O Fim de Uma Era escrita por Neko D Lully


Capítulo 7
Primeiro dia de aula. Um dom?


Notas iniciais do capítulo

Desculpe ter ficado sem postar por um tempo (um tempo muito grande pelo visto), mas é que estava consentrada em outras fics e essa acabou ficando para o segundo plano. Mas podem deixar que agora vou me dedicar a postar os caps com mais frequencia sem parar com as outrs. Dark World vai ficar parada por mais um tempo, mas vou terminar ela tambem.

Agora aproveitem o cap.



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O FIM DE UMA ERA

PRIMEIRO DIA DE AULA. UM DOM?

MAKA POV.

   Acordei na noite seguinte para ir às aulas que já iam começar. Estava cansada ainda já que por causa do pesadelo que me acordou as três da tarde e eu ainda demorei a voltar a dormir, com medo de ter novamente o pesadelo, não descansei direito e agora estava mais que exausta.

    Acordei com o som perturbador do despertador e o parei antes que fizesse minha cabeça doer. Encaminhei-me ate o banheiro mecanicamente. Chrona ainda estava dormindo, o que significava que poderia tomar um banho, tranqüila sem ter que me apressar para outra pessoa entrar.

    Entrei no boxe e liguei o chuveiro deixando que a água quente escorresse por meu corpo nu e que me fizesse despertar. Lavei meu cabelo, e me ensaboei para logo me enxaguar.

   Ainda não conseguia tirar aquele sonho da cabeça. Foi tão maravilhoso e assustador. Mas o que me deixava mais confusa é se aquele garoto era mesmo aquele que estava no refeitório, o Soul. Eram muito parecidos. A única diferença era que o garoto dos meus sonhos e aquele que havia encontrado na festa eram muito educados e preocupados e Soul parecia ser totalmente diferente. Parecia ser solitário e do tipo que não fazia muitos elogios.

   Mas ainda assim havia algo em Soul que era muito semelhante no garoto em meus sonhos alem da aparecia. E isso era o sentimento que despertava em mim, me fazendo pensar nele toda hora, que meu coração bata forte quando o olho ou quando me encontro com seus olhos rubis e queira com todas as minhas forças tira-lo daquela solidão.

    Balancei a cabeça tentando parar os pensamentos que escorriam como água em minha cabeça. Desliguei o chuveiro e enrolei a toalha em meu corpo.

    Sai do banheiro e fui ate meu armário pegar uma roupa para poder ir para meu primeiro dia de aula. Escolhi uma saia jeans azul, uma blusa branca de mangas curtas e uma jaqueta por cima branca com detalhes azuis. Para finalizar uma bota preta de couro que chegava ate o joelho, de plataforma baixa. Não sei usar aqueles saltos altos fino. Alem de me incomodar não consigo me equilibrar no mesmo.

    Vesti-me rapidamente para depois me olhar no espelho de corpo todo que tinha na porta do armário. Estava bom, não muito exagerado nem muito simplório. Meu medalhão ainda estava em meu pescoço, com a lua negra se destacando na roupa branca e fazendo aparecer a rosa branca.

     Uma das coisas que mais gostava nesse medalhão era isso. Um símbolo parecia complementar o outro em perfeita harmonia, como se fosse para isso que existissem.

     Minha mãe me contou uma historia que, só depois de algum tempo percebi que era a historia desses dois símbolos, por que eles haviam sido feitos assim. Ela também me contou que esse medalhão foi passado de geração em geração ate chegar em mim. Minha mão disse que ninguém da família sabe a idade exata dele, mas que reza a lenda que foi feito para simbolizar um casal que não pode ficar junto.

     Toquei de leve a lua negra. Sempre senti pena desse casal que foi separado, mas sempre tive mais pena da lua que viu sua amada rosa ser destruída e tirada de se.

      Nesse instante a imagem do meu sonho\pesadelo veio a minha mente. A sena em que aquele homem me pegava a força e me violava com aquele garoto vendo tudo e não podendo fazer nada. Apenas agoniar por mim. Era bem parecido com a história que minha mãe havia me contado. Será que era isso que Kami queria que eu descobrisse? Era isso que se referia tudo isso?

       Suspirei cansada para logo me virar e ir acordar a Chrona que ainda estava profundamente dormida. Tinha que parar de pensar nisso antes que acabe enlouquecendo de vez.

       - Ei Chrona! – a chamei mexendo seu ombro levemente. Ela gemeu um pouco e abriu os olhos com preguiça. – Acorda dorminhoca, ou vai acabar se atrasando para a aula.

      Ela se levantou lentamente coçando os olhos levemente. Começou a ir na direção do banheiro cambaleando ate fechar a porta. Sorri de canto e fui ate a gaveta da penteadeira pegar uma escova para pentear meu cabelo.

      Demorei uns cinco minutos só penteando o cabelo. Não que ele estivesse muito embaraçado, nunca tive esse problema com ele, mas que acabei me distraindo. Acabou que prendi meu cabelo em duas marias-chiquinhas. Gostava dele preso assim desde criança quando minha mãe o prendia.

      Suspirei novamente. Sentia tanta a falta dela e por ter ido quando eu era tão nova não tenho muitas lembranças dela. Mas as que tenho são as melhores.

