O Fim de Uma Era escrita por Neko D Lully


Capítulo 10
As peças do quebra cabeças se encaixam


Notas iniciais do capítulo

Esse cap ficou ginorme meu, nem eu queria escrever isso tudo. Morri x.x! Espero que gostem porque nele tem de tudo, desde a coisa mais sinstra ate as partes mais romanticas.

Aconselho a aqueles que naum tem uma mente poluida não lêm esse cap!



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O FIM DE UMA ERA

AS PEÇAS DO QUEBRA CABEÇA SE ENCAIXAM.

MAKA POV.

Meu despertador tocou com aquele som irritantemente alto me fazendo ter o impulso de tacá-lo na parede. Revirei-me na cama tentando pegar novamente no sono, mas o mesmo já havia me deixado, me obrigando a levantar da cama e ir na direção do banheiro, trombando com a parede uma vez, mas entrando no mesmo.

Despi-me e entrei debaixo do chuveiro e da água quente, me despertando completamente. Ontem a noite não havia conseguido pregar o olho. Sempre que tentava imagens assustadoras apareciam em minha mente.

Era sempre a mesma coisa. As vezes mudava um pouco, mas sempre tinha o mesmo impacto. Eu estava em um lugar completamente escuro, parecia ate estar flutuando já que nem o chão podia ver.  Podia sentir que estava nua já que sentia o vento frio chocar contra meu corpo com facilidade e causando-me um frio intenso.

De repente vejo como umas espécies de tentáculos feitos da própria escuridão saiam do chão e se enrolavam em meu corpo. Eles eram frios, mas macios e confortáveis.

Assustei-me no principio, mas logo relaxei ao sentir a tranqüilidade e bondade que ele emanava. Comecei a sentir como me acariciavam delicadamente como se eu fosse uma boneca de porcelana. Eram tão cuidadosos e gentis que me faziam gemer e sentir um prazer sem precedentes.

Eles acariciavam minha cintura, meu ventre, minhas pernas, mais especificamente as cochas. Caricias lentas e circulares que me deixavam completamente louca. Era um estase que nunca havia experimentado antes, e que me faziam pedir mais. Também senti lábios fios contra os meus, me beijando terna e apaixonadamente. Eles saiam de meus lábios beijavam minha mandíbula, desciam ate meu pescoço e roçavam meu ombro transmitindo calafrios.

Os tentáculos acariciavam minhas costas me aproximando mais do que parecia ser um corpo feito também da mesma escuridão. Cada vez mais queria que me fizesse sua, queria que me desse mais prazer ainda, queria me entregar completamente a ele. Era algo inexplicável e mágico que sentia, tão forte que não fiz nada quando os tentáculos começaram se enrolar em minha perna chegando bem perto de minha intimidade e a se enrolarem em meus seios, massageando-os.

Sentia-me tão bem, tão feliz. Mas de repente tudo acabou e aquela escuridão tão gentil e aconchegante foi mandada para longe de mim por uma bem mais forte, só que essa era malévola e selvagem. Começou a se arrastar por todo meu corpo com selvageria, me machucando de diversas formas. Gritei e tentei escapar, mas sempre que tentava era atingida no rosto ou no estomago por alguns dos tentáculos.

A brutalidade era tanta que podia sentir que minha testa e minha boca sangravam, minhas pernas doíam pelos fortes apertos que davam e já não sentia mais meus seios nem meu ventre. Uma boca também fria se juntou com a minha me beijando com selvageria e desejo, mas nem um pingo de amor ou paixão, apenas desejo. Sua língua entrou em minha boca com brutalidade e explorou toda minha boca contra minha vontade. Foi tão intenso que quando se separou eu tossi fortemente enquanto ílios de saliva e sangue saiam pelos cantos de minha boca.

Gritei, esperneei, tentei bater, chutar, morder, e ate chorei, mas nada adiantava. Tudo que ocasionava em mim eram mais dores. De repente fui arremessada com força no chão fazendo com que minha cabeça batesse com força e começasse a sangrar. Aqueles tentáculos se enrolaram em meus braços e minhas pernas, me prendendo no lugar, para logo depois começar a subir por meu corpo e explorá-lo como havia feito da ultima vez, só que pior.

Tentei me soltar, mas cada vez elas apertavam mais o aperto em meus braços e pernas, me deixando imóvel. De repente senti como um dos tentáculos escorregava por minhas pernas, subindo lentamente pelas mesmas ate chegar em minha intimidade, a qual penetrou de uma vez, me fazendo soltar um grito de dor. Podia sentir como se movia por todo meu interior, explorando aquela área tão intima minha. A cada “investida” que dava mais eu gritava e me contorcia de dor. Era a pior coisa que já havia sentido em toda minha vida.

Os tentáculos começaram a me puxar para baixo me fazendo entrar em uma espécie de lama negra, como se fosse areia movediça. Tentei sair de lá, mas com as coisas me prendendo e me penetrando era difícil, sem falar da dor que sentia. De repente vi como se fosse uma silhueta de uma mão erguida ate minha, como se quisesse me ajudar e senti uma lagrima cair em meu rosto. Meu corpo já estava quase todo dentro daquela escuridão, mas mesmo assim consegui soltar um braço e ergue-lo para cima tentando alcançar aquela mão.

Quando estava quase conseguindo segura-la senti uma dor imensa que me fez recuar um pouco a mão e ser sugada completamente por aquela área movediça da escuridão. Nesse mesmo instante acordo com a respiração agitado o com o corpo todo suado. Sempre com a sensação de ter sido usada, mal tratada e violada de uma maneira brutal. Abraçava a mim mesma tentando fazer essa sensação desaparecer, mas nada adiantava. Nem mesmo Kami que veio me consolar conseguiu me acalmar.

De vez em quando o sonho mudava um pouco. Ao invés de ser sugada por aquela areia movediça era deixada largada lá no chão como uma boneca usada e que ninguém queria mais. Meu corpo todo machucado e sangrando já não suportava mais nada. Foi quando senti mãos suaves e macias acariciando minha cabeça. As dores no mesmo instante desapareciam para dar espaço a um aconchego incrível.

Dois braços me carregavam com cuidado e mi levavam de encontro a um corpo frio que me apertava com um pouco de força e parecia tremer. Custei a descobrir que essa pessoa estava chorando e que era um homem. Por causa das lagrimas que caiam em meu rosto e por sentir seu peitoril definido.

E só depois de meu corpo relaxar e minhas ultimas forças finalmente acabarem que acordo. Esse já era um pouco melhor que o outro, mas não deixava de ser assustador. Sabia que tinha algo relacionado a lenda que Blair havia contado e também sabia que tinha algo haver comigo, com aquele garoto dos meus sonhos,  com Ashura e, de alguma forma, com Soul. Só não sabia como.

Meti minha cabeça no azulejo da parede do banheiro, o qual quebrou e fez minha cabeça sangrar, mas nem me importei. Olhei o sangue escorrer pelo azulejo branco se misturando com a água do chuveiro. Isso tudo era muito confuso e eu já estava tendo um colapso mental por causa disso. Será que nunca vou desvendar esse mistério?

Sai do banheiro com uma toalha enrolada no corpo e com minha testa ainda sangrando um pouco. Fui ate o armário e pequei uma saia vermelha, uma blusa branca e tênis brancos com detalhes pretos. Amarrei meu cabelo em duas marias-chiquinhas logo depois de penteá-lo. Chrona acordou no mesmo momento em que eu limpava o ferimento que tinha na testa e colocava um curativo.

- O que houve com sua testa Maka? – perguntou preocupada se aproximando de mim.

- Um pequeno acidente no banheiro. Não precisa se preocupar. – falei lhe sorrindo para que se tranqüilizasse. Ela estava um pouco mais pálida e tinha uma cara doente que me preocupou um pouco. – Mas e você Chrona? Esta se sentindo bem?

- Um pouco tonta nada de mais. – falou colocando a mão na testa e indo ate o banheiro. – Vou tomar um banho, acho que assim melhora.

Eu apenas assenti, mas não me sentia muito convencida. Por alguma razão sabia que isso não estava bom, mas era melhor deixar de me preocupar com isso, já tinha muitas coisas na cabeça. Sem falar que deve ser isso mesmo, uma coisa passageira.

Kami pulou em cima da mesa da penteadeira e eu a acariciei as costas. Ela ronronou e deitou na mesa fechando os olhinhos. Estranhei de Mosquito não ter vindo me ver, mas tudo bem. Devia estar com saudade de Medusa no final das contas.

Depois de alguns minutos Chrona saiu do banheiro e vestiu um short preto curto, uma blusa branca (pra variar um pouco já que só usava preto) um sapato boneca preto com uma meia fina da cor da pele, mas que era um pouco mais escura que sua pele.

Saímos do quarto e fomos direto para o refeitório onde iríamos encontrar os outros para começarmos as investigações. Havíamos planejado no dia anterior vigiar o grupinho de Eruka, que eram nossos principais suspeitos em tentar trazer de volta a Ashura. Só a idéia já me dava calafrios.

Encontramos todos já reunidos na mesa que sempre ficávamos. Dei uma ligeira espiada em onde estava Eruka e vi que a mesma conversava com as amigas, mas logo que entrei, ela parou e me mirou fixamente. Ela sempre fazia isso quando entrava? Nunca havia notado.

  Sentei na cadeira que tinha do lado de Liz e voltei a ver todos que já começavam a conversar de como iriam seguir cada um.

- Onde esta o Free? – perguntou Liz olhando para todos os lados. Ela usava uma calça jeans justa e uma blusa branca que deixava descoberto seu ventre e era bem colada ao seio. Botas de couro que eram um pouco acima do tornozelo e prendera seu cabelo em um rabo de cavalo. – Se ele não estiver aqui Ptty e Ragnariki não vão poder segui-lo.

- Tudo bem Liz. – falou Kid calmo.  Ele vestia uma blusa preta com detalhes brancos simetricamente divididos, uma calça preta e um sapato social também preto. – Ele deve estar na área de musculação. Ele sempre deu muito valor ao corpo ao invés do cérebro.

- Eruka e suas amigas estão saindo. – falou Hero, o mesmo não conseguia desgrudar o olho de Liz, não sei como viu que elas estavam saindo. Ele usava uma calça jeans de um azul desbotado, uma blusa vermelha de algodão e que tinha botões na frente e um tênis branco. – Vamos esperar um pouco e logo os seguimos. Ragnaroki e Patty saem a procura de Free.

Todos assentimos e esperamos alguns minutos ate finalmente nos levantarmos e irmos na mesma direção em que foi Eruka e sua amigas. Patty e Ragnaroki saíram a procura de Free enquanto o resto de nós nos separávamos, cada um seguindo a pessoa escolhida, já que as mesma haviam tomado caminhos distintos.

Eu e Soul seguimos sorrateiramente cada passo que Eruka dava. Era bom ter suas habilidades físicas ampliadas, já que acompanhávamos Eruka sem muita dificuldade e sem fazer nenhum barulho. Ela parecia estar indo para uma boate, desses tipos que tinha Strip e esse tipo de coisa. Ela vestia uma saia bem curta (quando digo curta é por que é curta mesmo) de um vermelho provocativo, uma blusa branca quase branca que deixava seu sutiã vermelho a mostra e uma bota de couro também vermelha.

