Aira Snape escrita por Ma Argilero


Capítulo 13
Medos


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, mas quando ia postar o Nyah estava em manutenção e ontem também não deu.Aproveitem o capítulo, pois ele é muito importante para o desfecho dessa história.Obs. Amei os reviews!
Capítulo editado.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/114409/chapter/13

Giulia cuidava de mim como se eu fosse uma criança que precisasse de ajuda todo tempo. Não aguentaria tudo aquilo por muito tempo. Somente a alertei de que não sou mais criança e sei me cuidar direito. Ela não seria boba de tentar forçar, pois sabe que sou explosiva e como fico quando estou irritada.

  Estava louca pra que chegasse o fim de semana e pudesse descansar. Mesmo sendo boa estudante, odiava estudar tanto – Eu sou uma anormalidade, mesmo!

  - Que aula é agora? – perguntei, procurando minha pena na mochila.

  - DCAT. Não me diga que ainda não decorou seu horário?

  Levantei meu rosto. Senti algo leve e macio. Peguei minha pena.

  - Só estou confirmando.

  Saímos em direção à sala de DCAT. Era a melhor aula de toda Hogwarts. Eu trocaria todas minhas aulas de História da Magia (que são super chatas) pelas aulas de DCAT. Desde a minha primeira aula fiquei fascinada com a Arte das Trevas. Professor Lupin já tinha nos mostrado e explicado o que eram Grindylows e outra criatura, que não me vem o nome em mente, agora.

  Sentei-me e esperei para uma aula extremamente divertida e proveitosa. O professor chagou com um baú e parou em frente à turma.

  - Faremos uma aula prática hoje. Então afastem as carteiras e façam fila.

  Todos corremos para fazer o que ele pediu. Eu fui uma das que quase ficou para o fim da fila, estava atrás da Giulia e na frente de Ronald Weasley.

  Ele ficou de costas para o baú.

  - Hoje aprenderemos a rebater bicho-papão. Alguém sabe me dizer o que é um bicho-papão?

  Se a Granger não levantasse a mão, choveria gelatina. Eu sabia o que era um bicho-papão e pensava qual seria meu medo em que ele se transformaria. Passou-me pela cabeça diversos medos de infância, mas como um bicho papão tomaria a forma desse medo.

  Os alunos foram indo. Alguns medos eram estranhos, como o da Granger, que era a professora McGonagall dizendo que não passara em nenhuma matéria. Eu ri, claro. Não poderia deixar de rir com esse medo. Outros eram mais coerentes, como de Zabine, que era meio claustrofóbico. Não sei como ele pode ter claustrofobia* se vive em uma masmorra!

  Chagou a vez da Giulia e ela foi para frente da turma.

  - É só dizer Riddicullus – Giulia dizia mais para si mesma.

  O baú foi aberto e de lá saiu o bicho-papão que rapidamente tomou a forma do corpo de Geovanna, estirado no chão e sangrando. Giulia ficou pálida e apontou a varinha para a criatura. Ela inspirava e expirava, mas não fazia nada. Tomei a iniciativa e fui para frente dela. A criatura tomou a forma de meu medo.

  O bicho-papão se transformara em uma jovem, com cabelos e olhos negros; pálida e com a expressão fria e vestida de preto.

  - Você não pode escapar Aira... – aquela voz... Era a mesma que em meus sonhos. Eu estava me vendo.

  Apontei a varinha.

  - Eu sou você e sabe disso... – apareceu o corpo de uma pessoa, que estava amordaçada. Ela pegou o jovem pelos cabelos e apontou a varinha para o pescoço dele.

  Respirei, mas não conseguia atacar.

  - As Trevas te querem e você será o que vê, assim que ela conseguir... Eu sou você no futuro... – Enxuguei uma lágrima caída, assim que percebi que havia caído. – Eu sou você Aira... – jogou o rapaz no chão e o matou.

  - Eu não sou você! – eu disse e todos olharam pra mim. – Eu não serei você! – apontei a varinha.

  - Tarde de mais! Seu destino já fora traçado – chutou o jovem.

  - Você é somente um bicho-papão, idiota, tentando se proteger...

  - Seu futuro sou eu! – a criatura ficou cabisbaixa por meros cinco segundos e quando levantou o rosto, mostrou sua face maligna. – Trevas...

  Eu não conseguia me defender de meu medo.

