Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 12
Doze




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— O que você está achando? – Perguntou Seiya.

— Devagar demais para o meu gosto – Resmungou a jovem, indo até a geladeira.

— Devagar? Eles se conheceram ontem – Ironizou Seiya sorrindo. Saori virou-se para ele, com um pote de sorvete nas mãos e um olhar atravessado, o que fez o rapaz sorrir ainda mais.

— Pega uns pratinhos nesse armário atrás de você, por favor – Colocou o pote de sorvete de creme na mesa e voltou para pegar uma travessa – E eu sei disso, mas eles mal estão conversando.

— Eles ainda não tiveram tempo o bastante pra isso. Conheço o meu irmão e estou bem otimista – O jovem pôs quatro pratos na mesa – Paciência, minha cara. Eu disse que tive uma ideia.

— E espero que seja muito boa, porque depois de hoje, não sei como faremos para eles se encontrarem de novo. E Shunrei já sacou a minha... – Falava enquanto colocava pedaços de brownie, que já estavam devidamente cortados, em cada prato.

— Shiryu também está desconfiado de mim, mas na verdade isso não é novidade – Falou seguro, observando os movimentos da jovem – Sabia que essa é a minha terceira sobremesa favorita?

— Sua terceira?

— Por que tem sorvete, minha segunda sobremesa favorita.

— Então, sem querer, eu te conquistei pelo estomago? – Sorriu alto, sendo acompanhada por ele.

— Pode se dizer que sim.

— Bom, é a número um da Shunrei – Comentou alegre, enquanto posicionava uma bola de sorvete no primeiro pratinho – Na minha escala de sobremesas deliciosas seria... A quinta, talvez a sexta.

— Quinta? Qual a sua primeira?

— Bolo de cenoura vulcão. Com muito chocolate.

— Ah! – Exclamou – A minha primeira também!

— É mesmo? – Ela precisou parar um momento para fitá-lo. Ele estava tão alegre que parecia uma criança – Que coincidência...

— Uma jovem linda me disse que coincidências não existem – Sorriu galanteador.

— Impressão minha ou você está me cantando, Seiya? – Saori, voltou-se á sobremesa.

— Depende, está funcionando? – O olhar que Saori lhe dirigiu, desta vez foi investigativo. Estava tentando entender se ele estava falando sério e, no caso de um sim, como proceder a isso – Essa é minha ideia.

— O que?

— Você está namorando ou ficando, sei lá?

— Não, por quê?

— Ótimo, eu também não... – Ele sorriu travesso e Saori entendeu a ideia ousada que ele teve.

— Quer fingir que temos alguma, é isso?

— É isso. E então teremos razões para nos encontrarmos de novo... E claro, arrastar os respectivos causadores da nossa felicidade, junto.

   Saori estava analisando a questão cuidadosamente. Era uma ideia muito viável e poderia funcionar.

— Você pode pensar o quanto quiser querida, mas o sorvete está derretendo... Sem pressão – Seiya deu de ombros, fazendo Saori rir.

— Shunrei é esperta, então vamos ter que sair de verdade – Fez aspas com as mãos, na última palavra – Se vamos fazer, tem que ser direito.

— Bem, quem não arrisca...

  Já na sala, assim que os dois foram para cozinha, houve um breve momento de silêncio, quebrado pelo Shiryu.

— Me desculpe pelo Seiya... Ele bateu a cabeça quando era criança.

 Shunrei deu uma boa risada e isso encantou ainda mais o rapaz.

 — Ele tem sido gentil.

— Ele tem sido inconveniente, pode dizer – Seu tom era descontraído.

— Se for assim, me desculpe por Saori. Eu sei que ela só quer meu bem, mas... Ela exagera às vezes.

— Acredite, eu te entendo muito bem. Só que no caso do Seiya, ele exagera sempre – Shiryu sorriu – Como está o braço?

— Bem. Não sinto dor.

— Isso é ótimo. Você... Disse que está cursando administração, não é? Está gostando? – Puxou conversa.

— Ah, sim. É meu último ano e estou gostando muitíssimo. Está cada vez mais desafiador.  Talvez por isso me assuste um pouco, porém gosto de ver o quanto podemos alcançar com uma boa ideia, empenho e... – Parou ao perceber que estava se empolgando muito – Ah, perdão, eu me empolgo.

— Não se pare, por favor. Trabalhei poucos anos com meu pai, como assistente na empresa, e eu sempre gostei do trabalho. Depois que eu a assumi, descobri que eu ainda não tinha trabalhado nada – Sorriu, sendo acompanhando por Shunrei – Mas, ainda gosto muito. É com certeza, desafiador, porém igualmente gratificante.

— Exatamente. E qual o ramo da sua empresa?

— Turismo.

— Interessante. O mercado tem tido boas taxas de crescimento nessa área. Só esse ano foram cerca de 35%.

— Sim... – Shiryu não escondeu sua surpresa. Embora não devesse se surpreender, sabendo que ela é uma aluna de uma das fundações mais tradicionais do país – Você conhece bem.

— Eu gosto de me manter informada.

— Mais uma coisa que temos em comum – Shiryu permitiu-se fitá-la por um pouco mais de tempo, e observou as maças do rosto dela se avermelharem. E apesar da vergonha, ela não desviou, pois também queria esse momento.

— Voltamos com a sobremesa... – Seiya adentrou e rapidamente Shiryu se recompôs.

 Saori percebeu que haviam interrompido alguma coisa e praguejou mentalmente a falta de sorte.

   Seiya entregou um prato ao irmão, e Saori a Shunrei.

— Do que estavam falando? – Seiya perguntou, não perdendo tempo em saborear a sobremesa.