Ela caminhava rápido olhando para todos os lados como se não quisesse que alguém a visse. Isso me deixou um pouso mais curiosa e intrigada. Continuamos a segui-la ate que entrou na floresta e penetrou na escuridão.

Não queria segui-la dessa vez. Podia sentir aqueles olhos vermelhos me mirando com atenção cada movimento que fazia, prontos para atacar. Soul segurou minha mão com delicadeza e me puxou de leve para a direção que Eruka tinha ido.

Acabamos ficando atrás de uma arvore e alguns arbustos enquanto observávamos Eruka parar de andar e sorrir extensamente. Outras das vantagens de tudo o que havia mudado em mim, podia ver no escuro com suma facilidade, o que ajudava muito nessa situação.

- Espero que não tenha feito você esperar muito. – falou com uma voz melosa e sedutora quase me fazendo vomitar e, ao parecer, a Soul também.

De repente, das sombras saiu Free que se aproximou dela com um grande sorriso no rosto. Ele era um garoto auto de cabelos castanhos, um olho da mesma cor e o outro de um símbolo estranho, pele morena e corpo musculoso. Usava uma calça jeans preta rasgada nos joelhos e uma blusa branca quase transparente.

- Não. Acabei de chegar. – ele a tomou pela cintura e a aproximou mais de se. – Agora não se preocupe com isso e façamos o que você me prometeu que faríamos.

Eles se beijaram e Free começou a passar a mão por debaixo da blusa de Eruka indo ate seus seios e os massageando por cima do sutiã vermelho a fazendo gemer contra o beijo. Ela se apertou mais contra ele enrolando seus braços em volta de seu pescoço. As pernas dela se enrolaram na cintura de Free e ele a pressionou na arvore que estávamos escondidos.

Podia ouvir os gemidos de Eruka e isso fazia com que cada vez meu estomago embrulhasse mais. Podia sentir meu rosto mudar de cor para um mais pálido e logo depois para um verde intenso. O pior é que não pude comer nada, então se eu vomitasse teria conseqüência.

Quando Free tirou a blusa de Eruka e a mesma tirou a dele não suportei mais e sai de lá em menos de um segundo. Num instante estava atrás daquela arvore quase vomitando e no outro estava sentada no chão de pedra de um dos caminhos do Shibusem e com as costas escoradas na parede tentando fazer meu estomago voltar ao normal junto com a cor do meu rosto.

Olhei de rabo de olho para meu lado e lá estava Soul, de pé com as mãos apoiadas nos joelhos e a respiração tão agitadas quanto a minha. Só espera que fosse por enjôo e não por excitação. De repente seus olhos se voltaram para mim e pude ver um pequeno tom vermelho em seu rosto... Um minuto, Soul corando? Não, isso não pode ser possível, devo estar imaginando coisas.

- Tudo bem? – perguntou com a voz um pouco quebrada por causa da respiração.

- Tudo. – falei colocando a cabeça para trás e fechando os olhos. – Só um pouco mareada e enjoada. Mas acho que estaria melhor se tivesse dormido sem ver isso.

- E pensar que eu já fiz com essa garota. – murmurou Soul em um tom quase inaudível, mas que consegui ouvir pelo silencio que estava pairando no local.

- Opa, pêra ai. Volta e para. – falei virando meu rosto para vê-lo – Você já fez isso com a Eruka?

- Por que? – perguntou com um sorriso malicioso no rosto. – Tá com ciúmes?

- Mas é claro que não! – exclamei me levantando e limpando a parte traseira de minha saia. Ta, admito, posso estar com um pouco de ciúmes por Eruka ter feito com ele e eu não... Maka em que você esta pensando? Pra com isso imediatamente!

- Ora vamos. – disse Soul me encurralado na parede e deixando nossos rostos muito próximos. – Admita que ficou com ciúmes por ela ter feito comigo e você não. – senti minha cara arder e meu coração bombear sangue mais rapidamente. – Mas sabe que isso pode mudar não sabe? – ele se aproximou de meu ouvido e mordendo ligeiramente a área um pouco abaixo dele. – Isso pode mudar rapidinho.

Senti uma de suas mãos passar por minha perna subindo lentamente pela mesma me causando calafrios. Seus lábios frios beijavam meu pescoço lentamente enquanto sua outra mão ficava em minha cintura, acariciando-a com fervor e delicadeza.

Só fui acordar do transe que estava quando senti sua mão subir minha saia e ficar a uma distancia bem curta de minha intimidade. Com uma velocidade que ate eu desconhecia, peguei um livro que estava na minha bolsa e o meti na cabeça de Soul.

- MAKA-CHOP!! – gritei logo que dei uma livrada em sua cabeça, fazendo com que caísse meio inconsciente no chão.

- Por que você fez isso?! Ate parece que nunca teve isso! – exclamou esfregando a área dolorida e me mirando com um pouco de raiva. Eu não respondi e virei o rosto todo corado para outro lado enquanto apertava mais o livro contra o peito. – Não me diga que você é... Virgem. – falou com a voz incrédula. De novo não respondi. – Não posso acreditar... E se você ficou assim quer dizer que aquele beijo que te dei aquela vez era... – Senti meu rosto arde mais e apertei com mais força o livro contra o peito. Pude ver de canto de olho como Soul dava um sorriso torto. – Mas se foi, onde aprendeu a beija tão bem?

- Eu beijo bem? – perguntei surpresa virando o rosto para encará-lo. Ele desviou a mira e se levantou limpando a calça. Acho que estava imaginando coisas de novo já que vi um ligeiro vermelho em seu rosto novamente.

- Bom... Sim. – falou rasgando a nuca nervosamente e olhando para outro lado. – Melhor que muitas garotas que já beijei. – não posso acreditar que ele estava dizendo que eu beijo bem. Isso não pode ser possível. – Agora responda minha pergunta.

Não poderia dizer a ele que tinha sonhos com um garoto muito parecido com ele e que me beijava muitas e muitas vezes. Isso é claro que não diria. Pensei por um minuto ate notar uma coisa, que mudou completamente minha linha de pensamento. Soul estava demonstrando emoções alem de indiferença. Ele estava curioso, ficou com raiva, envergonhado, nervoso e o mais incrível de tudo ele sorriu.

Ri com meu próprio pensamento. Acho que a conversa que tive com ele ontem teve resultados. O que me alegrava bastante. Afinal, é melhor vê-lo assim do que do outro jeito.

- Do que esta rindo? – perguntou confuso e curioso fazendo uma carinha fofa de duvida. Não pude evita rir novamente, isso sim eu teria que me acostumar.

- De você seu bobo. – falei sem poder controlar meus risos, chegando ate ao ponto em que lagrimas aparecessem em meus olhos. Mas não gargalhava de uma maneira exagerada, eu apenas ria, nada mais.

- De mim? – perguntou ainda mais confuso, não pude evitar rir mais. Acho que iria morrer de tanto rir agora. – Por que você esta rindo de mim?

- Ora. – falei respirando fundo para me acalmar e poder falar direito. – Você esta curioso, confuso, ficou com raiva, envergonhado, nervoso e ate mesmo sorriu!! Ate ontem eu não via nada alem de indiferença nessa sua cara. O único modo de eu saber como você se sentia era olhando você nos olhos, mas agora... Você esta demonstrando suas emoções.

- Não fique tão surpresa – falou virando o rosto para o outro lado. Eu apenas voltei a rir. – Mas fique sabendo que não vai ver isso todo o tempo. Eu ainda sou igual o que era antes.

- Disso eu tenho certeza. – falei sorrindo e parando de rir. Meu estomago já começara a doer junto com minhas bochechas, então achei melhor parar.

- E então? – perguntou me fazendo mira-lo confusa enquanto começava a andar na direção das salas. – Qual é a resposta da minha pergunta.

- É complicado falar. – dei de ombros e continuei andando guardando o livro de volta na minha mochila. – É uma coisa um pouco estranha, acho que você não entenderia.

- Tenta. – disse andando ao meu lado tão próximo que nossos braços se roçavam de vez em quando. – Vai que eu entendo.

O mirei um pouco confusa. Qual era a dessa insistência toda em saber a reposta dessa pergunta? Sem falar que esse brilho que ele tinha no olhar me deixava um pouco incomoda e... Alegre? É talvez esteja alegre por ele estar finalmente demonstrando emoções, mas acho que tem mais uma coisa por trás desse olhar e dessa alegria que sinto.

Pensei um pouco se falaria ou não ate que uma idéia surgiu em minha mente. Não sei da onde surgiu essa idéia infantil, só sei que talvez eu seja tão infantil que vá utilizá-la.

- Primeiro você vai ter que me pegar. – falei começando a correr. Soul soltou uma gargalhada e começou a correr atrás de mim.

- Não adianta tentar escapar Maka, eu sou mais rápido que você. – falou bem próximo de mim.

- Isso é o que veremos. – respondi apressando o passo deixando-o a alguns metros atrás.

Era algo infantil, sim. Mas riamos e nos divertíamos muito. Soul chegava perto de mim algumas vezes, mas quando tentava me segurar eu esquivava e voltava a correr na frente. Como já havia dito antes nossa velocidade era bem elevadas o que fazia com que as coisas passassem zunindo a nossa volta. Acho ate que quando passávamos perto de alguma pessoa ela só sentia uma rajada de ar.

Passamos pelos corredores onde ficavam as salas, mas estávamos tão distraídos que nem percebemos e continuamos correndo pelos corredores. Não parávamos de rir um minuto e quando chegamos a corredor vazio Soul conseguiu me segurar pela cintura e fazer com que os dois parecem de correr.

As risadas continuavam mesmo depois de pararmos. Soul me segurava com força pela cintura me pressionando um pouco contra seu corpo. Eu tentava me soltar ainda rindo, mas alem de estar desconcentrada, Soul me prendia com muita força não me deixando sair.

Aos poucos as risadas iam diminuindo deixando apenas as respirações ofegantes e descompassadas. Virei o rosto para o lado tentando mirar o Soul e encontrei direto com sua mirada vermelha me mirando atentamente. Podia sentir sua respiração em meu rosto me fazendo caricias leves e agradáveis.

Meu corpo relaxou e meus braços passaram por cima dos de Soul como se estivesse devolvendo o abraço. Impressionei-me ao notar que meu corpo se encaixava a perfeição no dele, e já que eu era bem menor que ele, batendo um pouco abaixo do ombro, tinha que levantar o rosto para vê-lo. Já havíamos parado de rir e nossos rostos se aproximavam lentamente um do outro.

Era incrível como perdia completamente a noção de espaço quando estávamos juntos. Não via mais nada alem de nos dois, era como se tudo tivesse desaparecido deixando um momento intimo e particular só para nós.

Quando nossos lábios estavam prestes a se tocar uma voz nos fez dar um salto e nos separar no mesmo instante: - O que vocês dois estão fazendo aqui? – perguntou Medusa se aproximando de nós.

- N-nada Medusa-sama. – falei sorrindo tímida e nervosamente, mas por dentro estava morrendo de raiva. – Estávamos indo para as aulas quando nos distraímos e acabamos passando da mesma.

