Nunca corri tanto na minha vida. Sem brincadeira, dessa vez. Só me lembro de ter parado, quando ao olhar para os lados, meus olhos se fixaram em um pontinho meio distante no píer.

Lá estava Tom.

Pensei em voltar pra junto do pessoal, mas algo mais forte dentro de mim me fez ir até lá. Prendi meus cabelos em um coque mal feito e corri, demorando no máximo 5 minutos até chegar ao meu destino.

O píer.

Eu diria que era meio que coisa de filme. Eu e Tom, lá. Em um píer. Só faltava ventar, o meu vestido começar a esvoaçar como nos filmes e a gente se beijar e tudo mais.

Só que isso não ia acontecer. Porque eu fui uma idiota.

Babaca.

Respirei fundo, pensei em como começar, mas antes que eu pudesse ao menos chamar Tom, ele foi mais rápido.

- O que você quer? - Tom perguntou, rispidez em sua voz.

Senti um aperto em meu coração, e quase podia sentir meus olhos em lágrimas.

- Tom, me desculpa, eu – fui interrompida.

- Pelo que? Você tinha razão. Eu não tenho nenhuma intimidade com você pra roubar seu celular e falar com seu namorado daquele jeito. Peço desculpas, e se você quiser, eu peço desculpas a ele. – Tom estava sério, frio.

Quis gritar com ele, para ele parar de agir daquele jeito, mas meus lábios pareciam colados. Olhei para ele, e só depois de um tempo, ao perceber que minha vista estava embaçada que pude perceber que estava chorando.

E dessa vez não era raiva.

- Se eu disser que eu fui uma idiota e você foi extremamente fofo, você vai parar de ficar sério? - Tom franziu as sobrancelhas e eu mordi meu lábio inferior, sentindo mais uma lágrima descer por meu rosto.

- O que isso tem a ver? - Tom perguntou, por fim, receoso, e eu ri, fracamente, antes de respondê-lo.

- Não gosto de ver você assim. Posso não ter intimidade nenhuma com você, nem te conhecer a anos, nem nada... Mas não gosto de te ver assim. – Suspirei derrotada, e abaixei minha cabeça, me sentindo ainda pior.

Lágrimas e mais lágrimas desceram por meu rosto. Eu sabia que Tom podia ouvir meus soluços. Eu sabia que ele não me perdoaria. E eu merecia.

- Mika? - Tom me chamou, e eu levantei minha cabeça, limpando minhas lágrimas com força, só então percebendo que Tom estava na minha frente.

- Si-sim? - Minha voz falhou, e então, meus olhos se encontraram com os de Tom. Eles pareciam tristes. Como se quisessem me dizer algo.

- Não chora pequena. – Senti meus olhos se enxerem de lágrimas ao ouvir o apelido que Tom havia me dado. Seus braços me envolveram em um terno abraço, e eu senti um leve beijo em minha testa, enquanto Tom sussurrava inúmeras vezes: - Vai ficar tudo bem.

Assim que eu consegui parar de chorar, conversar calmamente com Tom, e de quebra ganhar um sorvete (Yeah!), voltamos conversando lenta e animadamente para onde o pessoal estava.

Apesar de parecerem estarem se divertindo, todos ainda pareciam preocupados conosco.

- Hey cambada! – Tom gritou, risonho.

Todos voltaram seus olhos para nós e pareciam receosos, e então, eu, linda como sou, resolvi descontrair o ambiente.

- EU GANHEI SORVETE, VOCÊS NÃO, LALÁLALÁ... – Cantarolei, toda feliz, pulando pelo meio do pessoal, enquanto eles olhavam pra mim, e riam.

- Criança feliz. – O Babaca revirou os olhos, e eu dei língua pra ele.

- Chato. – Todos riram e eu pude perceber que Ana e Tom conversavam baixinho alguma coisa. Ana parecia meio séria. Tom parecia calmo.

Tão Tom Fletcher.

Fazer o que.

Fui aproveitar que o pessoal já tava se animando, e fui procurar minha bolsa. Assim que a achei, me surpreendi ao observar meu celular:

11:40 a.m

11 chamadas perdidas

6 novas mensagens

Cliquei rapidamente, querendo ver quem me ligara, e não me surpreendi ao ver que era Josh. Resolvi abrir uma mensagem. Era um anexo. Estranhei, mas coloquei para carregar enquanto procurava minha nova blusa que tinha comprado na D&G enquanto ia as compras com Jenny, para a festa.

Ouvi um leve ‘bip’, informando que o anexo já havia sido carregado e meus olhos foram em direção ao meu celular, e eu quase pude sentir meus olhos em lágrimas ao olhar para a foto, sem qualidade, mas ainda me mostrando o que parecia um tapa na minha cara:

Josh beijando Brandy. Brandy que usava uma roupa extremamente parecida com a que eu havia usado na semana passada, com um sapato que EU havia lhe emprestado para a festa de Jés, e ainda por cima, havia copiado minha idéia de fazer leves cachos com a prancha para ir pro colégio. Algo simples, mas bonito.

Eu normalmente, não iria me irritar. E eu não estava irritada. Só estava... de cara. Josh havia sido tão baixo á ponto de pegar Brandy (que havia sido uma vadia, se aproveitando que eu não ia, e tentando roubar meu lugar) que estava, pateticamente, uma copia minha.

Tive que rir.

Porque era ridículo. Josh achava, que assim, ele e Brandy iam mudar algo na minha vida. Iam me fazer me sentir pior. Ridículo. Ou melhor... Ridículos.

Me senti ser cutucada, e olhei para trás, encontrando Tom, me olhando parecendo curioso.

- O que está vendo ai, que está gargalhando sozinha, moça? - Perguntou, e antes que eu percebesse, Tom estava tentando pegar o celular de minhas mãos.

Ri e dei um leve giro pro lado contrário, fazendo-o encontrar o nada, e guardei meu celular na bolsa, depois de clicar em ‘apagar’.

- Nada que valha nosso precioso tempo, moço.

Pisquei para Tom, e ele riu, esticando-me o braço, indicando para mim aceita-lo.

- Não, obrigada. Vou tomar um sol, antes de ir nadar. – Sorri, calmamente e pisquei pra Tom, antes de virar-me, pegando meus óculos de sol.

- Ou você vai ir nadar conosco. – Virei-me para Tom, franzindo minhas sobrancelhas, mas Tom tinha um leve sorriso maroto em seu rosto. – Por bem... ou mal.

E antes que eu pudesse protestar, Tom me pegou em seu colo, me levando correndo em direção a água.

E só me deu tempo de jogar minhas sandálias o mais rápido o possível na areia, antes que os $300 que eu havia gasto nelas fossem jogados fora.

Assim que eu já estava totalmente molhada, Tom me soltou.

Pensei em bater nele, reclamar, ou sair batendo o pé, como eu normalmente faria, se fosse algum dos meus amigos do colégio. Mas era Tom. Eu me sentia e me sinto bem com ele, sendo indo até a farmácia no silêncio que raramente havia entre nós e era doce como o mel, ou sendo carregada até a água ao invés de tomar um bronzeado.

E então eu fiz a coisa que me pareceu mais legal no momento.

Dei um belo de um caldo em Tom. Fui receosa para trás, enquanto observava Tom sair de baixo da água, os cabelos grudando em seu rosto, ele chacoalhou-os e então seus olhos pararam em mim, um sorriso malicioso em seus lábios.

- Você não devia ter feito isso...

E, bom, acho que isso resume minha manhã, não?