Passei a mão por meus cabelos, ainda rindo de algo que Dougie havia falado. Vi Ana fazendo um gesto para sairmos, e virei, gritando para o resto do pessoal, que estava mais para o fundo.

Tom fez um gesto como se dissesse para mim ir na frente e eu acenti, vendo que ele e os outros já estavam vindo.

Cantarolei ‘OMG’ do Usher, balançando-me no ritmo da música enquanto torcia meu cabelo sentindo o nível da água ir descendo aos poucos. De repente eu sentia um leve frio e a água apenas tocava meus pés.

Ouvi um grito, me fazendo estranhar e virar, vendo Bryan continuar, risonho:

- QUANTA SAÚDE, HEIN MIKA?

Arregalei os olhos, não conseguindo não rir, e vi Tom correndo um pouco na frente dos outros parecendo um pouco mais sério. Virei-me ainda cantarolando e abri minha bolsa, puxando um vestido preto com um leve decote nos seios que combinava perfeitamente com meu biquíni branco de bolinhas pretas.

Coloquei-o e antes que pudesse piscar Tom estava ao meu lado, puxando-me levemente, estranhei.

- O que houve, Tom? - Perguntei, receosa.

- Se algum dos meninos fizer alguma brincadeira de mal gosto, nem liga tá? - Abri a boca, mas antes que pudesse continuar, Tom acrescentou – Se eles te cantarem principalmente, são tudo uns loucos.

Franzi minhas sobrancelhas não acreditando no que Tom havia falado.

- Está dizendo que por me acharem bonita e quererem me cantar são loucos? - Perguntei rapidamente, vendo que Tom estava virando-se para ir em direção a Ana.

- NÃO. – Tom virou-se rapidamente, ficando vermelho – Você entendeu errado, eu quis dizer que – O interrompi.

- Que eu sou feia. Entendi. Não preciso de explicações, Fletcher. – Frisei seu sobrenome, e fiquei séria segurando o riso ao ver o desespero evidente na face de Tom, puxando minha bolsa e indo em direção ao grande e bonito restaurante para onde todos estavam se dirigindo.

Assim que entramos, percebi que um dos meninos abraçou uma senhora com um avental. Saquei que devia ser parente e percebi, enquanto seguia o pessoal, que pelo jeito, aquilo era algo normal deles fazerem. Puxei Harry, receosa.

- Vocês vem sempre aqui, Harry? - Perguntei, dando uma leve olhada ao lugar. Bonito, simples, mas tinha algo que o fazia especial: você podia sentir o cheiro delicioso da comida e o lugar era tão aconchegante que você se sentia como se estivesse comendo em casa.

- Sempre! – Ele sorriu animado, acrescentando, - O avô de Josh é o dono, e a avó dele é quem cozinha. Você vai adorar conhecê-la. Naná é demais!

Olhei-o, estranhando, e ele pareceu perceber minha dúvida, e observou, calmamente.

- Naná é como chamamos a vó do Josh. – Resmunguei um ok, e continuei seguindo-os, até chegarmos a uma grande mesa. Pude perceber como todos automaticamente se sentaram e observei Josh sentando-se na ponta.

Dei uma leve olhada na mesa e só então percebi uma coisa.

Não havia lugar pra mim.

Eles iam tanto ali, que a mesa era montada pra eles. O exato número de pessoas. Eles pareciam como uma família aos meus olhos. Todos amigos, daqueles que se pode confiar. Sem se importarem com dinheiro, estudos, em parecerem o mais bonitos possíveis e nem ligando para o que diziam sobre eles.

Senti meu estomago embrulhar. Não era meu lugar. Não era pra mim estar ali. Me senti como uma agulha, tentando estourar aquela bolha de felicidade e amizade perfeita deles.

Dei alguns passos pra trás, mas antes que pudesse virar, senti uma mão nas minhas costas, me incentivando a continuar. Virei-me, prestes a continuar e me surpreendi ao dar de cara com Tom.

Um sorriso doce em seu rosto. Senti minhas pernas bambas e agradeci aos céus novamente por ser morena.

- Posso falar com você? - Tom perguntou, receoso. Olhei novamente para a mesa. Todos sentados. Haviam apenas dois lugares vagos, um de Tom, e outro, que provavelmente era de Mari. Não havia espaço para outra cadeira. Não havia espaço para mim.

