O Fim de Uma Era escrita por Neko D Lully


Capítulo 11
Acontecimentos terriveis.


Notas iniciais do capítulo

Estou demorando muito para terminar essa fic, mas aqui esta mais um cap de O fim de uma era, um cap que eu pensei que nunca sairia. Vou tentar continuar essa fic o máximo que puder, mas se minha criatividade não estiver muito boa eu não sei se vou conseguir terminá-la ¬¬.

Aproveitem ^^.



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 O FIM DE UMA ERA

TUDO PIORA!

MAKA POV.

 Pude ver a cara de surpresa de todos, menos a de Soul. Desde hoje já sabia que ele desconfiava de Medusa como eu também o fazia e por isso não me impressionava o fato de ele não estar surpreso como os outros. Jaqueline parecia estar mais perdida do que sego em tiroteio, mas devo admitir que até eu estava meio confusa com a historia toda.

  - O-o q-que quer d-dizer Maka-chan? – perguntou Tsubaki sendo a primeira a sair do assombro que havia ficado. Eu suspirei e olhei para a janela vendo a escuridão se dissipar lentamente do lado de fora. Tinha que me apressar antes que chegasse a hora deles irem embora.

 - Ontem, ouvi ela conversando com a Eruka. Kami me levou até lá e consegui ouvir uma parte da conversa.  – comecei a falar distraída. – Ouvi ela falando que tinha que manter alguém longe de mim, mas que eu estava causando problemas para ela por causa disso. Ela disse que se Ashura não me quisesse ela já teria se livrado de mim a muito tempo, mas que estava planejando um jeito de me eliminar definitivamente.

 - Era por isso que você estava perto do ginásio quando nos encontramos. – falou Soul, eu apenas assenti.

 - Sai correndo antes que soubessem que eu estava lá. – menti. Na verdade havia saído correndo porque havia ficado com medo, mas não podia dizer isso a eles. Havia percebido que se eu ficava nervosa, ou assustada, ou até mesmo com medo eles também absorviam isso para eles o que tornava a situação pior ainda. Então tinha que ser o mais forte possível para deixá-los calmos. – Mas tenho certeza que ela e Eruka planejam de alguma maneira libertar Ashura.

 - Posso saber o que está acontecendo? – perguntou Jaqueline completamente desnorteada.

 - Sabe esses poemas que você está me entregando Jaqueline? – perguntei e ela apenas assentiu, tentando compreender o que estava acontecendo. – Eles não são poemas comuns. São uma profecia que fala do retorno de uma espécie de anjo caído, e se ele voltar será o fim da nossa era. Principalmente para as mulheres.

 - Mas porque Medusa iria querer trazer algo como isso para o nosso mundo? – perguntou Jaqueline já parecendo compreender alguma coisa.

 - Não sei. – confessei olhando distraidamente para a janela. – Acho que é por causa do poder. Se ela tivesse um aliado como Ashura poderia governar esse mundo como bem entendesse, isso se conseguisse controlá-lo bem.

 - E como ela faria isso? – perguntou Kid. Eu não mirava ninguém no quarto, apenas observava aqueles olhos vermelhos que tinham do lado de fora. Não podia deixar que eles descobrissem o que sabíamos. Afinal eles eram os filhos de Ashura e poderiam me entregar a qualquer momento.

Fiz um sinal com a mão dizendo que esperassem e fui para perto da janela. Invoquei com minha mente o meu poder e fiz com que o monstro que nos observava se afastasse, para logo depois eu fechar a cortina do quarto e andar na direção dos outros que apenas miravam.

 - Talvez ela conseguisse de alguma maneira controlar o Ashura. – falei em um suspiro. – Acho até que ela possa querer me usar para fazer isso. Chantageando a Ashura dizendo que ele podia ficar comigo se ele desse poder a ela. Não tenho certeza de nada alem de que ela vai libertá-lo.

 - Agora nos resta saber como. – falou Jaqueline já completamente inteirada no assunto. Ela seria uma ótima aliada já que precisávamos ficar de olho em Eruka que estava também no meio de tudo isso.

