Descendo do Salto escrita por mdda096


Capítulo 4
Tell Me How Can I Make A Change




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Cocei meus olhos sentindo-me ainda sonolenta e respirei fundo. Tinha tido outro pesadelo. Haviam começado a ocorrer desde que havia parado de falar com os meninos. Faziam apenas dois dias, mas parecia muito. Puxei minhas pernas, abraçando-as, e olhei um bilhete, que parecia ter sido deixado em cima da minha cômoda depois de mim dormir, já que não me lembrava dele.

Levantei, peguei-o e li, calmamente:

“Desculpa não ter ligado, mas é que aconteceu uns negócios com a Ana (que está melhor, e te mandou um ‘oi’), e como eu e os caras estamos ocupados com a festa surpresa dela (DIA QUATRO, NÃO MARCA NADA), estamos correndo que nem loucos, então, me liga depois pra gente conversar, viu pequena? :)

0800-6666-4444,

xXx TF.”

Mordi meus lábios e puxei meu celular, gravando o número rapidamente. Pensei em ligar, mas olhei à hora, e resolvi só mandar uma mensagem.

“Você deve estar dormindo, mas só pra avisar que recebi sua mensagem, te ligo depois, xXx Mika.”

Deitei-me, calmamente, e coloquei novamente meu celular em cima do criado mudo, mas assim que fechei os olhos, o celular vibrou, indicando nova mensagem.

“Como se eu conseguisse dormir com o Danny roncando no meu ouvido... Aproveite que não tem um urso dormindo do seu lado e durma por mim. Boa noite pequena, xXx Tom.”

Sorri derrotada e puxei o celular para mim, abraçando-o. Não pude deixar de sorrir, enquanto fechava os olhos, e sussurrava pra mim mesma um: “Boa noite Tom”.

Assim que acordei, fiquei com tanta preguiça que fiquei na cama por um tempão. Tinha aula daqui à uma hora e meia (ou menos, já que estou perdendo uns minutinhos aqui), mas foda-se. Me sinto péssima. Ouvi um barulho, meu celular.

“Praia, borá? xXx Tom.”

Olhei aquilo, ainda tentando acreditar, e, com preguiça de ficar apertando o touch do meu iPhone, liguei para Tom.

- Praia? Tá louco? Tenho aula, e você também! – Falei inconformada. Apesar de não ter as melhores notas (tenho as segundas, média 9,0 bjs) meu boletim estava perfeito. E faltas eram quase nunca. Perder uma aula para ir a praia? Nem a pau!

- Fala sério Mika, é segunda-feira! – Revirei os olhos, não acreditando que Tom estava falando isso.

- E daí? Segunda-feira também é um dia da semana, e se eu não for algum dia da semana á escola, eu ganho falta! Sabe o que é uma falta pro meu currículo perfeito? - Perguntei, surtando.

- Hm, você não vai pra faculdade que quer? - Tom perguntou receoso.

- ISSO! Bye bye Oxford se meu currículo não estiver perfeito! – Bufei inconformada. Como Tom não sabia disso? Eu vivia falando sobre como ir a Oxford era meu sonho. E o de meu pai.

- Sinto muito Sra. Oxford, desculpe se você está preocupada demais em ser perfeita para se divertir. – Tom bufou, e eu arregalei os olhos, pasma.

- Está dizendo que não sei me divertir? - Perguntei seriamente.

- Estou dizendo que passa tanto tempo tentando ser a garotinha do papai, que não tem tempo para ser você mesma.

Mordi meu lábio inferior forte, tentando ao máximo não ficar brava. Sempre xingava todos a minha frente quando ficava brava. E então eu chorava. Respirei fundo e pensei nas palavras de Tom. Fazia um bom tempo que eu não tirava um tempo pra mim. A última vez fora quando eu havia ido ao Spa Deluxe com Lindsay.

Há dois meses atrás. Me senti pasma. Ainda me lembrava que havia ido a festa de Jéssica porque Josh havia reclamado que eu não saia fazia tempo de casa. Não me lembrava que esse ‘tempo’ havia durado tanto.

Respirei fundo, antes de falar:

- Onde encontro vocês?

Faziam exatos trinta e três minutos que eu estava no mesmo ponto de ônibus aonde havia visto os meninos pela primeira vez. E eu estava prestes a ligar para Alfred me buscar. Ele me daria uma bronca, mas pelo menos eu estaria em casa.

