O Fim de Uma Era escrita por Neko D Lully


Capítulo 9
O começo. Visita frustrante


Notas iniciais do capítulo

Esse cap ficou maiorzinho e acho q esta bem melhor que os outros, por isso espero que aproveitem!!!



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O FIM DE UMA ERA

O COMEÇO. VISITA FRUSTRANTE.

MAKA POV.

Olhava para o teto da sala de aula enquanto esperava que a mesma começasse. Kami estava dormindo em meu colo pacificamente enquanto eu tentava me convencer do que havia acontecido ontem.

Minha marca havia se expandido, e olha que eu era apenas uma novata que não havia passado pela transformação ainda. Sentia-me estranha e incomoda com tudo isso. Era mais uma coisa que fazia de mim uma completa aberração.

Hoje quando havia acabado de tomar banho e me olhei no espelho não pude evitar passar o dedo de leve sobre as marcas de flores que tinham gravadas na pele do meu rosto. Elas desciam rodeando a marca de alma que tinha no pescoço e indo ate o braço fazendo rodopios no mesmo como se fosse um bracelete.

A cor branca que tinham parecia brilhar fazendo minha pele parecer mais branca do que já era, o que me fazia parecer mais um fantasma do que uma vampira. Meu corpo também mudara o que me alegrara um pouco, mesmo que ainda não fosse tão bonito quanto o de varias garotas daqui. Meu cabelo cresceu chegando a cintura, fazendo com que quando o prendesse nas típicas marias-chiquinhas eles chegassem ate perto da dobra do meu braço.

Não só minha aparência havia mudado como também meus poderes. Meu dom da luz se liberava sem que eu precisasse pronunciar uma só palavra, era só pensar que precisava dele e voála ele aparecia. Havia ficado mais ágil e forte e meus sentidos haviam se aguçado ainda mais. Agora podia ouvir o que uma pessoa falava enquanto a mesma estava a vários metros de mim e ainda podia determinar com exatidão qualquer cheiro que sentisse.

Mas isso também teve suas desvantagens. Agora tinha uma sede de sangue que quase não conseguia controlar. Quando conseguia ouvir uma pulsação, seja ela de quem for, ou o cheiro do sangue de alguém minha garganta queimava e o instinto de pular em cima dele me atormentava, mas conseguia me segurar.

Minha vida social também esta se tornando um pouco complicada já que ao parecer os garotos mais populares da escola (Kid, Hero, Ragnaroki, Black Star e Soul) passaram a ser nossos amigos, o que deixavam as garotas possessas. Sem falar que o boato que eu tinha uma marca expandida se espalhou em uma velocidade impressionante. Tanto que tive que vir com blusa de frio com o capuz tampando minha cara para não chamar muita atenção.

Liz tentou me fazer tirar o capuz no meio do refeitório, fazendo praticamente ele todo me olhar com suma curiosidade, mas eu consegui impedir me mudando rapidamente de lugar toda vez que ela tentava me alcançar.

Soul também passou a agir de uma maneira estranha perto de mim. Hoje na hora do lanche ele acabou sentando do meu lado já que não tinha mais nenhum lugar na mesa. Ele ficou me mirando de uma maneira estranha quase de um jeito desejoso com os olhos brilhando e os caninos escapando de vez em quando de sua boca.

Acho que ele sentir o cheiro do meu sangue lá no museu não foi exatamente uma coisa boa. Ainda me lembro do jeito que respirou profundamente e de como olhou para minha mão aquela hora. E ainda estou tentando entender porque senti aquela vontade de entregar meu sangue para ele. Se não fossem os fantasmas atacarem eu teria dado ele todinho sem hesitar.

O que estava acontecendo comigo? Não faço a mínima idéia! Sei que a noite eu não me encontrei com aquele garoto, na verdade eu tive um dos meus piores pesadelos.

Sonhei que estava de novo naquela caverna, sabem o sonho que tive depois da festa? Pois era como se fosse ele só que sem a parte boa e uma complementação da parte ruim. Sinistro não?

Pois eu estava correndo e acabei entrando naquela caverna. Estava usando aquele vestido cor creme curto rasgado nas bordas. No momento sabia que tinha o objetivo de me “entregar” a pessoa que estava me seguindo, mas por alguma razão não podia, algo dentro de mim me impedia de fazer. Virei-me com determinação mirando um homem que não conseguia ver o rosto e me posicionei para lutar. Ele apenas riu e pulou em mim, eu apenas desviei e me preparei para atacá-lo.

Lutei com ele por um tempo acertando alguns golpes nele e ele vários em mim. De repente meus olhos se pousaram no teto da caverna onde tinha uma pequena passagem que parecia ser feita de vidro. Lá eu pude ver uma silhueta bem familiar. Olhei com mais determinação e vi que era aquele garoto que estava junto com esse homem contra quem eu lutava, e o mesmo que havia me encantado tanto.

Nesse momento de distração aquele homem que me atacava conseguiu me derrubar e se posicionou em cima de mim. Foi ai que começou o pesadelo. Sentia medo e tentava me separar dele o máximo que conseguia, mas ele me prendia com força e me violava com desejo insano. O pior é que não queria que o garoto que estava observando tudo visse isso, queria me soltar e ir embora ou pelo menos ir ate ele. Mas sempre que tentava escapar levava uma bofetada na cara ou no estomago.

Quando perdi as forças olhei para cima onde se encontrava o garoto e vi como ele se continha para não vir aqui. Quando vi que ele fazia menção de impedir isso eu apenas neguei enquanto lagrimas saiam de meus olhos. Vi como nos dele também começavam a sair lagrimas enquanto espalmava o vidro pelo qual observava.

Sussurrei-lhe um “eu voltarei” antes do homem entrar em meu interior e meu corpo se desmanchar em luz prendendo o homem naquela caverna. Nesse momento eu acordo com a respiração agitada e o corpo todo encharcado de suor.

Só de lembrar do sonho já sentia um calafrio percorrer meu corpo e um medo descomunal tomava conta de mim me fazendo estremecer. Era estranho, mas aquele sonho foi tão real que jurava que era mais uma memória do que um sonho.

A professora Marie entrou na sala com um grande sorriso no rosto e por alguma razão esse sorriso não me caiu bem. Não sei se foi uma boa idéia vir a aula de musica hoje.

- Alunos hoje eu tenho uma ótima noticia para todos. – falou muito empolgada e de repente compreendi o que tudo isso se referia e comecei a encolher em minha cadeira lentamente. – Nossa deusa abençoou um de nossos alunos com uma demonstração de poder incrível! Maka, pode vir aqui na frente?

Quase que morro quando ela disse meu nome e todos olharam para mim com curiosidade. Encolhi um pouco mais na cadeira ate finalmente reunir a coragem suficiente para me levantar e ir ate a frente. Deixei Kami em cima da mesa e me levantei.

O capuz da minha blusa de frio negra tampava meu rosto, mas mesmo assim podia sentir meu rosto esquentar e as miradas tentando passar do tecido da blusa para poder ver meu rosto. Sabia que todos já sabiam o que era já que o boato havia chegado nos ouvidos de todos, eles só queriam comprovar.

- Pode tirar a blusa Maka? – perguntou Marie me fazendo suspirar e começar a descer o zíper blusa .

Quando terminei de tirar a blusa ouvi varias exclamações de surpresa. Enquanto eu me amaldiçoava mentalmente por ter colocado uma camiseta. Claro, eu pensava que não ia tirar a blusa de frio então decidi colocar algo mais confortável e olha onde parei. Eu tenho a maior sorte desse mundo! – por favor notem o sarcasmo.