      Nesse instante Chrona saiu do banheiro usando uma saia negra que quase chegava ate os joelhos, uma blusa preta justa com um jaqueta também preta de moletom justa por cima e um sapato boneca com meias finas marrom.

      - Vamos? – perguntei sorrindo. Ela apenas assentiu e saímos levando nossas bolsas com os materiais.

      Fomos para o refeitório tomar o café da manhã e tomei uma surpresa ao chegarmos. A mesa estava cheia de sereias e jarras de leite. Dava para escolher qual tipo de cereal iria comer, sem falar nas diversas frutas que também tinham.

     Pequei um Nescal, enchi minha tigela e coloquei leite, logo fui para mesa e me sentei com as outras que nos esperavam. Todas comiam um cereal diferente, exceto Liz que comia uma maça. De acordo com ela, era para não engordar.

     Eu realmente não me preocupava com isso. Nunca tive tendência a engordar, coisa que agradecia e muito. Uma vez comi um prato cheio com todo tipo de carne e não engordei nenhuma grama. Meu pai achou esquisito no começo, mas logo esqueceu.

      Depois de lancharmos fomos na direção das nossas classes. Mas ao parecer elas tinham aulas diferentes da minha.

   - Deixa ver se entendi. – falei caminhando pelo corredor. – Você – falei apontando para Liz – A Patty e a Tsubaki são um “grau” maior que eu e Chrona.

     - Não é tão complicado Maka-chan. – falou Tsubaki sorrindo. – São quatro etapas, cada uma é representada com um símbolo. O do primeiro ano é representado com o símbolo de uma alma. O do segundo é representado pelo castelo da deusa. O terceiro por uma estrela e o ultimo é representado pela imagem da deusa abraçando uma alma.

    - E onde estão esses símbolos? –perguntei curiosa.

    - Estão em algumas jaquetas da escola que nos dão desde quando chegamos. – falou Liz sem dar muita importância. – Você não recebeu?

    - Bom... Não sei. – dei de ombros. – Se recebi eu não vi.

    - Que seja. A primeira aula de vocês é qual? – voltou a perguntar Liz enquanto sua irmã ria distraída observando uma mosca ou um gato que passava.

   - Artes marciais. – falei olhando para o folhetinho na minha mão. Ate que outro gato passou correndo por mim. – Esses gatos vão acabar me derrubando.

    - N-não s-se preocupe M-maka. – falou Chrona timidamente. – V-você s-se a-acostuma.

   Depois de um tempo andando Liz, Tsubaki e Patty tiveram que se separar de mim e de Chrona já que já haviam chegado em sua sala. Chrona me levou ao que parecia um ginásio grande, com pista de corrida, de ginástica e uma especialmente para luta, com vários instrumentos de batalha.

    Fiquei impressionada com o tamanho do ginásio, mas Chrona logo me tirou dos meus pensamentos para me levar ate a área que estava reservada para batalha onde havia varias outras pessoas.

    Ficamos na frente de alguns alunos e vimos um homem de aparência meio morta, sua pele era da cor azul e as tatuagens que passavam por seu rosto era de um safira brilhante que parecia formar armas apontadas para todos os lados. As tatuagens só iam ate metade do rosto, mas pareciam descer ate seu braço. Ele usava uma calça preta de moletom, com uma blusa azul de manga cumprida e um sapato preto.

     - Bem vindos alunos. – falou o homem com uma voz grossa. – Para aqueles que não me conhecem, meu nome é Sid e eu dou aula de artes marciais. Para a primeira aula eu queria fazer uma demonstração com um dos meus melhores alunos. Soul pode entrar.

     Todos nos olhamos para a porta que tinha atrás de Sid e vimos como aquele garoto de cabelos brancos e semblante sério entrava e começava a caminhar na nossa direção com as mãos no bolso e a coluna meio curvada.

     Quando ele entrou todas as meninas que estavam na sala começaram a cochichar coisas como: “Ele não é lindo?” ou “Essa aura negra dele da medo, mas é um fofo”, ate Chrona se escondeu atrás de mim tremendo. Eu não tinha medo dele, nem sabia realmente o que sentia na presença dele, mas sabia que não era medo, pavor e muito menos pânico.

     O fiquei mirando diretamente quase sem piscar. Mas ao contrario daquelas garotas que sorriam maliciosamente para ele eu o mirava séria. Estava tentando achar alguma diferença nele do garoto que sonhei, mas não havia nenhuma. Eram iguaizinhos, mas não podia ser ele. Ou podia? Realmente não sei. E se fossem o que deveria fazer? Ir ate ele e falar que eu era a garota que ele poderia estar sonhando? Acho que não.

     Ele usava uma calça jeans, uma blusa de manga curta vermelha, com uma jaqueta preta por cima e tênis pretos com detalhes vermelhos. Ele parou do lado de Sid e mirou a todos ate que seus olhos pararam nos meus. Depois disso já não pude mais piscar ou desviar o olhar. Era incrível como esses olhos vermelhos me atraiam igual a um imã.

    - Bom... – voltou a falar Sid – Eu e Soul vamos fazer uma pequena demonstração. Quero que observem bem.

   Cada um dos dois se dirigiu ate uma arma e a pegaram. Soul pegou uma foice de cabo de prata e a lamina vermelha. Sid pegou uma Katana com a lamina prata que brilhava por causa da luz do lugar.

