Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 8
Oito




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/114525/chapter/8

Cansado de apenas observar a atenção do irmão para garota acidentada, Seiya resolveu agir.

— Quer ver uma coisa legal? – Sussurrou para Saori e se aproximou do casal, sutilmente, convidando-a a fazer o mesmo. Em seguida Seiya tossiu descontrolada e exageradamente, chamando a atenção de ambos.

— Ah, me desculpa, eu não quis atrapalhar. A minha garganta está estranha, sabe? – Forçou uma voz rouca. Ao seu lado, Saori tentou segurar o sorriso, sem muito sucesso. Shunrei lançou outro olhar de censura e Saori fez ar de inocente.

Já Shiryu também deu um olhar ameaçador ao irmão, que sorriu travesso.

— Não vai me apresentar a sua amiga? – Disse Seiya, sorrindo, já sabendo que ganharia mais tarde um belo puxão de orelha, porém sem nem uma gota de remorso.

Não seria o primeiro, muito menos o último.

— Shunrei... – Ele suavizou o olhar, voltando-se para ela – Este é Seiya Suyama, meu irmão. Seiya está é Shunrei Chang, a garota que mencionei.

— Como vai Sr. Suyama? – Sorriu gentilmente, estendendo a mão livre para o rapaz.

— Por favor, me chame de Seiya. É um grande prazer conhecê-la Srta. Chang. Claro que lamento as condições em que nos conhecemos – Seiya acolheu a mão que lhe foi oferecida, e sutilmente depositou um beijo. Shunrei corou e Seiya percebeu que o irmão ficou desconfortável com o ato. Era exatamente essa a reação que ele queria causar – Shiryu não exagerou quando disse que você era linda

Seiya fitou o irmão que o fulminou com o olhar. Mas, ele apenas se deu o trabalho de sorrir. Como ele percebeu que deixou um maravilhoso  clima estranho no ar, resolver mudar o foco.

— E então, como as Srtas. vão para casa?

— Irei pedir um uber– Saori disse.

— Ah, que inconveniente... Shiryu, porque não damos uma carona pra elas?

— Por mim, tudo bem – Concordou. Era a coisa mais sensata que saia da boca de Seiya, dos últimos momentos.

— Não, isso sim seria um inconveniente. Não é necessário, não é Saori? – Shunrei fita a amiga, procurando apoio.

— Sim, não queremos incomodar – Ela concorda.

— De modo algum seria um incomodo – Shiryu se adianta.

— Eu insisto, Saori – Seiya continuou, fitando a jovem de cabelos roxos.

— Então aceitamos – Saori sorri e percebe o olhar de Shunrei,  transbordando incredulidade – O quê? Ele insistiu.

Seiya sorriu alto, mas Shiryu apenas observou a situação com um sorriso simples. Não queria deixar transparecer o quanto tinha gostado da ideia de passar mais tempo com a garota.

— Saori, você não existe! – Shunrei finalmente disse, rendida, com um pequeno sorriso constrangido.

— Ah, me desculpa. Não sabia que estava com visitas – Hyoga já estava parado na entrada do quarto, quando falou.

— Hyoga! Achei que já tivesse ido embora – Shunrei sorriu ao fitar o médico e, recém-descoberto, amigo de infância. Ele não usava o habitual jaleco branco, mas sim uma calça jeans simples e, o que parecia ser uma camisa azul regata, coberta por um blazer elegante, mas simples também.

Não lembrava um médico de modo algum. Shunrei achou que ele mais parecia um universitário no último ano.

— Estou indo agora, mas quis passar aqui antes para me despedir de você, dessa vez – Sorriu e piscou para Shunrei – Apesar disso não ser um adeus, já que você precisará voltar pra tirar a tala do braço.

— Ah sim, é mesmo – Shunrei sorriu timidamente.

— Então, vamos meninas? – Seiya disse, fitando Saori e cortando o clima que estava se estabelecendo entre eles.

— Claro Seiya! Nós não queremos atrasa-los mais, não é, Shunrei? – Saori prontamente concordou.

— Sim, é verdade. Mas, a enfermeira não disse que voltaria?