- Por que as marcas dela são brancas? – perguntou uma garota de cabelos negros e longos e olhos castanhos, que reconheci como uma das amigas de Eruka, Jaqueline.

- Maka, poderia responder a pergunta? – perguntou Marie me mirando atenta igual aos outros alunos.

- Não sei. – não era mentira, eu realmente não sabia porque elas eram assim. – Ela estava assim quando cheguei.

Todos se entreolharam enquanto eu me mexia incomoda. Era um pouco constrangedor ficar na frete de todos que te observavam com um olhar meio estranho.

  - Isso quer dizer que aqueles boatos eram verdade? – perguntou um garoto de cabelos enrolados loiros e olhos verdes. – Ela é mesmo a reencarnação de nossa deusa?

Todos começaram a cochichar alto fazendo a sala toda ficar uma zoeira só. Não podia determinar o que cada um falava, já que todos falavam ao mesmo tempo. Mas sabia exatamente do que se tratava o assunto e me sentia incomoda com isso tudo.

- Todos quietos!!! – gritou Marie tão alto que tive que tampar os ouvidos para não ficar surda. Essa mulher quando ficava irritada era melhor não ficar perto.

Todos se calaram no mesmo instante e eu suspirei cansada. Esse boatos já estavam me enchendo o saco, tinha que acabar com isso de uma vez por todas.

- Olhem... – comecei um pouco cansada. – Não sou uma deusa e muito menos a reencarnação de uma. Sou apenas eu e pronto, não sou uma criatura mágica que pode fazer coisas estupendas e me incomodo com todos esses boatos. Sim, sou diferente, mas não gosto de ser tratada como se fosse uma aberração divina, então, por favor, parem com esses boatos e me tratem como alguém igual a vocês.

Quando terminei de falar voltei a andar ate minha cadeira e me sentei como se nada tivesse acontecido. Acariciei as costas de Kami que havia acordado com toda aquela barulheira de antes e o grito de Marie.

O resto da aula transcorreu normalmente, só que dessa vez sem nenhum olhar em minha direção. Isso me alegrava muito, já que agora me sentia em uma situação mais privada.

Voltei a colocar a blusa só que sem o capuz dessa vez. Não tinha mais nada a esconder então não via mais problemas em deixar o capuz para baixo, claro que varias pessoas ainda se surpreenderam com as marcas que tinha pelo rosto quando passei pelos corredores sendo seguida de perto por Chrona.

Já era hora do almoço e todos nos encontrávamos reunidos em uma mesa. Eu mexia na comida com meu garfo sem comer nada. Estava com um cotovelo sobre a mesa e segurando a cabeça com a mão do mesmo braço enquanto a outra brincava com a comida de maneira distraída.

- O que houve Maka? – perguntou Tsubaki preocupada. Todos voltaram a me ver mais eu nem liguei. Olhei para a porta e, já que minha visão havia aumentado consideravelmente, podia ver pela pequena janela que tinha na mesma, vendo a noite escura e que agora não tinha nem coragem de chegar perto mais.

Suspirei.

- Nada. – falei tentando novamente juntar as peças de todo esse mistério para tentar revelá-lo, mas por mais que tentasse era sempre a mesma coisa: Frustração. Não entendia nada do que estava passando agora na minha vida e já estava começando a me convencer de que tudo só iria piorar. Por que? Não sei. Instinto, acho. E como sei que meu instinto sempre esta certo então sei que realmente isso vai acontecer.

Levantei-me de repente ao sentir um arrepio por meu corpo. Dei a desculpa de que precisava fazer alguma coisa e sai correndo de lá. Não sei o que estava acontecendo, mas sabia que tinha que ir para meu quarto e o de Chrona o mais rápido possível. Alguma coisa nesse quarto iria me ajudar, tinha certeza.

Entrei no quarto já bufando de tanto correr. Já que minha velocidade aumentou cheguei no quarto em menos de minutos. Imagino como devo ter “desaparecido” no refeitório.

Olhei por todo o quarto procurando seja lá o que fosse. Quando olhei para baixo vi um pequeno envelope branco com nada escrito alem de meu nome. O pequei e olhei de frente e verso, mas ao parecer não tinha nada que me indicasse quem o havia mandado ou do que se tratava.

-Maka tudo bem? – perguntou Chrona entrando no quarto. Ela usava uma blusa negra de mangas compridas com uma gola que tampava todo seu pescoço, uma saia curta que chegava só ate metade das coxas, um sapato boneca e uma meia calça fina da cor da pele, mas como ela era pálida suas pernas ficavam de uma cor mais escura que o resto do corpo. Na verdade ela não gostava de usar esse tipo de roupa, mas Liz a havia obrigado para chamar a atenção de Kid. – V-você s-saiu c-com tanta p-preça que ficamos p-preocupados.

- Não se preocupe Chrona, eu estou bem. – falei me sentando na cama e abrindo o envelope com ansiedade. Sabia que tinha algo nele que me ajudaria com tudo isso, agora é só saber o que é.

- O que é isso? – perguntou Chrona se sentando do meu lado e mirando com curiosidade o envelope em minha mão.

- Estava no chão quando eu cheguei. – falei olhando dentro do envelope que tinha duas cartas dentro. – Ainda não sei o que é, mas logo vamos descobrir.

Pequei as cartas que tinham dentro do envelope e no mesmo instante Kami entrou no quarto e se sentou em meu colo mirando curiosa o papel em minha mão, então comecei a ler em voz alta para que todos ouvissem.

Maka,

Sei que é estranho te escrever, afinal não sou uma pessoa de quem você deva gostar muito. Não vou dizer meu nome, mas posso garantir a você que estou do seu lado e que não te pretendo fazer mal.

Tenho escrito aqui algo que possa lhe interessar. Tenho o dom da poesia e escrevi essa quando tive uma sensação estranha. Tive a ligeira impressão de que era pra você e espero que saiba decifrá-la, já que eu não pude.

De um amigo secreto.”

Analisei mais algumas vezes a carta ate passar para a próxima. Essa outra era um pouco menor e era escrita em estrofes ao invés de parágrafos. O mirei com determinação para logo lê-lo em voz alta.

“Da terra ele voltará

Para que a escuridão volte a reinar

E que sua vingança

Finalmente seja cumprida

Os céus se tornaram vermelhos

As águas, escuras e sombrias

E a ultima gota de esperança...

Morrerá!”

Um calafrio percorreu meu corpo quando terminei de ler a poesia. Isso era realmente assustador e sabia que falava sobre o futuro. Um minuto... Futuro.

  - Chrona o que você viu mesmo em sua visão? – perguntei me virando para ela que estava tremendo de medo. Ela voltou a me ver um pouco confusa mais logo disse.

- Eu vi a cidade destruída, tudo em um só caos, o céu vermelho... – mas antes que pudesse continuar eu a interrompi.

- Céu vermelho! “Os céus se tornaram vermelhos”! – repeti a frase olhando de novo para o poema e logo depois voltei meu olhar para Chrona. – É disso que ele se trata! Ele fala da sua visão!

- I-isso q-quer dizer q-q-que i-isso é u-uma profecia? – perguntou Chrona se encolhendo na cama.

- Preciso falar com minha tia! – falei me levantando fazendo com que Kami saísse do meu colo e fui ate onde estava meu celular e o pequei. – Ela deve saber sobre isso. Suas lendas indígenas estão batendo perfeitamente com tudo o que esta acontecendo aqui!

Disquei o numero de minha tia Blair e coloquei o telefone no viva-voz em cima da cama para que eu e Chrona pudéssemos ouvir o que minha tia poderia dizer. Isso era muita coincidência. Primeiro tive um sonho que se parecia muito com a historia de amor que minha mãe costumava me contar, depois Chrona tem uma visão sobre o fim de nossa era e depois recebemos um poema que conta exatamente isso? Tinha que ter uma relação entre tudo o que esta acontecendo.