- Pois podem ir para as salas agora, as aulas já devem estar quase começando e não quero que nenhum aluno mate aulas. – falou autoritária. Eu apenas assenti para logo me virar para Soul que voltara a ter o rosto indiferente.

- Nos vemos depois então Soul. – falei já começando a andar na direção das salas.

Vi como ele assentia levemente antes de começar a correr na direção em que havia vindo. Estava um pouco irritada já que Medusa havia interrompido o momento que estava ansiando... Mas o que estava pensado?! Eu queria beijar o Soul?! Não, não podia ser! Eu estava gostando dele?! AAAAHHHHH!!!! O que estava passando comigo? Primeiro sinto esse desejo enorme de dar meu sangue para ele, depois o ciúme que tive por Eruka ter feito com ele e não eu e agora esse desejo de beijá-lo como fizemos da outra vez? O que era isso tudo?

Continuei correndo ate chegar a minha sala e me sentar em uma cadeira perto de Chrona, que parecia estar muito absorta em seus pensamentos para poder me notar, coisa que eu agradecia.

Todas as aulas até o almoço eu passei pensado no que sentia e em tudo o que estava acontecendo. E cheguei em uma conclusão: estava começando a gostar de Soul. Mas isso me preocupava. Afinal também gostava daquele garoto de meus sonhos e gostar de dois garotos ao mesmo tempo nunca foi uma coisa boa. Só esperava que Soul não tivesse apenas a aparência do garoto em meus sonhas, mas que também fosse ele.

Eu e Chrona nos dirigimos ao refeitório logo que deu a hora do almoço. Eu sumida em meus pensamentos mal prestando atenção no que passava a minha volta ou no caminho que tomava. Chrona também não parecia estar muito diferente.

Chegamos ao refeitório e pegamos nossa comida que era apenas um bife, purê de batata, arroz, feijão e uma salada básica. Nos dirigimos para mesa de sempre e nos sentamos, eu do lado de Soul e Liz e Chrona do lado de Kid e Ragnaroki.

- E então? – perguntou Liz quebrando o silencio que havia tomado o lugar. – Como foram todos?

- Meliça não faz nada alem de seduzir garotos e de ficar com cada um. – falou Kid enojado enquanto Chrona ficava mais pálida do que estava esses últimos dias. – Se bobear fica com mais de um de uma vez.

- Jaqueline não faz mais nada alem de ler poesia e escrever. – falou Liz entediada. – Mas ela recita muito bem. Me fez chorar umas quantas vezes.

- Não tivemos nem rastro de Free. – falou Ragnaroki desconsertado. – Parece que ele sumiu da face da terra.

- Vocês só não o encontraram porque ele estava dando uns pegas pesados em Eruka. – falou Soul fazendo com que voltasse a ficar verde com a lembrança e empurrar o prato para longe. – Quase que eu e Maka vomitamos com a cena. Né Maka?

- Nem me lembre. – falei tentando segurar o pouco de comida que havia comido. – Só de lembra da Eruka gemendo enquanto o Free passa a mão pelo corpo dela já me deixa enjoada. Vai se saber o que eles fizeram depois que saímos

- Por favor, sem detalhes. – disse Liz com a cara bem pálida. – Não quero saber nada desse tipo de coisa que seja relacionada a Eruka.

Ri um pouco. Já não tinha mais fome. Observei cada um que voltaram a falar animadamente outros assuntos. Ate minha atenção parar em Soul. Ele tinha uma cara péssima, a pele pálida, os olhos cheios de olheiras e uma aparência doentia. Estava assim desde de manhã ou começou só agora?

- Soul. – o chamei em um sussurro. Ele me mirou com aquele olhar cansado e doentio. – Se sente bem? Tá com uma aparência horrível.

- To bem Maka, não precisa se preocupar. – falou me dando um leve sorriso, mas mesmo assim não deixei de me preocupar.

Tinha alguma coisa errada com ele, e com Chrona também, que estava no mesmo estado. De repente os dois começaram a tossir, mas era uma tosse molhada e rouca, o que me preocupou bastante. Não só a mim como aos outros também que miraram a ambos com olhares tristes.

- Acho melhor vocês irem para a enfermaria. – falei os mirando preocupada. Não queria que nada de ruim acontecesse, e sabia que se isso continuasse algo muito ruim poderia acontecer.

- Não se preocupe. – falou Soul se levantando, com a cabeça baixa e o cabelo tampando seu rosto. – Eu estou bem, só preciso descansar um pouco. Nada mais.

Ele saiu do refeitório e apenas pude mirar a direção que havia tomado com um olhar preocupado. Tudo isso... Não conseguia mais pensar direito. Eram tantas coisas para me preocupar que minha cabeça parecia estar prestes a explodir.

Depois que acabei de almoçar me levantei e fui ate a próxima sala. Chrona havia voltado para nosso quarto para poder descansar (por ordens de Kid, que estava mais preocupado que o normal) e o resto foi para suas salas. Não vi Soul desde que saiu do refeitório, o que me preocupava já que ele parecia estar muito mal.

Kami apareceu de repente na sala e deitou em meu colo. Ainda me impressiono com esse efeito que Kami tem sobre mim cada vez que esta por perto. Desde o momento em que chega ate o que eu paro de acariciá-la me sinto relaxada e todos os problemas desaparecem de minha mente. Mas hoje ela parecia um pouco inquieta e nervosa. Só depois de acariciá-la um pouco é que ela se acalmou.

As aulas passaram voando e em pouco tempo estava caminhando pelos corredores da escola com Kami em meus braços. De repente a mesma saltou e começou a correr pelos corredores. Não duvidei em sair correndo atrás dela. Ela estava muito agitada hoje e sabe se lá o que ela pode estar aprontando por ai.

Achei estranho ela parar de vez em quando para me esperar e logo depois voltar a correr. Era como se quisesse que eu a seguisse para mostrar alguma coisa. Apressei o passo para poder ver o que estava acontecendo.

Quando me virei em um corredor vi Kami parada perto de uma porta me mirando com aqueles belos olhos azuis enquanto sua calda felpuda balançava de um lado para o outro. Aproximei-me com um sorriso e a respiração agitada e a peguei no colo.

- O que você esta fazendo? Hen o gata levada? – falei acariciando-a um pouco. Mas logo parei e fiquei calada ao ouvir uma voz bem familiar.

- Não é minha culpa Medusa-sempai!  - exclamou Eruka vindo de dentro da porta que estava ali perto. Aproximei-me um pouco e me dediquei a ouvir com mais atenção. – Ele não quer mais saber de mim! Nem me deixa chegar perto, principalmente agora que ele e seus amigos estão andando com aquelas garotas!

- Não me interessa com quem ele esta andando!! – gritou Medusa com a voz carregada de ódio. – Você sabe muito bem que não podemos deixar que os dois fiquem juntos! Isso atrapalharia todos os nossos planos de trazer o mestre Ashura de volta!

- Eu sei Medusa-sempai. – falou Eruka com a voz mais baixa. – Mas o problema é aquela estúpida da Maka! Ela parece ter um jeito que o atrai mais do que eu pensava. Sem falar que parece que ela esta desconfiando de tudo!

- Eu sei. – disse Medusa pensativa diminuindo o tom de voz. – Se Ashura não a quisesse juro que já teria dado um jeito de me livrar dela. Mas já estou bolando um plano para que ela não nos atrapalhe e que finalmente possamos eliminá-la de uma vez por todas.

Meus olhos se arregalaram e não consegue ficar mais tempo lá. Sai correndo com Kami em braços. Não podia acreditar no que havia acabado de ouvir, e olha que já vinha tendo pressentimentos ruins em relações a Medusa. Mas isso eu não podia esperar.

Eliminar-me? Isso quer dizer que ela queria me matar? Mas por que? O que havia feito para ela me odiar tanto? E o que elas queriam dizer com não deixar eu e mais alguém ficarmos juntos? Qual o problema de eu ficar junto com alguém? Milhares de perguntas invadiam minha mente enquanto corria por sabe se lá a onde.

Só parei quando guando meus pulmões me exigiram ar e minhas pernas começaram a doer. Respirei fundo e olhei em volta. Estava do lado de fora do Shibusen perto do ginásio. Ainda estava de noite, e parecia que o céu estava nublado já que não havia nenhuma estrela nele. Nem mesmo a lua aparecia.

Kami lambeu meu rosto e ronronou levemente. Eu lhe sorri para mostrar que estava bem sendo que estava todo o contrario. Nunca poderia imaginar que alguém queria me matar. Sabia que era odiada por alguns, mas não pensei que podia chegar a esse ponto.

Ouvi um barulho de uma batida abafada que me chamou a atenção. Prestei mais atenção e percebi que vinha do ginásio. Não perdi tempo e entrei me encontrando com Soul com a mesma foice vermelha que havia usado na demonstração de luta no meu primeiro dia. Ele parecia treinar arduamente enquanto um gato vermelho com as patas pretas e uma mancha também preta em um dos olhos o observava com o que parecia ser um sorriso zombeteiro.

Kami miou alto ao ver o gato vermelho e pulou de meus braços chamando a atenção dos dois. Soul me mirou um pouco surpreso para logo depois voltar a ter aquele rosto serio.

- O que faz aqui? – perguntou voltando ao que estava fazendo.

- O mesmo pergunto a você. – rebati colocando as mãos na cintura e o mirando de maneira reprovativa. – Não devia estar descansando? Você estava muito mal hoje no almoço.

- Eu estou bem. – falou ríspido me surpreendendo um pouco. – Só precisava despejar um pouco a mente. 

- Ah! – foi a única coisa que consegui pronunciar. Ele estava estranho, na hora do lanche ele estava rindo e se divertindo comigo e agora esta desse jeito? O que será que aconteceu?

- E o que você esta fazendo aqui? – perguntou sem me mirar e voltando a chocar sua foice com o boneco a sua frente que não suportou mais de dois golpes e acabou se partindo ao meio. Ele esta visivelmente nervoso.

- Estava passando por perto quando ouvi um barulho estranho. – falei sem saber se dizia a verdade ou não. Tecnicamente não estava mentindo, mas mesmo assim me sentia um pouco desconfortável.

Abaixei-me para acariciar o gato de Soul que havia se aproximado. Ele tinha dois olhos vermelhos intimidadores, mas não me deixei levar e fiz um pequeno carinho nele. Mas não demorou muito para parar já que Kami apareceu e empurrou o gato vermelho, mas ao contrario de Mosquito, o qual ela empurrava para chamar a minha atenção, dessa vez ela fez para chamar a atenção do gato.

Sorri com a cena dos dois brincando e correndo para lá e para cá. Fariam um casal bem bonitinho se pensasse bem. Eram bem parecidos e podiam ate ser da mesma raça. Tinham a cauda felpuda, o pelo liso e macio, mas mesmo assim um pouco volumoso e eram um pouco pequenos.

- Como ele chama? – perguntei ainda observando os dois gatos brincando de um lado para o outro.

- Littler Demon. – falou sem dar muita importância. Ele já havia tirado o boneco rasgado do suporte e colocado outro, voltando a lutar. – Mas não se deixe enganar pelas aparências. Ele pode ser bem irritante e perigoso quando quer.