 Peguei a carta que ela havia trago e a abri com cuidado. Tinha a impressão que isso poderia ajudar, mas ao mesmo tempo tinha medo de saber a resposta daquela carta. Minhas mãos tremiam ligeiramente e forçava todo o meu corpo a não denunciar o nervosismo que sentia. Sabia que não poderia esconder isso de Soul ou de Chrona, já que agora estávamos ligados de alguma maneira, mas mesmo assim tinha que parecer forte para os outros que confiavam em mim.

 Tirei o pequeno papel que tinha escrito a poesia e me preparei para lê-lo em voz alta para todos ouvirem. Torcia mentalmente para que isso nos ajudasse, mas ao mesmo tempo torcia para que não fosse nada de mais.

 Comecei:

“Do chão ele nascera,

Quando seu próprio sangue se derramar

Abrindo o portal entre aquela e essa dimensão

Entre a Luz e as Trevas,

Para assim esse mundo dominar

E nós nos reergueremos

Seguindo as ordens de nosso amado mestre e pai

Com a ajuda de um aliado importante

Que dera as costas para seu povo

E lutava contra sua própria crença por um anseio,

Vingança”

Parei de ler e engoli em seco. Minha garganta estava mais que seca e meu coração a mil por hora. Odiava quando meu instinto tinha razão sobre coisas sombrias. Por que tudo não poderia ser normal?!

 - E o que isso significa? – perguntou Liz olhando para o poema em minha mão e abraçando fortemente a Hero, enquanto seu corpo tremia sem parar.

 - Acho que fala de como Ashura irá voltar, não é Maka-chan? – perguntou Tsubaki, eu apenas assenti em saber por onde começar a falar. O poema estava fácil de decifrar por causa dos conhecimentos que já tinha o problema agora era arrumar as palavras certas para dizer.

 - Essa frase... – começou Hero que acabara de se pronunciar. – “Do chão ele nascera, quando seu próprio sangue se derramar”, o que ela quer dizer?

 - Quer dizer que ela vai renascer do chão, como se um portal fosse se abrir. – falei depois de respirar fundo algumas vezes. – Quando o sangue dele for derramado em alguma parte do chão.

 - Mas como iriam derramar o sangue dele se ele está preso? – perguntou Kid sem entender o raciocínio.

 - Lembram da lenda? – perguntei e todos, menos Jaqueline, assentiram. – Ela dizia que Ashura teve dois filhos que eram parecidos com ele, ou seja, tinham forma humana e os poderes dele. Para libertá-lo não precisa derramar exatamente o sangue dele, mas sim um que tenha ligação, que seja semelhante. Ou seja, o dos filhos dele.

 Senti como Soul ficava tenso do meu lado, tinha uma leve suspeita de saber o porque, mas no momento não era tempo de pensar nisso. Tinha que falar o resto do meu raciocínio para que assim já tivéssemos uma idéia de por onde começar.

 - Medusa disse que não queria que eu ficasse perto de alguém, esse alguém devia ser o filho mais novo do Ashura, já que na lenda ele foi o primeiro amor verdadeiro de Akemi. – falei. Isso fazia sentido já que Ashura precisaria de toda a sua força para dominar o mundo e se alguém com os mesmos poderes dele ficasse contra ele, ele ficaria em desvantagem, sem falar que Shadow, o filho mais novo, era o único que conseguiria manter eu ou Akemi longe de Ashura. – Já é bem obvio que vai ser Medusa a aliada do outro lado. Ao parecer ela deu as costas completamente para a nossa deusa, mas não entendo essa parte de vingança. Do que ela iria querer se vingar?

 - Talvez fosse algo que aconteceu no passado dela. – falou Liz dando de ombros. Não lembrava de nada que pudesse ter feito Madusa querer vingança, e ela nunca mencionara um passado triste ou coisa parecida. Então o que poderia...

 - Humanos. – falei inconscientemente. Na verdade havia apenas pensado alto, mas todos haviam ouvido e me miravam sem entender. – Medusa sempre fala dos humanos com um ar de desprezo, como se não quisesse que eles existissem.

 - Então seria vingança dos humanos. Mas por que? – perguntou Kid me olhando seriamente. Eu apenas dei de ombros.

 - Não faço a mínima idéia. Mas seja o que for que aconteceu ela deve ter ficado com muita raiva. – falei em um suspiro. Medusa nunca falou nada sobre o seu passado, muito menos fez menção de contar isso a alguém. Ela parece ser muito reservada o que complicaria um pouco para saber qual era o motivo de sua traição.

