Aira Snape escrita por Ma Argilero


Capítulo 14
Vingando-se da Víbora


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês!
Primeiro beijo de Aira e Julio Salvatore, entre outras coisinhas...
Boa leitura!



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- Aira! – desviei meu olhar para minha mãe, que se encontrava na porta, trajando um vestido lilás e salto alto. Deduzi que sairia para um evento, ao qual não faria parte. – Eu e Charles vamos para um jantar... – coloquei o marca páginas em meu livro. – Não se importa de ficar sozinha?

  - Não! – fui clara e objetiva somente com meu “não”. Eles sabem, muito bem, que sempre odiei formalismo. E esses jantares que freqüentam são cheios de etiquetas e eu, sem sombra de dúvida, seria barrada na entrada por estar em vestes inadequadas. Como se eu me importasse com eles...

  Olhei minha mãe sair do quarto, elegantemente. “Nossa família” não faz parte da alta sociedade. Eles batalharam muito para conseguir estar, onde, hoje estão. Madson sempre usava um de seus melhores vestidos para essas ocasiões, querendo causar uma boa impressão.

  Retornei a minha leitura. Havia comprado alguns livros no Beco Diagonal, dias atrás para passar meu tempo. Estava extasiada em saber de tudo. Passava boa parte de meu tempo lendo ou pensando, quando minha visão ficava cansada.

  Ouvi um pio e observei Noite em cima de meu armário. Levantei-me, displicentemente e abri a janela, deixando a brisa de verão transitar por meu quarto. Sentei-me no parapeito da janela, colocando minhas pernas para fora - Se alguém me visse ali pensaria que eu queria me matar.

  Balançava minhas pernas, pensando no que me ocorreu em tão pouco tempo. Descobri ser uma bruxa, meu pai está vivo e é Severo Snape... Porque ele nunca me contou que era meu pai? Sempre quis saber de sua existência e ele me rejeita? Minha vida é cheia de surpresas...

  Olhei ao horizonte, uma mancha marrom, que logo de inicio identifiquei como sendo Lola, a coruja da Giulia. Ela pousou em meu colo e soltou a carta. Peguei o pergaminho e comecei a ler. Era um convite, que eu aceitaria de qualquer modo. Não era sempre que sou convidada para alguma coisa, então tinha que aproveitar uma chance, quando ela aparecia.

  Segurei Lola e desci do parapeito. Sentei-me em frente a minha escrivaninha e comecei a redigir uma resposta. Observei a carta e percebi que Giulia não havia colocado a data em que iríamos para o local onde aconteceria a Copa Mundial de Quadribol. Sempre esquecida...

  Lola planou pelo céu, levando minha resposta. Esperava que Giulia lembrasse de enviar-me uma carta, especificando o horário.

§§§

Estava lendo meu livro de Defesas Contra as Artes das Trevas do terceiro ano, quando um ruído vindo da sala, chamou-me a atenção. Nunca ouvira aquele estalido antes – deixei meu exemplar sobre o sofá e segui para o cômodo vizinho. Encontrei a figura de Giulia e um senhor, que observava o lugar atentamente. Deduzi que o homem de cabelos loiros e olhos azuis era o pai de minha amiga.

  - Bom dia! – desejei. Os dois viraram o olhar para mim.

  - Aira! – Giulia exclamou. – Está pronta?

  - Só alguns minutos...

  Sai do recinto e passei por meus pais, que sabiam que eu ficaria fora por uma semana. Eles, no começo, não gostaram muito da ideia. Prometi (através da pressão) não fazer nada de errado e me comportar bem. Sou uma boa filha, o que eles esperam que eu faça? Lançar feitiços e corra o risco de nunca mais voltar a Hogwarts?

  Peguei minhas coisas e desci. Giulia observou minha mochila, não identificando o que era. Expliquei que se usa nas costas e tem vários compartimentos para guardar as coisas. Ela ainda estava curiosa – Mas isso de explicar tudo... É intediante.

  A sensação que tive depois que o senhor Cheege aparatou, foi ótima: eu não parecia que estava dentro de um cano e conseguia respirar. Aparatar é estranho. Ainda bem que somente farei os testes daqui dois anos.

  Observei a mansão dos Cheege. Era imensa, decorada com o mais alto requinte. Laura Cheege adentrou a sala de visitas e cumprimentou-me. Estava me sentindo uma intrusa na vida de Giulia, pois ela tinha tudo e eu era somente sua amiga: inteligente; paradoxo humano e com um gosto excêntrico para os bruxos.