Logo que terminou de falar aquela tosse molhada e forte que ele e Chrona tiveram hoje na hora do almoço voltou, só que dessa vez era mais pesada e duradoura. Meu coração se apertou de preocupação e dei um passo em sua direção para poder ampará-lo, mas antes que pudesse chegar perto ele gritou.

- Não venha. – sua voz era ríspida, mas notava um deixe de desespero ultrapassando a tosse e a rispidez. Parei no mesmo minuto e apenas observei como ele se curvava e tentava respirar entre a tosse pegajosa.

Quando finalmente parou e tudo se acalmou novamente pensei que podia me aproximar, mas ele ficou de costas para mim e tomou minha frente logo que decidi falar.

- Vá embora. – disse em um tom baixo, mas que deu para eu ouvi perfeitamente.   

- M-mas... – tentei falar, mas ele voltou a tomar minha frente.

- Agora! – gritou me fazendo recuar alguns passos. – Quero ficar sozinho e se não percebeu você estava me incomodando!

Essa foi a gota D’água. : - Não venha me dizer que eu estou te incomodando!! O que deu em você afinal?! – perguntei gritando e com lagrimas querendo escapar de meus olhos, mas eu não permitia. Ele não disse nada. – Hoje no lanche você estava tão legal, tão divertido... E agora me trata como se não gostasse de mim!! Tentei de tudo para me aproximar de você esses últimos dias e quando pensei que estava chegando perto você me trata dessa maneira?! Pois fique sabendo que não sou igual a Eruka que aceita uma dessas e depois fica melando em cima da pessoa!! Se quer tanto que eu vá  embora eu vou, mas também não volte a olhar para a minha cara!!

Vi como ele serrava os punhos com força, mas não fiquei para ver se ia dizer alguma coisa ou não. Dei as costas para ele e comecei a andar na direção da porta que havia entrado. Kami me seguiu um pouco ressentida e triste, sabia que ela queria ficar perto do Littler Demon e eu não queria separá-la dele, mas no momento estava com muita raiva para ficar em um lugar onde não era desejada.

De repente voltei a ouvir aquela tosse molhada e rouca atrás de mim. Parei em seco e fiquei na duvida se dava a volta e o ajudava mesmo depois dele ter falado aquilo pra mim ou se sai logo de lá e nunca mais olhava para a cara dele. Ia escolher a segunda, já tinha dado ate o primeiro passo, mas acabou que a tosse piorou e não pude mais evitar esse sentimento de preocupação.

Virei-me bem a tempo de ver como ele soltava a foice e suas pernas começavam a fraquejar. Consegui correr o suficientemente rápido para poder alcançá-lo antes que caísse no chão, mas acabei perdendo o equilíbrio e caindo de joelhos no chão o abraçando com força.

Quando voltei a mirá-lo quase cai pra trás de susto. Seu rosto estava todo encharcado de sangue que saia de seu nariz, de sua boca, de seus ouvidos e ate mesmo de seus olhos. Meu coração se apertou e o medo tomou conta de mim e as lagrimas começaram a se acumular em meus olhos.

- Droga. – sussurrou Soul entre as tosse que faziam com que mais sangue saísse de sua boca. – Não queria que você visse isso.

- Você sabia? – perguntei perplexa e chocada. Como ele podia ter guardado isso esse tempo todo? – Você sabia esse tempo todo e não contou pra ninguém?!

- Já vi isso acontecendo algumas vezes então sei muito bem quais são os sintomas. – falou para logo depois voltar a tossir e esculpir mais sangue. – Não queria que ninguém ficasse com pena de mim então não disse nada. Sem falar que não suportaria os olhares alegres de todos.

- Cale a boca!! – gritei fechando os olhos com força, tentando segurar as lagrimas que queriam sair, mas era inútil. Elas escapavam pelas pálpebras e escorriam por meu rosto. – Ninguém ficaria alegre se você se fosse. Sei que tentariam ajudar e tentar evitar que isso aconteça. Eu me importaria se você se fosse!!

- Vamos Maka, não chore. – disse com uma voz cheia de ternura, mas que foi arruinado por mais um ataque de tosse, o fazendo desviar o rosto para que o sangue não caísse em mim. Mas logo voltou a falar. – Eu só estou rejeitando a transformação.

- Como não posso chorar?! – gritei enquanto mais lagrimas escorriam por meu rosto. – Você esta ai agonizando, com um pé na cova e eu não posso fazer nada!!!

Continuei chorando. O rosto de Soul ficou serio e um pouco duvidoso, como se estivesse decidindo se faria alguma coisa ou não. De repente uma mão sua foi parar em meu rosto e o aproximou um pouco do seu, chamando minha atenção, me fazendo deixar o choro de um lado por um tempo.

- Tem uma coisa. – falou para logo depois tomar meus lábios com os seus, me dando um terno beijo, cheio de carinho e... Amor?

Tentei ao máximo ignorar o cheiro e o gosto do sangue dele me concentrando apenas no beijo que ele me dava e eu correspondia sem duvidar nem um pouquinho. Mas esse pequeno momento não durou muito já que Soul teve que se separar para poder tossir mais sangue para o outro lado.

Coloquei uma de minhas mãos em seu rosto enquanto a outra ficava atrás de sua cabeça apoiando-a. Encostei nossas testas e me deixei levar pela doce sensação de sua respiração em meu rosto. Estava de olhos fechados e a única coisa em que pensava era que ele ficasse bem, que tudo isso acabasse e ele pudesse ficar do meu lado. Ou pelo menos que tudo isso foi apenas um pesadelo e que daqui a pouco eu iria acordar e tudo estaria de volta ao normal.

De repente senti como se uma grande quantidade de minha energia estivesse se esvaindo de meu corpo e indo ate Soul, que começara a ter a respiração entrecortada, como se não conseguisse respirar. Abri um pouco os olhos e vi uma luz intensa escapando de minha mão que estava no rosto de Soul que quase me cegou. Se não tivesse fechado os olhos acho que não teria agüentado.

Quando voltei a abrir os olhos me encontrei com o rosto adormecido de Soul. Não saia mais sangue de seu rosto o que me agradava muito, mas me preocupei um pouco achando que estava morto, só não entrei no desespero porque senti seu coração bater e sua respiração lenta e compassada.

- Soul? – o chamei calmamente esperando que abrisse os olhos. Coisa que demorou um pouco, mas finalmente pude ver aqueles dois olhos vermelhos que me atraiam tanto. – Você está bem?

- E-estou. – falou se levantando e se sentando enquanto eu me afastava um pouco. – C-como ainda posso estar vivo? Meu corpo... E-ele esta n-normal.

Não pude evitar o impulso que tive de abraçá-lo. Joguei-me em cima dele e o abracei com todas as forças que ainda me restavam. Escondi meu rosto em suas costas, já que ficou de costas para mim quando sentou, sentindo as lagrimas voltarem a sair por meus olhos.

Estava mais que feliz. Vê-lo bem novamente fez meu coração dar um salto de alegria e toda a fragilidade que sentia e escondia em mim transbordar para fora em lagrimas e risos de felicidade. Meus braços podiam estar fracos, mas consegui segura-lo com força.

- Vamos Maka. Não precisa ficar assim. – falou calmamente acariciando levemente meu braço, que estava enrolado em volta de seu pescoço.

- Fico feliz de você estar bem. – sussurrei pressionando um pouco mais meu rosto contra suas costas. Não sei porque estava agindo assim, com tanta fragilidade. Acho que podia ser pelo fato de quase ter visto alguém que gosto morrer bem na frente dos meus olhos. Já tinha o trauma com minha mãe morta em uma cama e agora quase que perco o Soul?

Ficamos um tempo assim ate que nós dois levantamos para ir para o quarto de Soul para ele poder se limpar de todo o sangue que havia escapado de seu corpo. Eu também não estava em melhor estado já que fiquei abraçada nele por muito tempo.

Tive que ajudá-lo a andar já que ainda parecia estar fraco e não conseguia dar nem dois passos sem quase cair. Só esperava poder encontrar os outros no caminho para poderem ajudar. Estava confusa, cansada e completamente esgotada, precisava de alguém para segurar minha barra ou então eu desmoronaria.

Chegamos ao dormitório masculino e para minha sorte as garotas estavam junto com os meninos vendo um filme que eu tinha quase certeza ser de comedia romântica, já que o poder de persuasão de Liz é muito poderoso. Tanto que pode intimidar ate o mais forte dos guerreiros.

- Gente. – chamei para que só eles pudessem ouvir. Não queria que os outros garotos vissem eu e Soul daquele jeito, vai saber o que iriam pensar.

Todos os nossos amigos olharam em nossa direção e vi como todos os olhos se arregalavam ao ver eu e Soul naquele estado. No mesmo instante todos se levantaram e correram ate onde estávamos com olhares preocupados.

- Maka, o que aconteceu?! – perguntou Liz quase tendo um ataque cardíaco. Coloquei um dedo nos lábios e falei um sonoro “Sssshhhh”. Fiz também um pequeno movimento com a mão indicando a direção que ficava os quartos e todos assentiram.

Caminhamos em silencio ate o dormitório de Soul, claro que quando passava alguém, todos se posicionavam na nossa frente e do nosso lado para que ninguém visse nosso estado, a petição minha.

No quarto de Soul o mesmo foi tomar um banho e Chrona foi ate nosso quarto pegar uma roupara para mim para que logo depois eu fosse.  Kid foi com ela só para garantir que ia ficar bem, já que ao parecer o estado dela estava piorando.

Disse para os outros que explicaria tudo depois que eu acabasse meu banho e todos nós estivéssemos prontos. Alem do mais estava muito cansada para explicar tudo de uma vez. Precisava de um tempo para recuperar as energias que havia perdido, sabe se lá como.

Quase dormi no chão (já que não queria sujar a cama de Soul) de tanto sono que sentia. Meus olhos estavam quase se fechando quando a porta do banheiro se abriu revelando um Soul com uma calça preta e uma toalha nos ombros. Seu cabelo ainda estava molhado, escorrendo um pouco para o peito dando aquela cena pecaminosa que eu vi da primeira vez que beijei o garoto de meus sonhos.

Tive que engolir sonoramente para tentar não ceder ao desejo de beijá-lo. Peguei minha roupa e entrei no banheiro, passando ao seu lado. Ele respirou profundamente e foi como se tudo tivesse passado em câmera lenta. Nossos braços se roçando e os olhos dele começando a brilhar de uma maneira mais intensa enquanto observava meu pescoço. Quando entrei no banheiro e fechei a porta pude notar um pequeno formigamento em meu pescoço bem no lugar onde Soul estava observando, na jugular.

Suspirei profundamente e me despi para logo depois entrar no chuveiro e ligá-lo. A água escorria por meu corpo tirando todo o resido de sangue que tinha nos braços e no rosto, se bobear ate na perna. Era ótimo ter essa sensação de limpeza, era como se todas as coisas ruins que estava sentindo saíssem deixando apenas as emoções boas e acolhedoras, fazendo minha energia voltar.

Depois de uns dez minutos sai do banheiro e coloquei minha roupa. Era uma saia cor creme curta, uma blusa de manga comprida de um azul claro, larga em baixo e na região dos seios um pouco apertada e que ia ate a metade do meu quadril e um tênis branco. Deixei meu cabelo solto para que pudesse respirar um pouco e sai do banheiro.

