Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 26
Vinte e Seis




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Eiri estava esgotada. Sentou-se por um instante, aliviando a pressão em seus pés, que doíam. Ainda assim, era grata pelo tempo que passava com aquelas crianças.

— Vai descansar Eiri, você não só precisa, como merece... – Minu se aproximou com um cesto onde recolhia os materiais a pouco utilizado, em uma atividade.

— Não, eu preciso ir embora. Demorei mais do que poderia aqui... Só estou descansando os pés... Estou moída! Mas elas amaram, não é mesmo? – Respondeu animada.

— Sem dúvida nenhuma. Seus projetos são sempre inovadores. A única coisa ruim é que na semana seguinte, as crianças sempre querem mais da “atividade da tia Eiri”. Só que a tia Minu aqui, não é tão talentosa... – Sorriu.

— Se tem uma mulher talentosa nessa casa, é você. Alias, só tem pessoas talentosas nessa casa – Afirmou categórica.

— Sim, mas todos os talentos são diferentes. A gente se completa e sem você ficamos desfalcados, você sabe.

— Eu sei, eu quero muito trabalhar aqui. Amo ser voluntária, claro, faria isso sempre, mas ser paga fazendo o que amo seria ainda melhor – Brincou.

— Mas você vai tentar uma vaga aqui, não vai?

— Sim, já me inscrevi. Finalmente eu vou me formar e só preciso passar na prova da organização.

— Não tem como você não passar. Questão de tempo...  – Algo chamou a atenção de Minu ao longe, então ela baixou a voz e continuou – Falando em questão de tempo...

Eiri virou-se e logo entendeu. Hyoga e a Sra. Natassia acabavam de entrar, caminhando na direção delas. Rapidamente, a loira se levantou, recompondo-se.

— Sabe que ele começou a vir aqui pra te ver, não sabe? – Minu sussurrou.

— Fica quieta... – Respondeu rapidamente, constrangida, pois eles já estavam muito perto.

— É sempre um prazer revê-los! – Minu se adiantou indo primeiro em direção a Natassia, abraçando-a. Ela era alta, loira e muito bonita. Sempre vinha ao orfanato fazer uma visita, se dispondo a ajudar em qualquer necessidade que existisse, além de ser uma pessoa maravilhosa, por isso era muito querida – Como a Senhora está?

— Estou ótima, só a agradecer, e você, Minu?

— Que bom! Estou bem também.

Hyoga havia se aproximado de Eiri, com aquele sorriso totalmente hipnotizante que ele sabia que tinha, e a cumprimentou.

— Oi Eiri... – Deu-lhe um beijo no rosto, bem sugestivo.

— Oi, Hyoga – A jovem loira teve que respirar fundo para conseguir dizer.

Depois do encontro no hospital, Hyoga já tinha vindo ao orfanato três vezes. Na primeira vez, conversaram muito e trocaram números, para se falarem mais. Ele sempre perguntava quando ela estaria no orfanato de novo, e então aparecia no dia. Mas ainda não se encontraram fora dele.

Quanto mais eles conversavam, mais ela gostaria que o pedido acontecesse.

— E você, minha querida, como está? – Natassia havia se voltado a Eiri, que prontamente lhe abraçou, sorrindo. Enquanto isso, Hyoga cumprimentava Minu.

— Estou muito bem, obrigada. Fico feliz que tenha lhe encontrado antes de ir.

— Já vai embora?

— Sim, já terminei aqui, estava só descansando um pouco. As crianças estão fazendo atividade no jardim agora .

— Ah, irei até lá então, nos vemos querida... – Ela a abraçou novamente.

— Eu vou com a Senhora... – Minu disse, voltando-se para Eiri – A gente se vê, me liga pra qualquer coisa que precisar – Beijou-lhe o rosto e a abraçou, dizendo baixinho em seguida – Aproveita...

Eiri pigarreou e observou as duas se afastarem, conversando animadamente.

— Então, você já está indo embora? Parece que errei o tempo hoje – Falou sorrindo.

— Quase que você não me encontra – Brincou – Preciso ir, já que amanhã eu trabalho, e ainda tenho algumas coisas pra fazer em casa.