- N-não é m-melhor c-chamarmos as meninas p-para nos a-ajudar? – falou Chrona apertando o um travesseiro que havia pego.

- Depois falamos para elas, primeiro tenho que saber o que isso tudo significa. – falei ouvindo impaciente o telefone chamar. “Vamos Blair, atende!” pensei cruzando as pernas e balançando o joelho esquerdo.

- P-por q-que q-quer tanto s-saber s-sobre isso M-maka-chan? – perguntou se aproximando um pouco.

- Porque sei que isso tem algo haver com tudo que esta passando! – exclamei mirando atentamente o celular e sussurrava. – E comigo.

Quando finalmente o telefone parou de chamar e a voz de Blear passou por ele juro que quase dei um gritinho de alegria e alivio, mas me mantive seria e sobre controle enquanto falava.

- Blair, sou eu, Maka. – falei calma e segurando os lençóis de minha cama com força para reter a ansiedade.

- Maka-chan! Que bom ouvir sua voz de novo! – exclamou Blair pelo telefone.

- É bom falar com você também Blair, mas é que eu preciso de ajuda e acho que você pode fazer isso. – falei tentando apressar as coisas. Estava mais que impaciente, principalmente pelo fato de que meu instinto parecia ficar cada vez mais forte em relação a isso.

- E o que é querida? – perguntou Blair com uma voz amável, típico dela quando precisava de ajuda. – Sabe que estou sempre disposta a ajudá-la.

- Tem um poema que encontrei aqui no meu quarto que eu queria saber se você conseguiria reconhecê-lo ou coisa parecida. – falei pegando o papel em que estava escrito o poema e comecei a lê-lo.

Depois de terminar de lê-lo tudo ficou em um completo silencio. Podia sentir a tenção que Blair estava sentindo mesmo ela estando do outro lado do telefone a alguns quilômetros de distancia. Isso começou a me preocupar, já que normalmente Blair sempre era alegre e respondia as coisas no mesmo instante em que a pergunta era feita, mas dessa vez ela parecia estar receosa em responder.

- Esse poema... – disse em um tom pensativo. – Já o ouvi antes, mas não me lembro a onde...

- Talvez seja algo relacionado a tribo. – falei lembrando de meus sonhos.

- É isso! – falou Blair de uma vez. – Me lembrei! É uma profecia de uma das lendas da tribo. Mas não acho que seja uma coisa boa.

- Que lenda Blair? – perguntei ansiosa.

- Você ainda se lembra da historia da lua negra e da flor branca, não se lembra Maka? – perguntou Blair repentinamente.

  - Sim, por que?

- Bom... A muito tempo atrás nossa tribo venerava um anjo de asas negras. Seu nome era Ashura. – falou Blair e por alguma razão esse nome me fez ter calafrios na espinha. – Nós dávamos oferendas e o venerávamos, mas depois de um tempo ele começou a deitar com as mulheres da tribo. Ele acabou se viciando nisso e sempre queria dormir com uma, principalmente virgens.

Enquanto Blair falava imagens passavam por minha cabeça. Nenhuma boa se querem saber, mas por alguma razão sentia que já conhecia essa lenda e de que ela era verdade.

- Mas as mulheres começaram a evitá-lo, então ou ele se disfarçada dos homens da tribo ou as estuprava. – um calafrio percorreu meu corpo ao ouvir aquilo e tive que abraçar a mim mesma para que isso parasse. – Todas as mulheres que eram estupradas por ele ficavam grávidas e davam a luz a criaturas deformadas metade humanas e metade animais.

- E-eu vi uma delas. – falei ao lembrar daquela criatura que havia me atacada a algumas noites atrás.

- Ehhh!!! – exclamou Blair preocupada. – Quando Maka-chan?

- A algumas noites atrás. Ela me atacou e eu teria morrido se o Soul não tivesse chegado e me salvado. – falei tentando manter minha voz firme.

- Mas isso é impossível Maka-chan, eles agora são espíritos que só atormentam aqueles no leito de morte. – falou Blair preocupada. Chrona que estava quieta esse tempo todo agora estava tremendo de medo, tive que sorrir para ela para que se acalmasse um pouco.

- Bom, pois parece que não é mais assim. – falei pensativa. – Continua a historia Blair.

- Bom... Dos filhos dele dois nasceram da mesma mulher em tempos diferentes e os dois nasceram com a aparecia completamente humana, só que com as asas e os poderes do pai. – continuou Blair. – Ashura, vendo que esses dois seriam uteis, os tirou da mãe quando ainda eram bebês e os criou para seguir seus conceitos. O mais estranho era que Ashura odiava as mulheres, mas mesmo assim as necessitava a cada noite para saciar seus desejos.

- E como se chamavam seus dois filhos? – perguntei curiosa.

- O mais velho era Darkness e o mais novo era Shadow. – falou Blair. – Eles seguiam o pai para tudo quanto é canto e de vez em quando usufruíam das mesmas necessidades que o pai, se aproveitando das mulheres como o mesmo fazia. Mas ao parecer seu filho mais novo não concordava muito com isso já que ele era o que mais se continha. 

Não sei por que, mas meu coração se alegrou quando ouvi isso. Era como se não quisesse que ele fosse como os outros, como se isso me incomodasse de uma maneira que eu não podia explicar.

- Um dia as mulheres mais sabias da tribo se reunirão para acabar com esse domínio que esse agora demônio tinha sobre nós. Elas então criaram uma boneca feita da própria luz.

- Da própria luz?! – exclamei impressionada. – Mas como isso é possível?

- Era uma magia antiga que tinha o poder de recolher a luz e dar-lhe forma. – falou Blair. – Elas fizeram a garota mais bela de todas. Os cabelos da mesma cor que os raios do sol e seus olhos eram a mais preciosa pedra. Ela era muito parecida com a deusa da noite Kami.

- Mas ela é a deusa dos vampiros!! – voltei a exclamar.

- Mas lembre-se que nossa tribo é muito antiga e venera os mais variados deuses. – explicou Blair com a voz seria, coisa que era raro nela. – Bom elas deram a habilidade da mais pura luz que existia e lhe sussurraram as mais belas palavras em seu ouvido. Ela seria a amante que Ashura tanto almejava.

Por que será que isso não me agradava nem um pouco? Por que será que sinto um ódio imenso quando ouvi isso?

- Elas a denominaram de Akemi por seu brilho natural e por ser feita da própria luz. As anciãs a mandaram para o riacho em que Ashura e seus dois filhos lavavam suas asas todas as manhãs. Elas lhe disseram para onde deveria levá-lo e que devia se “entregar” a ele. Mas quando a garota chegou ao local e viu o filho mais novo de seu alvo o coração que não tinha latiu ferozmente. Ela sabia que não poderia fazer mais sua missão.

As imagens de meu sonho voltaram a minha mente. Podia ver o riacho, os três homens com asas negras se banhando no lago, o mais jovem me mirando impressionado... Podia ate sentir meu coração acelerar e meu rosto arder.

- Ela havia se apaixonado pelo filho mais novo, por mais que fosse apenas uma boneca. Então quando levou Ashura para a caverna que foi planejado, ela não se entregou a ele e sim lutou. Lutou com todas as suas forças para derrotá-lo e poder ficar com aquele que queria mesmo.

A caverna, o homem me olhando com um sorriso sinistro e desejoso, eu me preparando para lutar, nós lutando e eu começando a perder, mas sem desistir.