  Percebi o olhar de crítica que Laura lançou-me assim que saiu do recinto. Ela, com a certeza absoluta, não gostara de mim. Queria uma amiga melhor, com vestes adequadas e que não fosse criada por trouxas – Mas que conhecidência! Também não gostei dela e do seu nariz empinado. Será que todos sonserinos são assim?

  Claro que são! Lembrei-me de Lucio Malfoy. Esse se exibia com orgulho e tinha prazer em demonstrar repulsa por bruxos, que julgava ser inferior. Laura se qualifica na lista de pessoas indesejáveis a mim.

  Fui apresentada ao meu quarto, onde passaria a noite.O dobro do tamanho de meu quarto em minha casa, com papel de parede creme, archotes e janelas que iam do teto ao chão. A sensação de grandiosidade estava presente em todo canto daquela casa.

§§§

Andei lentamente pela campina, observando as pessoas. Fazia dois dias que estávamos ali, no acampamento, esperando o último jogo. Laura não gostava muito disso, então pedia para que eu fizesse “favores” a ela. Eu, como uma pessoa educada, fiz os “favores” e sumi de sua vista, pois pressentia que viria mais trabalho para mim.

  Procurei um lugar tranquilo. Encontrei o local perfeito: uma árvore, longe da visão das pessoas, onde poderia ficar sozinha. Sentei-me no gramado e recostei minha cabeça na árvore, sentindo a brisa fresca da tarde. Fechei meus olhos e não pude deixar de pensar...

  O sol batia em minha face, através das brechas entre as arvores. Nunca tinha parado para sentir o calor. Sempre preferi a noite, mas naquele momento estava bom...

  Não sentia mais o sol tocando meu rosto – Abri os olhos e vi um garoto a minha frente. Pensei em xingá-lo, mas antes que tivesse a oportunidade de fazer isso, ele se afastou, entrando na mata.

  Levantei-me e limpei minha roupa, quando fiquei ereta, fui prensada contra a árvore e pude ver o rosto do garoto, que segundos atrás havia se afastado. Sabia que era ele por seus cabelos castanhos escuros, todo bagunçado – Olhei para Julio Salvatore, perguntando-me o que ele estava fazendo.

  - Salvatore?

  Ele soltou-me, afastando-se alguns passos.

  - Desculpa... – ele me pediu.

  Fiquei sem entender nada. Minha mente estava em um ritmo lento, depois que ele me segurou. Tentei pensar melhor e nada vinha a minha mente.

  Andei alguns passos e tropecei. Antes que caísse no chão, fui pega por Salvatore – Olhei dentro de seus olhos castanhos e vi meu reflexo.

  - O que você quer, Salvatore?

  Ele se aproximou mais de mim. Enquanto ele avançava, eu andava para trás. Senti uma árvore atrás de mim – Não havia saída e ele se aproximava cada vez mais – Às mãos dele pousaram, uma de cada lado de minha cabeça.

  O rosto dele estava a centímetros do meu. Podia sentir seu hálito quente e um cheiro de madeira adocicado, que era bom. Olhei dentro daqueles olhos e os vi brilhando.

  Naquele momento senti um desejo súbito... Mas controlei-me e desviei meus olhos para sua boca – Erro! – Ele mordeu seu lábio inferior e senti algo em meu corpo (desejo?). Sua mão direita estava em minha nuca e a sua esquerda segurava minha cintura, prendendo meu corpo ao dele.

  Queria me desvencilhar dele, mas não tinha forças para lutar contra meu desejo. Queria descobrir o que ele faria comigo – Senti mais uma vez aquele cheiro e fiquei tonta. Seus lábios roçavam aos meus...

  Fechei meus olhos e senti seus lábios aos meus. Com delicadeza, ele beijava meus lábios. Envolvi meus braços em seu pescoço e puxei seu rosto para mais perto de mim.

  Aprofundamos o beijo. Sentia o gosto de sua boca. Gosto maravilhoso e irresistível.

  O empurrei, tomando consciência do que acabara de fazer. Salvatore olhou-me como se eu fosse louca.

  Saí o mais rápido possível dali. Não voltaria para a barraca, então andei pelo campo todo, observando a noite, em como as estrelas estavam mais brilhantes e a lua; cheia.

  Por que fui beijá-lo? Eu não consegui resistir e acabei cedendo ao desejo. Há meses atrás tive o mesmo desejo de quando beijei Fred Weasley. Mas nesse, eu senti emoções que não havia sentindo em meu primeiro beijo. Esse foi mais intenso.

