Aira Snape escrita por Ma Argilero


Capítulo 7
Socorrendo ao inimigo


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews meus amores! Estou emocionada pelo carinho de vocês...



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Meus dias eram atormentar os primeiranistas. Era uma diversão, que não fazia mais questão de participar. Queria me afastar de várias coisas que julgava serem inapropriadas. Mas continuava a ajudá-los, pois teria que parar aos poucos e não de uma vez. Seria um baque enorme, eles souberem de uma vez, que eu estava sendo mais sensata com os tormentos.

  Ficava em meu quarto, lendo e treinando. Giulia queria que eu saísse e me divertisse, mas eu não queria. Além do mais, estava pesquisando e queria paz. Coisa que sonserinos não gostam muito, porque sempre tinha algum aniversariante e a festa era enorme e cheia de bagunça.

  Os dias se passavam e coisas estranhas aconteciam. Não era de ter medo, mas os ataques eram amedontradores. Professores tentavam passar calma, mas não adiantava muito.

  Conversava com Giulia, quando alguns sonserinos mais velhos, entraram na sala comunal, contando que houvera outro ataque. Fiquei arrepiada, pois fora em um dos lugares em que frequento. Minha amiga percebeu. Ela sabia a minha aflição. Eu poderia não ter chance da próxima vez.

  Andava sempre em grupo, temendo o pior. Muitos alunos faziam isso, mas tinha as exceções, como os puro-sangue. Estava certa que tinha dedo de alguém em tudo aquilo. Mas uma coisa para entrar em minha lista de pesquisas. Pesquisava sobre o modo como Lockhart trabalha, sobre o meu passado (que soube ser inexistente no mundo bruxo).

  Minhas dúvidas aumentavam em relação a minha casa, mas não levantaria suspeita sem provas. Continuava ocupada com meus afazeres. Tinha pilhas de livros para ler e trabalhos e tarefas para fazer. Não sei porquê, mas Snape pegava no meu pé para eu fazer tudo direito. Ele nunca pedira a nenhum aluno de sua casa para fazer as coisas certas. Aquilo era estranho, mas não tinha tempo para mais nada, quanto a investigar mais alguma coisa sobre ele.

  Mais uma carta de S. e nada de resposta, apenas pedindo que eu parasse de perguntá-lo sobre meus pais e quem ele era. Deixaria que ele pensasse que eu desisti, mas um dia eu ainda descobriria...

  Não adiantava tentar descobrir quem ele era, pois S. poderia ser a inicial de um apelido, nome ou sobrenome. E seria muito complicado pesquisar.

  Eu andava pelos corredores da masmorra, lendo um livro. Os outros achavam uma coisa sem sentido e anormal, mas eu só conseguia memorizar, quando movimentava meu corpo e não somente utilizasse a cabeça para esse trabalho. Além de saber do conteúdo, mantinha minha forma. A comida de Hogwarts era muito calórica e como toda garota tinha pavor de engordar, andar era uma ótima ideia.

  Não conversava com Draco há algum tempo, então parei de ler o livro e olhei para ele, passando calmamente.

  - Cansou de tentar atormentar? – eu podia dizer qualquer coisa a ele, que não poderia fazer nada.

  Ele apenas olhou para mim e foi em direção a sala comunal.

  - Onde que eu estava mesmo? – procurei a página. – Ah...

  Voltei a ler e a andar. Algo que me tranquilizava era saber que estava indo bem na escola conforme quisera. Entrei na sala comunal e encontrei meus amigos. Olhei para meu livro e depois para ele. Eu estava distante deles e percebia isso em seus olhares. Deixei meu livro sobre a mesa e fui sentar-me no sofá. A conversa não fluía conforme o esperado, sentia que eles não conseguiam assunto.

  - Que foi?

  Giulia olhou-me

  - Você poderia ficar mais tempo fora dos livros. Isso cansa e você é minha amiga.

  Ela queria a amiga por perto. Acabei deixando de lado uma das coisas que eu mais queria para me dedicar à magia. Acabei fazendo besteira de pensar somente em me tornar a melhor aluna, acabei ficando distante da Giulia e ela, mesmo sendo uma sonserina, não era tão forte quanto se possa imaginar.

  Abracei-a e sussurrei:

  - Minha melhor amiga está certa. – olhei-a nos olhos. – Que tal fazermos algo divertido?

  Um brilho apareceu em seu olhar. Eu sorri de canto por ter minha amiga de volta.

  - Que coisa mais meiga – reconheci a voz de Draco. – Amizade é tão linda.

