Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 21
Vinte e Um




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O dia do pic-nic havia chegado rápido. Combinaram de pegar as meninas na casa delas e seguirem juntos para o parque e, dessa vez, foram no carro do Seiya.

Conversaram animadamente o tempo todo. Seiya e Saori mais falantes que Shiryu e Shunrei, por que ambos eram os mais extrovertidos por natureza, mas todos estavam interagindo.

Shiryu até se esquecia dos problemas no trabalho... Por aqueles momentos.

Já no parque, Shiryu ajudou Shunrei a carregar a cesta que elas haviam preparado e sim, era uma cesta mesmo, coberta por uma toalha xadrez vermelha, típica daqueles pic-nics de TV.

— Vocês tinham uma toalha xadrez? – Seiya questionou.

— Não, eu comprei essa. Vi no Shopping e achei que viria a calhar – Saori deu de ombros, animada.

— Excelente ideia! – Seiya confirmou, dando um beijo suave nos lábios da jovem.

Shunrei observou encantada. Estava contente com a felicidade da amiga. Já Shiryu ainda olhava desconfiado.

Andavam lado a lado e Shiryu estava tão perto que Shunrei podia senti-lo encostar-se em seu braço, alguns instantes. Seu coração batia acelerava toda vez.

— Não tem muita gente neste parque hoje? – Seiya questiona – Faz anos desde vim, mas era cheio assim?

— Parece que tem um evento, um tipo de festival. Vi alguma coisa na entrada... – Shunrei avisou.

— Ah, então é isso. Enfim, eles deram uma boa repaginada nesse lugar.

— Está bem diferente, apesar de tudo estar no mesmo lugar – Shiryu concordou.

— Aqui parece ótimo, o que acham? – Shunrei sugere. Tinha duas arvores grandes que forneciam uma boa sombra, e estavam próximos do enorme lago.

— Perfeito – Saori confirmou e os rapazes apenas concordaram.

Em poucos minutos, a toalha estava forrando o chão e todos os preparos estavam espalhados. Sem cerimônia nenhuma, Seiya começou a comer.

— Vocês trouxeram muita coisa – Falou enquanto colocava uma uva na boca.

— Parece tudo delicioso – Shiryu comentou. Havia pães, dois tipos de bolo, uns salgados e frutas.

— Não só parece, isso aqui está delicioso, o que é? – Seiya comentou, saboreando um pão.

— É feito com berinjela.

— É sério? – Perguntou descrente – Não brinca! Acho que agora eu gosto de berinjela.

— Bom saber... – Rebateu Shiryu, se servindo de um pedaço de bolo.

— Não, me deixa corrigir: eu gosto da berinjela que ela fez... Só... – Comentou rindo.

— Você ainda não viu a melhor parte – Saori disse, revelando um dos bolos – Advinha do que é?

— Bolo de Cenoura com chocolate – Afirmou com expectativa.

— Não só isso... É o melhor bolo da sua vida, acredite em mim... Shunrei usa algum encantamento místico nos seus preparos.

— Imagina, Saori – Shunrei disse tímida.

— Prove que eu estou certa, querido – Saori rebateu, já cortando um pedaço do bolo que, prontamente, Seiya se dispôs a experimentar.

— Com todo o prazer do mundo. Amo bolo de cenoura.

— Alias vocês precisam jantar conosco outra vez.  A comida da Eiri é ótima, mas a Shunrei é uma cozinheira espetacular – Saori fez propaganda.

— Menos... Eu só gosto de cozinhar – Confirmou corada.

— Nada de falsa modéstia por aqui, é verdade sim – Insistiu.

— Nossa, que bolo maravilhoso. Realmente, é o melhor bolo de cenoura da minha vida – Seiya repetia maravilhado – Shiryu, prova isso.

Shiryu, deixou de lado a fatia de bolo que havia pegado e resolveu experimentar também. E não havia exagero nos elogios, o bolo estava realmente delicioso.

Shunrei apenas observava ansiosa.