- Ela não era páreo para ele, mas mesmo assim lutou. Mas ao se distrair com a visão de seu amado a observando quase com desespero fez com que desse a chance de Ashura a aprisionar com seu corpo e começar a aproveitar dela.

A visão daquele garoto me observando, o homem contra quem estava lutada me tacando no chão e se posicionando em cima de mim e como ele começou a se aproveitar do meu corpo.

- Ela lutou o máximo que pode para escapar, mas ele conseguia parar os golpes com apenas um. Quando finalmente ela perdeu as forças e não pode mais se manter, ela voltou a ver seu amado que tinha lagrimas nos olhos e lhe prometeu que voltaria. Nesse mesmo momento Ashura a penetrou e ela desvaneceu seu corpo em luz e prendeu Ashura na caverna para sempre.

Lembrei das ultimas partes de meu sonho, as mais tristes e torturosas. Podia sentir a sensação de estar sendo invadida, violada e mal tratada. Podia sentir a dor de meu coração ao ver aqueles belos olhos vermelhos chorando e logo depois meu corpo se desmanchando formando apenas uma forte luz.

Era muita coisa para suportar e tive que usar todas as minhas forças para não apertar minha cabeça e gritar de dor por causa da forte dor que preencheu minha cabeça e meu corpo quando lembrei disso.

- Esse poema que você leu é um pedaço da canção que seus filhos cantaram quando ele foi preso. – continuou Blear. – Ela era tão tétrica que foi esquecida com o passar dos anos. Mas sei que é uma profecia que fala sobre seu retorno.

- E os dois filhos “humanos” dele? – perguntei tentando manter minha voz firme por causa da dor que ainda sentia.

  - Dizem que eles ainda perambulam pela Terra. Um esperando o retorno do pai e o outro de sua amada. – falou Blair voltando ao seu tom normal. – Mas isso não importa. Se esse poema esta ai tem que ser uma coisa ruim e temo que seja o retorno de Ashura.

- E eu temo estar no meio disso tudo. – falei colocando uma mão em minha testa e me deixando cair pré trás. Kami se aproximou de mim e esfregou a cabeça em meu pescoço e logo se ajeitou perto de mim.

- E por que Maka-chan? – perguntou Blair preocupada.

- Todos falam que sou parecida com a deusa Kami e temo que Ashura pense que sou Akemi por causa disso. – falei abraçando a mim mesma. – Acho que a primeira coisa que ele vá querer seja seu pequeno troféu.

Fiquei olhando para o teto. Acho que era isso que Kami queria me dizer no final das contas. Acho que foi por isso que ela me meteu nisso tudo, para que eu pudesse enfrentar o Ashura e me salvar ao mesmo tempo. Mas... E se eu não pudesse derrotá-lo? Seria a escrava sexual dele e o mundo inteiro estaria perdido.

- E o que aconteceria se Ashura se libertar? – perguntei, mesmo já sabendo um pouco da resposta.

- Dizem que seria o fim do mundo. – falou Blair. – As casas seriam destruídas e as mulheres estupradas pelos filhos de Ashura.

- Isso não seria bom. – falei angustiada. O que faria agora? Se não conseguisse deter Ashura ou pelo menos evitar que ele voltasse o mundo estaria perdido. – Você poderia vir pra cá Blair? Assim podemos discutir melhor o que fazer.

- Claro minha querida, é só me dizer quando posso ir. – falou em um tom doce.

- Ela pode vir no encontro de pais que tem amanhã. – falou Chrona se manifestando pela primeira vez.

- Quem esta ai Maka? – perguntou Blair.

- Minha amiga Chrona, Blair. – falei um pouco distraída.

- Kawayyyy!! – gritou Blair pelo celular me fazendo cair da cama. – Finalmente a Maka-chan arrumou uma amiga!!! É o dia mais feliz do mundo!!!!

- N-não precisa exagerar Blair. – falei esfregando a parte dolorida de minha cabeça. – Não é nada de mais.

- Mas claro que é!! – voltou a gritar Blair. – Você nunca teve amigos Maka-chan!! Nem mesmo quando era pequena. Isso é um avanço e tanto!!!

- Obrigada por me lembrar. – falei sarcástica. – Então você vem aqui amanhã para podermos conversar e resolver logo o que iremos fazer, ok?

- Ok!! – disse Blear desligando o celular logo em seguida. Eu suspirei e desliguei o meu também. Deixei-me cair na cama novamente tentando absorver todas as informações que recebi hoje.

- Sua tia é b-bem legal Maka. – falou Chrona se levantando da cama e indo ate a porta.

- É. Ela é legal. – falei distraída enquanto me levantava e levava comigo Kami. – Pena que de vez em quando parece uma adolescente maluca e pervertida.

Chrona apenas riu começou a sair do quarto. Estava saindo também quando me dei conta de algo. Se amanhã os pais iam vir aqui para ver seus filhos, isso quer dizer que...

- Chrona não me faça ir a essa reunião pelo amor da deusa!!! – exclamei ficando de joelhos e segurando sua blusa com lagrimas escorrendo por maus olhos.

- E-e p-por que i-isso Maka? – perguntou com os olhos arregalados de surpresa. – N-não q-quer v-ver seus p-pais?

- Sinceramente não. – falei em um canto com uma aura negra ao meu redor.

- V-vamos, n-não pode s-ser tão r-ruim. – falou tentando me animar.

- Isso é o que você pensa. – falei suspirando e começando a andar na direção da próxima aula.

- V-você sabe q-que a Liz já a-arrumou todas as roupas q-que vamos u-usar nesse dia, não sabe? – perguntou me fazendo parar em seco. – E você também sabe como ela fica quando não usamos a roupa que ela quer ou quando não vamos em um evento que ela gosta.

- Seria bem pior que meus pais!!!  - exclamei me dando por vencida. – Acho que sou obrigada a ir.

Caminhamos ate chegar a área das aulas. Procuramos as garotas por um tempo ate que a encontramos conversando com os meninos em um canto mais isolado do corredor, claro que varias garotas miravam com ódio e inveja. Principalmente o fato de Black Star estar muito perto de Tsubaki e que os dois pareciam se divertir muito juntos.

- Garotas. – falei ao chegar perto delas. – Reunião no meu quarto e no da Chrona hoje depois da aula. Um assunto urgente.

- E poderíamos ir também? – perguntou Hero olhando de rabo de olho para Liz, que me mirou suplicante.

- Acho que não tem problema. – falei um pouco hesitante, mas se pensar bem seria ate bom eles saberem. Assim estariam prevenidos do que poderia acontecer.

- Então nos encontramos no final das aulas, mas agora é melhor irmos ou então teremos problemas. – disse Liz um pouco animada de mais.

Antes de cada um seguir seu caminho dei uma ultima mirada em Soul que estava um pouco mais afastado dos outros. Quando ele passou perto de mim pareceu prender a respiração para logo depois voltar a respirar quando estava em uma distancia de uns cinco passos, e mesmo assim pareceu respirar profundamente, como se sentisse algum cheiro bom no ar.

Fiquei um pouco confusa, mas deixei de pensar nisso e fui para a sala junto com Chrona. Agora seria de artes marciais e como sempre fui o ponto de referencia do professor Sid, que gostou do aumento dos meus reflexos e da minha força.

Bom... Eu também gosto deles de vez em quando, mas não me forço a correr uma pista cheia de obstáculos nem lutar com meu próprio professor, que tem anos a mais de treino que eu. Mas digamos assim, fora isso tudo a aula foi tranqüila.

Logo depois foi a aula de línguas. Continuamos com o espanhol e juro que já estava começando a ficar boa na matéria. Não era tão difícil, mas também não era fácil e era ai que muitos se complicavam.

