Amor Paternal escrita por mizujagger


Capítulo 2
Zeus




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/113098/chapter/2

Eu não deveria estar ali. 

Os outros deuses já sabiam que eu havia quebrado o trato e impuseram uma regra perante a mim: a menina se virará sozinha, não a ajude nem se aproxime dela.

Era esse o preço que eu iria pagar, ver minha filha ser perseguida, morta e não poder fazer nada.

Mas do mesmo modo que o combinado de não ter filhos não significou muita coisa para mim, essa "ordem", eu também ignorei. Estava sentado atrás de uma árvore no imenso jardim da mãe de Thalia. Tentava esconder meu corpo, o que era totalmente ridículo, afinal eu era um deus. Mas tinha que ser assim, sem poderes, para os outros não descobrirem.

Thalia corria pela grama, brincando. Não havia ninguém para vigia-la. Me doía um  pouco pensar que ela era indesejada por praticamente todos, inclusive por sua mãe mortal. 

Me distrai pensando nisso e nem vi que a pequena havia reparado em minha presença. Mesmo tendo apenas três anos, Thalia já sabia correr muito bem e foi isso que ela fez, vindo em minha direção.

Eu poderia ter desaparecido, sumido dali, porém não consegui. Apenas abri os braços, a convidando. Ela pulou em cima de mim, abraçando meu pescoço e não pude deixar de rir. 

A coloquei em meu colo e reparei na cor de seus olhos quando ela olhou para cima. Era azul, porém em um tom diferente do meu, elétrico, como um raio. Thalia sorriu e não pude deixar de reparar nas sardas que salpicavam seu rosto.

- Papa... É você papa? - ela me perguntou, colocando uma de suas mãozinhas em meu rosto. 

Eu dei um riso baixo, a abraçando. Nunca fui de ter contato com meus filhos, admito que nem ligava para isso. Mas Thalia era especial, dentre todos, seria ela quem teria a vida mais complicada. Seria a prova a minha desobediência e, para muitos, seria apenas "o grande erro de Zeus". Talvez saber que tudo isso era culpa minha, me deixava com um sentimento de compaixão por essa criança de cabelos pretos e olhos azuis tão bonitos.

- Sim, Thalia, sou eu, papai - falei, e como mágica, ouvi seu riso infantil enquanto abraçava meus ombros e enterrava seu rosto na curva de meu pescoço.

- Senti sua falta, papa - ela disse em sua voz angelical.

Senti um nó se formar em minha garganta. Eu de certa forma odiava estar tão próximo de um filho meu, mas por outro lado, gostava da sensação de lhe dar proteção. 

Por falta de resposta, apenas a abracei, esperando fazer aquele momento durar.

O Olimpo poderia esperar, todo aquele carinho, era com certeza, muito mais importante.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ok, ok, talvez Zeus jamais fosse fazer isso. Mas ele é meu deus favorito, não pude evitar!