Todos estavam esperando em silencio. Liz e Patty sentadas no chão, Tsubaki e Black Star em um sofá pequeno que tinha ali perto, Hero e Ragnaroki encostados em um canto da parede, Kid e Chrona sentados no chão perto da cama e Soul sentado na cama de cabeça baixa e ainda só usando uma calça (N/A: O coisa tentadora *¬*). Esse ultimo não sabia o quanto me tentava ele estar assim. Esses músculos definidos e totalmente equilibrados ainda com esse moreno perfeito era uma tentação para qualquer garota.

Sentei-me do lado dele e vi como seu corpo ficava tenso e suas mãos seguravam com força a calça. Não entendi o porque da reação, mas decidi ignorar. Depois eu perguntava o que estava acontecendo, mas agora tinha outro assunto pra resolver.

- E ai?- começou Hero com os braços cruzados, um pé na parede e nos encarando intensamente. Ele usava uma blusa preta um pouco justa, uma calça jeans e um tênis azul. – O que houve com vocês?

Fiquei um pouco tensa no inicio pensando em como ia falar para eles o que havia acontecido, mas Soul tomou minha frente e foi direto com todos: - Eu comecei a rejeitar a transformação.

Vi os olhos de todos se arregalarem de surpresa. Soul continuou de cabeça baixa enquanto eu virei meu rosto para a janela que tinha perto de sua cama. Ele parecia não ter um companheiro de quarto já que só havia uma cama em seu quarto, e isso demonstra mais uma vez como as pessoas daqui tem medo dele. E eu ainda não entendia o porque.

- Tá, isso explica o sangue, mas como é que você não morreu? – falou Kid totalmente confuso. – Pelo que eu saiba não tem como você sobreviver depois que seu corpo começa a rejeitar a transformação.

Dessa vez Soul dirigiu seu olhar na minha direção, como se dissesse que agora era meu turno de explicar. Eu ainda podia ver aquele brilho em seus olhos me dando novamente aquele formigamento no pescoço, mas consegui ignorar e olhar para os outros.

- Não tenho certeza do que aconteceu, mas acho que eu consegui reverter à situação. – falei pensando em uma boa maneira de explicar uma coisa que nem eu mesma entendia. – Ao parecer, de alguma forma consegui transferir um pouco de minha energia para o Soul, fazendo com que seu corpo voltasse ao normal. Isso explicaria o cansaço que fiquei depois.

- Mas isso é impossível! – exclamou Hero ficando em pé corretamente. – Ninguém conseguiu reverter uma rejeição, como você iria conseguir?

Soul o fulminou com a mira, como se para advertir em não falar nenhuma besteira, mas eu me aprecei em dizer antes que rolasse uma briga aqui: - Não tenho a menor idéia do que possa estar acontecendo, mas acho que se olharmos em um dos livros da biblioteca encontraremos a resposta. Afinal, lá tem livros de desde o inicio da historia vampiresca.

- Mas faremos isso amanhã. – falou Liz se levantando do chão. – Já é tarde e vocês dois, - apontou para mim e para o Soul. – Tem que descansar. Depois de tudo o que aconteceu hoje isso é mais do que merecido. Sem falar que arrumaremos problemas se ficarmos aqui por mais tempo.

Nos todos assentimos e começamos a sair. Eu me levantei da cama com muita dificuldade já que ainda podia sentir meu corpo fraco e débil. Todos já tinham saído quando senti como Soul segurava meu pulso, me fazendo parar e olhá-lo com atenção.

- O que houve Soul? – perguntei. Ele estava de cabeça baixa com a respiração agitada e com um pouco de suor escorrendo pelo rosto. Sua boca estava ligeiramente aberta por causa da respiração, o que me permitia ver seus caninos pontiagudos aumentando lentamente.

Ia voltar a perguntar o que estava acontecendo quando de repente ele me puxou e me fez chocar com a cama, se posicionando em cima de mim logo em seguida. Suas pernas ficando entre as minhas, seus braços dos dois lados da minha cabeça, e seu rosto a apenas alguns centímetros do meu. Olhei nervosamente para porta, não queria que ninguém visse isso, porque se não estaríamos perdidos. Mas de repente uma faixa de uma sombra saída da sombra de Soul e foi ate a porta e a fechou.

Fiquei impressionada e um pouco aturdida com o que havia visto, mas logo me dei conta de algo que já devia ter notado a muito tempo. Soul tinha o dom da escuridão, e a controlava melhor do que ninguém. Voltei a mirá-lo de uma maneira mais tranqüila. Ele apertava com força os lençóis da cama, seus olhos estavam tampados pelo cabelo e seus músculos estavam tensos.

- M-maka... – disse com dificuldade, mas de uma maneira que parecia mais um pedido do que um chamado. Era como se ele estivesse pedindo permissão para fazer o que queria, como se não quisesse fazer se eu não quisesse, mesmo que isso fosse contra a vontade de seu corpo.

De repente ouvi de novo aquela voz. “Deixe”,disse a voz em minha cabeça, “ ele e você precisam disso”, e logo depois eu sabia do que se referia e estava mais que disposta a fazer. Inclinei meu pescoço para o lado indicando que podia fazer e que não me importava. Ele levou a mão ate minha blusa e puxou as mangas ate ficarem presas em meus ombros, deixando a mostra todo o meus pescoço e as alças do meu sutiã.

Soul se aproximou lentamente de mim ate ficar com o rosto a apenas alguns milímetros do meu pescoço. Podia sentir como passava seu nariz pelo mesmo inalando profundamente, logo depois começou a lambê-lo e a dar pequenos beijos por toda parte. Não podia evitar soltar pequenos gemidos de prazer e apertar um pouco os lençóis, mas quando finalmente seus caninos afiados penetraram minha pele e ele começou e beber meu sangue é que não pude me conter mais.

Senti um prazer imenso inundar meu corpo, me fazendo gemer ainda mais auto e apertar com mais força os lençóis. Entrelacei minhas pernas em volta de seu quadril querendo senti-lo mais perto de mim, as mãos dele acariciavam minha cintura com fervor enquanto aproveitava de meu sangue. Podia sentir seu membro excitado contra minha intimidade e isso me fazia gemer ainda mais.

Quando ele mordeu com mais força meu pescoço levei minhas mãos ate suas costas e as perfurei com minhas unhas, para logo depois bagunçar um pouco seu cabelo. Ele levou a mão ate debaixo da minha blusa e subiu lentamente, acariciando cada pedacinho de pele que encontrava ate chegar em meus seios, massageando-os com mais fervor e desespero.

Mordi com força o lábio inferior e gemi baixinho em seu ouvido voltando a arranhar suas costas. Mas logo tudo acabou quando ele tirou a mão de debaixo da minha blusa e parou de me morder. Ele lambeu mais uma vez meu pescoço para pegar o resto de sangue que ficara de fora e logo depois deu um ligeiro beijo no mesmo e se afastou. Tirei minhas pernas de seu quadril, mas continuei com os braços em volta de suas costas.

Nossas respirações estavam agitadas e se chocavam uma com a outra. Olhei diretamente em seus olhos ficando em um transe profundo. De repente ouvimos dois miados que chamaram nossa atenção nos fazendo virar a cabeça para o lado. E lá estava, Kami e Littler Demon deitados juntinhos em uma almofada que tinha no chão. Kami profundamente dormida enquanto Littler Demon a lambia como se fosse uma espécie de caricia. Não pude evitar rir com a cena.

- Eles se gostam mesmo. – falou Soul com um pequeno sorriso no rosto.

- É – concordei sorrindo também. Pensei um pouco, não queria acordar Kami e separá-la de Littler Demon, isso seria uma covardia. Será que Soul a deixaria ficar aqui? – Soul, posso deixá-la aqui? Não quero quebrar esse momento.

- Claro. – disse saindo de cima de mim e se sentando na cama, eu o imitei. Foi quando olhei para o relógio que tinha em cima de sua escrivaninha e vi que só faltava alguns minutos para amanhecer.

- Acho melhor eu ir. – falei me levantando e indo ate a porta. – Se não vamos acabar arrumando problemas.

Andei ate a porta, mas antes que pudesse abri-la aquele tentáculo feito de sombra a abriu pra mim rapidamente. Virei-me para ver Soul e o mesmo sorriu pra mim, eu retribui o sorriso e sai, fechando a porta logo atrás.

Andei rapidamente pelos corredores ate chegar ao meu quarto. Ainda tinha a sensação boa de quando Soul havia me mordido. Todo aquele prazer que senti quando seus caninos se cravaram em minha pele, sem falar quando sua mão foi parar em meu seio. Corei só de lembrar.

Coloquei meu pijama e me acomodei em minha cama. Antes de dormir repassei tudo o que estava acontecendo. Tentava mais uma vez encaixar as peças desse quebra cabeça, confuso. E foi em um momento desses pensamentos que um livro caiu de minha estante que ficava em cima de minha cama e caiu em mim.

Peguei o livro e o mirei com a pouca luz que era oferecida no quarto. Coisa que não era muito complicado já que com a minha visão modificada podia enxergar perfeitamente no escuro. O titulo era Habilidades Vampirescas Conhecidas na Historia. Era um nome bem grande, mas que me interessou é certo.

Sabia que esse era o livro que havia pegado a segas na livraria depois de Soul me beijar e de escapar daquele monstro sinistro da escuridão. Ainda me sentia insegura em andar no escuro por causa dele. Abri o livro e olhei o prefacio. Olhei cada capitulo que tinha nele ate que um me chamou a atenção: Habilidades Especiais e Raras.

Fui ate a pagina que estava indicada e li a introdução:

“Muitos vampiros com o decorrer da historia possuem habilidades únicas e especiais concedidas por nossa deusa Kami. Eles se destacam por serem diferentes tanto por seu jeito de ser ou por sua aparência. Aqui iremos contar um pouco sobre essas habilidades e seus efeitos.”

Continuei lendo e a cada letra que passava as coisas começavam a fazer mais sentido. Era como se tudo começasse a se encaixar. Tinha a impressão que não havia pego esse livro as segas afinal, ao parecer meu instinto havia me ajudado mais uma vez.

Fechei o livro e o coloquei do lado da minha cama enquanto me deitava e me preparava para dormir. Amanhã iria mostrar tudo para meus amigos e então esclareceríamos tudo juntos. Mas não sei o porque, mas tinha sensação que algo ia acontecer amanhã que eu não iria gostar nem um pouco.

Tentei esquecer isso e fechei os olhos. Primeiro não dormi, apenas fiquei com os olhos fechados tentando dormir, mas logo senti como alguém acariciava minha cabeça e cantarolava uma pequena melodia que eu conhecia perfeitamente. Era uma mão fria que me acariciava e ao parecer era um garoto que cantava para mim já que a voz era roca e grossa, mas ao mesmo tempo bonita. Queria acreditar que essa pessoa que estava cantando pra mim era aquele garoto de meus sonhos. Que ele finalmente sabia quem eu era e que agora esta me vigiando, cuidando de mim.

Dormi quase que imediatamente, e quando voltei a abrir os olhos estava no que parecia ser dentro da água, mas eu conseguia respirar perfeitamente. Olhei para todos os lados, mas não conseguia ver nada. Parecia não ter superfície, sem falar que não importava para onde eu virasse não via nada alem de quilômetros e quilômetros de escuridão sem fim. Estava mais que perdida naquele lugar.

