Aira Snape escrita por Ma Argilero


Capítulo 8
Monotonia


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês, meus amores.
Obrigada por todos os reviews recebidos e a semelhança de um sobrenome (Salvatore) é mera conheidência. Pensei neste sobrenome e o usei, mas não sabia que ele já existia em outro livro.
No próximo capítulo começa o terceiro ano de Aira.
Já escrevi a parte em que todos sabem do grande segredo de Snape - não conto que capítulo é, mas ele está próximo e cheio de emoções...



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Já aos meus treze anos, estava atarefada. Ficava me imaginando quando eu fosse adolescente e tivesse mais coisas para se fazer. Era difícil de imaginar, mas era preciso. Eu sabia que estava fazendo muita coisa ao mesmo tempo, mas era inevitável. E já estava acostumada com a rotina de estudar, ler, usufruir a amizade, ler e dormir. Descansar que era bom, eu não fazia.

  Meus finais de semanas eram lotados de tarefas e duas amigas aos meus ouvidos, pedindo para dar um tempo e curtir a vida. Não seria nada mal, a não ser pelo fato que estava com a matéria atrasada. Fiquei de cama três dias, pois havia ficado doente e morria de medo de ir para a enfermaria, pois tinha medo de lugares como aquele; E ninguém me tirava de lá.

  Quatro dias... E fiquei até o pescoço com trabalhos e tarefas. Mas como eu estava enferma; os professores aumentaram o meu prazo. Sorte pra mim, que estava ficando doida com a quantidade de conteúdo passado em minha ausência. Como eles podem fazer isso?

  Giulia saiu derrotada, mas eu não fiz por mal, se não tivesse que cumprir com minhas obrigações teria ido me divertir com ela. Fiquei em meu quarto, redigindo um trabalho de poções. Adorava a matéria, mas Snape pegava pesado.

  Horas se passaram e meu fim de semana se passou, que eu nem percebi. Frustrante ter que ficar trancada. Eu poderia ter ficado doente em uma semana sem muitas lições.

  Entreguei tudo no prazo estipulado a mim. Meus horários voltaram ao que era e tentei convencer a Giu de que no final de semana; próximo, aproveitaríamos com muita diversão. Ela aceitou e começou a fazer plano. Revirei meus olhos. Ela é minha amiga, mas às vezes fica distante com suas manias de fazer planos gigantescos. Revirei meus olhos e fingi que a escutava.

  Minha festa de aniversário foi a maior festa. Alguns colegas de casa organizaram tudo e contrabandearam cerveja amanteigada. A diversão rolava solta e não me importava com mais nada além de me divertir. Eu era uma das mais animadas, pois tomara muita cerveja e já sentia o efeito.

  Mas por sorte não fiz nada que me complicasse em Hogwarts. Depois de tanto divertimento, eu e Giulia fomos dormir, pois ninguém merecia acordar com a aparência mal dormida.

  Meus presentes estavam aos pés de minha cama, quando acordei. Verifiquei cada cartão e o único que era de meus pais, era um par de brincos. Não gostava muito de acessórios, mas faria o esforço para usar aquele presente dado de coração. Giulia me dera um livro; pelo menos alguém sabia meu gosto; Geovanna me dera um lindo porta-retrato folheado a ouro.

  Giulia tentava me obrigar alguma peça de roupa que não contivesse preto, mas ela não obteve sucesso. Se não usasse pelo menos uma peça preta, não seria do meu gosto. Coloquei um coturno por cima da calça e adorei o resultado. Nunca tinha usado ele daquela maneira.

  Enquanto eu andava pelos corredores, percebia que Giulia estava com vergonha de mim. Mas porque eu não sabia. Conversei com ela, mas ela não justificava sua vergonha quanto a minha personalidade. Nunca mudaria meu estilo pra me enturmar. Se for assim que ela queria, então seria.

  - Prefere ter uma amiga ou não?

  Ela ficou pálida. Não esperava que eu fosse fazer essa pergunta.

  - Eu... Eu... – ela não conseguia dizer o que queria.

  Giulia não queria ser minha amiga, se não teria dito que preferia nossa amizade a minha aparência. Fiquei triste por dentro e a deixei sozinha.

  Passei por Julio e olhei de relance pra ele. Ouvi chamar-me e me virei.

  - Que foi? – perguntou-me.

  Não responderia educadamente, mas seria sarcástica. Queria descontar minha frustração com alguém.

  - Pior impossível.

  Julio aproximou-se de mim e enrijeci minha face. Nada de demonstrar meus reais sentimentos.

  - Preciso ir. Poderia ficar aqui e conversar, mas tenho que atormentar uma pessoa.

  - Essa pessoa não poderia ser eu? – ele estava entrando em meu jogo.

  - Se quiser ser estupoforado...

  Dei dois passos e o senti puxando meu braço. Virei-me e encarei seus olhos.

  - Queria conversar com você.

  Suspirei. Mais um estorvo em minha vida. Tinha que me livrar de Salvatore de uma vez, se não ele seria um importuno maior do que se possa imaginar. Pensava em uma maneira de fazer ele ficar longe de mim pelo resto dos meus cinco anos em Hogwarts.