Só mais uma aula e poderíamos terminar logo com esse assunto. Estava me sentindo um pouco incomoda com todos esses problemas rodeando minha cabeça. Sentia-me preocupada com minhas amigas, não sabia como iria deter Ashura, nem sabia quando ele iria renascer e nem como e quase estou morrendo de preocupação com o fato de eu poder virar a escrava sexual dele. E juro, sou virgem e prefiro continuar assim do que perder com um cara desse tipo.

Quando finalmente as aulas terminaram eu e Chrona fomos direto para nosso quarto. Kami me seguia o tempo todo e toda vez que passávamos perto de alguma janela ou de uma porta ela a mirava com suma atenção e grunhia de vez em quando. Não precisava adivinhar para saber o que era. Aposto o que vocês quiserem que ela esta alerta com aquelas criaturas filha de um tipo de anjo caído. Acho que ela ficou tão super protetora que depois de um tempo pulou em mim, subindo em meu ombro e envolveu a cauda em meu pescoço.

Quando finalmente chegamos encontramos todos já lá dentro só nos esperando. Liz estava vendo meu guarda roupa e parecia já ter olhado o de Chrona, Patty brincava com Ragnaroki de pega-pega pulando de um lado para outro,Tsubaki estava olhando meus livros enquanto escutava uma das historias absurdas de Black Star, Hero estava sentado na cama de Chrona do lado de Kid, e mirava sem parar a Liz com um sorriso bobo no rosto, enquanto Kid lia o livro de poesias de Chrona deixando a mesma super corada e Soul estava sentando em minha cama em um canto mais isolado dos outros olhando uma fotografia minha com minha mãe e meu pai.

Pigarreei para chamar a atenção de todos que me miraram no mesmo instante. Ao parecer perceberam que a coisa era seria já que se sentaram, Liz do lado de Hero, Chrona do lado de Kid, Ragnaroki e Patty no chão, Black Star também no chão e Tsubaki do lado de Liz e eu fui a única que se sentou na minha cama perto de Soul que ficou um pouco tenso, mas logo relaxou.

- E então Maka? – perguntou Liz um pouco curiosa. – O que tinha de tão importante para falar?

Todos me miravam atentos então decidi colocar tudo para fora de uma vez. Suspirei e contei sobre o poema, a historia que Blear havia me contado e todas as minhas opiniões. No final acabou com uma Liz amedrontada abraçando com força a Hero, uma Tsubaki preocupada e assustada junto com todo o resto.

- E o que devemos fazer? – perguntou Kid com um tom serio.

- Não faço a mínima idéia. Mas tenho a impressão de que se ele voltar a primeira coisa que ele vai vir atrás vai ser eu. – falei olhando para o teto distraída. – E talvez possamos usar isso a nosso favor.

- Não vamos te usar de isca!! – exclamou Tsubaki percebendo de primeira meu plano. – Você não é um pedaço de carne que possamos apenas entregar. Você é nossa amiga e não vamos permitir que ele te faça mal.

- Mas pode ser a única esperança se não conseguirmos impedir que ele volte. – rebati calma. – Seria muito simples. Enquanto ele se distrai comigo um de vocês o apunha-la pelas costas com uma das armas que tem no ginásio.

- Ele tem medo de luz. – falou Soul de repente. Todos o miraram confundidos enquanto ele apenas mirava a janela com a paisagem sombria do lado de fora.  – Na historia as anciãs criaram uma boneca feita de luz e o prenderam com luz também, o que significa que ele não consegue suportar a luz, principalmente aquela relacionada ao bem.

- Faz sentido. – falei depois de pensar por alguns segundos.

- E pelo o que eu saiba você tem o dom da luz. – falou apontando para mim. – Pode detê-lo sem a nossa ajuda.

De novo o peso caiu todo sobre as minhas costas. Abaixei a cabeça um pouco desanimada. Não sou aquela que vocês devem chamar exatamente de uma heroína. Sou praticamente um fracasso quando se trata de agir por pressão e isso eu tenho comprovado.

- Melhor discutirmos isso amanhã. – falou Liz se levantando. – Esta quase amanhecendo e teremos problemas se alguém descobrisse que tem meninos a essa hora em um quarto de garotas.

Nos despedimos e todos saíram do quarto deixando eu e Chrona sozinhas. Nos preparamos para dormir e depois de um tempo pensando no que poderia fazer acabei caindo no sono.

E de novo me encontrava naquele riacho com o mesmo vestido branco curto, descalça e sentada na margem do rio esperando que aquele garoto aparecesse. Não demorou muito tempo e já podia ver ele voando em minha direção com um sorriso no rosto.

Sorri também, mas quando vi as duas asas negras o sorriso desapareceu na hora. A idéia dele ser um dos filhos de Ashura começou a me perturbar e a fazer meu coração doer.

  Quando ele aterrissou na minha frente pude ver como seu sorriso desaparecia lentamente e sua expressão começou a mudar para uma preocupada.

- O que houve? – perguntou se sentando na minha frente e segurando uma de minhas mãos.

- V-você.. . – comecei, mas não sabia se era certo perguntar. Respirei fundo e falei – Você é filho do Ashura?

Ele me mirou com os olhos arregalados, mas logo depois baixou a cabeça e segurou minhas mãos com um pouco mais de força. O mirei esperando uma resposta e antes que pudesse falar alguma coisa ele me puxou para um forte abraço.

- E-eu não sei. – falou em meu ouvido enquanto apertava um pouco mais o abraço. – A-acho que sim, mas não tenho certeza. Desculpe-me, por não ser aquele que você merece, mas é que eu gosto muito de você e não quero te ver partir. Não de novo.

Pude sentir suas lagrimas começarem a molhar meu ombro e minha roupa. Podia sentir seu corpo tremer por causa do soluços. Podia sentir suas mãos apertando o tecido do vestido em minhas costas e me apertando mais contra seu corpo frio.

Sorri docemente e retribui o abraço, acariciando levemente suas costas e de vez em quando seus cabelos brancos. Esperei ate que se acalmasse para poder falar.

- Eu nunca vou te deixar. – sussurrei ternamente em seu ouvido.

Ele se afastou de golpe de mim e me mirou surpreso e um pouco aturdido. Eu apenas lhe sorri e levei as duas mãos ao seu rosto para logo depois o puxar com delicadeza ate meu peito e abraçar sua cabeça e acariciá-la de vagar.

- Não vou te deixar só por que você é filho do Ashura. – falei colocando meu rosto no topo de sua cabeça. – Também gosto muito de você e não te abandonaria por uma coisa tão banal, afinal de contas a culpa não é sua de ser filho de quem é. Alem do mais eu só fiz a pergunta por curiosidade, não queria insinuar nada.

Ele abraçou minha cintura e se aconchegou ainda mais em meus braços, respirando profundamente. Passamos um tempo assim ate que ele finalmente levantou a cabeça e mirou meu rosto com mais determinação. Arregalou um pouco os olhos e levou uma mão ate o lado direito de meu rosto e tocou de leve.

- Você é realmente ela. – falou com um pouco de alegria na voz. – Você é a...

Mas antes que pudesse terminar de falar eu acordei. Olhei para todos os lados, ainda sonolenta e vi Mosquito em cima de mim me mirando com aqueles olhos negros brilhando de animação. Acariciei-lhe a cabeça enquanto sorria docemente e me levantava lentamente.

Levantei da cama deixando Kami ainda dormindo em cima da mesma e fui ate o banheiro. Chrona ainda estava dormindo o que significava que havia acordado antes do despertador tocar. 

