Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 41
Capítulo 41 - Suki to Ienai




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No dia seguinte à explosiva declaração de amor de Hikaru, não se falava em outra coisa no Colégio Ouran. Por onde quer que andasse, ele ouvia palavras de incentivo, consolo, e parabenizações. Alguns sentiam pena, dizendo que ele havia sido terrivelmente rejeitado por Hanako, e outros admiravam sua coragem de se declarar na frente de tantos. Agora, Hikaru amaldiçoava-se internamente por ter agido tão impulsivamente naquela hora. Tudo aquilo, e ele nem mesmo havia conseguido uma resposta! Hanako saiu correndo, assim que todas as pessoas começaram a comentar, e desde então, ele não havia visto ela no período após o almoço e ela não veio há aula no outro dia.

— Aaah! E pensar que aquela idiota conseguiu escapar! – Hikaru balbuciou ao entrar novamente na sala de aula, vendo a classe ao lado da sua vazia.

Haruhi apertou a campainha, esperando alguns poucos segundos até que a cabeça de Izumi surgisse na porta. Ela abriu o portão, e Haruhi entrou na casa, pedindo licença e tirando os sapatos.

— Por que ela não foi à aula hoje de novo? – perguntou à Izumi, que apenas cruzou os braços, incomodada.

— Eu não faço ideia. Ela tinha se recuperado, e estava muito melhor, parece que teve uma recaída. Acho que tá dormindo lá em cima.

— Eu vou dar um jeito nisso - Haruhi suspirou, levantando-se e dirigindo-se a escada. Izumi voltou a assistir TV, deitando no sofá mesmo estando com o uniforme de marinheira da escola.

Haruhi abriu a porta sem cerimônia, e adentrou-o. No quarto escuro, havia um bolo de cobertores sobre a cama, que certamente era Hanako. A morena avançou, chacoalhando os edredons até que surgisse a garota, vestindo pijama e encolhida em formato de bolinha, completamente rendida ao sono.

— O-oque…? – ela balbuciou, abrindo lentamente os olhos e os esfregando, sonolenta – Haru-chan, o que está fazendo aqui? Você devia estar na aula…

— A aula já terminou faz tempo, Hanako! O que você está fazendo em casa hoje, hein?

— Eu só quis ficar em casa… – ela mentiu muito mal, sentando na cama. Seu cabelo parecia um campo de capim após a passagem de um tufão.

— Mentira – Haruhi rebateu ceticamente – Aconteceu alguma coisa, eu sei! Todos na escola estão comentando sobre isso, você achou mesmo que ninguém ia se lembrar da cena que você e o Hitachiin protagonizaram ontem?

— Aah~ você já tá sabendo disso, Haru-chan… – Hanako lamentou, sorrindo fracamente – Estão todos comentando mesmo?

— Claro que estão! O que você pensou?! Então, por que você não foi na aula?

— Eu… não respondi nada à Hikaru… Eu não sei como encará-lo depois disso… Minha cabeça está uma confusão.

— Mas… você não vai rejeitá-lo? Eu sempre pensei que seria essa a sua primeira reação nesse caso. Você não suporta o Hikaru, deixa isso bem claro, então por que esse drama todo?

— Não é isso! Não é como seu eu o odiasse, quero dizer… Ele não é bem o que eu pensava que fosse. Tem algumas coisas no Hikaru que… que me deixam sem saber o que pensar, então… eu ainda não sei o que deveria responder.

—Você vai aceitar sair com ele? – Haruhi arqueou uma sobrancelha, em dúvida.

—Eu… não sei – Hanako suspirou, derrotada, voltando a deitar e se cobrir com o edredon.

— Essa sua hesitação, por acaso, não tem algo a ver com o fato dele ter o mesmo rosto do Kaoru, tem? – Haruhi indagou enfim aquilo que estava remoendo em sua mente há bastante tempo.