  Entrei na barraca e imediatamente Laura começou sua ditadura comigo:

  - Aira, querida – revirei os olhos ao ouvir aquela voz totalmente falsa e chata. – poderia ajudar Gian com um feitiço doméstico?

  Olhei para ela e sorri falsamente. Ela é falsa, eu também sei ser. Jogaria na mesma moeda.

  - Claro La!

  Virei-me e entrei no corredor – pensava em uma maneira de irritar aquela mulher e a primeira já havia feito: chamá-la de La. Ela odeia isso – Entrei no quarto de Gian e o encontrei tentando organizar sua coisas.

  Gian não era mais adolescente, tinha dezessete anos e cursaria seu último ano. Era alto; cabelos loiros; olhos azuis, feição de garoto malandro. Nunca pisou em Hogwarts, pois estuda em Durmstrang. Laura não queria seu tesouro estudando em uma escola onde contem bruxos mestiços e até nascidos trouxas.

  Olha a ironia! Giulia e Geovanna têm uma amiga que é mestiça! Eu, não me importo de ser mestiça, ser bruxa é maravilhoso – Para mim, Giulia e Geovanna querem fazer pirraça para Laura, porque não aceitam como a mãe lhes trata: as deixando em segunda mão.

  Eu, no lugar delas, preferia ser órfã a ter uma mãe como Laura, que somente sabia menosprezar as filhas. Gian era o queridinho dela e não sabia do que a mãe era capaz de fazer.

  - Precisando de ajuda? – pergunto, sentando-me ao se lado.

  - Tente ser mais enfático e movimente com delicadeza.

  Ele tentou mais uma vez o feitiço e conseguiu guardar suas coisas.

  Levantei-me e observei o quarto dele. Cheio de pôsteres de um único time de quadribol. Com certeza ele era fã desse esporte.

  Passou, rapidamente pela cabeça, uma ideia maravilhosa e muito tentadora. – olhei Gian, que continuava sentado na cama – Fui até ele e sentei sobre suas pernas e roubei-lhe um beijo. Ele não teve tempo de reagir contra e retribuiu.

  Laura, quando visse aquilo, ficaria doida. Era o que eu queria.

  Senti as mãos dele em minhas costas e em minha coxa. Puxei seus cabelos, trazendo-o para mais perto. O beijo foi ficando mais intenso e ele deitou-me na cama, ficando por cima de mim.

  Mau via a hora de La entrar e gritar ao ver a cena. Ela não sabia de minha origem, mas me odiava pelo fato de ter sido criada por trouxas.

  Foi ela que pediu, quando começou a ser falsa. E além do mais, entregou-me de bandeja a seu filho, que não resistiria ao meu charme.

  Sou muito ousada, então coloquei minhas mãos por baixo de sua camisa e senti seus músculos perfeitos. Ele não era de se jogar fora e aproveitaria o máximo aquele momento de vingança.

  Gian beijou meu pescoço e não senti nada que eu deveria sentir se estivesse mesmo interessada nele. – Coloquei minhas mãos sobre minha boca, fingindo ingenuidade e olhei com timidez em seus olhos. As mãos dele puxaram meu corpo. Estava sentada, lhe abraçando e lhe beijando muito.

  Estava ficando experiente no quesito beijo.

  Ouvi um grito e soltei-me de Gian, que estava com o rosto manchado de batom.

  Laura estava branca e se segura em uma armação da barraca para não cair. Deve ter sido horrível para ela ver seu filho comigo, e ainda em uma posição...

  - Laura? – Mateus, o marido dela, pai de minha amigas e do homem que eu estava agarrando há poucos segundos, berra.

  Sai de cima da cama e arrumei-me. Fiz sinal para Gian se arrumar também, e foi o que ele fez.

  Mateus entrou no quarto e viu a mulher a beira de um colapso nervosa; seguido de um desmaio cheio de drama. Ele a segurou pela cintura e lhe sentou em uma poltrona.

  - O que houve Laura?

  Eu ria por dentro. Finalmente consegui ferir o orgulho daquela víbora. Estava adorando vê-la passando mal.

  - Não foi nada, querido. Apenas uma barata que pousou em meu cabelo.

  Mas que mentira mais esfarrapada! Ela tinha potencial para inventar algo melhor.

  Mateus saiu do quarto e Laura aproximou-se de mim. Puxou meus cabelos e apontou a varinha para mim.

  - Sua vadia, como ousa fazer isso?

  Ele estava se revelando bem em frente ao filho.