Despi-me e entrei debaixo da água quente do chuveiro que sempre fazia meu corpo relaxar. Lavei meu cabelo, me ensaboei e me enxagüei para logo depois sair do banheiro com uma toalha em volta do corpo. Vi a roupa que Liz havia separado para eu vestir hoje e a coloquei.

Era uma saia azul marinho bem curta, um sapato All Star azul com detalhes em vermelho parecendo estrelas cadentes de cano alto, uma camiseta vermelha escrito de preto na frente “Bad Girl” e uma jaqueta jeans de manga curta que deixei aberta. Não podia esquecer do meu medalhão que coloquei no mesmo instante já que não tomava banho com ele. E para finalizar prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto.

Fui na direção de Chrona e a acordei o mais calmamente que pude e a esperei tomar banho e se aprontar. Nesse tempo Kami acordou e começou suas brigas matutinas com Mosquito pela minha atenção. Logo Chrona saiu e vestiu uma calça jeans preta, uma blusa também preta que deixava uma boa parte das costas nuas e um tênis preto com detalhes pratas.

Suspirei e me levantei de minha cama que já havia arrumado. Hoje era o dia em que veria meu pai e minha madrasta. Claro que também veria minha irmã Kim e isso, por mais estranho que pareça, seria um alivio. Blear também viria e discutiríamos o que faríamos em relação a Ashura. Com certeza esse seria um dia cheio.

Chegamos ao salão principal que era onde iria acontecer o encontro entre pais e alunos e já podíamos ver vários alunos com seus respectivos pais. Era uma cena realmente comovente, principalmente pelo fato de que depois que somos marcados muitas pessoas começam a nos desprezar.

Vi um casal que olhou para nosso lado e sorriu. Olhei para o lado confusa e vi Chrona com lagrimas nos olhos e um sorriso extenso no rosto. Sorri também e quando ele voltou a ver-me eu apenas assenti com a cabeça indicando que podia ir.

Vi ela correndo ate aqueles que pareciam ser seus pais e a vi se jogando contra eles e abraçá-los com força. Sorri feliz por ela, mas sabia que lá no fundo sentia inveja. Queria ter uma família igual a dela, que me recebesse com um abraço ao invés de tentar mandar em mim e me fazer mudar. Suspirei, eu tive essa família feliz, mas ao parecer nunca mais teria.

- Maka!!! – ouvi a voz de Aracne atrás de mim e um calafrio percorreu meu corpo no mesmo instante me fazendo estremecer um pouco. Era a hora.

Me virei e vi Aracne junto com meu pai e Kim vindo em minha direção. Aracne vinha com um vestido branco indo ate o tornozelo com um decote na forma de “v” que aparecia boa parte de seus grandes seios, uma sandália também branca e um colar de ouro com uma cruz que ficava entre os seios. Meu pai usava uma calça social, uma blusa branca, sapatos também sociais pretos e uma corrente com uma pequena cruz. Kim usava uma calça jeans azul, uma bota branca, uma blusa também branca escrito “Deus esta em meu coração” em vermelho vivo e também tinha uma corrente com uma cruz.

Senti pena de Kim por usar aquela blusa tão brega e chamativa, e ao parecer ela estava constrangida já que apertava os braços contra o corpo tentando inutilmente esconder o escrito da blusa e com as bochechas completamente vermelhas.

Ela me olhou e sorriu, eu retribui o sorriso e logo me virei para Aracne com uma cara seria. Que não faça nenhum escândalo. Que não faça nenhum escândalo! Que não faça nenhum escândalo!!!

- Ola. – falei sem muita animação. Estava feliz em ver meu pai e Kim, mas com Aracne aqui as coisas ficavam um pouco diferentes.

- O que houve com seu rosto? – perguntou Aracne apontando para mim. – E por que esta vestida com essa roupa tão insana?

Eu apenas bufei e coloquei cruzei os braços e virei a cara para outro lado. Eu não queria escutar isso dela, queria que meu pai gritasse comigo falando que isso não era uma coisa para uma menininha vestir e coisa e tal. Mas ele nem fechou a cara, continuou serio.

- Você não tem nada haver com o que eu visto, ouviu Aracne? – falei ríspida me segurando para não dar uma resposta mais pesada.

- Olha como fala com sua mãe. – me repreendeu e trinquei os dentes ao ouvir isso. – E o que isso em sua cara e em seu braço? Por acaso perdeu completamente o juízo para fazer uma tatuagem?

Já ia lhe responder umas poucas e boas quando senti como alguém colocava a mão em meu ombro. Olhei para a dona da mão e vi Medusa com um sorriso gentil no rosto que estava completamente iluminado. Ela usava um vestido negro que amarrava no pescoço e que ia ate um pouco abaixo dos joelhos e uma sapatilha preta.

- Vocês devem ser a família da Maka. Muito prazer em conhecê-los, eu sou Medusa a administradora da escola. – falou Medusa levando uma mão ate meus pais. Meu pai a apertou com formalidade. – Devo dizer que sua filha é incrível. Tem o dom da luz e ainda é a novata que tem a marca expandida, sem falar que é uma das melhores da turma. Devem sentir muito orgulho dela.

- Mas é claro! Maka é uma garota rebelde, mas bem inteligente. – exclamou Aracne mirando a todos os lados com um olhar critico. – Gostaria de perguntar por que deixando minha filha fazer uma tatuagem?

- Isso não é uma tatuagem normal senhorita. – falou Medusa com um sorriso maior ainda. – Isso é uma amostra de coragem de Maka e como a Deusa tem fé nela.

- Isso é completamente ridículo! – disse Aracne, ou melhor quase gritou. – Isso esta condenando a alma imortal dela.

- Desculpe minha senhora, mas não acho que a senhora tenha o direito de falar isso. – falou Medusa em um tom mais autoritário. – Eu não iria a sua igreja e criticaria suas crenças, como também não tentaria mudá-las por mais que tenha respeito pelas minas. Peço que enquanto você esteja aqui não desrespeite as nossas também.

Aracne ficou com o rosto vermelho, e duvido que tenha sido de vergonha. Eu e Kim nos entreolhamos e eu fiz um sinal para sairmos de lá. Ela assentiu e começamos a sair de fininho sem que ninguém notasse, antes que Aracne desse um dos seus chiliques.

Paramos perto da mesa de comida, onde tinha dos mais variados tipos de comida e bebida. Junto com uma estatua da deusa.

- Ufa! Essa foi por pouco. – falou Kim com um ligeiro sorriso nos lábios. – Agora posso ver a Aracne que você via a anos. Uma mulher controladora e duas caras.

- Sempre falei que ela era assim. – disse mirando o teto sem realmente vê-lo, recordando tudo que passei na minha antiga vida. – Mas ninguém me escutava.

- Me arrependo. – falou pegando um pedaço de bolo. Vi de rabo de olho como ela tentava quase desesperadamente tampar aquela roupa brega.

- Toma. – falei entregando minha jaqueta para ela. – Você precisa mais que eu.

Ela agradeceu e vestiu a blusa fechando-a quase de imediato. Quase ri da cena, mas consegui me manter e peguei um pedaço de bolo para mim também.

- Gostei da roupa. – disse Kim chamando minha atenção. – Bem estiloza. Sensual e inocente ao mesmo tempo.

- Liz tem um bom gosto para roupas, mesmo que de vez em quando exagere. – falei esboçando um pequeno sorriso ao lembrar de minha amiga.

- Você mudou e continua a mesma Maka. – ouvi Kim sussurrar.

- Como assim? – perguntei a mirando curiosa. Ela parecia um pouco surpresa, acho que não esperava que eu escutasse, mas mesmo assim falou.