— Ela deve voltar apenas para lhe dizer que já esta livre, então não tem problema – Hyoga confirmou.

— Nesse caso, então podemos ir. Obrigada por tudo, Hyoga.

— Não precisa agradecer, não fiz mais que minha obrigação. Sem contar que fui um privilegiado, fiquei muito feliz em te rever – Hyoga sorriu galanteador.

“Rever”, pensou Shiryu, apenas observando toda aquela intimidade entre eles.

— Você é o rapaz que se envolveu no acidente, não é? – Disse Hyoga, reconhecendo Shiryu – Não devia estar de repouso? 

— Não, eu estou bem, doutor, obrigado – Saiu mais ríspido do que gostaria.

—  Ainda assim, se envolveu em um acidente – Hyoga continuou, em tom de alerta – Levei em consideração também o estresse psicológico. Devia reconsidere em descansar pelo menos o dia de hoje.

— Desista! Ele é teimoso demais... – Repeliu Seiya – Já tentei também, mas ele não ficaria em casa nem se eu amarrasse.

— Só não acho que seja produtivo ficar em casa, sozinho, Seiya.

— Não fique. Repouso também engloba lazer, então você pode aproveitar os dias que te dei com hobbies, por exemplo. Desde que não haja exageros, não há problemas – Afirmou o médico.

— Vou pensar sobre isso... – Concordou Shiryu, querendo colocar um fim nesse assunto, já não queria prolongar a conversa com o médico. Para sua alegria, a enfermeira voltou, adentrando alegremente.

— Ora, quantas visitas. Até o Doutor Yukida está por aqui.

— Sim, mas já passou da minha hora. Se me dão licença...Até uma próxima vez – Despediu-se de modo geral e voltou-se a Shunrei antes de sair – E você, até daqui quatro dias, Shunrei.

— Até... – Shunrei sorriu e acenou com a cabeça... E então ele finalmente saiu.

— Vim apenas dizer que pode ir quando quiser querida – Reafirmou a simpática enfermeira.

— Muito obrigada – Shunrei agradeceu e a enfermeira apenas sumia pela porta.

— Conhecido seu? – Perguntou Seiya, nada discreto – O médico.

— Ah, sim, um amigo da época de escola. Fazia muito tempo que não o via.

— Ah, um amigo de escola – Repetiu Seiya, fitando Shiryu – Interessante... Então, vamos?

— Sim – Shiryu respondeu levemente incomodado com a “sutileza” de Seiya.

Saíram em silêncio. E assim permaneceram durante o trajeto até o carro. 

As meninas pareciam conversar, em alguns momentos, com sussurros e o tempo todo pelo olhar.  Seiya que tentava entender o que se passava entre elas, enquanto Shiryu permanecia alheio a tudo, por vontade própria. Chegando ao estacionamento, os rapazes guiaram as meninas até o carro, acomodando-as em seguida no banco de trás.

Já a caminho da casa delas, o silêncio ainda prevalecia, quebrado apenas nos momentos em que Seiya perguntava qual direção seguir e quando Saori lhe instruía.

— Não vai reconsiderar pegar os dias de descanso, Shiryu? – Seiya, já incomodado com a falta de comunicação no carro, perguntou.

— Não.

— E você, Shunrei? Pegou quantos dias mesmo?

— Quatro dias.

— Ah, maravilha hein.

— Sim... – Sorriu – Mas, mesmo que eu não quisesse pegar, eu não teria escolha, vou ficar com o braço imobilizado.

— Ah, é mesmo. E o que você faz da vida?

— Trabalho em uma lanchonete.

— Garçonete?

— Isso mesmo.

— Mas, isso é só pra ela não ficar parada, enquanto não consegue um serviço na área administrativa – retrucou Shunrei – Fazemos faculdade de administração juntas. Último ano.

— Ah legal. Onde vocês fazem faculdade? – Seiya olhou pra Shiryu, que apenas o fitou desgostoso, fazendo-o sorrir. Provocar o irmão era uma de suas diversões.

— Fundação Graad.

— Uau! Meninas inteligentes. Essa é uma das instituições mais tradicionais do estado.

— Ficaria surpreso... – Saori sorriu e Seiya retribuiu, fitando-a rapidamente pelo retrovisor.