    Os dois se colocaram na posição de batalha para logo começar. E, por mai incrível que pareça, eles pareciam estar equiparados. Era incrível como moviam as armas com tanta agilidade e destreza que era quase difícil de acompanhar.

     Quando terminaram, fiquei ainda mais impressionada do que antes. Soul havia ganhado. De alguma forma ele conseguiu tirar a arma de Sid e posicionar a foice no pescoço dele. E o mais incrível é que Soul não parecia estar nem um pouco cansado enquanto Sid estava exausto! Eles se separaram e se reverenciaram ao mesmo tempo.

    - Muito bem Soul. – falou Sid logo depois que ergueu o corpo. Logo depois ele se girou para nos. – Alguém quer tentar enfrentá-lo?

   Todos ficaram caladas, olhando uns para os outros na esperança que um deles se pronunciasse.

   - Bom... Já que na tenho voluntários vou escolher um. – pude ver como todos ficavam nervosos e tensos. – Maka. – chamou Sid me tirando de meus pensamentos. – Por que você não tenta? Vamos ver se a deusa te presenteou com mais alguma coisa.

   Encaminhei-me ate o Sid e Soul meio hesitante.

   - Pode escolher uma arma. – falou Sid. Eu apenas assenti com a cabeça e fui ate onde estavam as armas.

   Olhei para cada uma delas tentando escolher a melhor para mim. Mas guando já ia pegar uma espada uma voz me sussurrou: “Não. Peque a foice”. Eu me afastei da espada e me dirige para pegar uma foice que estava um pouco mais longe. Ela tinha o cabo de prata com detalhes em preto sobre ele todo que pareciam formar flores e com a lamina parecendo ser feita de vidro. A pequei e me dirigi ate eles.

   - Ótimo. – falou Sid com um sorriso. – Agora fiquem em posição.

   Eu e Soul nos posicionamos e esperamos o sinal do Sid para começarmos. Estava completamente nervosa. Não sabia lutar, nunca havia lutado na minha vida então estava mais perdida do que nunca.

   “Calma” sussurrou novamente a voz em minha cabeça “Apenas deixe seus instintos te guiarem”. Nesse mesmo instante meu corpo todo relaxou e já me sentia preparada para lutar.

   - Comecem. – ouvi Sid falar, mas não tive muito tempo para pensar já que Soul me atacou.

  Como aquela voz me disse me deixei ser guiada pelo instinto. Esquivei do ataque e contra-atraquei, mas como o esperado ele desviou. Tentei atacar de novo, mas ele se protegeu com sua própria foice. Encaramo-nos para logo empurrar um ao outro para trás.

   Ficamos assim por um bom tempo, o mais incrível é que mesmo estando de saia conseguia lutar tranqüila. Ate que ele me derrubou e se posicionou em cima de mim com a foice em meu pescoço. Só não podia dizer que ele tinha ganhado porque minha foice também estava em seu pescoço.

   Ficamos mirando um ao outro atentamente, com a respiração agitada e os rostos a centímetros de distancia.

  - Ótimo, ótimo. – falou o professor. Soul saiu de cima de mim e logo depois estendeu uma mão para me ajudar. Eu aceitei com um sorriso e ele me ajudou a levantar desviando o olhar. – Foi ótimo! Maka onde aprendeu a lutar assim?

  - Pra falar a verdade nem eu sei. – confessei com um sorriso constrangido.

  Ao parecer Soul percebeu que estávamos ainda de mãos dadas, coisa que nem eu me dei conta, e soltou minha mão com rapidez.

   Nesse instante o sinal bateu e todos começaram a sair. Soul já havia ido embora então fui ate Chrona que me esperava na porta e andamos ate nossa próxima aula: Sociologia vampiresca.

  Entramos na sala e nos sentamos um pouco mais ao fundo. Suspirei cansada voltando minha atenção para o teto. Tanta coisa estava acontecendo vindo com varias perguntas que eu não sabia a resposta.

   - M-maka. – chamou Chrona me fazendo virar para vê-la – C-como v-você fez aquilo? Como derrotou o Soul?

  - Eu não o derrotei. – falei voltando a ver o teto. – Nós empatamos.

   - Mesmo a-assim Maka. – insistiu Chrona. – Nem o p-professor Sid conseguiu ao menos cansá-lo. E você empata com ele? Como consegui?

   - Realmente Chrona eu não faço a mínima idéia. – fechei os olhos – A única coisa que sei é que me deixei guiar pelo instinto.

   - Isso é estranho. – falou Chrona pensativa.

   Essa palavra de novo: “estranho”. Ela sempre me incomoda. Olhei para Chrona interrogativa e perguntei.

   - Por que estranho? – tive que forçar minha voz para que ela não saísse esganiçada. Tirei minha jaqueta já que desde que lutei estava sentindo muito calor.

   - Bom... normalmente as mulheres tem instintos de liderança ou coisa parecida, são os homens que tem instintos de batalha. – falou.

  - Hum. – foi à única coisa que consegui pronunciar para logo depois voltar a cair em pensamentos.

   De novo me sentia uma aberração. Era incrível como quando eu tento ser normal e algo assim acontece. Juro que se mais alguma coisa desse tipo acontecer eu desisto da vida, porque não é possível que eu seja esquisita em todos os sentidos.

