Humanoids In Action. Or Almost. escrita por milena_knop


Capítulo 3
A trombada que esclareceu a dúvida




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Já estava escurecendo quando eu cheguei em casa de novo. Assim que entrei na trilha, eu comecei a me estressar, exatamente como eu previa. Fui escandaloso ao estacionar o carro, bati a porta com força e eu vi que o Tom até chegou a fuça dele na janela por estranhar a barulhada que eu estava aprontando. Subi as escadas de dois em dois degraus e assim que passei pela porta, eu só não bati ela porque eu não estava a fim de comprar vidros novos praquilo depois. Me joguei no sofá, coloquei as costas da mão na minha testa e fechei os olhos, tentando me acalmar.
- Dá pra me dizer qual o motivo do seu projeto de TPM? – o Tom perguntou meio acanhado.
Eu virei o rosto pro lado dele, agora de olhos abertos, e respondi pausadamente:
- Eu-quase-matei-a-menina.
Por um segundo o Tom fez cara de paisagem, pensando que eu estivesse brincando de algum jeito que ele não sabia onde eu queria chegar. Depois, a única coisa que ele conseguiu soltar foi... “O quê?”
- Eu quase matei a garota, eu não sei o que me deu, eu não estava prestando atenção, eu passei direto no sinal e se não fosse o reflexo que ela teve na hora, ela iria estar mortinha agora.
- Bill... Eu ia falar uma coisa, mais deixa – Ele riu de leve e eu sabia que ele iria fazer piada; se ele não fizesse agora, iria fazer em qualquer outro dia. – Escuta, você sabe que isso é por causa da atenção toda que você está dando pra todas as “outras” coisas – ele fez aspinhas com os dedos – Então simplesmente foca na garota e tenta não matar ela da próxima vez, é bem mais fácil não é? – Ele fez uma cara de cinismo que me deu vontade de socar aquele rostinho dele tão parecido com o meu. Eu não falei não é? Como se não bastasse ter uma "praga" dessas somente como irmão, ele ainda tinha que ter a fuça igual a minha. Nós éramos gêmeos, embora não parecesse. Graças aos céus. – Enfim – Ele interrompeu minha sessão de pensamentos que visava um jeito bem legal de pegar ele de pancada – Ela te bateu? Te xingou? Você amassou o carro da bonitinha, como foi?
- Bom... Eu descobri o nome dela.
- QUAL É? ME FALA, ME DIZ! – o Tom ficou com uma cara como se eu estivesse prestes a revelar uma nova marca super suculenta de fast-food que chegava pra revolucionar nossa sociedade globalizada.
- Rebecca... Ahn... Dinkson, isso, Rebecca Dinkson.
- Becca... Lindo nome não acha mano?
Eu simplesmente olhei pra ele com cara de censura e subi pro meu quarto. Estava com raiva de mim mesmo, toda essa merda que estava acontecendo comigo estava me tirando do foco. Agora sim eu iria dormir, e muito. Não posso deixar algo assim acontecer outra vez.

____________________


Meti a mão no meu despertador com a maior força que eu pude quando ele começou a berrar na mesa do computador, que ficava praticamente do outro lado do quarto. Eu só acordava nessas condições: Eu tinha que me levantar e atravessar o quarto inteiro pra desligar aquilo. Não que o quarto fosse enorme; ele só não era um ovo porque não era enfeitado demais e tinha poucos móveis. Mas eu precisava levantar pra depois acordar oficialmente. Estranho, mais sou eu, fazer o que.
Estava meio cansada pelo dia anterior. O livro que eu escolhi era uma porcaria. Fora o fato de que eu tinha quase morrido antes de ler o bendito. Que sorte a minha. 
Fiz uma analogia do dia anterior assim, colocando o café pra fazer, sem perceber direito o que eu fazia. Enquanto a água ia fervendo, eu subi pra lavar meu rosto e trocar de roupa pra ir pra faculdade. Era quinta-feira, e eu tinha pelo menos um motivo pequeno pra me animar: Só faltava um dia pra ser sexta, aleluia.
Desci, passei o café bonitinho e tomei meu copo de leite com café com umas bolachinhas que eu comprava. Essa era a hora em que eu realmente acordava.
Escovei os dentes, botei a mochila nas costas e saí. 
Foi só eu colocar o pé pra fora de casa que começou a ventar daquele jeito frio que me deixava mais albina do que o normal. Como se não bastasse, um filho da mãe passa a 1000 km/h na minha rua, me fazendo sentir o triplo do frio que eu sentia antes. Tudo bem, eu supero.
Na faculdade era sempre a mesma coisa, eu prestava atenção nas aulas e tudo mais, tinha um ou dois professores que eu não suportava e minha sala era a mais legal, sério, amava o pessoal de lá. Até porque eu era obrigada a isso não é? Só fazia uns 6 ou 7 meses que eu havia me mudado pra cá, e desses, 3 meses foram só de adaptação, tipo, com o lugar que eu morava e com o idioma que eu tinha aprendido e tudo o mais. Não tinha muitos amigos fora do círculo estudantil, mais como estava no início do ano, isso poderia mudar em breve.
Quando a aula acabou, saí de lá junto com a Dri, que me perguntou se eu estava recuperada do acidente do dia anterior.
- Dri, pra começar, eu nem sofri acidente nenhum...
- AH, MAIS EU ESQUECI DE TE PERGUNTAR! – santo escândalo, pra quê tudo aquilo? – Você não me deu detalhes de como era o motorista do carro, hã hã?
Olhando sem acreditar pra cara de safada que a Audrey estava fazendo, resolvi responder mesmo assim:
- Ah, eu não lembro direito, eu nem prestei tanta atenção assim, ele parecia ser meio estranho... Quer dizer, não estranho, é que... Ele parecia estar com raiva, ou triste, sei lá, a cara dele não era lá uma das mais animadas do mundo.
- Becca deixa de ser besta, eu quero saber como ele ERA tipo, A-P-A-R-Ê-N-C-I-A, soletra comigo – eu falei V-A-I-S-E-F-E-R-R-A-R e ela riu. – Sério Becca, ele era bonito, feio, gordo, mulambo, negão from gueto...?
- Ele era...
Sei lá como ele era porque as duas apostilas menores que eu carregava nas mãos agora estavam no chão. Eu e a Audrey estávamos virando a esquina quando alguém trombou comigo. Esse alguém pegou uma apostila que tinha caído perto do pé dele, e eu peguei a outra. Eu já ia responder, como sempre, mais quando eu estava agachada, olhei pra cima e vi que a Dri estava com cara de brisa. E quando me levantei, eu pude responder o que ela tinha me perguntado antes:
- Ele era... Ele. – respondi baixo, de modo que só a Audrey ouvisse que eu estava me referindo a Bill Kaulitz, o cara que estava bem na nossa frente agora, com uma das minhas apostilas na mão.


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Notas finais do capítulo

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