— Não. – Hanako foi direta, o que surpreendeu Haruhi – Disso eu tenho certeza. Mesmo que eles sejam exatamente iguais, eu aprendi a diferenciá-los. Hikaru e Kaoru não são a mesma pessoa.  – ela respondeu, com a voz abafada embaixo das cobertas.

— Certo, tem mais uma coisinha. – Haruhi disse por fim, colocando algo em cima da cabeça coberta de Hanako – Você foi selecionada por sorteio para cumprir uma tarefa.

— O que? – Hanako surgiu, vendo o que era um pequeno presente, com um cartão e flores ao lado.

— Você tem que levar os desejos de melhoras da sua turma para a Yoko. Ela acordou do coma, faz quase uma semana, e já está se recuperando.

— Como assim? – Hanako exasperou-se, chocada.

— Fizeram um sorteio, e você foi premiada. É mesmo muita sorte...

— M-mas… por que não mandam pela Aichii? Ela é da minha turma também!

— Ela não vai a aula faz uns três dias, e todos querem mandar presentes para a Yoko, você sabe. Fizeram um sorteio por números e saiu o seu. E você não estava lá para recusar. Hikaru tentou intervir ao seu favor, mas o professor não deu ouvidos a ele.

— Ele... tentou? – Hanako indagou, num fio de voz.

— Sim, ele disse que ia no seu lugar, mas é claro que o professor desconfiou dessa repentina boa-vontade, e agora, aqui está a sua tarefa. É melhor ir o quanto antes. O horário de visita se encerra daqui umas duas horas.

— Entendido… - Hanako levantou-se, tonta por se erguer tão repentinamente, e pegou os presentes nas mãos – Eu vou ter que enfrentar isso de qualquer forma, mais cedo ou mais tarde, não vou?

—Isso mesmo – Haruhi sorriu, um pouco incerta. Será que isso não acabaria de vez com as chances de Hanako se recuperar? Ela ainda depositava um pouco de fé em Hikaru, esperançosa de que talvez ele pudesse restaurar o coração destroçado da sua amiga. Mas, para isso, Hanako tinha que estar pronta para aceitar os sentimentos dele.

-

— Então… aqui estou eu… - Hanako suspirou, apertando as flores e a caixa de presentes em sua mão. Finalmente, estava ali, em frente ao quarto de hospital que tanto evitou. Embora estivesse preocupada com a saúde de Yoko, ela tinha ainda mais medo de ver ela ao lado de Kaoru. Mas ela não podia evita-los para sempre. Já estava mais do que na hora de enfrentar o futuro que ela escolheu. Respirando fundo mais uma vez, ela deu uma leve batida na porta, e então a abriu.

Deixou a caixa, assim como as flores, caírem no chão, paralisada. Seu mundo inteiro tremeu, e passou a girar lentamente, em câmera lenta. O olhar chocado de Kaoru impregnou-se na sua mente, recheado de culpa. Ele parecia prestes a pedir desculpas, enquanto Yoko desviava o olhar, evidentemente incomodada, embora estivesse em cima de uma cama, tão pálida e doentia quanto da última vez que Hanako a viu.

Isso por que, poucos segundos atrás, Kaoru e Yoko estavam se beijando.

— D-desculpe-me – Hanako foi mais rápida, dando alguns passos para trás. Sentia algo formigando em seus olhos, e sabia que não tardaria até que as patéticas lágrimas rolassem pelo seu rosto, na frente da pessoa que ela menos queria que as visse.

— Hanako... – Kaoru se adiantou, mas parecia impedido por algo invisível de se aproximar mais dela. Yoko tocou o braço dele, murmurando um ínfimo “vá!”, mas ainda assim, ele não se mexeu.

“Não chore, não chore, não chore. Wakamiya Hanako, não chore! Eu... não devo... chorar novamente. Nunca mais! Alguém, por favor… me tire daqui!!!”


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