Sophia narrando.

Olhei janela afora. Rapidamente, fechei a cortina, os raios do sol queimando meus olhos. Resolvi pegar algum livro para ler. Ultimamente, andava curiosa quanto a visão dos humanos sobre nós. Olhei minha lista de livros. “Vampire Diares”, “Crepúsculo”, coisas do gênero. Bufei. Peguei um livro aleatório. Li rapidamente algumas páginas. Sorri levemente. Ridículo isso, vampiros vegetarianos... Joguei o livro na pilha de livros-sobre-vampiros que eu andava lendo. Pobres humanos, pensei passando a língua sobre minhas presas... Com essa mania de achar que demônios podem ser anjos.

Esses humanos são mesmo uns babacas... Tão inocentões. Mal imaginam que muita parte do caos do mundo em que vivem era por causa de vampiros, bruxas, demônios... Até as porrinhas dos lobisomens que eram taxadas como nossos “inimigos”. Balela. Isso de brilhar no sol também era um absurdo. A luz nos queimava, isso sim. Por que os vampiros dessas histórias sempre querem ser humanos?? Qualé, somos poderosos, imortais. É muito foda ser vampiro! Ri mais uma vez. Ah esses humanos são curiosos...

- Sophia. – uma voz rouca sussurrou. Abri um lento sorriso.

- Diego.

Um cara que aparentava ter seus 21 anos me encarava, no meu quarto escuro. Branco como neve, igual  a mim, cabelos negros brilhantes, com a franja comprida caindo sobre o rosto perfeito, meio arrogante, algumas pontas do cabelo tocando o ombro musculoso.

- Já não lhe disse para não entrar no meu quarto escondido? – ri baixinho – Se papai o pega aqui, será um banho de sangue!

- Só estou faminto, Sophia.

- Então me coma. – sorri, com a piadinha interna, já sentindo suas mãos sobre minha coxa.

                                                            *

Fiquei um bom tempo deitada na minha cama sobre o peito nu de Diego. Sem falar. Apenas com a intensa troca de olhares.

- Diego. – murmurei.

- Fale, Sophs.

- Como será que os humanos vivem, de verdade? Quer dizer, eu adoro ser imortal e talz, mas quase morro de curiosidade por saber como é ser normal...

- Deixe de besteiras, Sophia. Eles só são comida.

Refleti por um tempo.

- É, talvez. Mas são criativos. Possuem sentimentos que a gente não conhece. Queria explorar isso.

- Você e sua mania com humanos... Bom, então passe-se por uma. Vou numa festa sexta a noite, caçar. Venha junto, mas como convidada.

Pulei de alegria. É, fazer-me de “vampira boazinha” seria um ótimo contratempo para quem vivera 1200 anos no tédio e na dúvida sobre a própria comida.

- É por isso que eu te amo, Diego. – falei, dando uma mordiscada no  seu pescoço.