— Negócios.

— Ah, qual é Shiryu? Uma menina linda e você falando de trabalho.

Saori e Shunrei sorriram, apesar do constrangimento da ultima.

— Acontece que essa menina linda também gosta Seiya. O... Assunto apenas surgiu – Shiryu disse, se concentrando na sobremesa apenas para não fitar mais ninguém no recinto. Ele imediatamente percebeu o que tinha dito.

Seiya ficou surpreso, mas o sorriso que direcionou a Saori era triunfante. Ela também estava mais do que satisfeita.

Já Shunrei estava mais interessada em sua sobremesa que o próprio Shiryu, adoravelmente corada.

— Ora, ora. O coração até bateu mais forte, não é Shiryu? – Seiya sorri do olhar cortante que Shiryu lhe direciona – É brincadeira cara, relaxa.

Ele até tentou amenizar, mas depois de hoje, teria que dormir um olho aberto.

— E-estavamos conversando sobre administração, Seiya – Shunrei tentou ajudar, mas sua voz a entregou.

— Quando Shunrei se empolga, passamos horas conversando sobre o curso, novas ideias e atualidades – Comentou Saori, terminando sua sobremesa – Ela se descobriu no curso, já eu... Descobri que não é minha vocação.

— Não está gostando?

— Até estou, mas não tanto quanto eu achei que gostaria. Sei lá, queria ser mesmo atriz.

— Sério? Atriz? Que legal... – Seiya deu corda, voltando-se totalmente para a jovem de cabelos arroxeados. Está na hora de por o plano em prática.

— Não é só legal, é incrível.  Dar vida aos personagens, ser quantas pessoas eu quiser ser... E ainda me pagarem pra isso – Sorriu.

— Eu pagaria pra ver você – Seiya falou de modo espontanêo, dando-lhe belo sorriso, que foi prontamente retribuído.

Saori pegou a deixa e passou a agir. Deixou um meio sorriso surgir e mexeu em uma longa mecha de seu cabelo. Sinais que Shunrei saberá interpretar bem.

E de fato, ela mordeu a isca, ficando um tanto surpresa com o flerte da amiga.

— Quem sabe um dia... – Finalmente respondeu, em um tom mais baixo, olhando diretamente para Seiya.

 Shiryu pigarreou, chamando a atenção de todos. Não estava entendendo o que Seiya estava aprontando, mas não ia permitir que se prolongasse.

— Recebi uma confirmação sobre seu carro, Saori. Acredito que até o final da semana, você o terá de volta, novo em folha.

— É mesmo? Puxa, que rápido. Estou impressionada.

— Na verdade, também fiquei surpreso com a eficiência deles.

— Me convenceu. Farei um seguro desta vez – Brincou.

— E aproveitando... – Shunrei pronunciou – Mais uma vez, muitíssimo obrigada, Shiryu. Por tudo.

— É um prazer. Bem, eu acho que está na hora de irmos.

— Por quê? – Seiya não disfarçou seu aborrecimento.

— Por que já tomamos muito do tempo delas – Disse, fitando-o com um olhar autoexplicativo.

— Ah, Shiryu, não precisa se preocupar com isso, não é Shunrei?

— Sim, é claro. Podem ficar o quanto quiserem.

— Não, foi extremamente agradável, mas está ficando tarde. Vocês precisam descansar, principalmente você... – Direcionou-se para Shunrei, o que faz Saori repensar um momento.

Ele tinha razão, ela precisava descansar. Além de Seiya e ela terem forçado demais a barra, por uma noite.

— Neste caso, então nós já vamos meninas – Concordou Seiya. Todos ficaram em pé e Seiya aproximou-se de Shunrei sem cerimônias – Obrigada pelo jantar Shunrei, vamos repetir.

O jovem provocador deu-lhe um beijo estralado na bochecha. E sim, ele estava irritando Shiryu. Mas, não tentou ver se funcionou, pois rapidamente direcionou sua atenção á Saori.

— Obrigado pelo convite Saori, eu adorei... – Disse sugestivo, dando-lhe também um beijo na bochecha, porém mais sutil.

— O prazer foi todo meu, Seiya – Respondeu no mesmo tom de voz.

Tanto Shiryu quanto Shunrei observaram a cena, ainda desconfiados, afinal eles tinham motivos.

— Shunrei, obrigado pelo convite e, pela conversa.

— Eu agradeço... E também espero que possamos repetir... Um dia. –  A jovem tinha um pequeno sorriso.

— Eu também... – Shiryu sentiu um leve frio no estomago. Teve que admitir que sentiu inveja da ousadia anterior de Seiya, porém limitou-se apenas em beijar sua mão, gentilmente.

Em seguida, despediu-se de Saori.

— Obrigado Saori. Foi um ótimo jantar. Ainda entrarei em contato para falar sobre o carro.

— Eu que agradeço por terem vindo. Ficarei no aguardo.

Os rapazes seguiram em direção à porta, acompanhados de perto.

— Você estava flertando com o Seiya? – Shunrei mal esperou a porta fechar para perguntar.

— Eu? – Fez-se de inocente. Shunrei apenas colocou a mão livre na cintura, fitando-a – Tudo bem, eu admito. Talvez, um pouquinho – Sorriu, jogando-se no sofá – Ele estava me dando mole, não sou de ferro.

— É sério?

— Sei lá, mas eu vou descobrir – Ambas sorriram.

Shunrei ainda estava desconfiada, mas quem sabe Saori tenha mesmo gostado de Seiya. Pode ser isso tanto quanto uma armação para que ela se aproxime de Shiryu.

Independente de qual das suas situações seja, a ideia não é nada ruim.


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