  Havia me esquecido de como somos sarcásticos. Era uma arma poderosa para atingir aos outros. Também usaria meu sarcasmo contra ele.

  - Vejo que continua com os mesmos amigos de antes – ele contorceu o rosto, mas não disse nada, então continuei com outro assunto. – Ah... Sabe o trabalho de Transfiguração? É pra amanhã.

  Ele olhou-me como se já não soubesse. Só estava tentando ajudar. E o que recebo?

  - Quer virar a sangue-ruim e se tornar a melhor aluna e também certinha?

  Como ousa me comparar a ela? Ela é chata e sou o oposto dela. Além de ser sangue-ruim é amiga do Potter e do Weasley. Tive que aprender a odiar eles. E me comparar à amiga deles não tinha cabimento. Além do mais, nunca fui certinha e não seria agora que me tornaria uma,

  - Pra sua informação, Malfoy, estou tentando não ficar para trás – peguei meu livro. – Pelo menos me importo com o meu futuro, pois não tenho um pai rico que pode me bancar pelo resto de minha vida e você sabe muito bem quanto eu, que se eu não fosse uma aluna exemplar você não me pediria informações.

  Ele enrijeceu a face. Cheguei ao ponto fraco dele: ele não admitia que soubessem que pedia informações a mim durante as aulas. E eu saí, vitoriosa em direção ao meu quarto. Entrei e coloquei meu livro sobre minha cama. Retirei meu uniforme e vesti meu pijama. Sentei-me e retornei ao meu aprendizado. A sensação de vencer Malfoy era gostosa. Mas não duraria por muito tempo, quanto eu pensava.

 §§§

Acordei de madrugada com o mesmo sonho de sempre. Estava me acostumando a me ver como uma pessoa má. Tinha a sã consciência de que se meus pais soubessem que eu queria matar Andréia, me deixariam de castigo e nunca mais voltaria para Hogwarts. E o pensamento de ser malvada não me assombrava mais. Snape estava certo nada é fácil.

  Passei a mão por meu rosto e depois pelos meus cabelos negros. Levantei-me e fui para a sala comunal. Não havia ninguém. Sentei-me na poltrona e forcei minha mente a trabalhar em um forma de conciliar minhas tarefas. Era difícil, mas sempre existe uma resposta. E ela apareceu: dividir meu tempo em estudo e lazer.

  Estudaria duas horas por dia e o resto ficaria a cargo da minha vontade de ficar sem os livros, enquanto ficasse com meus amigos. Seria torturante ficar sem meus amigos silenciosos, mas eu precisava me entrosar na realidade que me circunda e não somente nas páginas com lembranças de uma era.

  Passeei com Giulia e Geovanna, a garota teimava em vir com a gente. Mas não fazia diferença, ela sabia muita coisa sobre mim e não me importava de ter uma nova amiga.

  As duas pararam seus olhos em um garoto, moreno. Era Potter, que estava andando pelos terrenos, com uma vassoura em mãos. Ele e Malfoy no time de quadribol... Não sairia nada de bom ali... Puxei as duas e retornei a nossa conversa.

  Dentro do castelo, Pirraça tentou jogar giz em mim, mas ele não ousaria. Fiz cara feia e ele saiu flutuando e depois atravessou uma parede.

  Entramos na sala comunal. Sentei-me e as duas sentaram ao meu redor. Ficar muito tempo acompanhada às vezes era chato, principalmente, quando se quer ler a sós. Não queria dispensá-las, mas precisava ler e as duas só conversavam e eu precisava de paz.

  Deixei as duas sozinha e rumei para a biblioteca. Sentei-me em uma cadeira e comecei a ler o meu exemplar de Poções. Após algum tempo, os archotes foram diminuindo a sua luminosidade. Era hora de ir, mas ainda precisava ler mais outro livro. Meu tempo era escasso e precisava de cada minuto para deixar tudo em ordem.

  Foquei-me em ler o livro. Já era tarde, decidi voltar para meu dormitório. Levantei-me e rumei fora da biblioteca. Andava pelos corredores, quando percebi uma movimentação estranha. A minha razão dizia para ignorar o que vira e voltar para a sala comunal, mas não estava dando a mínima, naquele dia, para a minha razão. Virei o corredor e encontrei um aluno, pra ser mais exato, um grifinório, perambulando corredores em uma hora inapropriada, como eu.

  Ele estava indo a direção as escada que se movimentam. O que eu estava fazendo naqueles corredores? Ali é caminho para as torres. Aproximei-me com cautela e observei o garoto. Ele não parecia estar tendo noção que a escada acabara de se mexer, continuava andando até elas. Apontei minha varinha pra ela e disse o feitiço escudo. O garoto ficou parado e me aproximei. Tive que bancar a babá e levar o sonâmbulo até a porta da sala comunal dele.

