?

Shunrei mal esperou que entrassem em casa, para começar a repreender Saori.

— Isso? Do que esta falando? – Se fez de inocente, fechando a porta.

— Como assim “do que”? Você chamou o Shiryu para jantar aqui.

— Chamei o Seiya também, sabia? – Sorriu.

— Saori, o que você está aprontando? 

— Aprontando o que? Apenas quero agradecê-los por tudo, principalmente Shiryu. Não acha que temos muito a agradecer? – Era verdade, mas Shunrei sabia que Saori não dava ponto sem nó –  E eu acho que vai subir nossa moral jantar com dois homens lindos.

    Saori disse, enquanto sentava-se no sofá, rindo muito da expressão desacreditada de Shunrei.

— Você não presta... – Shunrei também se sentou ao lado da amiga, sorrindo.

— Ahh! – De repente, Saori a fitou surpresa, como se houvesse se lembrado de algo importante – Não acredito...

— No que?

— Não é que aquele partidão tinha mesmo um irmão pra mim? – Disse e ambas gargalharam com o pensamento. Shunrei sentiu um pouco de dor no lábio machucado e levou a mão ao corte.

— Não me faça rir tanto, Saori.

— Ah, me desculpa – Ela disse ainda sorrindo – Mas, enfim, precisamos causar uma boa impressão no jantar.

— Saori, você não está esquecendo-se de nada, não? – Shunrei, recostou-se totalmente no sofá.

— Do que eu esqueci agora?

    Shunrei apenas levantou um pouco o braço imobilizado, fitando Saori com um sorriso leve. Levou poucos segundos para que Saori percebesse seu erro.

    Ela mal sabia fritar um ovo, o que dirá fazer um jantar inteiro.

— Oh, céus, esqueci completamente – A jovem estava verdadeiramente alarmada, fazendo Shunrei sorrir mais – Não sei cozinhar nada Shunrei! Vou acabar matando a todos envenenados.

— Calma, eu te oriento e te acompanho. Vai dar tudo certo...

— Shunrei, quando foi que isso deu certo? – Ela mesma riu de sua desgraçada – Posso até não matar ninguém com você me olhando, mas vai sair horrível. Você sabe.

    Shunrei quis questionar, mas infelizmente era verdade. Saori era dona de muitas virtudes, mas cozinhar não era uma delas.

— Ah, vamos ter que comprar! – Com desgosto evidente, Saori escondeu o rosto nas mãos.

    Shunrei estava prestes a consolá-la quando o telefone que estava atrás dela tocou, então ela decidiu atender. 

— Alô?

— Shunrei!! Que susto você me deu.

— Eiri?

— Sim, sou eu. Que bom que você já está em casa. Estou tão aliviada. Você esta bem?

— Fica tranquila Eiri, estou bem. Alguns arranhões e um braço imobilizado, mas não é grave. Saori te contou?

— Sim, eu liguei no seu celular e ela atendeu. Entregaram suas coisas pra ela, no hospital.

— Ah, sim. E aproveitando Eiri, eu vou ficar imobilizada por quatro dias. Pode avisar aquele rabugento do Tatsumi por mim?

— Claro que sim. Ficar longe dele deve ser o lado bom de sofrer um acidente – A loira ironizou.

— Bom... – Shunrei disse, corando um pouco – Se você visse com quem me envolvi no acidente...

— Como assim, com quem se envolveu?

— Um homem muito elegante...

— Um homem muito lindo, ela quis quiser – Gritou Saori, próxima ao telefone.

— Saori, por favor – Repreendeu Shunrei.

— Diz que eu estou mentindo então. Eu estou Shunrei?

— Ela está Shunrei? – Eiri emendou, dando risada. Ela bem sabia como Saori era e a adorava.

— Não, ela não está! – Shunrei falou, categoricamente – Satisfeitas?

— E como ele é? – Continuou Eiri no telefone.

— Bem... Ele parece saído de um livro de romance – Shunrei suspirou –  Alto, bonito, rico, atencioso... Ele é um pouco impressionável, eu diria.

— Uau. Fiquei curiosa agora. Pegou o telefone dele né?

 — Não peguei nada.

— Não pegou o que? Como assim, Eiri, depravada – Saori gritou, enquanto se aproximava do telefone bem a tempo de ouvir a risada da loira.