 - Melhor irmos. – falou Tsubaki depois de alguns minutos de silencio geral. – já deve ser de manhã e me impressiona que ainda não nos tenham descoberto.

 Todos assentimos e o pessoal começou a sair. Eu apenas me levantei e fui na direção da janela. Abri um pouco da grossa cortina e olhei para o lado de fora. Pude ver o fraco raio de sol da manha iluminando o grande e belo jardim do Shibusen, o que significava que aquelas coisas não iam me incomodar mais já que não gostavam de luz. Olhei para o pequeno bosque que tinha como jardim e pude ver nas sombras das arvores como dois olhos vermelhos me vigiavam fortemente.

 Fechei tão rapidamente a cortina pelo medo que me invadiu quase que a quebro. Por alguma razão, pela primeira vez senti medo de ver aqueles olhos vermelhos cheios de insanidade e loucura. Alguma coisa ia acontecer e tinha medo de descobrir o que era.

 - Maka. – disse alguém atrás de mim me fazendo sobressaltar um pouco e me virar rapidamente. Acalmei-me ao ver que era apenas Soul que parecia estar meio nervoso. O mirei um pouco confusa sem saber o que queria. Sentia, por meio de nossa ligação, que ele estava em uma briga interna com sigo mesmo, decidindo se fazia ou não alguma coisa. – E-eu quero te falar uma coisa.

 Esperei pacientemente que ele me falasse o que queria. Ele tinha uma mão atrás da cabeça mexendo nervosamente no cabelo branco enquanto a outro se encontrava em seu bolso. Ele não olhava diretamente para mim, seus olhos percorriam todo o quarto, mas nunca se pousavam com os meus. Vi como respirava fundo e se aproximava colocando as duas mãos em meus ombros, uma em cada, e pela primeira vez seus olhos se encontraram com os meus, fazendo meu coração saltar

 - B-bom, não sei como falar isso, mas eu sou... – antes que pudesse terminar Chrona entrou no quarto e ele parou de falar soltando um largo suspiro. Ele me largou e olhou para mim tristemente. – Depois te falo.

 Ele saiu do quarto e o único que pude fazer foi ver como saía com as mãos dentro no bolso e sua típica posição encurvada, mas o que mais me chamou a atenção foi o que ele sentia. Uma enorme tristeza e desapontamento, e por alguns instantes acreditei que ele fosse o garoto de meus sonhos e que estava querendo falar isso para mim nesse exato instante.

 Suspirei cansada e foi dormir. E de novo tive o mesmo sonho que antes, o sonho em que uma outra eu estava presa em uma espécie de bolha e eu tinha que tentar alcançá-la, com aquela voz sempre me incentivando. Acordei cansada, como se todos os choques que levei no sonho se passassem para a vida real e me deixasse mais cansada do que realmente deveria estar. Mas tinha o consolo de que pelo menos no sonho consegui passar de mais uma barreira daquela bolha estranha.

 Levantei-me preguiçosamente e comecei a andar na direção do banheiro. Chrona ainda estava dormindo junto com Kami e Mosquito. Impressionei-me quando não vi Littler Demons já que achava que ele não gostava de que Kami ficasse perto de outro gato. Entrei no banheiro e me desvesti, para logo entrar no chuveiro e deixar a água quente molhar meu corpo e me relaxar. Deixei que minha mente vagasse por tudo o que estava acontecendo e não pude evitar sentir meu coração apertar ao lembrar que aquele garoto de meus sonhos corria perigo.

 Perguntava-me se ele queria que seu pai voltasse. Achava que não já que ele me protegeu quando tive o primeiro sonho que seu pai havia aparecido e ao meu ver ele devia ser o que menos queria que o pai voltasse. Perguntava-me também onde seu irmão poderia estar. Que estava vivo eu sabia e que estava esperando o retorno do pai, agora restava saber onde e se viria ajudar no renascimento do pai.