- Certo. Queria falar com você também. – Forçei um sorriso, puxando Tom para umas escadas que havia visto perto do banheiro.

Me assustei ao me sentir puxada por ele, subindo as longas escadas em espiral e por fim chegando ao nosso destino. Era um grande e vazio salão. Com uma vista pra praia. Senti meus pés me levando automaticamente até a grade, me dando a visão por inteira da praia.

Senti o ar me faltar. A vista era linda.

- Mika? - Tom me chamou, receoso, e eu virei, observando-o encostado á parede. Sorri sem graça e me aproximei.

- Certo, o que queria me falar, Tom? - Passei a mão por meus cabelos e tentei fixar meu olhar em qualquer coisa que não fossem os belos olhos de Tom. Eu tinha que ser forte. Ali não era meu lugar.

- É que, tipo... – Olhei rapidamente pra Tom, mordendo meu lábio e soltando uma leve risada ao perceber que ele estava vermelho, ele pareceu me ignorar, tomou coragem e continuou – Eu queria pedir desculpas sobre o que falei na praia.

Franzi minhas sobrancelhas, não acreditando. Eu estava brincando! Como Tom não havia percebido? Resolvi continuar fingindo que estava brava e cruzei meus braços, ficando séria e fazendo um gesto para ele continuar.

- Eu sou um idiota. Os caras começaram a falar sobre como você está gostosa – e isso é verdade – só que eu não sei o que deu em mim, eu acho que fiquei com... – Tom franziu as sobrancelhas, parecendo achar a palavra certa e suspirando continuou – ciúmes.

- Porque ficar com ciúmes de mim Tom? Nós não temos nada... Ou temos? - Senti minha garganta secar e minhas pernas bambolearem. Tom aproximou-se, suas bochechas adquirindo novamente a coloração rosada.

- Eu não sei. – Observei Tom abaixar a cabeça, colocando suas mãos em seus bolsos.  Percebi que ele parecia mais confuso que eu.

- Não sabe porque sentiu ciúmes ou não sabe o que nós temos? - Aproximei-me, receosa. Tom levantou sua cabeça, e eu podia sentir seus olhos colados nos meus. Não sei porque, mas quando percebi estava nas pontas dos pés, a respiração de Tom batendo em meu nariz.

- Eu não sei de nada. – Lambi meus lábios e me perguntei porque senti como se minha boca estivesse seca e a boca de Tom fosse a única coisa que pudesse tirar minha sede, subi meus olhos, encontrando os de Tom, e o ouvi sussurrar, fracamente – Só sei que quero te beijar agora.

E antes que eu pudesse responde-lo, seus lábios se colaram aos meus, com certa rapidez e intensidade. Senti minhas pernas bambas novamente e agradeci ao fato do braço de Tom, agora envolvendo-me pela cintura, pois tinha certeza que cairia se não fosse por ele.

Subi minhas mãos receosa, passando levemente em seus braços e por fim parando em seu pescoço. Envolvi meus braços e não pude deixar de mexer com os cabelinhos de sua nuca, sentindo-o se arrepiar.

Senti o ar faltar-me e me afastei, suspirando fracamente enquanto Tom ainda dava-me leves selinhos. Sorri fracamente, soltando outro suspiro e Tom por fim soltou minha cintura, abraçando-me rapidamente.

Envolvi meus braços por sua cintura e encostei minha cabeça em seu pescoço, sentindo um cheiro da água da praia misturado com o perfume de Tom. Suspirei novamente e senti os lábios de Tom tocando o alto de minha cabeça.

- Quer descer? Eles já devem estar servindo o almoço.

Os braços de Tom me soltaram, hesitantes e antes que eu pudesse ao menos reclamar, Tom puxou minha mão, entrelaçando a sua. Senti um arrepio passando por meu corpo e sorri calmamente.

- Certo. – Tom inclinou-se, dando-me um selinho rápido e me puxando em direção as escadas.

Descemos o primeiro degrau e Tom parou, parecendo lembrar-se de algo.

- Você não tinha algo pra me falar? - Ele me olhou, curioso e eu tentei me lembrar de algo que eu tinha que lhe falar mas minha mente estava ocupada de mais ainda tentando raciocinar algo além dos doces lábios de Tom.

- Não que eu me lembre.

Tom sorriu acentindo e puxou-me descendo ás escadas de dois em dois degraus.