— Telefone Saori. Você que pensa asneira – Ela disse e Saori ouviu, pois agora dividia o telefone com Shunrei.

— Ela não pegou, mas eu peguei.

— Você pegou o telefone dele? – Shunrei olhou-a surpresa pela novidade, que na verdade, não deveria ser surpresa.

— Ele me deu, na verdade. Pra mantermos contato por causa do carro. Ele vai pagar os reparos.

— Ficou muito destruído? – Perguntou Eiri, com a voz mais apreensiva.

— A avaliação preliminar do carro dele foi perda total, o meu eu ainda não sei, ele apenas disse que parte da lateral e da traseira foram prejudicadas – Respondeu Saori.

— Sério? Perda total? – Shunrei repetiu. Ainda não tinham conversado detalhes do acidente, então ela não tinha uma noção exata dos danos...

— Se foi perda total o acidente foi muito grave. O rapaz não se machucou? – Eiri questionou.

— Exatamente – Ela confirmou olhando pra Shunrei – E não exatamente, Eiri. Ele conseguiu um corte na testa e precisou pontos—  Ao fitar Shunrei, seu olhar adquiriu certa comoção. Apesar dos sorrisos e brincadeiras, ela sabia que a situação poderia ter sido muito diferente e ela estaria totalmente perdida sem sua amiga.

     Saori sempre teve todo o bem material que precisasse, mas descobriu cedo que afeição verdadeira não se compra. E isso nem sempre ela teve. Os pais morreram ainda quando pequena e seu avó, o grande Mitsumasa Kido, pode ser um empresário digno de honras, mas apenas isso.

   Shunrei teve toda a paciência do mundo em lidar com ela quando ninguém mais queria se aproximar. Não sem interesse, pelo menos.

    A jovem se recompôs do breve momento de pesar quando percebeu o olhar indignado de Shunrei.

— Não me olha assim, quando eu cheguei ao hospital, Shiryu já estava com tudo meio que resolvido. O seguro dele foi acionado e eles verificaram que não havia nenhum seguro registrado para o meu carro. Então, ele tomou a liberdade de pedir que levassem o meu também, e informou que ele pagaria tudo. Palavras dele, amiga.  Não dá pra dizer não aqueles olhos, você mesma concordou.

— Minha nossa, que homem fabuloso é esse? – A loira que ouvia tudo, do outro lado da linha.

— Só vendo, Eiri – Saori continuou.

— Ahh!! – Shunrei deixou escapar alto a ideia que teve, chamando a atenção de Saori – Você tem compromisso hoje à noite, Eiri?

— Hoje? Não, por quê?

— Eiri cozinha muito bem, Saori! – Shunrei diz, olhando para a amiga que de imediato entendeu.

— Agora tem! – Saori pegou o telefone só pra ela – Convidei o Shiryu e o irmão dele pra jantar aqui. Tipo, causar uma boa impressão e tals, mas Shunrei ainda está imobilizada e, bom... Cozinhar e Saori não formam nem uma frase. Então, poderia vir aqui e nos socorrer? Isso te daria a chance de conhecer os rapazes também.

— Os rapazes? No plural?

— Sim, convidei o irmão lindo dele também.

— Até o irmão? Mas gente... – Eiri começa a rir – Vocês precisam me contar tudo direitinho.

— Conto com todos os detalhes se vier. Você pode? Por favor, por favor... – Suplicou.

— Claro que eu posso. Que horas vocês combinaram?

— 20h.

— Tudo bem, eu estarei ai bem antes.

— Ufa! Salvou nossas vidas Eiri! Muitíssimo obrigada. Ia odiar ter que pedir comida. Agora eu vou passar para a Shunrei, até mais tarde – Ela entregou o telefone para a amiga e piscou – Ela vem. Providencia divina. Agora fica sentadinha ai enquanto eu faço um café.

    Shunrei sorriu e permaneceu, obediente.

— Eiri?

— Estou aqui.

— Obrigada por ajudar, de verdade. Conhece o jeito espontâneo de Saori.

— Com certeza. E será um prazer... Além do fato de vocês duas terem aguçado e muito minha curiosidade, né? – Eiri suspirou – Fico feliz que esteja bem e de volta.

   Shunrei soltou um longo suspiro agradecido.

— Fico feliz em voltar.


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