  - Rid...

  - Expelliarmus! – proferi e a varinha do professor voou de sua mão. – Desculpa professor, mas eu vou derrotar esse bicho-papão.

  Olhei o meu eu. O meu pesadelo se tornou real. Eu estava me vendo, como uma assassina. O outro eu, balançava a varinha e ria sadicamente. Lembrei de todos meus pesadelos que tive me vendo ser uma assassina de sangue frio e inescrupulosa. Senti raiva de mim, de tudo e de todos.

  - RIDDICULLUS! – eu gritei e o bicho-papão se evaporou. Deixei minha varinha cair no chão e continuei olhando para o baú, que se trancara.

  - Você está bem? – ouvi a voz de Lupin.

  Assenti e peguei minha varinha do chão e fui para o canto da sala. Todos me olhavam, querendo saber porque reagi daquela forma.

  Nunca pensei que meus pesadelos apareceriam em frente aos meus olhos. Ver-me era pior do que poderia, um dia sequer ter pensado.

  A aula acabou cedo. Não sabia o motivo, estava focalizada em meu medo. Giulia me chamou, mas eu não atendia.

  - Aira? – olhei para cima e vi o professor. – Está tudo bem?

  Olhei para baixo. Ainda via coisas horríveis em minha mente.

  - Professor... – Giulia disse. Segurei em seu braço e me levantei.

  - Talvez devesse ir à enfermaria...

  Peguei minha mochila e coloquei em meu ombro. Respirei fundo e tentei pensar em outra coisa. Não chorava e tão pouco choraria. Eu estava em um tipo de trauma, pois minha única reação era a indiferença.

  Senti um tapa em meu rosto e olhei para Giulia, com a mão levantada. Na hora não senti raiva, mas depois comecei a ficar brava e enrugar minha testa.

  - Por que me bateu, sua maluca? – vociferei. – Isso dói, sabia? Agora vou ter que usar um Disfendio e passar um quilo de maquiagem também.

  Giulia sorriu.

  - Ela está bem...

  - Claro que estou bem! – senti vontade de pular naquele pescoço. – Se você fizer isso de novo...

  Observei os alunos, conversarem entre si. Eu era o assunto em questão. Tinha que demonstrar estar boa, então sorri de modo debochado e sentei-me na cadeira novamente. Esperei eles se dissiparem.

  Saí da sala, raivosa e bufando. Naquele momento estava com raiva de minha amiga, mas depois de alguns minutos, pensando, percebi que ela somente queria me ajudar.

  Coloquei minha mão em meu rosto e fiz uma careta, certificando de que estava tudo bem. Nada que não possa ser consertado com um feitiço de cura. Entrei no banheiro e olhei-me no espelho. Sorte que Giulia não bateu tão forte assim. Tinha um pequeno hematoma, mas era fácil de retirá-lo dali. Fiquei aliviada. Nunca usei um feitiço de cura antes e não queria ter de usar no rosto logo de primeira.

  Giulia entrou e retirou meu estojo de maquiagem de dentro de sua mochila. O que ela fazia com algo meu? Explicou-me que foi em nosso dormitório e o pegou. Mas eu amo minha amiga. Comecei a retocar minha maquiagem. Ouvi o grito de Geovanna (eu sei porque aquele grito é irreconhecível: estridente e super agudo) e o delineador atravessou meu rosto. Quase arranquei meu olho. Olhei no espelho e a Giu começou a rir.

  - O QUE FOI GE? – gritei de volta. Ela entrou no banheiro com um pergaminho dobrado.

  Sabia do que se tratava. E ele conta e comenta, sem deixar tempo para respirar, que tem um admirador secreto. Enquanto ela não parava de falar, consertava a maquiagem toda. Peguei o removedor e passei no rosto. Lavei meu rosto e quando ia maquiar-me novamente, o sinal tocou.

  - Droga! Mas que bom! – olhei pra Ge. – Você não poderia gritar outra hora? Agora vou ter que ir pra próxima aula com a cara lavada!

  Geovanna saiu correndo para sua próxima aula e eu e a Giulia seguimos para a aula de poções. Quando entrei na sala, todos me observavam. Bufei e sentei-me.

  - Tem alguma coisa em meu rosto? – perguntei.

  - Nada. Sem maquiagem.