   Só fui tirada de meus pensamentos por barulho de salto altos se aproximando da nossa sala. Todos se aquietaram e se acomodaram corretamente nas cadeiras. Eu apenas mirava a porta esperando o que quer que fosse que iria passar por elas.

    Nesse momento Medusa-sensei entrou na sala com um sorriso estonteante no rosto e segurando alguns livros um pouco grossos.

    - Bom dia alunos. – falou aumentando ainda mais seu sorriso. – Hoje vamos estudar nossa influencia no mundo humano.

    Pude ouvi como muitos reclamavam, mas logo se calaram quando Medusa deixou os livros caírem em cima de sua mesa fazendo um barulho estrondoso.

    - Vamos começar com a medusa. – falou fazendo alguns rirem. – Alguém pode me dizer como ela é retratada nas lendas humanas?

   Vi como ninguém respondia uma pergunta, que para mim era fácil. Respirei fundo e levantei a mão.

    - Ah, Maka! Que bom que se ofereceu. – disse Medusa com um sorriso de orelha a orelha. – E qual é a resposta?

    - Medusa é retratada na mitologia grega como uma mulher bonita só que ao mesmo tempo assustadora. – comecei confiante. Uma vez li um livro sobre a mitologia grega e agora sabia muita coisa sobre a mesma. – Mas ao invés de ter cabelos ela tinha cobras em sua cabeça e se alguém a olhasse nos olhos viraria pedra.

   O sorriso de Medusa diminuiu para logo virar um forçado. Eu me mantinha séria ignorando o olhar de todos sobre mim.

   - Certo. Muito bem Maka! – falou com um falso tom de orgulho. – Medusa foi feita por essa imagem pelos humanos por causa do dom que Kami lhe deu, que foi o dom da terra. Mas os humanos lhe deram essa má fama mais uma vez.

   Levantei a mão novamente. Havia uma duvida me incomodando.

   - Sim Maka. – voltei a baixar a mão quando ela me mencionou.

   - Por que os humanos odeiam tanto os vampiros? Por que fazem de tudo para manchar nossa reputação, tanto na historia como na sociedade?

   Todos me olharam surpresos, mas eu não me intimidei. Desde pequena lia livros de vampiros e todos eles falavam que eles eram demônios que matam os humanos e sedentos de sangue. Mas agora vejo que eram só lendas, mas para que toda aquela invenção?

   - A vários motivos para isso. – falou Medusa. – Um deles seria o temor por sermos melhores que eles e mais fortes, mas um dos principais motivos é a Carimbagem.

   - Carimbagem? – perguntei sem entender.

   - Diferente do que conta as lendas de vampiros, quando um vampiro bebe o sangue de um humano ele não vira um vampiro, mas pode acontecer uma ligação entre os dois. – falou sentando-se em sua cadeira. – A saliva de um vampiro tem uma espécie de toxina que emite prazer tanto ao humano quanto ao vampiro, mas também deixa os dois ligados de uma certa maneira. O humano sente o que o vampiro que o carimbou também sente, alem de saber como está e de vez em quando seus pensamentos.

    - E é por isso que eles criam essas histórias, mitos? – perguntei para confirmar. 

    - Sim. Os humanos têm medo de serem controlados por nós, por isso eles se mantêm distantes e causam tanta confusão.

    - E essa carimbagem pode acontecer entre dois vampiros? – perguntou uma garota de cabelos negros longos que estava na minha frente.

    - Quando se trata de um novato com um vampiro adulto, sim. Vai haver a carimbagem. – respondeu Medusa séria.   

   O resto da aula eu passei pensando no que Medusa havia falado, tanto sobre a carimbagem quanto sobre o medo dos humanos.

   Depois que a aula acabou eu arrumei minhas coisas e comecei a andar para fora da mesma quando Medusa me chamou.

    - Algum problema Medusa-sempai? – perguntei confusa.

    - Não Maka, só queria te avisar que faremos um ritual depois da aula para homenagear a deusa Kami. E depois terá uma reunião das Almas da Noite e eu queria que você participasse. Ela é logo depois da homenagem.

    - Eu irei Medusa-sempai. – falei meio hesitante. Alguma coisa me dizia que ai não tinha coisa boa, mas que devia ir.

    - Ótimo! Eruka te mostrará onde é. – falou com um grande sorriso no rosto que me deixou um pouco assustada. – Agora pode ir. É hora do almoço e não quero que se descuide.

    Fiz uma pequena reverencia e sai da sala indo direto para o refeitório. Pequei uma bandeja e me servi com o que tinha. Peixe com limão acompanhado de uma salada.

    Logo depois me dirigi para a mesa em que as garotas estavam sentadas e guardavam um lugar para mim.  Sentei-me ao lado de Chrona que comia tímida.

     - Maka. – chamou Liz um pouco entusiasmada de mais para meu gosto. A olhei meio duvidosa esperando pelo que viria. – É verdade que você derrotou o Soul?

    Por que não estava surpresa com essa pergunta?

     - Não o derrotei. Eu empatei com ele. – a corrige.

     - Mesmo assim! – exclamou eufórica – Ninguém nunca conseguiu nem cansá-lo, ainda mais empatar com ele. E você conseguiu as duas coisas. Como? Onde aprendeu a lutar desse jeito?