O silêncio novamente se instalou pelos poucos minutos que faltavam para chegar à residência das meninas. Uma casa grande e modesta. Essa foi à impressão que Seiya teve ao vê-la.

Parecia ser aconchegante de algum modo.

Shiryu desceu e abriu a porta para Shunrei descer e Seiya fez o mesmo, do outro lado, para Saori.

— Não esqueça nosso trato, cúmplice – Sussurrou.

— Querido, é mais fácil eu esquecer o meu próprio nome, do que esse trato – Piscou para o jovem, fazendo-o sorrir.

— Neste caso, manteremos contato.

— Com certeza.  Agora, você observe – Disse sorrindo, enquanto se afastava, dando a volta no carro.

Shunrei não conseguiu evitar corar quando fitou Shiryu, ao descer do carro.

— Obrigada por me trazer, Shiryu. E por me ajudar e por se preocupar comigo.

— Não precisa me agradecer, não faço mais que minha obrigação. E faço com muito prazer – Disse fitando-a atenciosamente, o que a fez sorrir mais tímida.

Como ela conseguia ser tão adorável?

— Vamos nos ver de novo?

— Eu adoraria, se me permitir.

— Claro, ficaria muito feliz – A jovem sorriu lindamente, fazendo o estomago de Shiryu se contorcer. Aquilo estava mesmo acontecendo com ele? Depois de tanto tempo?

— Desculpe atrapalhar, quer ajuda? – Saori, aproximou-se, dando um de seus belos e sugestivos sorrisos.

— Não, estou bem. Vamos!

— Deseja jantar conosco essa noite, Shiryu? – Saori soltou de repente, o que surpreendeu Shiryu e ainda mais a Shunrei. 

— Não quero incomodar.

— Oh, deixa disso, não incomodaria em nada. Seiya também esta convidado. Tudo bem pra você, Seiya? – Perguntou para o rapaz que estava observando tudo, escorado no teto do carro, do outro lado.

— Perfeito, estaremos aqui – Abrindo mais um belo sorriso.

— Bom, nesse caso... – Shiryu lançou um olhar furtivo para seu irmão. Um olhar que Seiya conhecia bem o significado. Provavelmente morreria depois do jantar, quando estivessem em casa e sem testemunhas – Fico muito feliz em aceitar.

— Ah que bom, nos também ficamos, não é Shunrei.

— Ah, sim. Claro que sim... – Disse, envergonhada.

— Não queremos prendê-los mais. Esperamos vocês aqui às oito da noite, pode ser?

— Está ótimo. Até mais tarde...– Shiryu respondeu e fitou Shunrei uma ultima vez, antes de entrar no carro.

— Até meninas... – Seiya cumprimentou muito alegre, voltando para o carro e tão logo entrou, foi confrontado.

— Seiya, pode parar.

— O que? Não quer mais ir, tudo bem – Disse, soltando as chaves do carro.

— Sabe muito bem que não estou falando disso – Usou um tom ríspido, enquanto seu irmão voltava a dar a partida.

— A única coisa que sei é que vamos jantar com duas meninas lindas hoje, ou estou errado? –  Falou zombeteiro, recebendo o silencio em resposta – Relaxa Shiryu. Não está acontecendo nada...

— O seu nada sempre é alguma coisa, Seiya. E aquela menina sorri do mesmo jeito que você.

— Que menina? Que sorriso? – Disse confuso

— Saori. O sorriso de alguém que está aprontando.

    Seiya gargalhou... Mal sabia ele da conversa dos dois e já estava desconfiado... Mas, isso foi bom, pois deu uma ideia excelente a Seiya.

— Já pensou que talvez só tenhamos tido afinidade? A mesma que você está sentindo por Shunrei

    Shiryu o fitou.

— É visível meu amigo, ninguém precisa dizer. E alegre-se, é visível do outro lado também.

— Seiya... – Shiryu suspirou – Vamos logo para o trabalho, por favor, você está precisando ocupar essa sua mente.

    Seiya não retrucou, apenas voltou a ocupar a mente com a ideia que Shiryu acabara de lhe dar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Coincidências?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.