Rebecca não podia acreditar no que via. Gerard Way. O seminarista Gerard Way, que sua melhor amiga era completamente apaixonada por ele, estava a sua frente.
- Algum problema, Rebecca?
- Hã?! - ela olhou para Michael, que a fitava visivelmente preocupado. - Não... Nenhum...
- O que houve aqui? Por que desmaiou?
Rebecca apertou as roupas de Michael, ainda em suas mãos.
- Nada... Me senti um tanto fraca.
- Claro! Você não se alimentou hoje... Vou cuidar disto!
- Não! - ela disse, decidida. Surpreendendo aos dois homens no ambiente. - Não precisa se preocupar comigo, Michael. Eu estou bem.
- Não está. Se tivesse não teria desmaiado. Agora... - Michael foi até ela e a segurou pelo cotovelo, encaminhando-a para a cama. - ... a senhorita ficará quietinha aqui, enquanto eu procuro por algo para alimentá-la.
- Mas...
- Não insista, Rebecca... - Ela o olhou com uma fúria transparente, mas não o abalou. - Venha, Gerard.
Gerard olhou de Rebecca a Michael e acompanhou o irmão para fora do quarto. Lá fora:
- Por que trata assim a sua namorada?
- E quem disse que ela é minha namorada?
- Ah Michael, a quem você está tentando enganar? Ficou evidente a atração existente entre vocês. Só mesmo um burro para não percebê-lo... - Michael olhou para o irmão, levemente surpreso. Sorriu, sem graça, e fez menção em desmentí-lo, mas Gerard o interrompeu. - Ainda mais com esta história de você trazê-la aqui para casa. Por que não assume de uma vez que está apaixonado por esta garota?
- M-mas... Eu não estou.
Gerard o olhou pelo canto dos olhos.
- Tudo bem, Michael. Continua mentindo para si mesmo... Agora, com licença, preciso sair...
- Aonde vai?
- Acabo de ter uma idéia... Não sou idiota como você. Já que decidi não voltar mais para o seminário, viverei... e intensamente.
Gerard saiu, sem dar uma oportunidade de resposta para Michael, que ficou parado por algum tempo à porta de seu quarto, sem ação. Estaria mesmo apaixonado por Rebecca? Poderia assumir que ela lhe atraía, e muito. O simples fato de saber exatamente o que se encontrava debaixo daqueles panos, mexia seriamente com os hormônios dele.
Afastou tais pensamentos e saiu. Precisava caçar algo para ela. Não queria que adoecesse... Queria cuidar dela... protegê-la. E faria o possível para isso.

Rebecca se encontrava pensativa. Teria que ir embora o mais depressa possível daquela casa. Não poderia viver na casa do assassino de seus pais. Não poderia suportar isso.. Ainda mais quando... O amava!
Por que não ouviu os conselhos de Behwi? Por que se deixou apaixonar tão profundamente por aquele vampiro? Não. Não poderia mais conviver com ele... Não depois desta constatação. Precisava fugir... Mas como?

Lauren estava deitada em sua cama. Não conseguia dormir. Logo naquele dia em que seus sonhos se tornaram tão reais. Tão seus...
Um ruído chamou a atenção. Teria sido apenas uma impressão? Mais um ruído se faz, descartando esta hipótese. Lauren se levantou e caminhou até o local de onde veio o ruído. Sentiu algo acertar-lhe a cabeça. Levou a mão a mesma, em seguida, olhou para o chão, constatando que se tratava de uma pedrinha.
Chegou à janela e espiou lá embaixo. Viu Gerard se abaixar e levantar-se novamente e fazendo um movimento brusco com o braço. Uma pedrinha passou muito próximo ao rosto de Lauren, que desviou. Aparecendo na janela, ela fez sinal para que ele parasse com a loucura.
Ele, por sua vez, fez outro sinal para ela, chamando-a. Ela pediu que esperasse, vestiu seu robe e desceu as escadas cuidadosamente. Saiu pela porta da criadagem para que não fosse descoberta.
Gerard a esperava, com as mãos nos bolsos da calça. Olhava-a de um modo estranho, diferente...
- Gerard?
Ele caminhou até ela, decidido, e a beijou possessivamente. Suas mãos apertavam a cintura muito fina e a trazia a si, como se quisesse fazê-la adentrar seu corpo. Lauren não queria parar. Queria entregar-se de corpo e alma à aquele momento, mas sabia que não deveria... Com as duas mãos sobre o peito de Gerard, o afastou.
- Mas...
- Gerard... Não é certo. Eu nem deveria ter descido... - tentou se livrar de seus braços, mas ele a deteve.
- Por que não deveria ter descido? Se arrependeu?
- Por Deus, não! Gerard, eu adoraria permanecer em seus braços por toda a noite, mas não devemos...
- Você realmente se preocupa com a opinião das pessoas? Desde que te conheci, todas não possuem mais nenhum valor para mim... Apenas você e o que sinto por você...
- Você mal me conhece, Gerard...
- O bastante para admirá-la, querê-la, amá-la...
- Você não me ama...
- Como pode ter certeza?
- Você acaba de sair do seminário. Nunca havia me visto, exceto uma vez...
- A vez que foi a minha perdição... - Lauren o olhou curiosa. - Você foi um dos motivos que me levaram a abandonar o seminário, Lauren... Estou aqui por você. Eu a quero. Por favor, dê-me uma chance... Dê-nos uma chance.
Lauren sorriu e tocou-lhe o rosto.
- Eu estou sonhando novamente? Se eu tiver, por favor não me acorde...
- Podemos viver um sonho, Lauren. Um sonho o qual pertence apenas a nós... - Lauren deitou a cabeça sobre o peito dele. - Isto é um sim?
- Sim, Gerard. É um sim.
Gerard riu levemente, a beijou e a levantou um pouco, o suficiente para poder explorar-lhe a boca um pouco melhor.

Behwi estava sentada sobre a janela, enquanto admirava a Lua, tão linda e grande. Sentia certo pesar. Sabia que não veria Michael mais. Já sabia o seu destino, mas não se arrependia por ter se arriscado. Não se arrependia por ter se envolvido e nem por ter se entregado tão profundamente àquela atração.
Michael era uma pessoa encantadora. Uma pessoa especial, sofrida. Behwi queria acreditar que havia se deixando compadecer pelo sofrimento do vampirinho, mas seu coração era teimoso, sabia que não fora por isto. Queria permanecer ao seu lado, apoiá-lo. Momentos difíceis o aguardavam... Momentos de dor, sofrimento e sangue... Muito sangue.
- Que as boas energias o protejam, Michael. Que as boas energias o protejam... - Behwi apertava um amuleto em sua mão.
Ela sabia de tudo o que viria pela frente e estaria pronta no momento certo...

Um mês se passou...