Comecei a nadar sem rumo por alguns minutos ate que uma luz chamou minha atenção. Era um brilho azul claro quase branco que a cada vez que me aproximava ele ficava mais intenso. Quando fiquei perto o bastante pude ver uma espécie de bolha de luz cristalina onde dentro estava... Uma outra versão de mim?

Era como estar vendo a mim mesma só que de uma maneira diferente. Dentro daquela bolha de luz meu rosto estava completamente coberto das tatuagens brancas que só tinha do meu lado direito, meu cabelo, que flutuava para todos os lados já que estava solto, estava tão grande que apostava que passava de meu quadril, meu corpo nu era completamente perfeito, nada muito grande nem muito pequeno, meus olhos estavam fechados e podia ver como as tatuagens que tinha chegavam ate o meu quadril. Era como me ver no futuro, mas não sabia se ia ficar exatamente assim.

- Você tem que se apressar – disse uma voz que ecoava por todas as partes. – Você tem que liberar logo todo seu poder minha filha, ou se não o mundo estará perdido.

Era uma voz visivelmente feminina, mas não conseguia identificar de quem era. Nadei um pouco mais perto da minha imagem dentro da bolha e encostei na mesma, mas ao fazer pareceu que havia tomado um choque que me impulsionou para trás e fez minha mão arder barbaridade. Olhei desconfiada para a bolha que envolvia meu outro corpo, mas não ia desistir tão facilmente. Alguma coisa me dizia que se conseguisse entrar naquela bolha conseguiria decifrar e enfrentar tudo o que estava acontecendo.

Aproximei-me mais uma vez, só que com mais determinação. Coloquei a mão novamente na bolha e, mesmo levando choque continuei pressionado minha mão contra a mesma, tentando ultrapassá-la. Mas apenas consegui o mesmo resultado: ser lançada para trás e ficar com uma terrível dor na mão. Voltei novamente e empurrei minha mão contra a bolha com mais força, sentindo como começava a adentrar na mesma lentamente.

-Vamos! – me animou a voz que retumbava por todo o lugar só que com mais força. – Você consegue!! Você tem que conseguir!!

E nesse momento... Despertei. Não sei o que significava aquele sonho, mas que tinha algo haver com o que estava acontecendo eu tinha certeza. Ouvi um pequeno miado vindo da minha frente e lá vi Mosquito me mirando feliz da vida. Ele se aproximou de meu rosto e o lambeu com animação. Eu apenas sorri e me sentei na cama segurando ele em meus braços.

Foi só ai que me lembrei que ele era o garoto da Medusa, ou seja, tinha uma ligeira chance dele ser espião dela e estar sendo meu amigo só para ter informações. Não queria acreditar, mas era possível.

- Mosquito. – ele me mirou. – Quero saber se você é realmente meu amigo ou só me trata assim por Medusa.

Ele me mirou com um brilho de tristeza nos olhos, enquanto eu me segurava para não chorar. Tinha que admitir que estava ficando frágil esses dias. Chorar não era meu forte, e sempre engolia as lagrimas e encarava tudo de frente, mas esses dias me tornei muito apegada a todos e só de imaginar que alguém me trairia já partia meu coração.

- Por favor, me diga que estou errada, mas também diga a verdade. – falei já sentido algumas lagrimas escorrerem. – Ela quer me matar e espero que não esteja do lado dela e também queira isso.

Fechei os olhos com força e deixei algumas lagrimas escorrerem. Mosquito voltou a lamber meu rosto limpando as lagrimas que escorriam pelo mesmo abri os olhos e vi o que parecia ser um sorriso de gato. Ele esfregou sua cabeça e meu pescoço em uma caricia como se estivesse me indicando que estava do meu lado e não do da Medusa. Sorri e o abracei com um pouco mais de força.

Mas logo Mosquito soltou um miado de dor que me fez soltá-lo e mirá-lo com mais atenção. Percebi cortes em suas patas que antes não havia notado. Eram leves, mas mesmo assim preocupantes. Será que Medusa o estava machucando só porque ele estava do meu lado?

- Calma que eu vou te ajudar. – falei me levantando da cama e indo ate a escrivaninha. Peguei alguns curativos que estavam guardados. Enfaixei um pouco suas patas para logo depois ver Chrona sair do banheiro já vestida com uma calça jeans um pouco larga, uma blusa de frio preta e uma bota sem salto também preta que ia um pouco acima da canela. – Me espera que eu já volto. – falei para Mosquito para logo depois me levantar e ir ate o banheiro cumprimentando Chrona quando passei por ela.

Tomei um banho calmo e refrescante para logo depois sair e colocar minha roupa, que era uma saia branca, uma blusa cor creme um pouco justa, um sapato boneca branco e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, pra ficar um pouco diferente. 

Sai do banheiro coloquei o livro que havia caído em cima de mim ontem a noite na mochila e sai com Mosquito e Chrona para o refeitório. Fiquei preocupada com Chrona que parecia cada vez mais pálida e com uma expressão cada vez mais doentia. Ela continuava dizendo que não era nada, mas isso não me convencia.

Chegamos ao refeitório e eu não deixava Mosquito sair de meus braços, já que não queria que Medusa o machucasse mais.  Sentamos na mesma mesa que sempre sentávamos e deixei Mosquito brincando com Kami e Littler Demon, que pareceu ficar um pouco indignado com a presença de Mosquito.

- Ela não causou nenhum problema? – perguntei para Soul mirando os três gatos que brincavam um com o outro. Mosquito tinha um pouco de dificuldade para brincar por causa de sua pata, mas mesmo assim parecia se divertir.

- Nenhum. – respondeu Soul olhando na mesma direção que eu. – Foi ate bom ela ficar lá já que puxou toda a atenção desse peste ai. – apontou para o Littler Demon. – E finalmente pude dormir ate o horário do despertador tocar.

Ri um pouco com o comentário e continuei observando os gatos brincarem. Kami tinha muito apresso aos dois, mas se notava que gostava mais de Littler Demon, enquanto o mesmo fazia o máximo possível para manter Kami distante de Mosquito.

- Se você quiser, ela pode dormir lá mais vezes. – sugeriu Soul – Não me importaria nem um pouco.

- Mas é claro que ela pode! – falei sorrindo para ele. – E Littler Demon pode ir lá pro nosso quarto quando quiser. – fiz um pequeno movimento com a mão para o mesmo indicando que era para se aproximar. Ele veio meio relutante e eu sussurrei pra ele quando estava bem perto. – Pode ficar tranqüilo, ela só liga pra você.

Ele miou um pouco alegre e voltou para a brincadeira. Olhei em volta e notei algo diferente. Liz estava praticamente deitada no peito de Hero que a abraçava de um jeito um tanto possessivo, Kid segurava a mão de Chrona que estava mais próxima dele do que qualquer outro dia, Tsubaki estava com a cabeça encostada no ombro de Black Star que a abraçava pelo ombro e inacreditavelmente estava calado e Ragnaroki e Patty não parava de brincar juntos.

- Odeio estragar o momento. – falei chamando a atenção de todos. – Mas tenho noticias boas para todos vocês.

- E qual seria, Maka? – perguntou Kid sem se afastar nem um momento de Chrona, acho ate que podia ouvir as garotas a nossa volta trincarem os dentes de raiva.

Eu sorri com a pergunta e tirei o livro de minha mochila. Todos o observaram com confusão presente no olhar e eu suspirei resignada: - Esse livro caiu em cima de mim ontem. Havia pego ele a segas outro dia lá na biblioteca. E por incrível que pareça ele resolve a maior parte das nossas duvidas.

- Você tem certeza Maka? – perguntou Soul me mirando um pouco desconfiado. Eu lhe sorri e abri o livro no prefacio, indicando com o dedo o titulo que eu queria.

- “Habilidades Especiais e Raras”? – leu Kid em voz alta. Eu apenas assenti e já ia começar a falar quando uma voz conhecida e que passou a me transmitir calafrios por todo o corpo me fez calar.

- Maka. – disse Medusa, e por um mero impulso de instinto fechei o livro e o guardei dentro da minha balsa, para logo depois me virar para encará-la, mesmo que não quisesse.

- O-o que foi M-medusa-sempai? – perguntei com um ligeiro tremer na voz. Ainda estava um pouco traumatizada com o que havia ouvido ontem então ficar perto dela novamente era difícil.

Ela tinha um sorriso amável no rosto, a expressão iluminada de felicidade e os olhos brilhando intensamente. Ela vestia um vestido branco que cabia em seu corpo como um anel, sapatilhas pratas e o cabelo solto chegando um pouco abaixo da cintura. Forcei um sorriso e esperei que respondesse minha pergunta.

- Hoje teremos outro ritual das Almas da Noite e providenciei para que todos vejam sua primeira apresentação como líder. – falou fazendo seu sorriso aumentar ainda mais.

  - Q-que bom, eu acho. – sussurrei a ultima parte de um jeito que ninguém ouvisse. Estava mais que nervosa naquele momento. Se já não bastasse ela querer me matar também queria me humilhar? Isso estava passando um pouco dos limites.

- Tenho certeza que você vai se sair muito bem. – disse para logo depois sair andando. Eu suspirei e me deixei relaxar no banco do refeitório.

- Tudo bem Maka? – perguntou Soul com um olhar preocupado. Eu apenas assenti e suspirei pesadamente. Ontem foi um dia muito estranho e tenho a ligeira sensação de que as coisas estavam prestes a piorar.

Falei que iria mostrar o que tinha pra dizer depois que as aulas terminassem e logo depois todos nos levantamos para ir a nossas respectivas salas. Chrona tinha um singelo sorriso no rosto enquanto andávamos, enquanto varias outras meninas a miravam com ódio e muitas tinham que ser seguradas pelas amigas para não se jogar em cima da mesma.

- E ai? – perguntei chamando sua atenção. – O que aconteceu entre você e o Kid pra vocês estarem tão grudados e pra você estar tão alegre e voada?

Chrona ficou um pouco corada e balbuciou algumas coisas sem sentido ate finalmente suspirar e começar a contar o que havia acontecido.

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Chrona pov.

Depois que havíamos saído do quarto do Soul, Kid me ofereceu que me acompanhasse ate meu quarto. Fiquei um pouco relutante em aceitar já que não sabia como lidar com aquilo. Só que quando estávamos prestes a entrar no dormitório feminino Kid me puxou para um canto.

Adentramos em no que parecia ser um armário de vassouras ou algo parecido. Fiquei nervosa já que não sabia lidar com lugares apertados e escuros. E sentir o corpo de Kid tão próximo ao meu não ajudava muito a me acalmar.

Podia sentir meu rosto arder e meu corpo tremer ligeiramente debaixo dos braços dele que me envolviam pelo ombro com tanto carinho que parecia que ia me quebra se apertasse um pouco mais.

- K-kid-kun? – balbuciei em um tom quase inaudível. Não tinha coragem de levantar a cabeça para encará-lo, estava numa situação mais que constrangedora.