      - Para ser sincera eu nunca lutei na minha vida, muito menos encostei em uma arma, seja ela qual for. – falei dando de ombros. – A única coisa que eu fiz lá foi agir por instinto. Nem sei se posso fazer de novo.

      Todas elas me miraram tanto surpreendidas quanto impressionadas. Levei uma colherada com um pedaço de peixe na boca quando me lembrei de uma coisa.

      - Ei. – chamei logo depois de engolir o pedaço de peixe. Chamando a atenção das garotas. – Medusa me disse que vai ter uma espécie de cerimônia hoje e uma reunião das Almas da Noite. Quem são eles?

      Todas se entreolharam com uma cara de temor e pânico para logo depois voltar a me ver com pena.

     - As Almas da Noite são o grupo de alunos mais respeitados daqui. – falou Tsubaki meio melancólica. – Eruka é a líder de todos. Todo o grupinho dela junto com os garotos ali. – mostrou o grupo de Soul. – junto com mais algumas pessoas fazem parte dele.

     - Droga. – falei irritada ao saber que Eruka estava nele. – Se eu soubesse disso não teria aceitado o convite da Medusa.

     - Que convite Maka? – perguntou Liz curiosa.

     - Ela pediu para eu ir nessa reunião deles logo depois da cerimônia. – falei desanimada. – Bom... Acho que vou dizer para ela que não vou mais.

     - Não Maka! – todas olhamos para Liz que tinha os olhos brilhando.

     - E por que não Liz? – perguntei confusa.

     - Porque, talvez, com você lá dentro as coisas por aqui mudem. – falou como se fosse a melhor idéia do mundo.

      - Como assim “mudem”? – voltei a perguntar.

      - A muito tempo esse pessoal das Almas da Noite vem atormentando pessoas que não fazem parte do grupo, se achando o máximo. Claro que à suas exceções, mas a grande maioria é assim. – explicou. – Acho que com você lá as coisas podem melhorar.

     - Mas o que é que eu poderia fazer? – perguntei quase em pânico. – Sou como qualquer outra pessoa aqui. Se ninguém conseguiu mudar eles por que eu conseguiria?

     - Maka, ate agora você não notou? – rebateu Liz meio decepcionada.

    - Percebi o que? – perguntei confusa.

    - Que você é especial. – falou Tsubaki no lugar de Liz. – Você não é como qualquer um aqui. Você é diferente, e só a maneira como seu corpo brilha e a marca em seu pescoço, já mostram isso.

    - Maka brilha! Maka brilha! – cantava Patty com um grande sorriso no rosto e rindo a gargalhada.

    O almoço acabou e eu ainda tinha as palavras de Liz e Tsubaki na minha cabeça. Certo, eu sabia que não era igual aos outros, mas não queria ser especial, queria ser normal. Queria me encaixar.

     Acabei não prestando quase nem um pouco de atenção nas outras aulas. Minha mente estava muito confusa e embaralhada. Primeiro o meu sonho, que tinha o garoto que parecia muito com Soul e aquele homem que me estuprou. Depois esse negocio de agir por instinto e empatar com o garoto mais forte e capacitado da escola e agora isso de poder mudar as atitudes de um grupo escolar que se achava o máximo. Ah! E sem falar do dom que a deusa me falou para descobrir. Agora me diga: eu tenho ou não tenho uma vida complicada?

     As aulas acabaram muito rápido e já estávamos indo para uma pequena construção que havia dentro do território da escola e era considerado um templo de homenagem a deusa Kami.

      Era uma construção extensa de apenas um andar com paredes de pedras largas e com um ar antigo. Havia estatuas perto da porta representado a deusa Kami com um vestido longo e os braços erguidos para o céu como se estivesse tentando alcançá-lo. Dentro havia uma área enorme com um pentagrama desenhado no centro e uma mesa farta de comida e bebida como frutas verduras e ate mesmo vinho junto com uma estatua pequena da deusa e duas velas, uma preta e outra branca. Havia também outras velas espalhadas por cada ponta do pentagrama, uma verde, uma vermelha, uma azul escuro e outra azul claro.

        Todos se posicionaram em volta do pentagrama cochichando sobre o que iria acontecer. Muitos já sabiam, mas eu me encontrava perdida naquele lugar.

       De repente Medusa apareceu no meio do pentagrama perto da mesa e ao seu lado estava um homem com uma capa preta de capuz que cobria todo o seu rosto.

       Mais quatro pessoas apareceram se posicionando nas pontas do pentagrama. Cada um em uma. Para logo depois pegarem as velas que estavam no chão e as deixando um pouco na frente do corpo. Todos usavam capas pretas com capuz que tampavam todo o rosto.

       - Queridos irmãos e irmãs. – falou Medusa com a voz firme e penetrante. Ela vestia de maneira diferente da dos outros. Tinha um vestido preto longo, justo na região do tronco e rodado do quadril para baixo e sapatilhas pretas bem elegantes. Usava também um colar com um pingente na forma de uma alma da cor vermelho sangue, que se destacava bem com o vestido. E para finalizar seu cabelo estava solto chegando ate a cintura. – Hoje estamos reunidos para mostrar nossa fé a nossa grande e poderosa deusa. Dêem suas mãos e sintam a mensagem de nossa Deusa!

