Elize narrando.

Meu nome é Elize. Acabo de completar 16. Loira, magricela, olhos cor de chocolate, pele bronzeada, bochechas coradas, rosto quadrado. É assim que pareço. Mas de personalidade reprimida. Não sei, tenho certa... Vergonha de reconhecer meu verdadeiro eu. Sinto-me inibida pelas pessoas, pressionada pelos meus pais e escola por ser “certinha”. Não sei se isso é o que realmente quero pra mim. Porém, falta-me coragem para descobrir o que quero. Sou uma perdedora.

- Elize, querida, seu celular está tocando. – ouço minha mãe, chamando-me da cozinha.

Vou até o aposento, atendo o celular. Ah, era apenas o Teddy. Teddy era meu melhor e um dos poucos amigos.

- Fala “ae”, Teddy.

- E aí, Elize! – ele respondeu, do outro lado da linha. – Vai ter uma festa muito maneira sexta-feira, uma inauguração de um clube noturno aí... Dizem que é meio barra pesada... Mas vamos, Lize! Vamos extravasar!

Pensei. Provavelmente a festa seria regada a álcool para menores. Não era uma má ideia... Estava na hora de radicalizar. Não era mais uma criancinha, poxa. Eu tinha que ter coragem. E arriscar. Era uma bela oportunidade.

-”Taí...”. Você me pega às 21h??

- Claro! Vou passar e pegar a Jéssica também. – Jess era uma velha amiga minha. Meu total oposto no comportamento. Andava influenciando muito Teddy. Eu desconfiava que eles estivessem saindo escondido juntos... Mas era só uma hipótese.

- Falou! Amanhã a gente se vê então! – desliguei.

Tinha um dia para arranjar uma roupa fashion. Eu não me vestia assim. Parecia que não combinava comigo. Mas era tempo de inovar, descobrir-se! Jéssica seria necessária. Liguei para ela, sugerindo um dia de compras já sabendo a resposta. Jess jamais negaria usar o seu recém-adquirido cartão de crédito.

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- Estou parecendo uma puta, Jess! – choraminguei, saindo do vestiário.

Vestia uma blusa preta suuuuuuper decotada, com uma saia jeans e uma meia rendada. Jess jogara uns colares e pulseiras em mim e mandou-me calçar um sapado estilo ankle boot.

- Sua “frescurenta”. Está gatona. Se não for vestir isso, passa pra cá. – falou, enquanto retirava um tomara-que-caia vermelho.

Acabei escolhendo um vestido prata, de lantejoulas. Era brilhante porém não era “vulgar”. Perguntei para Jéssica se não estava muito exagerada. Ela simplesmente me respondera, piscando “Não há exageros na noite, querida.”. Jess era muito louca. “Mas pelo menos ela faz o que quer”, disse uma voz na minha cabeça. E tinha razão.