- Você continua com seu mesmo caráter de sempre. O de determinada e orgulhosa que não leva provocações para casa. – falou olhando distraidamente para a janela da porta que estava ali perto. Eu apenas a mirava atenta prestando atenção em cada palavra. – Mas ao mesmo tempo você mudou, conseguiu amigos e respeito.

Um silencio um pouco incomodo nos rodeou. Eu apenas pensava em como ela tinha razão. Eu havia mudado, mas continuava a mesma. Mas não reclamava, afinal quem iria reclamar com amigos tão bons e divertidos quanto eu tenho.

- E me conta. – falou repentinamente Kim com um sorriso malicioso dessa vez e me mirando direto nos olhos. – Tem algum garoto especial, ou você continua com a historia de não se apaixonar?

Corei um pouco com a pergunta e virei o rosto para outro lado. Realmente tinha um garoto que acho que me apaixonei perdidamente, acho não, tinha certeza. Mas ele era de meus sonhos e o garoto que achava que ele era parecia também ter me conquistado.

De repente ouvi Kim começar a rir sem controle. A mirei confundida, mas ela não parou de rir. Demorou algum tempo ate ela se acalmar e eu esperei pacientemente uma resposta para esse ataque repentino de risos.

- Não posso acreditar que Maka Albarm tenha se apaixonado. – disse tentando segurar outro ataque de risos.

- Eu não disse que tinha me apaixonado. – falei corando mais violentamente.

- Mas seu silencio revela tudo. Sem falar que da pra ver seu rosto ficar vermelho de longe. – droga! Esse é o problema de ser branca de mais. – Agora me diga, quem é?

- Um garoto ai. – falei desviando novamente o olhar.

- Maka...

Ela não pode terminar já que Blair apareceu ao nosso lado a interrompendo. Eu dei graças a deusa mentalmente e cumprimentei a Blair com um abraço.

- Ola Blair-san. – disse Kim com uma reverencia.

- Ola Kim. – disse Blair com um sorriso materno no rosto – E pode me chamar só de Blair ou tia Blair.

Vi o rosto de Kim se iluminar e um extenso sorriso aparecer em seu rosto. Parecia que havia ganhado o dia quando Blair disse aquilo.

- Hai!!

- Agora Maka, onde estão seus amigos? – perguntou mirando para todos os lados. – Afinal temos que conversar, e sem falar que quero conhecê-los.

- Estão por ai conversando com suas famílias. – disse comendo outro pedaço de bolo. – Não se preocupe, depois que isso esvaziar vamos poder conversar à-vontade.

- Do que vocês estão falando? – perguntou Kim confusa e mirando eu e Blair respectivamente. Uma curiosidade sobre Kim, ela super, mega, hiper curiosa.

- Contamos a ela, Maka? – perguntou Blair me mirando atentamente.

- Acho que seria melhor já que assim podemos cuidar de meu pai caso algo aconteça. – falei em um tom serio mirando a janela da porta com muita atenção.

- O que vai acontecer? Do que vocês estão falando? – perguntava Kim.

- Kim. – começou Blair sorrindo ternamente. – Não quero que se assuste, mas achamos que algo de ruim vai acontecer e acabar com tudo o que conhecemos.

- Como assim? – voltou a perguntar só que dessa vez em um tom mais amedrontado.

- Achamos que um mau antigo esta prestes a se libertar. – falou com um tom mais serio. – Ele foi aprisionado a muito tempo por pessoas da tribo que eu descendo e temos indícios de que ele pode voltar.

Kim ainda parecia não acreditar no que Blair falava. Eu já estava perdendo a paciência. Se ela não acreditasse provavelmente quando tudo acontecesse ela e meu pai estariam desprotegidos.

- Olhe no bolso esquerdo da minha blusa. – falei em um suspiro. Ela fez o que disse e pegou o papel que estava escrito a profecia e a leu, arregalando os olhos logo em seguida. – Recebi isso ontem e é o mesmo poema que tem na lenda que Blair esta tentando te contar.

- E o q-que v-vai acontecer se esse homem se libertar? – perguntou com a voz tremula.

- O fim de tudo o que conhecemos. – dei de ombros ainda olhando pela janela da porta com suma atenção. – Estamos tentando te avisar para que caso não conseguirmos deter isso você possa se esconder com o papai.

- Mas como vou saber que aconteceu? – voltou a perguntar, parecendo realmente acreditar no que estava falando.

- Os sinais estão escritos no poema. – falei apontando para o papel, mas sem desviar meu olhar daquela maldita janela. – Os céus se tornaram vermelhos e as águas escuras e sombrias. Quando isso acontecer se esconda junto com meu pai o mais rápido possível.

- E vocês?

- Tentaremos deter isso tudo. – terminei me concentrando um pouco mais em atravessar a escuridão lá fora. Agora podia ver dois olhos vermelhos brilhantes nos observando desde a escuridão. – E mais uma coisa. Nunca, em hipótese alguma fique na escuridão. Eles podem te pegar.

Um silencio incomodo tomou conta do local. Eu não podia parar de observar aqueles pontos vermelhos que parecia se multiplicar em meio a escuridão. Podia ouvir o coração acelerado de Kim, denunciando seu pavor.

Já ia lhe dizer alguma coisa para se acalmar, mas de repente ouvi um grunhido intenso que me vez desvia meu olhar para o local que havia se originado. Vi Soul saindo batendo os pés enquanto um casal mirava o local que ele havia ido com raiva e decepção.

- Me dão licença? – falei, mas não esperei a resposta. Sai correndo na direção que Soul havia sumido.

Sentia que devia segui-lo. Que precisava de ajuda e conforto. O por que eu não tinha certeza, mas tinha uma ligeira impressão de que era por causa do casal que eu vi o mirando com tanta raiva.

Corri pelos corredores da escola procurando-o, mas ao parecer o havia perdido completamente. Já estava prestes a desistir quando ouvi uma melodia. Estava um pouco abafada, mas podia ouvi-la perfeitamente.

Segui a melodia que começara a me agradar de tal maneira que comecei a cantarolar uma pequena melodia enquanto a seguia para saber sua origem. Acabei parando na sala de musicas onde a melodia era mais alta e expressiva.

Era uma melodia triste e tétrica, que te fazia sentir raiva, ficar melancólico, depressivo, mas ao mesmo tempo com uma pitada de esperança de que tudo vai mudar. Abri a porta e me encontrei com Soul sentado no piano tocando a doce e triste melodia.

Seus olhos estavam fechados com força enquanto seus dedos bailavam com uma rapidez impressionante sobre o teclado do piano. Algumas gotas de suor escorriam por seu rosto cheio de frustração e magoa.

Eu apenas observava, me aproximando lentamente. A musica começava a chegar em seu clímax e pude ver como uma pequena lagrima escorria pelo rosto de Soul, o que me fez parar em seco e o observar atônita. Ele estava tão triste assim? O que será que pode ter acontecido para ele ficar desse jeito?

Quando a musica finalmente terminou o ouvi suspirar e logo depois ele abriu os olhos. Fiz um pequeno sorriso em meu rosto e disse: - Toca muito bem. A musica era linda.

Ele levantou a cabeça surpreendido e me mirou com os olhos arregalados. Eu apenas sorri para ele esperando o melhor momento para perguntar o que estava acontecendo.

- Unf... Você é a primeira que falar isso. – disse voltando a olhar as teclas do piano.

- Serio? – perguntei surpresa. – Mas a Marie disse que você é o melhor aluno dela.

- Isso porque toco as musicas que ela quer, e não as que eu faço. – disse com um sorriso triste e acariciando os teclados.

- Pois eu gosto da musica que você cria. São muito bonitas. – falei me aproximando dele lentamente. Pude ver que usava uma calça jeans um pouco rasgada, uma blusa vermelha com botões na frente e um sapato social. – É triste, mas ao mesmo tempo bela.

