Kiro chegou em casa após uma longa noite. Sim, ele estava exausto. Toda a bagunça, e todo o barulho da grande Nova York o deixavam extasiado. Mas era ali que ele se sentia acolhido, apesar de toda a insanidade dos últimos meses.

 Ele retirou seu cinto, sapatos e camisa, e os jogou em um canto qualquer. Estava realmente exausto, trabalhara durante todo o dia, como fotografo em um casamento. Porque as pessoas não podiam ser simplesmente normais?

Ele se arrastou até o banheiro, onde lavou o rosto, para tirar a maquiagem. Após certificar-se de que o rosto estava realmente limpo, ele fitou sua própria face por alguns minutos. '' Estou realmente acabado. '', ele pensou. '' Ou talvez, só precise dormir. ''

Ele olhou seu relógio. 01:30 da manhã. Ele movimentou-se até a janela, e fitou todas aquelas luzes. Ele realmente se sentia abrigado, ali, no centro da cidade que nunca dorme. Mas fechou as cortinas pretas, e se fechou em sua própria escuridão.

Deitou-se em sua cama, e fitou o teto mal iluminada por alguns segundos, antes de virar-se de lado, e se entregar ao sono. 

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Total escuridão. Kiro se encontrava em um quarto realmente gigante. Ele não se movia, afinal, não sabia o que poderia vir a seguir.  Olhou ao seu redor, e quando o vez, viu uma pequena luz que parecia ser originada por uma vela, vindo da outra extremidade do quarto. 

Sucessivamente, outras velas foram acesas, até que houvessem cerca de dez delas iluminando o local. A luz era suficiente para revelar uma cama king size forrada por um luxuoso lençol de cetim na cor vinho, e, em cima desta, o corpo de alguém que parecia ser um garoto.

Kiro se aproximou lentamente da cama, e, quando chegou perto o suficiente para identificar o sexo do ser deitado, este se virou, ficando de fentre para si. E então, ele o viu.

Pele rósea, cabelos multicoloridos espalhados pela cama, lhe dando um ar provocante, e lábios vermelhos e convidativos. Um sorriso estampava sua face, com um misto de interesse e ironia. E os olhos, de um azul-cinzento realmente hipnotizante, olhavam fixa e diretamente para Kiro. Ou para dentro dele, como parecia.

O pequeno loiro sentou-se na beirada da cama, tendo todos os seus movimentos acompanhados pelos olhos do garoto. Este se contorceu sedutoramente na cama, e depois se encolheu, como uma criança que precisa do abrigo de um pai. E Kiro não teve outra escolha a não ser chegar mais perto e abraça-lo...

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O dia já amanhecia. Alguns raios de Sol se atreviam a entrar por algumas fendas que separavam a cortina preta do quarto do pequeno Kiro. E este acabara de acordar, suado e assustado. O sonho. De novo.

Ele passou as duas mãos no rosto, e suspirou, profunda e demoradamente. A dois meses ele vinha vindo este mesmo sonho, com o mesmo garoto. E aqueles olhos, ah, os olhos ! Ele simplesmente não conseguia retirar os olhos azuis-acinzentados do garoto de sua mente.

Ele não sabia se o garoto existia. E no fundo, sabia, era loucura, mas sentia que ele estava mais perto do que poderia imaginar. 

Ele precisava de sair, relaxar. E seria exatamente isso que ele iria fazer.