  - É por isso que eles estão me olhando, porque estou sem maquiagem. Ah... – bufei mais uma vez. – Quando eu encontrar a Geovanna eu vou...

  Não terminei a frase, pois Snape parou em frente à mesa que eu e Giulia dividíamos.

  - Desculpa! – pedi e Snape me fitou.

  - Menos cinco pontos por conversar.

  - Acabei de sofrer um atentado no banheiro. Quase perdi meu olho – apontei para meus olhos, vermelhos. Não podia mudar a coloração nem a ardência que o delineador causava. – E pra ser sincera, acho que fiquei cega, porque você está... – fitei-o. – Deixa pra lá, acho que vou à enfermaria.

  Peguei minha mochila e sai da sala, indo em direção à enfermaria. Fui ao banheiro novamente. Iniciei o processo todo de maquiagem. Demorei, mas consegui ficar impecável. Geovanna Cheege me paga! Como a maluca entra no banheiro, gritando? Ela poderia ter me deixada cega. Olhei meu reflexo e passei os dedos pelos meus fios negros e oleosos.

  A imagem de meu medo veio em mente. Foquei meu reflexo e refleti sobre as semelhanças. Ela continuava sendo eu: cabelos, olhos, voz... mas não me transformaria naquela pessoa sem escrúpulos, que adorava matar e ver o seu feito. Meu medo, que até esse dia não havia se revelado, tomou conta de minha vida. Era, totalmente provável que aquilo acontecesse, pois sou sonserina, da casa de onde surgiu o maior bruxo das Trevas. A preocupação era eminente, tanto que decidi matar todas as aulas seguintes pra pensar sobre o assunto: As Trevas te querem.

  Passei em frente à sala de poções e pensei em entrar, mas um espírito de rebeldia me consumiu e segui com meu plano de matar as aulas. Porém, antes bati na porta e saí correndo, escondendo-me. Vi Snape bufar e entrar sério na sala, após perceber que não havia ninguém.

  Foi nesse dia que percebi que para não me deixar consumir pelo medo e remorso, a melhor maneira, com toda a certeza absoluta era a diversão. Uma sonserina se divertir? Nunca pensei que isso pudesse acontecer sem tormentas e sarcasmo, mas comigo funcionou e muito bem!

  Arrastando um galho pelo chão eu andava, formando uma linha, enquanto eu pensava em tudo que se passava em minha cabeça, não importasse a suma importância. O tempo mudou e percebi que já era tarde. A anta aqui não podia andar por aí com dementadores pelos terrenos de Hogwarts. Tarde de mais, pois a criatura já tinha chegado, eu achei que era uma. Minha cegueira fez com que eu confudisse o guarda-caças Hagrid com um dementador. Saí correndo em direção a entrada.

  Se corresse fosse tão fácil! Eu parecia àquelas menininhas de filmes de terror, que correm e sempre acabam morrendo ou sofrendo de mais. Bati em um galho de árvore, quando olhava pra trás, certificando de que ele não estava ao meu alcance, quase caí no chão. Eu não gritaria, demonstrando estar apavorada. Corri e entrei em Hogwarts, corri pelos corredores e entrei, ainda mais correndo, dentro do salão principal, esbarrando em alguém.

  - Desculpa – olhei pra cima. Não me importava com minha dor no traseiro.

  Meu rosto estava coberto por meus cabelos; retirei-os. Fechei os olhos e respirei fundo. Ditava um mantra fabuloso para horas más, minha mãe sempre dizia isso, quando estava preocupada “Medo é psicológico, você faz seu medo”. Sorri, sentindo-me melhor. Encostei minhas mãos no chão e cruzei minhas pernas, observei o garoto.

  - Ah... – ele se curvou e estendeu sua mão, que peguei e fui puxada pra cima.

  - Obrigada! Salvatore!

  - De nada. Você me ajudou uma vez...

  Agachei-me e peguei minha mochila. Levantei-me e os olhares estavam sobre mim. Resolvi brincar um pouco.

  Beijei a face de Salvatore. Todos ficaram surpresos com aquele ato. Ele observou-me e sorriu. Fui até a mesa de minha casa e vi Giulia e Geovanna rindo. Elas não se importavam com minhas loucuras. E não foi tão ruim agradecer Salvatore.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero comentários do que acharam da nova capa e do capítulo.Qual minha nota?Ótimo?Excede Expectativas?Aceitável?Deplorável?Trasgo?