— É verdade Shunrei. Melhor que todos os bolos que eu já experimentei – Shiryu elogiu e a jovem sorriu e corou.

— Já pode casar, Shunrei – Seiya disse, sugestivo. Servindo de outro pedaço de bolo – Não acha, Shiryu?

Shiryu suspirou, pensando que o irmão dele jamais tomaria jeito.

— Acho sim... – Admitiu para surpresa de Seiya que apenas sorriu.

— O-obrigada, gente, de verdade – Shunrei estava mais que constrangida com tantos elogios. Saori percebeu, por isso, mudou o foco.

— Aqui, peguem seus copos, vamos fazer um brinde...

— Brinde em copo de plástico com suco de uva – Seiya sussurra.

— O que vale é o brinde, calado – Saori ri e todos a acompanham. Cada um pega seu copo e então a jovem continua – Um brinde a Shunrei, a melhor cozinheira do mundo, recém contrata em administração... Por que faz todo o sentido, enfim... Tin-tin! – Mal terminou de falar e já estavam sorrindo.

— Tin-tin – Seiya repetiu aceitando a brincadeira – E você está animada para o primeiro dia, Shunrei?

— Não consigo nem descrever. É um sonho realizado.

— Fico feliz em ouvir isso – Shiryu comenta.

— E bem em tempo, já que você tinha acabado de sair da lanchonete. É bom que você não fica com dificuldades, com a casa e a faculdade.

— Shunrei trabalhava naquela lanchonete por hobbie. A casa e a faculdade ficariam bem mesmo sem ela lá.

— Por hobbie? – Seiya indagou.

— Não é isso, eu só não acho justo morar na casa e ainda deixar todas as despesas para Saori, sozinha. Além de precisar de dinheiro para fazer minhas coisas com liberdade, então eu aceitei trabalhar lá... Não era tão ruim.

 — Sozinha? – Saori rebateu – Tudo bem você ter seu próprio dinheiro, mas as despesas nunca foram um problema, Shunrei. Você sabe! Primeiro, sabe que eu não banco sozinha. Você podia esperar surgir um emprego na área. Ou até mesmo um melhorzinho que aquela lanchonete. E eu não falo pelo cargo, falo por causa daquele crápula do Tatsume. E segundo, você ajuda em tudo naquela casa, além de cozinhar todas as refeições. E pra finalizar meu argumento, terceiro... Um detalhe bem importante... A casa é sua, certo? – disparou. Depois de tanto tempo, ela ainda achava que morava de favor.

— São razões inquestionáveis Shunrei – Defendeu Seiya.

— Sua função é apoiar a Saori... – Alfinetou Shiryu – Mas, eu entendo você Shunrei, você tem um senso de responsabilidade forte. Mesmo tendo lógica nos argumentos de Saori, acho que eu faria o mesmo que você.

— Obrigada, Shiryu – respondeu feliz em ser amparada.

— Ah, então essa é sua função? Ganhou um defensor e tanto Shunrei – Seiya piscou para a jovem, que corou e então ambos ouviram o que parecia com fogos, mais ao fundo do parque – Será que é do festival?

— Deve ser, fiquei curiosa agora – Saori diz, fitando Seiya.

— O suficiente pra ir olhar?

— Com certeza – E em um pulo, já estava de pé, sendo acompanhada por Seiya.

— Vamos lá ver o que está acontecendo e já voltamos, tudo bem, Shunrei? – Saori não perguntou se eles gostariam de ir juntos. E Shunrei entendeu, pois sua amiga piscou e lançou sutilmente a cabeça em direção á Shiryu, que estava com a atenção no irmão.

Ela quase podia ouvir a voz de Saori dizer: “É uma boa chance, aproveita”, o que fez seu batimento acelerar.

— Tudo bem... – Aceitou, corada.

Seiya pegou na mão de Saori e ambos caminharam em direção aos fogos.

— Nós não os constrangemos o suficiente dessa vez... – Saori comentou quando já estavam longe e Seiya sorriu.

— Eles já entenderam o que está acontecendo. E para meu deleite, Shiryu já teria colocado um “ponto final” há muito tempo. E se ele não fez, é porque ele quer...