     Medusa começou a dançar em volta da mesa dentro da região do pentagrama. Parecia resplandecer de poder enquanto dançava ao compasso da musica de fundo. Tinha tanta graça que muitos na sala estavam de queixo caído. Ela só parou quando chegou perto do homem que tinha a vela azul clara.

O vento é nossa sina

Ele nos refresca e nos trás a paz.

Eu o invoco ao circulo de nossa deusa!

Ao terminar de dizer ela acendeu um fósforo que pegou não sei da onde e acendeu a vela azul. Logo depois se dirigiu a onde estava a vela vermelha.

O fogo nos aquece,

Ele é tanto vida como destruição

Eu o invoco com toda sua gloria e beleza.

 Ela acendeu a vela vermelha e foi na direção da azul escura.

A água nos da vida

Uma das coisas mais belas e puras.

Eu a chamo para esse circulo

Acendeu a vela e foi para a ultima das pontas do pentagrama

A terra.

Ela é nossa mãe e nossa morte

Eu a invoco a esse circulo

 Logo depois de acender a ultima vela, ela foi para o meio do circulo onde o homem segurava a vela preta e a branca estava sobre a mesa. Ela segurou a vela branca e a ergueu para cima, para logo depois pronunciar com a voz firme e profunda.

  - E finalmente a Luz e a Escuridão. Eles são os dois centros de tudo, os que mantêm o equilíbrio de nosso mundo. – podia sentir meu corpo se estremecer cada vez que ela aproximava o fósforo aceso da vela branca e da preta. – E para concluir essa cerimônia eu os invoco a esse circulo.

    Ela primeiro acendeu a vela preta para logo depois acender a branca. Quando o fez eu pude sentir como se meu corpo acendesse de alguma maneira, como se eu fizesse parte da própria luz. É difícil de explicar, mas era algo incrível. Tudo parecia tão harmonioso e perfeito que meu corpo relaxou instantaneamente.

    Medusa deixou a vela branca sobre a mesa e voltou a dançar em volta do circulo novamente apagando as velas de trás para frente, dês da terra ate o ar. Mas eu nem prestava mais atenção, estava aproveitando aquela sensação boa que estava correndo por todo meu corpo. Só voltei a me concentra quando Medusa apagou a vela da luz.

     Ela levantou uma taça que parecia conter vinho e falou para finalizar:

     - Que todos abençoados sejam. – falou sendo imitada por todos.

     Ela bebeu um pouco do vinho para logo depois passar para o homem a seu lado e o mesmo passar para as outras pessoas que estavam no circulo. Todos beberam do vinho por mais incrível que isso parecesse.

     Logo depois eu já ia me dirigir para fora junto com as outras quando Medusa me chamou. Voltei a vela e logo entendi tudo guando vi Eruka a seu lado. Olhei para as meninas e elas assentiram tristes. Fui ate Medusa que estava com um largo sorriso.

     - Bom Maka... – começou a falar Medusa. – Eruka vai te levar ate o local onde as Almas da Noite irão fazer a reunião. Espero que goste.

      Eu apenas assenti e comecei a seguir Eruka. O caminho todo foi em completo silencio e eu agradecia por isso, já que estava relaxada e não queria que nada atrapalhasse isso.

      Ela me levou ate outro templo só que esse era menor do que o outro só que ainda bem grande. E ao entrar eu comprovei isso. Era tão grande que cabia jogos de tudo quanto é tipo como sinuca, ping-pong, Toto e uma TV com um PS2.

      - Bom... – começou Eruka se virando para mim. – Você pode se trocar no banheiro que tem logo ali. Sua roupa já esta lá, mas não se atrase.

       Não falei nada apenas me dirigi para onde estava o banheiro. Lá eu encontrei um vestido preto e já que não tinha tempo para ficar apreciando a beleza do vestido (e coloca belo nisso), comecei a me trocar.

      Só depois que pude ver a maravilha do vestido. Ele era preto colado no corpo na região do tronco e um pouco mais largo do quadril para baixo. Ele deixava o ombro descoberto e junto as costas que ficava assim ate o fim da cintura. Ele tinha detalhes pratas na borda da saia que chegava ate o tornozelo.

      Coloquei também um colar, por cima do que havia ganhado da minha mãe, que tinha o formado de uma alma que tinha em cada lado uma lua minguante. O colar era feito todo de prata e ia ate entre meus seios.

       Voltei para a sala e vi que todos já estavam arrumando o lugar. Já que não sabia o que fazer fique junto com os outros que também não faziam nada.

       Logo depois de terminarem todos se reuniram envolta do pentagrama desenhado no chão, enquanto outros se situavam nas pontas do pentagrama e no meio. Pude reconhecê-los como duas das amigas de Eruka, uma estando com a vela do ar e a outra com a da água, também estavam Black Star no lugar do fogo, Kid no lugar da terra, Eruka no meio situando a luz e Soul do lado dela situando a escuridão. E sentado na cadeira perto da mesa em que estava a estatua da deusa, no centro do pentagrama, estava um garoto com a cabeça deitada na mesa. Não pude reconhecer quem era por causa do capuz que estava tampando seu rosto.

        Uma musica de fundo começou a tocar e uma fumaça com um cheiro estranho começou a sair das velas que estavam em volta do circulo. Demorei um pouco para reconhecer o cheiro, mas percebi que era cocaína. Esses garotos eram doidos em usar isso em uma cerimônia. Era totalmente sem lógica.