- C-chrona... e-eu... – ele estava gaguejando? Nem podia acreditar no que estava ouvindo. O Kid, uns dos garotos mais populares de toda a escola estava nervoso? Por minha causa? – N-não sei como te dizer isso, mas f-faz um tempo que não consigo parar de pensar em você. – i-isso era um confissão? – Você pode não ser simétrica e tudo mais, mas mesmo assim você não sai da minha cabeça.

- K-kid e-eu... – não conseguia dizer nada, as palavras estavam presas em minha garganta como se tivesse um nó na mesma.

- Perto de você eu fico sem fala, não consigo respirar direito e é como se tudo a minha volta desaparecesse e só ficasse eu e você. – falava sem me encarar. Podia sentir como seus braços me apertavam mais contra se. – Com você, é como se a simetria não tivesse importância. Eu gosto muito de você Chrona.

Não conseguia dizer nada. Ele havia acabado de se confessar pra mim. O garoto mais popular, cavalheiro, doce e educado, o garoto que eu gostava havia acabado de dizer que me correspondia, que a simetria que tanto almejava não era nada quando estava perto de mim. Isso era mais que meu pobre coração podia suportar, acho ate que ele ia sair de meu peito nesse exato momento.

- E-eu n-não s-sei c-como lidar c-com d-d-declarações. – sussurrei escondendo meu rosto em seu peito. Pude ouvir como ele suspirava e senti como ele me afastava lentamente de se. Não entendia o que ele estava fazendo, apenas levantei a cabeça para mirá-lo pela primeira vez.

- Tudo bem. Eu já esperava isso. – disse com a cabeça baixa fazendo com que seus belos olhos dourados que eu tanto gostava desaparecessem na escuridão.

Saímos daquele pequeno armário e nos posicionamos novamente na frente da porta do dormitório feminino. Queria dizer alguma coisa para ele, pelo menos dizer que o correspondia, mas as palavras não saiam. Estavam presas pela surpresa que havia levado dessa declaração tão repentina.

Ele deu a volta e quando deu um passo para ir embora eu voltei a mim e disse rapidamente: - Kid-kun. – o chamei fazendo com que se virasse para mim.

Não sei da onde tirei coragem para fazer o que fiz, só sei que quando dei por mim já estava beijando Kid com toda a paixão que sentia. Ele era mais auto que eu então tive que esticar meu corpo e ficar na ponta dos pés para poder alcançar seus lábios.

Primeiro ele não me correspondeu, mas depois de um tempo seus lábios começaram a se mover contra os meus e seus braços se entrelaçaram em minha cintura, me levantando um pouco do chão. Era nova nesse negocio de beijos, pra falar a verdade esse era o meu primeiro e sabia que Kid já havia dado vários e fiquei muito nervosa, já que não queria fazer nada errado. Deixei que meu instinto me guiasse em todo o momento que nos beijamos. Não era nada intenso. Era apenas um beijo inocente e leve, como um selinho demorado.

Nos separamos apenas por falta de ar. Podia sentir sua respiração contra a minha e como suas mãos acariciavam minhas costas gentilmente. Meus olhos ainda estavam fechados, já que temia se os abrisse tudo não passasse de um sonho e Kid desaparecesse.

- K-kid... – tentei dizer alguma coisa, mas novamente os lábios de Kid tomaram posse dos meus, me calando no mesmo instante.

- Não é mais necessário o  -kun, Chrona. Pode me chamar apenas de Kid – disse para logo depois me dar mais um beijo. – Quero te fazer uma pergunta.

- E q-qual seria Kid-k... q-quer dizer Kid? – perguntei me corrigindo rapidamente. Ele sorriu e me deu mais um ligeiro beijo nos lábios.

- Quer namorar comigo? – perguntou me fazendo ficar mais surpresa ainda. Ele sorriu com minha reação e me beijou ligeiramente na testa.Comecei a balbuciar palavras sem sentido fazendo com que Kid risse ligeiramente. – Só aceite.

Eu apenas balancei a cabeça afirmando e ele voltou a sorrir. Me deu um ligeiro abraço e depois se afastou dando um boa noite, eu retribui o boa noite, mas mesmo assim não conseguia sair do choque. Entrei rapidamente no dormitório, me preparei pra dormir e depois de algumas horas adormeci.

Maka pov.

Meu queixo caiu ao ouvir a historia de Chrona. Estava feliz por ela ter finalmente conseguido ser feliz com Kid. Dei meus parabéns a ela que ficou completamente vermelha. Kami e Mosquito me seguiam também alegres.

Entramos na sala e esperamos que a mesma começasse e ignorando os olhares assassinos que as garotas nos mandavam. Só depois fiquei sabendo que isso era porque havia soltado boatos de que eu e Soul estávamos juntos, coisa que me incomodou um pouco. Não totalmente já que bem lá no fundo gostava de pensar que eu e ele podíamos ficar algum dia. No que estou pensando?! Acho que já estou pior que Liz em relação a sonhos românticos.

As aulas passaram mais rápido do que esperava, e para o meu desespero já havia chegado a hora do ritual. Meus nervos estavam a flor da pele e meu nervosismo era mais que visível. Estava no vestiário já vestido com meu vestido negro que usei nas duas ultimas vezes.

- Maka. – chamou Tsubaki com sua doce e gentil de sempre. – Esta pronta?

- Estou. – respondi para logo respirar fundo. – Eu acho.

Sai do vestiário e me encontrei com todos os meus amigos arrumando as coisas para o ritual que enfatizando toda a escola iria ver!!! Mas tudo bem, sem pressão. Era apenas que eu ia me apresentar para todas as pessoas da minha nova escola uma coisa que eu não fazia idéia de como fazer!! 

Respirei fundo mais uma vez e comecei a contar, de um ate sabe sei lá quanto. Isso ia me matar. Via como as pessoas entravam lentamente aumentando o numero cada vez mais. Isso ia ser uma humilhação total.

- Estão todos prontos? – perguntei e todos assentiram. – Vai ser o seguinte: Eu e Soul ficamos no meio, Tsubaki  fica no lugar da água, Kid no da terra, Black Star no do fogo e Patty no do ar. Hero, Ragnaroki e Chrona cuidarão dos efeitos sonoros.

Todos assentiram e se posicionaram nos seus lugares. Antes de ir acompanhar os outros, fui ate um armazém onde estavam guardada as velas que iríamos usar. Peguei-as e coloquei-as na mesa do centro, para logo depois começar a distribuí-las para as pessoas em suas respectivas posições. Primeiro entreguei para Patty que estava na posição do ar, mas quando a mesma segurou a vela senti uma rajada de ar que fez meus cabelos soltos de esvoaçarem. Olhei para Patty e a mesma ria feliz cantarolando alguma coisa haver com o vento.

- Soul. – chamei tendo uma pequena idéia para comprovar minha teoria.- Traga um fósforo ate aqui.

Ele se aproximou um pouco confuso, com um isqueiro na mão. Peguei o isqueiro, e apressadamente acendi a vela e pude sentir a brisa leve como a de uma manha de verão e pude ver como o ar se movia agitado a sua volta. Olhei para Soul e o mesmo tinha os olhos arregalados de surpresa. Ele me olhou impressionado e eu apenas fiz sinal de que me seguisse.

Andamos ate onde estava Black Star e o entreguei a vela que representava o fogo. Senti um pequeno calor e logo que acendi a vela ele pareceu brilhar como se chamas o estivessem rodeando. Podia ate ver pequenas labaredas flutuando ao seu redor. E de repente vi como chamas o rodeavam em um pequeno vórtice de fogo. 

- YYYAAAHHHOOO!!! O grande deus Black Star é venerado ate pelo fogo!!! – gritou fazendo com que uma gota estilo anime escorresse por minha cabeça e pela de Soul.

Logo depois nos dirigimos ate Tsubaki que ainda estava meio confusa. Dei a vela pra ela e pude sentir o doce cheiro de maresia e pude senti como se ondas batessem levemente em meus pés. Depois que a acendi ela foi envolvida por água que a rodeava delicadamente.

E por ultimo fomos ate Kid, que já esperava com um sorriso no rosto. Entreguei a vela para ele e senti um cheiro doce de orvalho e como se a grama macia estivesse debaixo de meus pés. Logo que acendi a vela folhas verdes começaram a aparecer a sua volta o rodeando e trazendo e doce cheiro de terra molhada, igual ficava depois que chovia.

Virei para todos com um sorriso e anunciei em voz alta: - Vocês têm os dons dos elementos!! – todos se entreolharam para logo depois sorrirem felizes fazendo com que os elementos que os rodeavam chacoalhassem e vibrassem a sua volta.

- Minha nossa!! – exclamou uma voz que me passou calafrios por todo o corpo. Soul pareceu notar já que se aproximou de mim e segurou de leve minha mão, de um jeito que ninguém mais percebesse. Medusa entrou no templo com um vestido completamente preto justo e curto, com detalhes em dourado e vermelho. – Não imaginava que meus alunos teriam tantos dons impressionantes!!

Todos sorriram, menos eu e Soul. Ao parecer ele tinha o mesmo pressentimento que eu em relação a Medusa, coisa que eu agradecia muito já que não me sentia segura com ela. Apertei um pouco mais sua mão, já que a vi se aproximar lentamente de nós. Podia sentir meu coração bombear sangue descontroladamente, o nervosismo aumentando.

Medusa ficou do lado de Black Star recebendo toda a luz de suas chamas, que faziam com que seu corpo brilhasse ainda mais que o normal, dando um ar de superioridade. Coisa que me enjoou completamente e me fez ter mais uma percepção dela.

- Caros alunos. – disse com uma voz carregada, cheia de um poder incrível. – Temos aqui a nossa frente uma demonstração de bondade de nossa deusa. Esse alunos receberam dons incríveis que não vemos a muito tempo em tão alta escala. Se já não bastasse uma aluna ter o dom da luz temos agora mais quatro com dons incríveis. Que continuemos o ritual para vermos o que eles são capazes de fazer.

Olhei pra Soul e ele assentiu levemente. Nos dirigimos ate o meio do circulo onde estava a mesa cheia de oferendas para a deusa Kami, com uma estatua em miniatura da mesma. Segurei o isqueiro com força enquanto via os outros apagarem as velas para começarmos. Todos da escola já estavam dentro do pequeno espaço do templo e, mesmo parecendo poucas pessoas, para mim, nesse momento, eram mais de milhões me assistindo. Engoli em seco e respirei fundo.

- Boa sorte. – disse Soul do meu lado. Por que será que hoje ele passara a saber tudo o que sentia?

- Obrigada. – respondi para logo depois suspirar. – To precisando.

A musica começou a tocar e no mesmo instante lembrei da dança que Blair havia me ensinado. Fechei os olhos e me deixei levar pela doce canção que havia colocado. Podia sentir meu corpo leve enquanto acompanhava a musica lenta e de toques suaves. Não sei por que, mas de repente pensei em luz e pude jurar que meu corpo começou a emanar pequenos pontinhos de luz que me rodeavam e desapareciam enquanto avançava.

Quando a musica acabou estava posicionada na frente de Patty que tinha um extenso sorriso no rosto. Eu me aproximei mais dela e sorri também.

O ar é o que nos mantêm vivos.

É aquele que nos guia e nos acompanha.