 Quando sai de debaixo do chuveiro e olhei para meu reflexo quase cai para trás. Lá estava, a imagem de meu rosto completamente assustado com marcas de flores espinhosas espalhadas pelos dois lados do rosto. Toquei de leve as novas marcas que tinha em meu rosto e por alguma razão dirigi meu olhar para meu braço e lá estavam aquelas marcas novamente. Agora não era só um lado e sim os dois. Os dois braços e os dois lados do rosto estavam com aquelas marcas brancas, de flores com caules espinhosos. E não era só isso, agora meus seios estavam um pouco maiores, quase chegando ao tamanho do de uma garota da minha idade, a cintura estava um pouco, só um pouquinho, mais fina e meu cabelo agora chegava no final da cintura.

 Coloquei quase que mecanicamente minha roupa e sai do banheiro ainda um pouco atordoada. Sentei em minha cama e Kami pulou direto para meu colo. Parecia estar feliz e lambia meu braço indicando o porque. Será que isso mostrava que com minha descoberta de que sou Akemi consegui ter mais uma benção da deusa? Seja o que for estava com a cabeça em curto.

 Esperei até Chrona ficar pronta e logo depois saímos. Pedi para que ela não comentasse sobre as novas marcas porque já estava meio confusa em relação a elas. Passamos praticamente o caminho todo em silencio, Kami estava confortavelmente nos meus braços enquanto Mosquito ficava em meu ombro, para que não andasse muito e forçasse de mais as patas machucadas. Quando chegamos no refeitório toda a atenção foi para mim, infelizmente.

 Abaixei a cabeça e andei até o local onde tinha o lanche e peguei meu típico nescal do dia. Fiquei incomoda até chegar na mesa e me sentar. Kami sentou em meu colo e pouco tempo depois Littler Demon chegou perto e lambeu o focinho dela com carinho. Ela miou feliz e aproximou a cabeça dele, formavam um lindo casal.

 - Maka. – ouvi Tsubaki me chamar e olhei para ela. Todos estavam com os olhos arregalados e os queixos caídos. Eu suspirei, já sabia o porque deles estarem assim. Fiz um pequeno movimento com a mão pedindo para que não falassem e indicando que sabia do que se tratava.

 - Não perguntem, por favor. Não faço a mínima idéia de por que está dessa maneira, tudo o que sei é que acordei hoje e estava assim. – falei em um suspiro e deixando a colher do meu nescal cair no prato e levantar a cabeça para mirar a todos. – Por que isso só acontece comigo?

 - Vamos Maka, talvez não seja tão ruim. Isso pode significar que seus poderes estão aumentando. – falou Kid tentando me animar. Eu apenas suspirei e o mirei de uma maneira que indicava que isso eu não queria. O resto do café da manhã foi tranqüilo, sem contar as miradas encima de mim. Isso me incomodava, vocês não sabem quanto.

 Estávamos andando pelos corredores para ir para nossas salas e de novo eu sentindo a mirada de todos encima de mim. Soul até tentou me ajudar me dando a jaqueta dele que tampou pelo menos os meus braços, mas o rosto ainda era uma ótima mostra do que estava acontecendo comigo. Me sentia novamente como uma aberração e talvez se encontrasse Medusa ela deduziria que alguma coisa eu estava descobrindo ou fazendo para conseguir mais uma benção da deusa. Respirei fundo tentando me acalmar desse enorme nervosismo que passara a me dominar, Soul segurou levemente minha mão enquanto Chrona me sorriu levemente para dar confiança. Era bom ter os dois ligados a mim porque assim encontrava apoio quando mais precisava.

 Dei quase graças a deusa quando não vi Eruka em lado nenhum. Sabia que Jaqueline devia estar de olho nela para que assim pudéssemos descobrir como eles planejavam voltar com Ashura, mas mesmo assim me sentia insegura com relação a isso já que ela ficaria em grande perigo se tanto Eruka como Medusa descobrissem. Minha outra preocupação eram aquelas coisas lá fora, seriam um grande perigo para as pessoas que gostava.

 Em um certo momento Soul parou e me fez parar junto. O mirei um pouco confusa principalmente porque aquele sentimento de confusão de hesitação estavam de volta nele e pelo jeito que sua boca abria e fechava ele ainda continuava indeciso. Sorri para ele indicando que podia falar qualquer coisa para mim e ele retribuiu o sorriso, parecendo receber a força necessária para falar.