  - Estou arrependida de ter te salvado – não eram palavras verdadeiras, mas era preciso pra me livrar dele.

  Ele soltou meu braço, abismado com minhas palavras. Deixei-o com suas magoas e segui para a sala comunal da Sonserina; Somente ali teria privacidade e tempo para pensar como minha vida é conturbada e cansativa.

  Encontrei Giulia, sentada e cabisbaixa na sala comunal. Não me atrevi a conversar com ela. Entrei em meu quarto e procurei um livro pra ler. Mas não conseguia resultados, pois pensavam que acabara de perder minha melhor amiga.

  Os dias foram se passando e nenhumas de nós trocavam palavras. Toda a escola já sabia da nossa separação e vieram as piadinhas. Não dava ouvidos e continuava a minha vida de centro das atenções.

  Fiquei com raiva de um Grifinório e o mandei para a enfermaria. Sorte que ele não mencionara que fora eu que o deixei daquele jeito, todo estourado e com furúnculos pelo corpo. Se ele contasse, não sairia de lá tão cedo...

  Estava pesquisando sobre um trabalho de História da Magia, quando ouvi ruídos do outro lado e vi Giulia e Geovanna conversando o mais silencioso possível.

  - Ela não quer ser mais sua amiga, por que você é esnobe e tem vergonha dela.

  - Não tenho – Giulia estava corada.

  - Claro que é. Por que será então que Aira está distante e não quer mais conversar com você?

  Não acreditava que a Geovanna, com apenas onze anos, estava dando um sermão na irmã. Voltei a ler, tentando esquecer que um dia fui amiga dela.

  Não era fácil conviver em Hogwarts se eu dividia o mesmo quarto que Giulia e nenhuma de nós duas dávamos o braço a torcer. Nunca pensamos que talvez nós duas fossemos as erradas e não somente uma.

  Quando nos encontrávamos nas aulas, no almoço ou em qualquer lugar, virávamos o rosto e nos afastávamos. A única pessoa que continuava minha amiga era Geovanna, que tentava de todas as maneiras reconciliar a mim e Giulia.

  Mas um dia não ouve jeito, pois o professor Snape obrigou a mim e Giulia a fazermos duplas. Eu mexia o caldeirão com raiva e ela preparava os outros ingredientes com o mesmo sentimento que eu. Nos fuzilávamos toda a vez que nossos olhares se cruzavam. Acabamos ficando com uma nota horrível e eu saí super irritada, com meu humor estando a níveis de matar algum individuo chato.

  Minha rotina tomara outro rumo. Não ficava no mesmo ambiente que Giulia se não fosse necessário. Estava na biblioteca, lendo, quando Salvatore sentou-se ao meu lado e ficou me observando. Pensei que depois de dizer que estava arrependida de tê-lo salvo, ele nunca mais se aproximaria de mim.

  Enganei-me novamente. Ele abriu um sorriso tímido e o desfez, quando o olhei de soslaio. Não queria ser incomodada e ele corria o perigo de ir pra lista negra, onde estavam minhas vitimas. Somente tinha feito uma e ele poderia ser a segunda.

  - Deixe-me sozinha – pedi, mas invés dele se afastar ele aproximou a cadeira ainda mais de mim. – O que você está fazendo?

  Lembrei de como minha vida sempre foi uma porcaria e uma lágrima desceu por meu rosto. Odiei chorar na frente de alguém, além do mais grifinório. Levantei minha mão pra enxugar minha lágrima, mas ele a limpou antes que eu fizesse isso.

  Olhei assustada pra ele. A reação dele foi involuntária, estava apenas observando ele se aproximar, mas quando ele estava a centímetro de meu rosto, eu o empurrei e saí correndo dali. Ele estava louco. Só podia ser isso.

  Entrei ofegante na sala comunal e sentei-me na poltrona e enquanto me recuperava, pensava na atitude de Salvatore. O que ele faria comigo se eu não tivesse fugido?

  Nada me ajudava. Tinha desavença com o trio de ouro, com Giulia e estava pensando de mais em Salvatore para o meu gosto. O duro é que não parava de pensar no desgraçado e queria saber o motivo dele tanto querer ficar perto de mim.

  Tomava cuidado para não perder as estribeiras e acabar matando alguém. Mas foi inútil pensar que não machucaria ninguém...

  Meu dia estava tudo na mesma. Se melhorasse seria ótimo, mas piorou, porque Salvatore apareceu e começou a puxar assunto. Fazia respiração, mentalizava um mantra “Não mate ele” e apertava minha varinha dentro de meu bolso.

  -...Não seria legal? – levantei minha varinha e apontei para aquele rosto, esculpido por anjos, que não vem ao caso, pois estava a beira de cometer um homicídio. – Calma... – ele pediu. Calei a boca dele com um feitiço silenciador, que sempre quis usar, mas nunca tive oportunidade e tanta coragem pra fazer.

  - Petrificus Totallus - ele caiu no chão e somente fiquei vendo ele petrificado.