Eu o invoco a esse circulo para que assim possamos mostrar a deusa

A grandeza desse maravilhoso elemento!

Acendi a vela de Patty e logo o mesmo efeito de antes aconteceu fazendo com que meu cabelo e o dela se chacoalhassem no ar junto com as rajadas de vento. Logo me dirige para onde estava Black Star que esperava com um grande sorriso mostrando sua ansiedade.

O fogo é a força e a destruição

Mas ao mesmo tempo é a vida e a beleza

Eu o invoco a esse circulo para que mostre seu esplendor para nossa deusa

E a mostrando o qual belo é!

No mesmo instante que acendi as chamas voltaram a rodear Black Star iluminando e aquecendo a tudo a sua volta. Logo depois me dirige para onde estava Tsubaki que esperava um pouco ansiosa minha chegada.

- Você está incrível Maka. – sussurrou ela de uma maneira que só eu poderia ouvir.

- Obrigada. – disse sorrindo para ela e logo depois voltando a me concentrar.

A água,

Aquela que nos mantêm vivos

Ela é nossa necessidade, mas mesmo assim é um mistério.

Eu a invoco a esse circulo para que demonstre um pouco de sua beleza misteriosa a nossa deusa!

Acendi a vela e a água voltou a rodar Tsubaki que sorriu. Andei ate Kid que também me esperava com um sorriso no rosto.

A terra

Nosso berço, nosso tumulo

Tudo que nasce nela um dia vai morrer nela

Eu a invoco nesse circule e mostre seu lado maternal que caracteriza tanto nossa deusa!

Logo que acendi a vela as folhas voltaram a rodear Kid que apenas sorria e mirava tudo a sua volta. Logo me dirige para onde estava Soul. Por alguma razão conseguia sentir seu nervosismo e seu desejo de que tudo terminasse rápido. Me posicionei perto dele e lhe sorri com ternura para que entendesse que tudo ia ficar bem, por mais que sentisse que seria todo o contrario.

- A escuridão e a luz. – falei acendendo as velas. – Mesmo que tão diferentes uma completa a outra e por mais que acreditemos que uma representa o mal e o outra o bem não é verdade. A luz pode também mostrar o mal e a escuridão pode mostrar seu lado puro, por isso andam juntos. Para mostrar que suas aparências enganam.

Soul me mirou surpreso e eu apenas sorri. Essas palavras eu tinha dito para mostrar o que eu via nele e porque eu não tinha medo dele. Logo deixei a vela da luz na mesa e voltei dançando todo o circulo apagando as velas de trás para frente ate que finalmente tudo acabou. Quase dou graças a deusa quando a ultima pessoa tomou o vinho e todos começaram a sair.

Respirei fundo. Já havia me trocado e pronta para ir embora com meus amigos quando ouvi uma tosse molhada vinda de trás de mim. Meu sangue gelou no mesmo instante ao perceber que era a mesma tosse que o Soul tinha quando estava rejeitando a transformação. Olhei pra trás com medo de saber quem era, por mais que eu tivesse um ligeira suspeita. E para o meu temor era exatamente quem eu pensava que era. Chrona.

Ela havia se ajoelhado no chão e tossia sem parar enquanto sangue saia de seus olhos, de seu nariz, de sua boca e de suas orelhas. Corri ate ela e me ajoelhei ao seu lado e ela caiu deitada em meus braços sem forças.

- Chrona!! – olhei para onde estavam meus amigos e vi Soul segurando a Kid para que não viesse sendo que o mesmo se debatia com o rosto cheio de preocupação e medo. Logo vi como outras pessoas começaram a se aproximar para ver o que estava acontecendo.

Um desespero se apoderou de mim ao ver aquilo. Achava que podia impedir que Chrona se fosse, mas temia que os outros vissem e isso se tornasse mais um boato a meu contra. De repente as luzes se apagaram e tudo ficou na mais pura escuridão.  Não perdi o momento e coloquei uma mão no rosto de Chrona que estava começando a entrar em desespero.

- Chrona. Fique calma, eu vou te ajudar. – falei levemente para logo fechar os olhos para me concentrar. No fundo também estava em um desespero inigualável.

Por favor, que consiga salva-la! Por favor, que consiga salva-la! Que consiga salva-la!!! Gritava em minha mente para logo sentir como minha energia saia de meu corpo e ia ate Chrona. Vi como uma forte luz me rodeava junto com minha amiga me fazendo fechar os olhos para que não ficasse sega.

Quando os voltei a abrir estava fraca, mas pelo menos conseguia sentir a respiração e os batimentos cardíacos de Chrona. Suspirei aliviada para logo sentir uma mão em meu ombro. Me virei só para me encontrar com Soul que tinha um mirada preocupada.

- Leve ela para nosso quarto. Logo estaremos lá também. – falei entregando a Chrona para ele que a carregou sem nenhuma dificuldade.

- Mas e você? – perguntou preocupado. – Está muito fraca para andar.

- Apenas a tire daqui. – falei tentando me levantar. Pude ver como ele hesitava, mas logo saiu correndo levando a Chrona.

Com minhas poucas energias invoquei o meu dom fazendo meu corpo brilhar chamando a atenção de meus amigos. Hero me carregou com facilidade e logo começaram a andar para sair do lugar.

- E onde está Chrona? – perguntou Kid preocupado olhando para todos os lados. Eu apenas lhe sorri para acalmá-lo e logo disse.

- Ela está bem. Soul a levou para o nosso quarto e logo, logo ela deve despertar. – e antes que perdesse completamente a consciência. – Mas acho melhor nos apressarmos. Ela vai estar muito fraca.

Depois cai completamente dormida. Não sei quanto tempo fiquei assim, mas quando acordei estava deitada em minha cama com Soul do meu lado, Liz limpando meu rosto com um lenço umedecido e o resto apenas me mirando só esperando que eu acordasse.

Me sentei na cama, mas tive que ser apoiada por Soul para que não voltasse a cair por causa da tontura que havia me invadido. Logo procurei Chrona com o olhar e a vi sentada em sua própria cama com receio de chegar perto de mim, e acho que faço uma boa idéia do porque.

Eu fiz um sinal para que ela se aproximasse e ela assim o fez, mesmo que um pouco hesitante. Mostrei meu pulso para ela indicando que podia mordê-lo. Ela hesitou um pouco, mas logo o mordeu com gula bebendo meu sangue lentamente. Eu mordi o lábio inferior para não soltar um gemido e amaldiçoei umas quantas vezes essa porcaria de saliva de vampiro que dava prazer. Soul me abraçou com mais força ate Chrona parar de beber e se sentar de novo na cama.

- O que foi isso? – perguntou Liz um pouco chocada pelo que havia acontecido.

- Uma pequena parte a mais do meu dom. – falei para logo depois me separar de Soul e pegar o livro que estava dentro de minha bolsa. – Aqui explica tudo. Mas como estou com a visão meio turva pelo o que aconteceu peço que alguém leia por mim.

Soul pegou o livro de minhas mãos e começou a ler em voz alta o lugar que eu tinha apontado.

“Recebemos apenas uma parte de nossos dons. Eles têm varias fazes que dependem do aumento da força de vontade de um vampiro. Esse complementos são liberados raras vezes, fazendo assim que o vampiro que a tem pareça algo mais poderoso e se destaque com os outros. A água por exemplo tem seu complemento como a cura, o fogo o de invulnerabilidade, a terra o de sabedoria e o ar o de super agilidade e flexibilidade. (ate maior do que a que já possuímos.)

Mas as mais impressionantes e raras são as da luz e da escuridão. A luz tem a capacidade da vida, podendo transferir sua energia para outra pessoa a salvando, mas claro que isso tem suas conseqüências.Depois de usar essa capacidade a pessoa que foi salva será uma espécie de guardião daquela que o salvou. Um dependerá do sangue do outro para recuperar as energias, e sua união será tão forte que um saberá o que o outro estará pensando ou sentindo.

A escuridão terá a capacidade de tirar os sentidos de qualquer um. Sua capacidade é tão perigosa que poucos ousam tê-la. Ela é capas de segar, ensurdecer, calar ou ate mesmo fazer uma pessoa parar de respirar ou sentir. É um dom tão perigoso que poucos o recebem.”

- Isso quer dizer que você completou a segunda faze do seu dom Maka? – perguntou Liz logo depois que Soul acabou de ler.

- É o que parece. – falei distraída. – E acho que sei porque tenho esse dom.

- E por que? – perguntou Soul me mirando com curiosidade.

- Porque eu sou Akemi. – falei me deixando cair na cama e fechando os olhos. Agora tudo se encaixava na minha cabeça. Um dom que fora tirado de mim a tempos atrás e que agora a deusa me devolvera, esses sonhos... Tudo se encaixava agora.

- Isso não é possível Maka!! – exclamou Tsubaki. – Ela era uma boneca. Não tinha alma, nem coração. Você não pode ser ela.

Pude sentir como Soul estava irritado. Eu apenas suspirei e olhei para o teto, duvidando se contava ou não. Tinha que falar isso logo.

- A algum tempo tenho tido sonhos estranho que são muito parecidos com a lenda que minha Blair e minha mãe me contavam quando era pequena. – comecei fazendo todos se calarem e prestarem atenção em mim. – Também já me encontrei com a deusa que me disse que tinha que descobri algo sobre mim. Se eu estiver certa, a deusa me trouxe de volta porque havia algum problema nesse mundo e que tinha haver comigo. Por isso me encaixo tão bem nesse mundo. Sem falar que é por isso que tenho esses poderes, para derrotar a Ashura.

- Mas ainda não sabemos quem vai trazer Ashura de volta. – falou Soul. Podia sentir, através do laço que parecíamos ter agora, que estava feliz por alguma razão que eu não sabia qual era.

- Eu sei quem. – falei e todos me miraram com determinação. Mas antes que pudesse dizer se quer uma palavra ouvi um pequeno barulho atrás da porta. Levantei-me e fui ate a porta, mesmo que estivesse um pouco cansada. – E acho que mais alguém gostaria de ouvir.

Abri a porta e vi como Jaqueline estava com um envelope na mão prestes a colocar no chão para passá-lo por debaixo da porta. O rosto dela ficou de um rubro intenso e ela abaixou a cabeça.

- Desculpe, não era minha intenção escutar, mas é que eu queria te entrega isso. – falou me entregando o envelope. Tinha certeza que tinha mais uma parte da profecia.

- Entre. – falei dando espaço para ela entrar.

- Você tem certeza Maka? – perguntou Kid olhando acusadoramente para Jaqueline. – Afinal ela faz parte do grupo da Eruka.

  Pensei um pouco e tentei ver o que meu instinto dizia. Não sentia nada de ruim em relação a ela então apenas sorrir.

- Acho que não tem problema. – falei para logo depois olhar para a janela com uma cara seria. – Afinal acho que todos deviam saber que Medusa é a que quer destruir o mundo.


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Notas finais do capítulo

Já falei que morri? Pois falo de novo: morri x.x! Nunca fiz um cap tão grande, deu mais de 20 paginas! 20 Paginas!! nem consigo acreditar! Nunca mais faço essa façanha. Só espero que vocês tenham tido paciencia para ler isso tudo x.x

Bjss e ate o proximo, que com certeza vai ser bem melhor.