Ele deu um pequeno riso sem humor nenhum e a aura escura que ele tinha em volta de se começou a aumentar, mas ao invés de ser aquela aura escura, mas ao mesmo tempo pura, era uma aura cheia de ódio e melancolia. O que me preocupou um pouco. Aproximei-me um pouco mais dele, mas antes que pudesse alcançá-lo ele começou a falar com um tom sinistro.

- Meus pais falam que não tenho talento, que sou uma desgraça para a família de músicos Evans. – seus destes afiados apareciam no sorriso que ele tinha no rosto. – E depois que eu fui marcado eles disseram que tinha arruinado toda a honra da família e que era mais que uma desgraça para eles. Agora eu era uma aberração que não deveria ter o nome Evans. Vim pra cá com a esperança de ter uma nova vida, mas acabei recebendo a mesma coisa.

  Podia sentir a dor dele na voz. Suas mãos estavam fechadas em punhos, estavam tão apertadas que parecia que ia sangrar a qualquer momento. Estava apenas alguns passos dele, mas podia sentir muito bem sua aura negra que começara a me sufocar.

  - As vezes me pergunto. – continuou. – Se eu mudasse todos iriam me aceitar. Meus pais voltassem a me amar e eu não ficaria mais sozinho.

- Mas ai você não seria você. – falei usando a ultima gota de ar que ainda tinha. Parecia que toda aquela escuridão estava me sufocando. – Se você mudasse não seria quem é agora e estaria sempre seguindo os desejos dos outros.

Comecei a sentir como aquela aura se dissolvesse pouco a pouco, me fazendo voltar a respirar. Respirei profundamente e voltei a falar.

- Sua musica é bela porque fala dos seus sentimentos. Se você mudar ela nunca será a mesma e não terá nada de especial. – cada vez ficava mais fácil falar. – Eu sei o que sente. Perdi minha mãe quando tinha apenas seis anos e meu pai casou com uma mulher totalmente dominadora. Ela sempre queria me mudar para seu jeito, mas eu nunca aceitei e com isso acabei perdendo o respeito do meu pai junto com o amor de família. Se você mudar, não vai encontrar pessoas que gostem de você pelo o que você é como eu encontrei aqui.

Soul me mirou surpreso e confuso. Eu apenas tentava recuperar o fôlego. De repente, depois que fechei os olhos, senti como era empurrada e jogada em uma parece ali perto. Abri os olhos surpresa e vi Soul me aprisionando entre a parede e seu corpo. Seus olhos estavam cheios de duvida e uma ligeira esperança que não sabia a que se referia.

- Por que você é assim? – perguntou – Por que não tem medo de mim como todos os outros?

- Talvez porque não tenha nada para temer em você. – respondi deixando de lada a surpresa. Ele segurava meus pulsos do lado da cabeça e seu corpo se prensava contra o meu, o que deixava a situação um pouco desconfortável. Soul riu sem humor.

- Você não vê essa aura que me rodeia? Você não acha que pareço com aqueles vampiros das lendas humanas? – perguntou com um sorriso arrogante no rosto.

- Sim eu vejo sua aura, mas ela não me dá medo. Pelo contrario me passa um conforto que perdi a muito tempo. – falei sincera. Não sei por que estava falando isso que guardava a tanto tempo em segredo, eles só saiam. – E se você se parece com os vampiros de lendas eu também pareço.

- Não seja tola. – disse desviando o rosto. – Você emana bondade e luz. Como alguém pode achar isso?

- Pois é a mesma coisa em relação a você.  Pode não emanar luz, mas sei que você não é mal. – falei com um sorriso. – Nem toda a escuridão traz o mau.

Ele ficou um pouco atônito. Eu apenas sorri tentando indicar que estava falando a verdade. Senti seu aperto ficar débil e fraco, mas mesmo assim não me soltei, não tinha necessidade disso.

- E... E se eu d-disser q-que quero beber seu sangue? – perguntou com a voz um pouco insegura. Surpreendi-me um pouco, mas logo voltei a sorri.

- Se quer tanto, então bebe. – falei inclinando um pouco o pescoço para que tivesse acesso ao mesmo, e já que estava de camiseta, boa parte dele estava descoberta.

Já fazia um bom tempo que sentia a necessidade de dar a ele meu sangue, não me pergunte o porque.  Eu apenas queria que ele bebesse e nada mais.

Senti-o se aproximar lentamente. Fechei os olhos no mesmo momento em que senti seus lábios frios tocando a pele de meu pescoço e o beijando ternamente, para logo depois lambê-lo, o que me passou calafrios pelo corpo, mas diferente dos outros esses eram bons.

Quando seus caninos encostaram em minha pele não pude evitar me sentir ansiosa. Mas ao parecer ele não parecia tão certo em fazer. Suas mãos apertaram meu pulso com muita força e seu corpo tremia contra o meu. Seus dentes tocavam e se distanciavam de meu pescoço a cada instante.

Depois de um tempo ele se afastou de mim com a cabeça baixa. Meus braços caíram do lado do corpo e o observei curiosa. Por que não havia feito? Não queria o meu sangue?

- N-não posso. – sussurrou, mas pude ouvir perfeitamente. – N-não posso fazer isso. Não com você.

Não entendi a ultima parte, mas a mesma fez meu coração saltar feito louco. Aproximei-me dele e segurei levemente sua mão. Ele me mirou confuso e eu apenas sorri.

- Vamos? Temos que encontrar os outros para saber o que vamos fazer. – falei o puxando levemente.

Ele apenas assentiu e saímos andando corredor a fora. Andamos em silencio ate chegar ao lugar onde acontecia a reunião. Quando chegamos, vi que a maioria já tinha ido embora, junto com meu pai, Kim e Aracne.

Eu e Soul nos aproximamos do pessoal que estava em um canto do salão. Bleck Star devorava as ultimas comidas que tinha na mesa enquanto o resto discutia. Nos aproximamos e começamos a falar sobre o assunto principal.

- Primeiro temos que saber como vão traze ele de volta. – falei pensativa.

- Tem alguma idéia Blair-chan? – perguntou Tsubaki.

- Nenhuma. Não a nada que fale que sobre o modo que ele vá despertar. Acho que ninguém pensava nisso.

- Talvez seja um ritual. – opinou Soul. – Igual ao que fazemos aqui, só que para ele e com alguma espécie de sacrifício.

- Também acho que seja isso e tenho minhas suspeitas de quem pode realizá-lo. – falei seria. – Eruka é minha principal suspeita já que ela já realizou um ritual de invocação. Ela e suas amigas devem ter algo haver com isso.

- Devemos vigiá-los só para garantir que não façam nada. – disse Kid. – Seria melhor cada grupo vigiar um. Eu e Chrona vigiamos a Meliça, Soul e Maka vigiam Eruka, Bleck Star e Tsubaki vigiam Amelia e Liz e Hero vigiam Jaqueline.

- Não podemos esquecer do Free. – falou Hero. – Ele também é super amigo de Eruka.

- Então Ragnaroki e Patty vigiam o ele. – falei para logo depois me dirigir ate Blair. – Blair você pode procurar mais informações sobre essa lenda? Tenho a ligeira impressão que esse não vai ser o ultimo que recebemos.

- Pode deixar então Maka-chan!

Depois cada um foi para seu quarto enquanto Blair ia embora. Amanhã tudo começaria.


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Notas finais do capítulo

Incrivel! Da onde eu tirei tudo isso eis a questão. Bom... Espero que tenham gostado e o proximo cap pode demorar um pouco mais pra sair Ok?

Bjsss