Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 42
Capítulo 42 - Dakishimete




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Fique calma. Tente sorrir. E, acima de tudo, não chore!


— Ah, Kaoru-kun... me desculpe pela intromissão. Eu estou aqui para visitar... visitar... – Hanako lutava com todas as forças contra o nó que se instalou em sua garganta, tentando pronunciar as palavras com exatidão. Seus olhos ardiam, e tudo o que ela queria era estar em algum lugar pequeno e escuro onde pudesse chorar até estar esgotada.

Kaoru tentava dizer algo, mas parecia tão paralisado quanto Hanako. Yoko estava novamente deitada, e tão fraca que seus olhos mal se abriam. Ela parecia estar tentando aderir ao cenário, passar despercebida. No exato momento em que as lágrimas de Hanako se acumularam na borda dos olhos e estavam prestes a cair, algo cobriu sua visão, deixando-a completamente no escuro. Era quente e gentil. Logo depois ela sentiu o abraço, aconchegando-a por inteiro e escondendo suas lágrimas.

— Que problemático – ela ouviu a voz ecoando em suas costas, e então compreendeu o que acontecia. As lágrimas que ela não queria que Kaoru visse desceram, molhando a mão que cobria gentilmente sua face, completamente indistintas. Hikaru estava ali, escondendo seus olhos, para que Kaoru não visse seu choro, e para que ela mesma não tornasse a vê-lo – Eu vou levar essa pirralha para casa – ele disse apenas, tomando a cintura de Hanako e a conduzindo para fora do quarto.

— Hikaru… - Hanako murmurou, tentando dizer a ele que não precisava mais ser levada, mas ele só a soltou quando enfim adentraram o elevador.

— Que garota teimosa você é! – ele berrou ameaçador, sem ligar para as câmeras de vigilância do elevador ou ao fato de que alguém poderia entrar a qualquer segundo – Por que fica tentando se machucar dessa forma???? Você é masoquista, por acaso????

— E-eu…

— Você foi bem segurando suas lágrimas lá. Agora está tudo bem em deixá-las sair. – ele disse, sem deixa-la responder, e olhou para o lado oposto.

Hanako soluçou, e sem pensar duas vezes, avançou na direção de Hikaru, enterrando o rosto no seu peito e o circundando com os braços fracos, caindo em prantos no mesmo segundo. Ele corou, visivelmente embaraçado com a situação, dando alguns tapinhas desajeitados na cabeça de Hanako, murmurando “ isso, põe pra fora…”

A porta do elevador se abriu, e abraçado à Hanako, ele a levou para fora do hospital, e sentou com ela no banco de madeira que havia no pátio da entrada. Hanako soluçava audivelmente, agarrada à camisa de Hikaru, enquanto ele acariciava calmamente as suas costas.

— P-porque eu sou tão fraca? – ela murmurou, com a voz embargada, aninhada no abraço de Hikaru – Eu já tinha decidido deixar de chorar, e mesmo assim eu… eu…

Hikaru empurrou Hanako para frente, desprendendo-a do seu abraço, e então repentinamente apertou as bochechas dela, puxando-as em direções opostas. Hanako tentou protestar, mas não conseguiu pronunciar nada mais do que granidos.

— Sua estúpida! Coelhinha idiota! Você não é fraca de jeito nenhum! Chorar algumas vezes não significa nada! – ele parou de apertar as bochechas para então segurá-las suavemente, fazendo com que Hanako olhasse diretamente para ele. – Você já se esforçou o suficiente por aquele imbecil! Você conseguiu sozinha dar a volta por cima e voltar ao ponto de partida. Mesmo quando parecia prestes a chorar, quando o via, você dava um jeito de manter o sorriso.

— V-você percebeu? – Hanako indagou, com a voz embargada, encarando o ruivo incredulamente.