         Sorte que os vampiros, não importa se eram novatos ou adultos, não é afetado pelas drogas ou bebidas alcoólicas, só se quisesse mesmo ficar bêbado e usasse muito, mas muito mesmo.

         Eruka começou a dançar em volta do circulo como Medusa havia feito. Não era tão incrível como ela, mas mesmo assim ela era boa. Logo depois ela parou em frente a uma de suas amigas que tinha o cabelo negro e olhos castanhos, com o rosto delicado, a pele pálida e o corpo bem estruturado.

Ó ventos de tempestade, em nome de Kami eu vos invoco,

 Esparjais vossa benção, eu vos peço,

Sobre a magia que aqui será trabalhada!

Devia admitir. Ela era muito boa e convincente. Sua voz não era tão profunda como a de Medusa, ate era um pouco esganiçada, mas mesmo assim era poderosa. Ela acendeu a vela azul clara e foi para a vermelha.

Ó fogo do raios, em nome de Kami eu vos invoco,

Portador das tempestades e força da magia,

Peço vossa ajuda no feitiço que aqui trabalho!

 Ela acendeu a vela vermelha e logo depois foi para a azul escura.

Ó torrentes de chuva, em nome de Kami eu vos invoco,

Acompanhai-me com vossa força inundante na realização

Deste ritual, de todos o mais poderoso

Ela acendeu a vela azul escura e foi para a próxima.

Ó terra úmida e profunda, em nome de Kami eu vos invoco,

Para que eu possa sentir o movimento da própria terra

No rugido de um trovão de poder

Que vem quando me ajuda neste rito!

Quando ela se dirigiu para o meio do circulo já podia sentir aquela sensação de iluminar de novo. Olhei para o lado dela e me encontrei com o olhar penetrante de Soul. Ele me olhava de cima a baixo, tanto com esperança e descrença. Senti-me um pouco intimidada com sua mirada então voltei a ver Eruka que erguia a vela branca.

 - E agora os dois elementos que equilibram tudo!! – falou – Os peço que nos dê a força para continuar sendo os melhores dessa escola e sermos os melhores quando completarmos nossa transformação. A escuridão. – acendeu a vela que estava na mão de Soul. – E a luz. – acendeu a vela que estava em sua própria mão, fazendo aquela sensação retornar. – Mesmo diferentes caminham juntas lado a lado sem se separar nenhum instante.

  Olhei para Soul nesse momento. Não me perguntem o por que, mas fiz. Ele tinha o corpo todo em volta de uma aura negra, mas ao invés de transmitir maldade ela transmitia paz. Ele parecia brilhar com uma luz negra agradável como a noite. Seu olhar se cruzou com o meu e pude ver que nele transmitia tanto vergonha como tristeza, como se não quisesse que eu o visse assim. Mas isso era praticamente impossível, já que essa luz que ele transmitia, o corpo dele, me atrai como um imã potente.

   Alguma coisa aconteceu naquele momento enquanto Eruka dançava novamente em volta do circulo apagando as velas de trás para frente. Era como se nos ligássemos de alguma maneira, como se todo a nossa volta se transformasse e nos levasse para outro lugar. Em um lugar bem familiar, mas que eu não me lembrava de ter ido. Continuei a encará-lo e vi como sua mirada mudava para uma cheia de confusão e esperança. Não sei o que se passa por sua cabeça, mas daria tudo para saber nesses momentos o que esta pensando, para pelo menos tentar confortá-lo quando sua mirada fica assim.

   Nunca o vi sorrindo, nem mesmo com uma mirada feliz, carinhosa ou ao menos amorosa. É sempre solitário e triste. E agora não era diferente, e igual aquela vez no corredor, tive ganas de correr ate ele abraçá-lo para tirar todo aquele sofrimento que carregava. 

    Mas tudo se desmanchou quando Eruka apagou as ultimas velas, a da luz e da escuridão. Logo depois começou a passar o vinho por todas as pessoas que estavam na roda.

    Quando chegou minha vez e tomei um gole, um saboroso gosto desceu por minha garganta me fazendo querer mais e mais, mas Eruka tirou o copo da minha mão e continuou a passá-lo. Não sei o que deu em mim para ter toda essa vontade, mas o gosto daquele vinho era tão bom, tão doce que era difícil não querer mais.

    Vi Soul bebendo também aquela taça do mesmo modo que eu. Ele também desejava o conteúdo do mesmo jeito que eu o queria e os dois vimos com inveja Eruka beber os últimos goles.

    - Abençoados sejam! – falou e todos repetiram.

   Depois que o ritual acabou voltei a trocar de roupa e coloquei o vestido em minha mochila já que agora teria que usá-lo em todas as reuniões das Almas da Noite. Quando sai três amigas de Eruka vieram falar comigo com sorrisos divertidos nos rosto.

    - E ai aberraçãozinha? – falou uma garota de cabelos loiros longos e olhos azuis claros.

    - Não sou uma aberração. – falei indiferente.

   - A não? – falou divertida, eu apenas ergui um sobrancelha indicando que não estava entendendo. – Sabe o que tinha no vinho por acaso?

   Neguei com a cabeça sem entender a onde isso ia levar.

