Noite novamente. Kiro voltava para casa, após uma longa noite de diversão e aventuras amorosas. Constou que o relógio de pulso já marcava 5 da manhã, e, por Deus, havia tempos que ele não chegava tarde assim em casa.

Não se importou com as cerimônias, e nem ao menos retirou a maquiagem, algo que lhe era quase obrigatório. Simplesmente se jogou na cama, e a única coisa que ele queria era dormir, e claro, sonhar. 

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Novamente, naquele quarto escuro. Na mesma cama. Com o mesmo par de olhos azuis-cinzentos a fitá-lo. O garoto a quem estes pertenciam estava deitado, e segurava em suas mãos uma espécie de colar, ou algo do gênero. 

Ele o enrolava nos dedos e brincava com este como se fosse o último brinquedo a ser lançado. E Kiro o observava com fascinação. Era incrível, como ele conseguia ser sedutor, mesmo com atos tão ... inocentes.

O garoto de olhos azuis-cinzentos sorriu, e se encolheu em um tipo de bolha acolhedora. Lançou um olhar carinhoso e convidativo a Kiro, que nada fez, além de deitar-se ao seu lado. E abraça-lo.

Sonhos... mundo estranho, de fato.

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Como de costume, Kiro acordara suado e assustado. Percebeu que nem ao menos tirara os sapatos para dormir, e nem a maquiagem, o que trazia um borrão negro aos seus olhos. Obrigado, sombra. Obrigado, rímel.

Sentou-se, e logo os flashes de memórias da noite passada vieram em sua mente. Céus, a bebida realmente é um lixo! 

Kiro se sentia como uma prostituta. Ele chegara ao extremo. Ele se deitara com algum cara que ele nem ao menos conseguia se lembrar o nome, e nada além da face, simplesmente para esquecer o garoto dos olhos azuis-cinzentos. Aqueles MALDITOS olhos!

Ora, sonhos costumama ser passageiros. Porque não os dele? Isso estava levando-o à loucura. Se é que ele já não era louco por sonhar deste modo, ou por estar apaixonado e totalmente obcecado por alguém que NÃO existe, mas, de qualquer modo. Seria sentenciado a uma prisão sem volta, se fosse louco, não seria? Então, não fazia diferença.

Se levantou vagarosamente da cama. Realmente necessitava de um banho. E de um café bem forte. Algo que apenas a companhia de café expresso da esquina poderia lhe oferecer. Então, ele decidiu que precisava dar um jeito em seu rosto, e parecer ao menos apresentável.

Despiu-se, e deixou que a água gelada caísse sobre si. Sentia o gelo em cada um de seus músculos, e isso o deixava relaxado. Mas os malditos olhos azuis-acinzentados não saiam de sua mente, nem por um segundo sequer.

Não demorou muito, devido ao fato de ser domingo, e a loja de cafés fechar cedo. Arrumou-se rápido, e básico, apenas com uma calça jeans, uma camiseta branca de algodão, tênis e óculos escuros, para disfarçar suas olheiras, que estavam realmente profundas hoje. Prendeu o cabelo em um rabo-de-cavalo desgrenhado, e pegou sua carteira, chaves do carro e cigarros. Verificou-se de não estar esquecendo nada, e se mandou para a rua.

Ao sair, deparou-se com uma bagunça incrível no corredor de seu apartamento. '' Novos vizinhos '', pensou ele. '' Preciso me lembrar de vir dar as boas vindas. Boa vizinhança atrai boas amizades, Kiro, lembre-se bem. ''

E assim, saiu andando, sem ao menos ver o momento em que um belo garoto, dono de conhecidos olhos azuis-cinzentos, sair de dentro do apartamento...