  - Sabia que você não prestava – ela cuspiu aquelas palavras em minha cara. – Sua vagabunda! – a ponta da varinha estava em meu pescoço e doía, mas não daria esse gosto para ela.

  Sorri.

  - Ainda sorri...

  - Claro! Já percebeu o que está fazendo? – ela olhou-me. – Mostrou sua verdadeira face, Laura...

  Ela me soltou e virou-se, encarando o filho.

  - Gian... – correu para abraçá-lo, mas ele desviou. – O que...?

  - Você é assim com a amiga de suas filhas?

  Massageei meu pescoço.

  - Você nem viu como ela trata a Giulia a Geovanna, como se elas nem existissem.

  - Mãe!

  Laura soltou lágrimas de crocodilo e começou a fazer seu drama com maior intensidade.

  - Você não percebe que ela quer me deixar contra você? – apontou seu dedo para mim. – Filho, eu amo você e sua irmãs por igual.

  - Que espécie de amor é esse em que você manda a Geovanna para o inferno por ter namorado um garoto que você não aprovou, mesmo sendo de puro-sangue...

  - Eu não fiz isso! – ela berrou. – Tem que acreditar em mim, Gian!

  Gian olhou para a mãe, que chorava na maior falsidade e depois para mim, que estava com raiva estampada no rosto de vê-la agir daquela maneira.

  Ele a abraçou e vi o olhar frio dela sobre mim.

  Laura saiu mais feliz, mas antes pediu desculpas para mim.

  Que droga! Ela conseguiu dar a volta por cima. Tenho que calcular mais minhas investidas e planejar com cuidado.

  Gian andou até mim.

  - Você não acredita em mim! – passei por ele.

  Meu braço foi puxado e fui virada bruscamente.

  - Porque acha que estudo em Durmstrang?

  - Não é por que sua mãe quer?

  - Também, mas lá eu tenho o total controle da minha vida – senti as mãos dele em minha cintura. – A Giulia e a Geovanna sabem se cuidar sozinhas.

  Senti os lábios dele aos meus.

  O que mais posso dizer? Ficamos nos beijando até que não deu mais e eu saí.

  Meu cérebro estava embaralhado. Primeiro: Salvatore me beija, deixando-me desnorteada; Segundo: Gian é ótimo em beijo e deixou-me sem ar. Estava confusa. No sabia qual dos beijos era melhor.

  Mais dois dias e Laura, na ausência de Mateus, me esculhambava. Resolvi fazer a maior vingança que eu poderia. Estava pouco me importando comigo ou com Gian. Queria acabar com a maldita da Laura, que exibia um sorrisinho de vitória.

  Tarde da noite, entrei no quarto de Gian e lacrei a porta com um feitiço. Era hora do plano. Ela não precisava saber, somente eu sabendo já seria uma vitória imensa sobre a cascavel.

  Entrei no quarto de Gian e lacrei a porta. Laura não perdia por esperar...

  Aproximei-me da cama dele. Dei-lhe um selinho e ele acordou assustado.

  - Aira?

  Coloquei meu dedo indicador em seus lábios.

  - Quero ficar com você...

  - O que?

  Ele entendeu errado! Eu não queria ficar com ele no sentido de “dormirmos” juntos e sim para conversar – Laura é que deveria pensar que tivemos algo a mais.

  Sentei-me na cama e observei seus olhos azuis.

  Nosso relacionamento não duraria muito tempo, eu voltaria para casa em breve. Gian era um bom amigo em que eu poderia confiar meus maiores segredos, mas eu preferia guardá-los para mim.

  - Já se sentiu fora da realidade? – pergunto, deitando-me na cama e fitando o teto da barraca.

  Foram diversas perguntas desconexas que fiz a ele, que foram respondidas da melhor forma.

  Para fazer Laura pensar que eu e Gian passamos a noite, saí pela manhã, sorrindo; descabelada e com marcas no pescoço – que apareceriam de qualquer jeito mesmo.

  Somente vi de relance seu rosto, escondido atrás do tecido que era a porta de seu quarto. Ela estava com raiva e com certeza, querendo me matar.

  A vingança é um prato que se come frio.

  Nunca havia entendido esse ditado até aquele momento. A vingança é para ser apreciada, sem sentir emoção pela pessoa a qual você quer se vingar (frieza).


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Notas finais do capítulo

O que acharam? A Aira está confusa?
Vocês descobrirão nos próximos capítulos.
Gente!!!! Tenho uma má notícia... Muito má mesmo... Essa fic está acabando, mas para recompensar tem Aira Snape - A Comensal, que postarei em breve.
Obrigada pela leitura e pelos reviews.