Tudo ainda parecia muito irreal. 

Aquela mulher não poderia ter morrido. Ela era muito bonita, inteligente e especial para ter parado de existir. 

Zeus. Eu iria matá-lo. Ou algo próximo disso. Quem ele achava que era para atirar um raio sobre minha família? Acabar com a vida de alguém que era importante para mim? Porque era isso que aquelas duas crianças e sua mãe eram para mim. Família. E graças a ele, destruída. 

Havia sido muito rápido. Quando percebi o que aconteceria, joguei rapidamente proteção em meus filhos, porém eu não fui bom o suficiente para salvá-la. Eu deveria ter previsto que meu irmão teria feito isso. Sujo, do jeito que era, não hesitaria em acabar com minha pequena felicidade.

Agora, a cena que eu presenciava eram minha crianças chorando em cima do corpo da mãe. Suas faces ainda chocadas, lágrimas escorrendo de seus olhos arregalados.

Nunca fui bom em consolar, jamais fiz isso. Não sou também de sentir boas emoções. Ninguém nunca as sentiu em relação a mim, de modo que nunca houve motivos para eu ser contagiado pela alegria, e principalmente, pelo amor. Porém, quando Bianca virou sua face inconsolável em direção a mim, senti uma pedra em meu estômago. Um sentimento esquisito. 

Nesse momento, prometi a mim mesmo, que quando Zeus tivesse um filho, eu mesmo o mataria, junto com a mãe do individuo. Acabaria com sua sua família, assim como ele acabou com a minha. 

Nico também fitou-me com os olhos marejados.

- P-pai - balbuciou Bianca - A m-mamãe... E-la, ela...

Eu detesto crianças. Mas essas eram exceções. Ao invés de manda-la calar a boca, como eu faria com qualquer pessoa, involuntariamente abri meus braços e ambos correram em minha direção. Os dois choraram em meu peito, e eu não sabia o que pensar, dizer ou fazer.

As crianças, assim como sua mãe, foram os primeiros a me abraçar desse jeito, com carinho. Não se importavam com meu cheiro de morte, nem com meu jeito obscuro. Eles me entendiam, diferente de todos no mundo.

Foram muitas as emoções diferentes que presenciei no dia, porém a mais surpreendentemente foi o amor que senti na presença de meus filhos. 

Os abracei com mais força, quando a realidade atingiu meus pensamentos. Bianca e Nico eram tudo de mais importante que eu tinha na vida.