Olhei novamente pros lados, enfim me deparando com a imagem dos meninos, vindo, caminhando calmamente descendo a rua. Entendi rapidamente porque a demora. Estavam vindo á pé.

Revirei os olhos, me perguntando porque não haviam me pedido uma carona. Muito mais fácil do que me deixar esperando.

- Demoraram, hein? - Sorri cinicamente, enquanto olhava novamente meu celular. – Trinta e exatos cinco minutos atrasados.

- Desculpe, Sra. Oxford. – Tom sorriu sarcasticamente para mim, e eu revirei os olhos, empurrando-o levemente, fazendo-o rir.

- Babaca. – Mostrei a língua, e cumprimentei o pessoal. – Oi povo! De boa?

Alguns responderam, outros não. Fazer o que, né?

Ficamos conversando um pouco lá, zuando, e quando deu à hora, o ônibus apareceu. Subi atrás de Ana, a irmã de Tom. Não tinha falado com ela ainda, mas parecia ser legal. Ela se virou bruscamente, sorrindo calma.

- E então, já sabe como fazer né? - Tive que gargalhar, e acentir, vendo-a rir comigo.

- Paga, e pode passar, certo? - Perguntei, risonha, puxei minha bolsa, tirando minha carteira, mas antes que eu pudesse pegar o dinheiro e pagar, minha mão foi afastada e quando percebi, o homem sentado no banquinho fazia um gesto para mim passar.

Olhei para trás, me deparando com Tom, que piscou, fazendo um gesto para mim ir em frente, e eu revirei os olhos.

- Tenho que achar um modo de te retribuir se for pagar o ônibus pra mim sempre, Tom. – Falei, rindo fracamente, enquanto sentava-me ao lado de Bryan que conversava algo animado com o babaca (se lembram dele? BABACA!).

- Eu não me importo de gastar dinheiro, pequena. – Tom sorriu calmamente, segurando em um ferro no teto, mas se apoiando levemente em minha cadeira.

- Não? Então me empresta vintão ai, Thominus. – Bryan virou-se, risonho, esticando a mão para Tom, que abriu a carteira, deixando Bryan pasmo, fingiu pegar uma nota e bateu sua mão na de Bryan, apenas fazendo um toque com ele, por fim, deixando Bryan desapontado.

Tive que rir.

- Quer mesmo emprestado, Bryan? - Perguntei, olhando-o. Abri minha bolsa e procurei minha carteira, achando-a rapidamente.

- Não precisa Mika. Só tava testando o Fletcher. Ele mal paga as coisas pra Ana e pra Mari, tava estranhando ele pagar pra você. Mas acho que já entendi o porque. – Bryan levou um leve tapa de Tom, que virou o rosto, mas eu pude ver que estava vermelho.

Dei uma leve olhada pelo ônibus, rindo sem graça, e percebi que Ana me chamava do outro lado, com um leve gesto. A irmã dela, Mari, não havia podido vir, pois tinha uma gincana. Então éramos apenas eu e Ana de meninas. Tenso.

Levantei-me, segurando por entre as barras de ferro no teto, e então sentei ao seu lado, sabendo que a ida até a praia demoraria, e ficar em pé, ia matar meus lindos pezinhos.

- Certo indo direto ao assunto: qual o lance entre você e meu irmão? - Olhei para Ana assustada. Quer dizer, não que eu não gostasse de seu irmão ou algo assim, mas parecia que tínhamos um lance?

- Somos amigos, ué. – Dei de ombros, procurando meu espelho e dando uma olhada na minha maquiagem. Ana riu, ironicamente.

- Sem querer ser chata, mas o meu irmão conhece gente a muito mais tempo que você, que nem emprestar dinheiro empresta, quem diria pagar coisas pra pessoa.

Abaixei minha cabeça, sem graça.

- Eu posso pagar o dinheiro pra ele, se você... – Comecei a falar, mas Ana me interrompeu.

- Não é o caso de devolver o dinheiro, é o caso de ser quem é. Não falando mal, mas meu irmão não é de pagar passagem de ônibus para garotas do Baker que ele não conhece nem há três dias direito.

- MIKA? - Desviei meu olhar para Tom, que apontou pra minha bolsa, que tocava ‘Hey Sexy Lady’ do Isquare, e dei um pulo, abrindo minha bolsa e olhando o nome na tela. Josh.