— Ótimo, porque Shunrei me confessou que gosta dele. Desculpa a sinceridade, mas acabo com seu irmão se não corresponder.

— Ignorando a ameaça contra Shiryu... Tem certeza de que ela gosta dele? – Sorria da forma como a jovem falou.

— Ela contou com todas as letras ontem. Preferi te dar a boa noticia hoje, pessoalmente.

— Ahhh! Não acredito que finalmente vai acontecer – Suspirou – É normal eu ficar tão feliz assim pelo meu irmão conseguir uma namorada?

— Acredite, eu sei bem como é... – Saori sorriu – Ela me faz tão bem que quero toda a felicidade do mundo pra ela... Mais que isso.

— Ah, é isso. Exatamente isso! – Confirmou o jovem, eufórico – Shiryu é tudo o que eu tenho. Ver ele viver só para o trabalho é um desperdício. Ele parece que não curte a vida nunca. Me dá nos nervos.

— Me dá nos nervos ver que, depois de quatro anos, Shunrei ainda não vê aquela casa como a dela. Ela é mais família pra mim que meu avô... – Saori parecia realmente indignada.

 — Você e seu avô não se dão bem?

— Ele não se dá bem com quase ninguém... Por causa disso, eu... – Ainda caminhavam e ao longe já podiam ver as barraquinhas do festival. Estavam de mãos dadas e era reconfortante então ela continuou – Eu era uma pessoa ruim... Antes da Shunrei.

— Você não é ruim – Seiya rebateu rápido, a fitando com reprovação.

— Agora... Eu dei uma bela melhorada, mas como meu avô, eu espantava as pessoas. Quando eu percebi isso, tentei mudar... Mas é difícil quando se está marcada. Shunrei não ligou pra isso. Ela se aproximou de mim, me aturou e permaneceu mesmo quando a chamaram de interesseira, ela não deu ouvidos...

— Interesseira?

— Sim, ela é bolsista e eu sou neta do dono da fundação... Ela estava comigo quando ninguém mais queria estar... – Saori parou quando sentiu seu braço ser puxado. Seiya havia parado abruptamente e a fitava com espanto.

— Ah, Céus! Mitsumasa Kido! Você é a neta dele? – Perguntou incrédulo.

— Eu sou... Você não sabia? – confirmou surpresa com a reação dele – Bom, tudo bem você não saber, há muito tempo eu não apareço nas reuniões de família.

— Não, é que eu não associei... Quero dizer, o nome não era estranho, mas eu não tinha como associar com o magnata da cidade. Conheço os bens dele... Já a família... Ele não tenha mesmo boa fama. 

— Bom, estou aqui pra atestar que a má fama dele é verídica. E os bens são mais importantes que a família mesmo. Não nos falamos muito... – Suspirou – Enfim, Shunrei é uma pessoa muito fora da realidade que eu vivia, sabe? Desde que ela entrou na minha vida, coisas boas me aconteceram e eu, provavelmente, não mereço metade delas.

— Ei... – Seiya se aproximou e colocou uma mão em seu rosto – Eu não sei quem você era antes, mas você é fantástica agora. E eu só precisei trocar algumas palavras com você pra perceber isso. Depois desses dias, não tem quem me convença do contrário. Eu sei que você merece o mundo – Disse sincero, surpreendendo a si mesmo. Ele a viu corar levemente e essa Saori o atraiu fortemente, então inclinou-se para beijá-la.

Saori se afastou, sutilmente, voltando a sua pose de sempre.

— Obrigada... Mesmo. Mas, você já me conquistou querido. Não tem ninguém por perto pra fingir – Sorriu, constrangida.

— Eu sei que não... Esse beijo é só meu... – Seiya não deu tempo para que ela pensasse e pressionou seus lábios aos dela. E não houve resistência da parte dela. Naquele momento, não havia acordo, ou a tentativa de ajudar seu irmão, ou qualquer outra coisa que não um jovem e uma vontade incontrolável de beijar uma garota.


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