 - Maka, com relação ao que ia te falar de manhã, bem... Eu... Queria que soubesse que eu sou... – mas antes que pudesse falar mais alguma coisa uma dor imensa se apossou dele, desde seu peito e se espalhando lentamente por seu corpo. Sabia isso por causa da ligação que tínhamos, mas mesmo assim em mim ainda não era tão forte como parecia que era nele.

 Ele caiu em meus braços gemendo e grunhindo de dor enquanto eu não podia fazer nada alem de segurá-lo, sendo que ajoelhava no chão por não conseguir sustentar muito bem seu peso por causa da surpresa que foi. Varias pessoas se aproximaram querendo ver o que estava acontecendo, até mesmo nossos amigos que haviam ido mais a frente que nós dois voltaram para ver o que acontecia.

 A preocupação e o medo cresciam em meu peito enquanto não sabia se ele estava rejeitando novamente a transformação ou se era outra coisa. Estava confusa e com medo de perdê-lo como tive aquela vez, talvez por que finalmente tinha admitido a mim mesma de uma maneira indireta que estava apaixonada por ele ou só por que ele se parecia com o garoto de meus sonhos, não sabia exatamente, só queria que aquilo acabasse e que ele ficasse bem, igual a ultima vez.

De repente Soul parou de sentir aquela dor, não tinha sangue escorrendo de nenhuma parte o que significava que não era a rejeição, e quando ele levantou a cabeça que havia abaixado por causa da dor mostrou suas belas marcas negras que faziam desenhos de foices apontadas para todos os lados e as vezes algumas luas negras bem disfarçadas. Sorri sem poder evitar a emoção de vê-lo daquela maneira, com a transformação completa.  

 - Soul Eater Evasn. – chamou um professor que reconheci sendo Stain. Soul o mirou um pouco confuso enquanto se levantava e me ajudava no processo. – Venha comigo.

 Soul apenas deu de ombros e seguiu o professor sem dizer uma palavra ignorando a tudo e a todos que o miravam. Continuei andando com os outros que estavam muito emocionados com o que havia acontecido. Eu só conseguia pensar, talvez a deusa estivesse nos preparando para a guerra contra o mal que aconteceria. Só espero que nada aconteça com meus amigos.

 Uma enorme dor de cabeça se apossou de mim. Parei de andar e levei as duas mãos até a cabeça, sentia tontura, meu corpo não me respondia e minha vista começava a borrar. O que estava acontecendo? A única coisa que consegui foi ouvir o leve miado de Kami e logo depois tudo ficou negro. Quando voltei a abrir os olhos vi que estava novamente no castelo da deusa, fazia um bom tempo que não ia naquele lugar e tinha que admitir que sentia falta dessa tranqüilidade que tinha nele e por alguma razão sabia que não iria encontrar aquele garoto ali, o filho de Ashura, Shadow.

 - Ola pequena. – aquela voz que tanto gostava. Aquela voz maternal que sempre me fazia relaxar e me sentir segura. Olhei na direção onde ficava o trono da deusa e lá a encontrei, sentada harmoniosamente no mesmo me mirando atentamente. – Espero que não se importe com essa minha pequena intervenção.

 - O que aconteceu? – perguntei um pouco confusa. Normalmente eu só ia parar nesse lugar quando estava dormindo e até onde eu sabia não estava. O que havia acontecido então.

 - Induzi você até aqui. Precisava falar urgentemente com você. – falou se levantando do trono e logo aparecendo na minha frente. Ela levou uma mão até meu rosto e o acariciou com delicadeza. – Sei que você esta tendo muito trabalho para impedir tudo isso, mas peço que se apresse. Varias vidas se perderão se ele não for detido e a única que pode fazer isso é você. Queria poder te ajudar, mas não posso fazer mais nada que dar as pistas e a força necessária para que vocês consigam vencê-lo.

 - Eu sei que tenho que me apressar, só que ainda estou confusa. – confessei um pouco incomoda. Sentia-me impotente, as vidas de todos estavam em minhas mãos e eu aqui quebrando a cabeça com coisas tão simples. – Sei como Ashura vai se libertar, mas eu não sei quando nem sei quem vai fazer isso. Sei quem tem o plano mestre, mas tenho certeza que ela não faria isso de uma maneira tão aberta.