— É incrível isso que você faz. Trabalha, estuda e ainda vem cuidar das crianças...

— É uma gentileza sua dizer isso, mas eu as amo tanto... Eu adoro vir aqui, então...

— Pode parar, não tire seu mérito, Eiri – A cortou – Você é incrível... – Ele afirmou com convicção, fazendo-a corar.

— Obrigada...

Neste instante, uma garotinha ruiva, de tranças, entrou correndo, atravessando todo o cômodo, eufórica.

— Tia Eiri!!! Olha o que eu achei, quase pisei, mas não pisei, eu salvei ele!! – Dizia sorridente, enquanto mostrava um besouro, relativamente grande para uma criança com mãos tão pequenas.

— Muito bem! Que bom que você o viu a tempo, não é? – Eiri se abaixou, para ficar a altura da criança e observou atentamente o pequeno inseto – Agora o que você vai fazer com ele?

— Queria ficar com ele pra mim... – A pequena garotinha disse como se esperasse aprovação, balançando levemente o corpo enquanto fitava o bichinho.

— Eu entendo esse sentimento muito bem... É um sentimento muito bom, mas o que é melhor pra ele? –Disse de maneira gentil e a garotinha a fitou, ainda insegura

— Ir pra casa? – Falou baixo, um pouco contrariada.

— Bom, ele está em suas mãos, o que vai fazer?

— Eu vou colocar ele na flor mais bonita do canteiro! – Falou mais animada – Aí ele vai voltar para a família dele.

— Boa ideia meu bem, vai lá.

— Tá! – A criança saiu com um sorriso tão grande quanto o que já tinha quando entrou.

Hyoga apenas observou tudo, admirado com a maneira como Eiri tratava as crianças. Era, com certeza, um dom que ela sabia desenvolver bem. Além da jovem ser linda e maravilhosa, como pessoa. Ele estava muito interessado em conhecer ainda mais sobre ela.

— Crianças são demais, não é... – Ela disse, meio sem jeito, quando percebeu que era observada.

— Você é demais... – Ele disse direto, deixando-a ainda mais sem jeito.

— B-bom, eu... Eu infelizmente tenho que ir... Mesmo... – Falou, enquanto tirava o avental que sempre usava durante o trabalho. Passou a guardar os materiais que lhe pertenciam em uma bolsa. Hyoga se aproximou e a ajudou.

— Eu carrego pra você... E te acompanho até seu carro – Falou já pegando sua bolsa. Ela agradeceu e caminharam até lá fora.

— Você quer sair comigo? – Pouco depois de já terem passado pela porta, Hyoga fez o convite.

A jovem loira se surpreendeu. Ela há muito esperava que ele quisesse sair com ela, mas foi tão de repente que ficou sem reação.

— Desculpa, eu sou meio afoito e não sou bom em me segurar... Sei que nos conhecemos há pouco tempo e foi meio inesperado, mas eu estou interessado em você, então já queria deixar claras minhas intenções.

Eiri sentiu o coração pular na garganta, afinal ele disse com todas as letras que está interessado nela.

— Eu gostaria muito... – Aceitou baixinho, segurando a expectativa que explodia dentro de si.

— Então eu vou te ligar mais tarde – Falou, parando ao lado do carro dela.

— Eu vou esperar ansiosa... – A loira sorriu, fitando-o, brevemente. Ela abriu o carro, guardou a bolsa que ele lhe trouxera e então, se voltou para ele novamente, para se despedir.

Hyoga se aproximou, colocou uma mão em sua cintura e a fitou tão intensamente que Eiri se esqueceu de respirar. Ele se inclinou e deu um beijo em seu rosto, demorado e perigosamente próximo aos lábios da jovem, sussurrando em seguida.

— Vou guardar o primeiro beijo para o primeiro encontro...

Caso ainda houvesse ficado alguma dúvida sobre como terminaria o primeiro encontro, Hyoga fez questão de saná-las.

Eiri o observou se afastar enquanto entrava no carro, com a certeza de que teria algumas noites em claro, até esse bendito encontro acontecer, tendo a ansiedade como companheira. 


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