   - Tinha sangue. – falou uma garota de cabelos negros e olhos tão pretos quanto. – E você gostou. Ate mais que nós, que já chegamos quase no fim da transformação.

   Minha pele empalideceu mais do que já estava nesses últimos tempos e pude sentir meu estomago embrulhar.

   - E não adianta negar por que nós vimos. – falou a loira. – Você quase tomou o vinho todo.

   Não podia mais agüentar, se não saísse da li ia acabar vomitando.

   - Me dão licença. – disse sem fôlego e sai correndo dali.

   Só parei de correr quando cheguei ao limite da área do Shibusen onde havia um muro com uma arvore bem grande caída nele. Não pude suportar mais e vomitei ali mesmo. Aquilo do sangue era nojento, mas o pior era saber que havia gostado.

   Depois de colocar tudo para fora me escorei no tronco da arvore e me deixei escorregar ate o chão. Muitas coisas estavam acontecendo e cada vez estava mais assustada. Queria ter as respostas das perguntas que surgiam a cada instante em minha cabeça. Queria poder ter uma vida normal, ou pelo menos ser igual a todos o que estão aqui, mas pelo visto meu destino tem preparado algo bem maior para mim, e eu realmente não queria saber o que era.

   Fechei os olhos para poder relaxar um pouco quando ouvi um ligeiro miado. Olhei para cima e vi uma gatinha branca em um dos galhos da arvore. Seus olhos azuis me miravam atentos enquanto sua cauda felpuda balançava de um lado para o outro.

   Levantei-me e falei com um sorriso no rosto enquanto esticava uma mão até ela.

   - Vem gatinha. Não vou te machucar. – a gata apenas miou de novo. Comecei a subir na arvore para poder alcançá-la. Nem percebi que estava escalando com suma facilidade quando eu mesma não tenho talento para esse tipo de coisa.

Consegui chegar ate o galho onde a pequena gatinha estava e me sentei ao seu lado, pegando-a com delicadeza e a colocando no colo. A acaricie de leve e sorri ao ouvi-la ronronar.

  - Você é uma gatinha bem bonita. – falei a abraçando de leve e acariciando sua cabeça. – Como vou te chamar? – perguntei a mim mesma olhando para o céu escuro que só tinha algumas estrelas brilhando. – Que tal... Kami? Acho que combina bem com você.

  A gatinha miou e eu considerei isso como um sim. Sem pensar pulei dês do galho onde estava (que por suposto era bem alto) e só me dei conta do que havia feito quando cai com delicadeza no chão. Olhei para cima e depois para mim mesma.

  - O que esta acontecendo comigo? – sussurrei com medo. Isso não era normal, eu não era mais normal.

  Kami colocou suas patinhas dianteiras em meu peito e esticou seu corpo ate sua cabeça encostar em meu pescoço. Ela começou a esfregar de leve sua cabeça no mesmo e a ronronar levemente como se estivesse me consolando.

 Eu acariciei suas costas e lhe sorri com doçura quando seus olhos azuis me miraram. Comecei a andar para ir ao dormitório, pegando minha mochila que estava no chão, mas quando dei meu primeiro passo pude ouvi como alguns arbustos se moviam.

  Kami começou a grunhir na direção deles enquanto eu me afastava lentamente, com medo do que poderia ser, já que já fazia algum tempo que me sentia incomoda com a sensação de estar sendo observada, e não acreditava que o que estivesse me vigiando fosse alguma coisa boa.

  Suspirei aliviada ao ver que era Mosquito que saia dos arbustos. Mas logo esse alivio virou preocupação quando vi ele mancar ate minha direção. Coloquei Kami em meu ombro e fui ate ele. Quando cheguei perto pude ver que estava todo machucado. Sua pelagem negra estava manchada de vermelho por causa dos cortes que tinha no corpo e parecia que havia quebrado a pata dianteira esquerda.

  O pequei com delicadeza em meus braços e ele fechou os olhos, exausto. Não podia deixá-lo aqui com esses machucados, por isso o levei o mais rápido possível ate o meu quarto e o de Chrona.

  Entrei no quarto e percebi que Chrona já estava dormindo. Andei com cuidado ate minha cama e coloquei Mosquito com delicadeza na mesma. Peguei alguns curativos que tinha no banheiro e tampei as feridas de Mosquito logo depois de limpa-las. Coloquei uma tala em sua pata e a enfaixei. Não era nada muito grande, mas acho que serviria para alguma coisa. Sorte que Blair me ensinou a fazer esse tipo de coisa se não estava perdida.

  Fui tomar um banho rápido para logo depois colocar minha roupara para dormir que era apenas um blusão que chegava ate metade das minhas coxas e nada mais. Logo depois me acomodei na cama do lado de Mosquito e Kami que dormiam profundamente. Acabei adormecendo enquanto acariciava os dois.

 Agora tinha mais companhia. Pensei em sonhos.


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Notas finais do capítulo

Nem eu tenho tantas perguntas na cabeça quanto a Maka, mas bem que eu queria ser uma vampira *-*!! Ai, meu sonho que nunca irá se realizar Aff... Bom, espero que tenham gostado, sei que naum descrevo muito bem as coisas (a fic ta mais parecendo de principiante) mas espero que tenha sido do agrado de todos (se é que eu ainda tenho algum leitor)

Bjsss e ate o proximo cap.