— Claro que percebi – Hikaru rosnou irritado, mas logo depois corou, e desviou o olhar – Isso por que… por que eu estou sempre observando você… M-mas isso não vem ao caso! O que eu estou dizendo é que ele não merece que você se esforce tanto! Ele não merece que você sofra por ele! Você já se machucou demais, Coelhinha… Eu sei disso por que estive te olhando de longe, esse tempo todo. Você está sempre dando o seu melhor, sempre tomando cuidado para não preocupar ninguém, sempre querendo parecer bem. Você é forte! A garota mais forte que eu já conheci! E eu… eu gosto desse seu lado. Você tem sido muito corajosa!

— Hikaru-kun… ob-obrigada… - Hanako mordeu os lábios, deixando que novas lágrimas lavassem seu rosto. Hikaru a puxou para um desajeitado abraço, sentindo os olhares das pessoas que passavam pelo local pesando às suas costas. Hanako soluçou, e apertou sua camisa novamente, e ele sentiu as lágrimas quentes tocando sua pele. Hikaru apoiou o queixo em sua cabeça, sentindo o cheiro de morango dos cabelos dela invadindo seus sentidos, e ficou ali até que todas as lágrimas dela tivessem secado.





Alguns dias se passaram, e os rumores da estrondosa declaração de amor de Hikaru finalmente haviam se acalmado. Hanako carregava uma pilha de livros de volta para a biblioteca, já que era seu dia como ajudante, e nesse momento, se concentrava na difícil tarefa de descer as escadas sem derrubar nenhum deles, nem pisar em falso. Por um breve momento se pé ficou suspenso no ar, e ela percebeu que acabaria estatelada no chão, quando sentiu uma familiar presença às suas costas.

— Precisa de ajuda, Coelhinha?

— Não, eu só…

Sem esperar resposta, Hikaru tirou mais da metade dos livros das mãos de Hanako, e começou a descer as escadas.

— Você não vem? – ele sorriu com escárnio, e então andou na direção da biblioteca. Sem alternativa, Hanako o seguiu.

— Onde você estava? Não apareceu em nenhuma aula até agora. – ela indagou, mais para preencher o silêncio do que qualquer outra coisa.

— Fui dormir no terraço. Mas lá tem muito Sol há essa hora, então eu pensei em tirar um cochilo na sombra das árvores lá embaixo. Aí vi uma coelhinha em apuros, e resolvi fazer uma boa ação.

— Entendo… - Hanako entrou na sala de leitura, dirigindo-se até o corredor de Biologia e começando a colocar os livros nos espaços vazios. Depois de terminar os seus, ela pegou os que Hikaru, andando atrás dela, carregava.

— Coelhinha…

— Sim? – Hanako, distraída, respondeu pelo apelido.

— Um mês.

— O que? – ela finalmente o fitou, e sobressaltou ao vê-lo com o rosto corado, e visivelmente envergonhado.

— Me dê o prazo de um mês! Você ainda não respondeu à minha confissão, mas eu quero um mês! Se nesse espaço de tempo eu não conseguir fazê-la se apaixonar por mim, eu desisto e aceito ser rejeitado! Mas eu quero que prometa… - ele se aproximou, deixando Hanako sem ação, e segurou a mão dela com firmeza – Se houver a mais remota chance de que você sinta algo por mim, você vai reconsiderar e me aceitar?

— Hikaru…

— Domingo – ele disse por fim, se soltando dela e recuando muitos passos, até o fim do corredor de livros onde se encontravam – Eu vou esperar por você ás 4 da tarde, na praça em frente á estação. Não sairei de lá até que você apareça.

— Ei! – Hanako tentou chamá-lo de volta, mas era tarde, e ele já havia sumido porta afora. Hanako fitou por muitos instantes com os olhos fixos na porta vazia, sem reação.

— Ah, o amor dos jovens… - a bibliotecária comentou, no corredor do lado, ajeitando os óculos que possuíam um estranho brilho, com o indicador.





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