  - Acorda! – eu berrei e tanto a mulher gorda, com aquela roupa ridícula, e como o garoto acordou. Não estava com paciência para acordá-lo amavelmente.

  - Mas o que é isso? – perguntou ela. – Por que estão fora de suas camas há essa hora?

  Ela parecia desconfiada que eu, uma sonserina, tivesse levado ele até ali. Talvez suspeitasse que eu quisesse fazer algo de errado. Apenas olhei para o garoto, que estava se espreguiçando.

  - Vê se não tenta se matar nas escadas novamente, sonâmbulo.

  O garoto era mais velho do que eu, uns dois anos e tinha problema de sonambulismo. Deixei-o e rumei para as masmorras. Não tinha mais nada o que fazer ali.

  Passando em frente à sala de poções, escutei ruídos e parei meus ouvidos próximo à porta. Nada. Talvez tivesse sido coisa da minha cabeça. Entrei em meu quarto e vi minha amiga e companheiras de quarto, dormirem profundamente.

 §§§

Não contei a ninguém que salvara um grifinório, mas o garoto tratou de contar que eu o salvara bem em pleno café da manhã. Olhares vieram de todas as direções. Bufei e concentrei-me em minhas torradas.

  Senti olhares me fuzilando. Olhei de relance para a mesa dos professores e todos estavam ali, comendo tranquilamente, quer dizer, quase todos, Snape não era muito de participar desta refeição, então somente comia quando sentisse vontade. Voltei meu olhar para minha própria mesa e vi as expressões de descrença.

  - Queria que ele morresse? – perguntei, temendo a resposta que viria a seguir.

  - Ninguém sentiria falta dele – disse Crabbe, cheio de doces em suas mãos.

  - Aí que você se engana: sentiria sim. E não foi nada de mais. Só o salvei, porque quis.

  Devia ter ficado de boca calada, pois eles começaram a se afastar de mim. Não me importava mais com eles, nunca foram meus amigos.

  - Você se importa com o Julio Salvatore?

  - É esse o nome dele? – eu não sabia, mas que diferença fazia? – Que bom pra ele estar bem, pois se eu estivesse com raiva teria o empurrado. – fingi um sorriso de satisfação. Senti-me mal por isso, mas era preciso demonstrar que odiava grifinórios tanto quanto eles.

  Os dias não poderiam ter sido piores. Se bem dizendo, que nada era bom estando na Sonserina, sempre tinha alguém que suspeitava da gente por qualquer coisinha. Mas desta vez eu era o foco por ter ajudado Salvatore. As pessoas passavam por mim e me olhavam, como se nunca tivessem me visto antes em suas vidas.

  Estava saindo de um das minhas aulas, quando o vi parado, encostado na parede.

  - Obrigado – ele disse, assim que me viu. – Estou tendo dificuldades com aquele problema...

  - De nada Salvatore.

  Saí dali, o deixando e segui para minhas outras aulas.

  Nunca pensei que um grifinório agradeceria a um sonserino. Mas nem tudo é o que parece ser. Era tudo tão estranho e a sensação de ter feito a coisa certa era tão boa. Pensar que fiz algo de bom invés de fazer outra errada...

  Dias de ignorada para popular e novamente para ignorada. Essa montanha russa estava me deixando com as emoções confusas. Já tinha emoções diferenciadas o bastante para ocupar o meu dia. Não sabia o que era mais brincadeira do que era real. A Sonserina estava usando de artifícios muito maldosos para conseguirem amedontrar os novatos e outros alunos das outras casas.

  Meu senso dizia que as coisas mudaram. Não éramos mais crianças e sim pré-adolescentes, com hormônios em pleno funcionamento. Precisávamos ter noção do que fazíamos. Eu já estava me preparando para não cometer mais nenhum atentado sem querer ou fazer parte de um, por espontânea vontade.

  Mas horrível do que sofrer por algo que você fez; por estar fora de controle, é você fazer porque quis. Seria doloroso conviver com essa culpa em meu semblante. A máscara não seria a única coisa que teria de usar.

  Parei de vez a atormentar os alunos. Disse a todos que usaria meu tempo somente para estudos. Se eles acreditassem ou não, não era de minha máxima importância. Meu tempo estava delimitado e o cumpria conforme planejara. Quem ficou feliz com isso, foi Giulia e Geovanna, que adoraram saber que eu teria mais tempo para elas.


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Notas finais do capítulo

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