Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 20
Vinte




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— Onde vamos comemorar? – Seiya perguntou, adentrando na sala do irmão sem a menor hesitação. Shiryu, que estava ao telefone, apenas lançou um olhar de reprovação para o mesmo.

— Sim, claro. Eu entendo... Farei o possível daqui, até logo – Finalizou a ligação e voltou a sua atenção ao jovem intruso. Ele não conseguiria trabalhar até que ele saísse de qualquer modo – O que você quer agora?

— Que mau humor é esse, rapaz?

— Problemas Seiya... Sempre mais problemas... – O jovem passou uma mão por sobre a franja, bagunçando-a levemente, enquanto um longo e pesado suspiro escapava.

— O que aconteceu dessa vez? Outra pessoa se demitiu inexplicavelmente? – O tom de Seiya era de pura indignação.

— Não, mas de certa forma é reflexo da ultima demissão inexplicável. Lembra dos contratos que o Algol estava finalizando?

— Claro! Não só lembro como dei continuidade em dois deles. Ainda faltam dois, incluindo o daquela empresa grande e cheia de frescuras.

— Bom, é exatamente ai que há problema. Eles estão abrindo um processo por quebra de contrato.

— Contra nós? – Arqueou as sobrancelhas, incrédulo.

— Sim, contra nós, Seiya.

— Como assim? Eles mal usaram os nossos serviços. Qual a alegação?

— Quebra de contrato... – Repetiu exausto – Estão afirmando que não cumprimos com uma cláusula. Eu também não sei direito o que é, mas já mandei analisarem os papeis.

— Algol é extremamente competente, tem algo cheirando muito mal aí.

— Foi o que pensei, mas não dá pra fazer nada até analisarmos tudo.

— Exatamente, meu caro irmão. Então, nada de ficar se torturando ai sozinho. Alias, tenho uma notícia que vai alegrar o seu dia – Suavizou a expressão – Shunrei foi contratada! – Falou animado demais.

— Eu sei.

— Como descobriu antes de mim?

— Ela me ligou, agradecendo pela oportunidade.

— Ahh, sim. Que ótimo... – Sorriu de maneira quase maliciosa – Então, onde vamos comemorar? Precisamos sair para comemorar, Shiryu – Ele disse como se fosse a coisa mais lógica do mundo a se fazer.

O mais velho o fitou longa e analiticamente, como normalmente ele fazia quando Seiya estava encrencado, fazendo Seiya engolir em seco. Lá vem outra chamada de atenção por se intrometer demais, que ele estava bem sozinho, e tudo o que ele já sabia.

— Tudo bem... Vamos comemorar amanhã – Respondeu simplesmente, deixando Seiya surpreso.

De fato, Shiryu até pensou em dizer que ele já podia parar com todos os planos mirabolantes que ele, provavelmente, já tinha planejado. Contudo de nada resolveria, então ignorou... Dessa vez.

— Assim que se fala, meninão! E o que vamos fazer? 

— Um pic-nic.

— Pic-nic, Shiryu? – Repetiu cético – Sério?

— Foi ideia da Shunrei. Sabíamos que vocês iam querer comemorar, então ela sugeriu isso. Eu gostei da ideia.

— Ahhh!!! – Seiya riu de puro divertimento – Essa menina não existe, hein – Brincou enquanto se afastava – Ótima ideia, já que nunca fui a um pic-nic... E nem lembro qual foi a ultima vez em que fui ao parque do centro... Vou ligar para Saori.

Tão rápido quanto ele entrou, ele saiu, sem ligar para o que Shiryu ficou resmungando. E mal saiu, já estava ligando para sua cúmplice, que atendeu rapidamente.

— Oi moço... – A voz animada da jovem lhe atraiu instantaneamente.

— Oi linda, tudo bem com você? – Seiya disse, parando perto de uma janela, recostando-se brevemente.

— Tudo bem... Aproveitando meu último dia de férias do trabalho não fazendo absolutamente nada.

— Volta a trabalhar quando? Segunda?

— Isso, segunda. E as aulas voltam na outra semana, eu acho... Enfim, é um xeque-mate na minha liberdade.

— Bom, temos que aproveitar esses dias para esquentarmos as coisas, enquanto ainda há tempo. Pois Shunrei também vai voltar a estudar e... Já sabe da Shunrei, certo?

 — Sim, ela me ligou muito feliz assim que foi aprovada. E, claro que eu a fiz ligar para o Shiryu... Pra dar a boa noticia.