  Suspirei fundo e contei até cem, antes de usar o Finiti Incantaten pra fazê-lo ficar normal novamente. Sai antes que ele levantasse.

  Entrei correndo em meu quarto e fiquei ali a tarde toda. Nem compareci as aulas e ninguém fora ver porque eu havia matado-as.

  Não gostava de ser má. Não mais que antes. Sentia que era errado e que não levava a nada. Ficava indiferente e com a cabeça lotada de perguntas. “Por que tenho essas mudanças repentinas de humor? Por que me sinto tão mal depois de fazer mal a alguém?”, eu cogitava pra mim mesma à procura de uma única resposta, mas ela não aparecia.

  Além de envergonhada, tinha a culpa em meu semblante. Mais um remorso que levo comigo e que tento esquecê-lo.

  Lavei meu rosto e me esforcei em pensar em uma maneira de voltar a minha vida antiga, onde eu era somente um estudante como todos os outros, que tinha amigos e que amava estudar. De imediato, pensei em conversar com a Giulia, mas não me rebaixaria indo falar com ela, quando ela que devia pedir-me desculpas.

  Relutei para não esganar Salvatore no dia seguinte, quando ele veio perguntar-me o que havia de errado comigo. Havia tomado um poção calmante antes dele aparecer, então não tinha perigo.

  - Desculpa, mas estou estressada e qualquer coisa me tira do sério.

  - TPM? – com certeza tinha na minha testa um sinal de interrogação, pois ele tratou de me explicar o que era TPM.

  Fiquei sabendo que o popularmente chamado TPM – tensão pré-menstrual, é uma fase da vida de qualquer mulher ou garota antes da menstruação. Talvez eu estivesse de TPM, pois faltava poucos dias para eu menstruar.

  Acabei concordando comigo mesma que eu deveria estar sim com TPM, porque ficava com ódio de tudo e de todos. A minha mãe mencionara várias mudanças que ocorriam após menstruar, mas não disse que existia a TPM.

  Evitava ficar próximo das pessoas. Não queria ver minha tensão pré-menstrual e estupoforar ou petrificar alguém.

  Esbarrei com Giulia, quando entrava na sala comunal enquanto ela saía.

  - Olha pra onde anda, Cheege – disse ríspida.

  - Olha você aonde anda, Stwert – ela cuspiu as palavras em minha cara.

  Nos fuzilamos por breves segundos e joguei meu material no chão, ela fez o mesmo e voltamos a nos encarar. O clima estava pesado e poderia ocorrer muitos feitiços em poucos instantes.

  Fazíamos trocadilhos ofensivos uma da outra e o baixo calão era mais que evidente. Sarcasmo não era descartado e segredos eram usados para articular melhor nossas provocações.

  - Você é muito esnobe e mimada Cheege. Pensa que só porque tem dinheiro, que pode fazer tudo que quer...

  - Pelo menos tenho pais biológicos – ela berrou.

  A tensão aumentava e fiquei com raiva. Todos sabiam disso, mas ela fazia questão de deixar claro.

  - Eu te odeio – eu disse.

  - Eu que te odeio – ela disse.

  - Não, eu te odeio mais.

  - Eu é que te odeio.

  - Eu te odeio e ponto final.

  - Eu te odeio, mas do que você me odeia e não se fala mais nisso – ela fechou a expressão.

  Minha mente vagava para alguma coisa útil que eu pudesse usar contra ela.

  - Não sou eu que tem dificuldades nas matérias e fica confusa com tudo.

  Ela trincou os dentes e não sacou a varinha como eu suspeitava.

  - Eu não sou sabichona que quer ser igual a sangue-ruim-Granger.

  Agora ela foi longe. Saquei minha varinha e apontei para aquele rosto perfeito. Expelliarmus ouvi Geovanna dizer e minha varinha voou diretamente para o chão.

  - Calem a boca – ela disse com raiva. – Vocês são duas completas idiotas e cabeça dura. Agora façam as pazes.

  Olhei para Giulia e ela pra mim, nós duas viramos o rosto e cruzamos os braços.

  - Abraço agora! – ela berrou e eu e Giulia nos abraçamos a contra-gosto. – Com mais emoção e para com essa careta.

  Meus músculos relaxaram e senti os dela também. Em pouco tempo estávamos nos abraçando com carinho e não com raiva como antes. Tinha que agradecer Geovanna por gritar comigo e ter me obrigado a abraçar Giulia.

  Geovanna nos abraçou.

  - Eu desculpo vocês - eu sorri de canto.

  - Desculpa. Eu fui burra de ter escolhido o errado.

  - E desculpa por eu ser tão cabeça dura às vezes.

  E Geovanna continuava entre o abraço. Tinha minhas amiga de volta e uma parte de mim se recuperou da monotonia que minha vida se tornara. Nunca deixaria de ser monótona, mas aliviou um pouco.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Quase matei meu irmão pra ele sair do computador e o garoto não saía...O resultado? Espero ter agradado a todos e quero críticas ou elogios ou os dois em um.Não me façam ficar depressiva e ter que usar uma maldição imperdoável em ninguém...Beijos e até o próximo.