- Atende! – Tom falou, estranhando minha reação e eu fiz uma careta.

- É o Josh, aquele que eu te falei, lembra? - Falei, receosa. Tom franziu as sobrancelhas, e então sorriu malicioso, arrancando o celular da minha mão, me fazendo entender sua idéia e gritar em protesto.

- Alô? - Tom falou, atendendo Josh, e quando eu tentei pular em cima dele, Scoot (se me lembro bem) me impediu de ir, e Ana, risonha tampou minha boca. Todos cúmplices. – Não, a Mika tá acupada. Aqui é o Tom. Fletcher. Namorado dela. Você? Namorado dela? Ela não me falou nada sobre isso... Bom de qualquer jeito, ela está ocupada, até logo cara, e sinto muito pelo chifre!

Arregalei os olhos, não acreditando que Tom havia feito aquilo. Pude ouvir um de seus amigos, dizendo que havíamos chegado, e Tom risonho me esticou o celular. Passei a mão sobre meus cabelos e peguei o celular rapidamente, arrumando para discagem rápida.

- Hey, é o Alf, eu não devo estar no momento, então, me deixe um recado depois do bip, e depois retorno, tchau!

Xinguei baixinho, e Tom franziu as sobrancelhas, e eu fiz um gesto para ele ir. Tom ficou sério, rapidamente.

- Não vou sem você. – Olhei para ele e sorri cinicamente.

- Devia ter pensado nisso antes de falar daquele jeito sem MINHA autorização com meu namorado.

Tom respirou fundo, e pareceu contar até dez. O motorista nos olhou, impaciente, e, resolvendo pegar um taxi, desci, com Tom atrás de mim.

- Tudo bem então. Vá correndo atrás dele, pra ele fazer pior do que fez naquela festa com você, e quando você precisar de alguém pra dizer que tudo vai ficar bem, me procura. – Tom sorriu forçado pra mim, e eu obsevei, pasma, enquanto ele retirava o skate da mochila de Dougie, e saia andando, em direção ao Leste.

Senti todo o meu corpo tremer. Eu ainda meio que estava com raiva.

- O que você fez pra deixar o Tom daquele jeito? - Dougie perguntou, receoso.

E então eu surtei.

- EU NÃO FIZ NADA, ELE QUE PEGOU O MEU CELULAR, E FALOU DAQUELE JEITO COM MEU NAMORADO SEM MINHA PERMIÇÃO. – Estava prestes a ligar novamente para Alfred, ou para a telefonista pedindo o número de um táxi, quando Ana me chamou a atenção, gritando comigo.

- E COMO SE O MUNDO PRECISASSE DA SUA PERMIÇÃO PRA GIRAR! MINHA FILHA, PARA DE ACHAR QUE O MUNDO TE AMA E GIRA A SUA VOLTA, PORQUE QUANDO ENFIM TEM UMA PESSOA QUE TÁ SE ESFORÇANDO PRA ENTRAR NO TEU MUNDO, VOCÊ BARRA ELA SEM NEM CONHEÇE-LA DIREITO. SOU IRMÃ DO TOM, E SEI QUE, SE ELE SE IMPORTOU COM VOCÊ A PONTO DE PAGAR TUA PASSAGEM, VOCÊ É IMPORTANTE PRA ELE! MAS NÃO É PORQUE É IMPORTANTE, QUE VOU DEIXAR VOCÊ TRATAR ELE COMO LIXO.

Foi então que eu percebi. Tom não tinha feito aquilo por zueira. Ele tinha feito, porque Josh tinha sido um babaca comigo e ele queria dar o troco. Ele tinha feito algo que eu era tão fraca que nem imaginava fazer. Meus olhos estavam em lágrimas de repente.

- Ana? - Chamei-a, receosa. Ela me olhou, quase como se já soubesse o que eu ia falar e fez um leve gesto para mim ir em frente.

E então eu corri para o Leste. Rezando para que Tom não estivesse tão longe e eu pudesse pedir desculpas.

E então ele diria as palavras que eu precisava ouvir naquele momento:

Vai ficar tudo bem.


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Notas finais do capítulo

Presente de Natal, quero o meu também. REVIEWS REVIEWS REVIEWS REVIEWS DE NATAL, QUEM NÃO IA QUERER ESSE PRESENTE BEM LEGAL? (8) ATT, McKisses, love you guys! :*



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