— Então a ideia foi sua, espertinha! – Comentou, sorrindo – Pois ainda bem que ela vai trabalhar aqui, agora que você vai voltar a trabalhar e estudar, vamos ter que nos esforçar pra eles ficarem sempre em evidencia.

— Estava pensando nisso também... Acho que você vai ter que vir mais vezes em casa e arrastar seu irmão. Não vai dar pra ficar saindo com eles sempre. Já aqui em casa, ela não tem pra onde correr.

— Podemos fazer o mesmo no nosso apartamento. Eu podia cozinhar para vocês, dessa vez.

— Você sabe cozinhar, Seiya? – perguntou surpresa.

— Sei... Tive que aprender meio que na marra, mas sou até que bom.

— Olha, me surpreendeu. Não tem nada mais sexy que um homem que sabe cozinhar... 

— Você gosta? – Seu tom de voz saiu mais sugestivo do que gostaria.

— Você não tem ideia. Afinal... – Copiou o tom de voz – Eu não sei nem ferver água. É uma habilidade muito útil em um parceiro.

 — Ahhh! – Gargalhou – É impressão minha ou tem um interesse implícito no homem saber cozinhar? 

— É impressão sua, com certeza – Riu baixo –  Agora, não muda de assunto, vai ter que cozinhar pra gente, já pode marcar um encontro na casa de vocês – Intimou, fazendo Seiya sorrir – Alias, poderíamos comemorar assim a contratação de Shunrei, ao invés de aceitar a ideia que ela teve.

— Pelo visto, já sabe do pic-nic...  

— Arhg, sim – Disse quase bufando – Só a Shunrei mesmo para pensar em coisas desse tipo.

— Pois eu achei a ideia genial.

— É mesmo? E posso saber o porquê?

— Porque vamos ao parque do centro... Um parque enooorme! – Enfatizou bem – Tão grande que podemos acabar nos perdendo deles... Durante uma volta, quem sabe? Acontecia muito comigo, quando eu ia lá...

— Mas eu amo pic-nic... – Saori mudou o tom de voz – Mal posso esperar que o amanhã chegue logo – Não resistiu em sorrir, fazendo Seiya sorrir também.

— Boa menina. Então, o que temos que levar em um pic-nic? Será meu primeiro.

— Levem bebidas e deixem o resto por nossa conta...  Vocês podem levar o que quiserem, desde que tenha suco natural e integral, de preferência. É só o que a Shunrei bebe, além de água, óbvio.

— Mentira, nem refrigerante? – Rebateu.

— Nem refrigerante. “Geração saúde”, lembra? Álcool faz mal, refrigerante é só açúcar, suco de caixinha não é suco... Essas besteiras que são verdade, mas todo mundo ignora.

— Todo mundo, menos ela, hein – Seiya comentou sorrindo.

— Exatamente... Conhece alguém com esse tipo de neura? – Saori sorriu.

— Na verdade, eu conheço sim. Advinha quem?

— Não me diga que é o Shiryu.

— Tudo bem, eu não digo – Comentou contendo um sorriso e ficando brevemente em silencio.

— Seiya!! – O chamou com a voz mais elevada – Isso é serio?

— É sério. O professor de Karatê dele também era dessa “geração saúde”, como você diz, e influenciou Shiryu em algumas coisas. E uma delas é com relação refrigerante e produtos industrializados. Shiryu ainda consome alguma porcaria ou outra, mas, no geral...

— Gente! Estou chocada.

— Seiya, você tem um minuto? – Um rapaz apareceu, chamando sua atenção para alguns papeis.

— Coincidências demais? – O jovem disse ao telefone, enquanto pedia ao intruso que esperasse só um pouquinho, através de gestos.

— Não, isso se chama compatibilidade, querido – Saori continuou – Já quero ver uma data pra eles no cartório, você não tem ideia – Saori disse e ouviu Seiya gargalhar na linha.

— Você não existe, sabia? Saori preciso desligar. Nos falamos por mensagem?

— Ainda tem dúvidas? Beijos... – E então desligou.

Seiya soltou um longo suspiro e se voltou para o rapaz, que o aguardava.

— Desculpa te fazer esperar, mas diz aí, o que precisa?

— Era sua namorada, é?

— Não, por quê? – Franziu o cenho.

— Por causa do sorriso de orelha a orelha.

Seiya diminuiu o sorriso que nem percebera ser tão grande, e deu de ombros. Ele estava sim contente porque, dessa vez, seus planos estavam dando muito certo. Era só isso, com certeza.

Ou.. era por causa dela.

— Não é não, mas poderia ser... – Soltou apenas, se concentrando novamente no trabalho.


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