 - Pense pequena. Você já tem todas as pistas necessárias, só precisa pensar um pouco. – falou Kami com carinho sorrindo para mim como uma verdadeira mãe faria, não como Aracne que normalmente fazia. Sentia-me sempre mais segura ali e me dava vontade de ficar aqui para sempre, mas tinha um dever a cumprir. – Você é esperta Maka, só precisa colocar as coisas no lugar. Sei que tem muitas coisas em sua cabeça, mas tente se concentrar em apenas uma coisa que te garanto que tudo vai fazer sentido. Agora é melhor você ir, seus amigos estão preocupados.

 De novo aquela sensação de tontura e logo depois a escuridão. Estava de volta a realidade, mas por alguma razão alguma coisa me dizia para não abrir os olhos, para fingir que estava dormindo. Tentei não acelerar minha respiração pelo nervosismo e ao mesmo tempo agucei meus ouvidos para assim ouvir cada leve barulho do quarto.

 - Acha que isso significa alguma coisa? Ela tem os dois lados cobertos pelas marcas. – falou uma voz que reconheci sendo a de Eruka. Ela parecia um pouco nervosa e ao mesmo tempo temerosa.

 - Essa maldita esta cada vez sendo um estorvo maior. Temos que tirá-la logo de nosso caminho antes que acabe nos atrapalhando e nos impedindo. – falou outra pessoa que reconheci sendo Medusa que parecia não estar muito contente. De repente senti algo frio em minha garganta, ao pontiagudo e afiado que rapava levemente em minha pele fazendo calafrios passarem por meu corpo. – Seria tão fácil acabar com ela agora, mas isso traria suspeitas e não posso me dar a esse luxo. Tenho que eliminá-la de outra maneira, mas antes acho que mexer com o emocional dela não seria má idéia.

 - Tem algo em mente Medusa-sama? – perguntou Eruka curiosa. Não sei se isso lhe trazia coisas boas ou ruins com relação a Medusa, mas sei que no momento isso não parecia afetar muito ela já que Medusa tirou o que parecia ser uma pequena faca de minha garganta.

 - Tenho, mas agora vamos antes que ela acorde. – falou. Pude ouvir os passos delas indo até a porta e o ranger da mesma para se abrir. De repente o barulho dos saltos de Medusa pararam no que calculei ser o marco da porta. – Só espera Maka Albarn. Logo, logo você verá o sofrimento que merece por impedir minha vingança.

 Só quando ouvi o barulho da porta se fechando que pude me tranqüilizar e assim abrir os olhos. Sentei na cama e respirei fundo, isso não era bom, seja o que for que Medusa estivesse planejando não gostaria nada de saber. Vários calafrios percorriam meu corpo enquanto pensava. Tinha um mal pressentimento, mal não, o pior que já havia tido em todo esse tempo.  

 Levantei daquela cama de lençóis brancos e comecei a andar sem rumo pela escola, não estava a fim de ir a aula. Precisava pensar um pouco e para isso só tinha um lugar que era silencioso o bastante para me acalmar no momento era a biblioteca. Claro que quando passei pela área da parte de fora do Shibusen tive que usar meu dom para espantar as criaturas que estavam a minha espreita, só esperando um deslize meu. Tinha que admitir que ainda tinha medo, e bastante, dessas coisas, mas no momento não me importava com aqueles olhos vermelhos me vigiando só queria achar um lugar para aclara meus pensamentos.

 Cheguei na biblioteca e me sentei em uma das cadeiras que tinha por lá. Deixei minha cabeça cair para trás e fiquei assim, olhando para o teto passando em minha cabeça tudo o que estava acontecendo. Respirei fundo e fechei os olhos. Tinha que me concentrar em apenas uma coisa para assim encontrar as respostas, como havia dito a deusa. Mas eram tantas coisas que não sabia se conseguia me concentrar em apenas uma. Bom, primeiro poderia saber qual era o motivo da vingança de Medusa. Talvez na seção de informações eu encontre alguma coisa.

 Me levantei da cadeira e fui até o local. Tinham varias informações de noticias que iam desde 1500 até os tempos atuais. Até tinham uns mais antigos, mas eram muito poucos e não apresentavam data, decide então começar desde as mais antigas até chegar nas atuais, já que não sabia a idade de Medusa mesmo ela aparentando ter seus vinte e poucos anos.

 Levaria um tempo, mas não me importava, qualquer coisa que pudesse me ajudar nesse momento eu agradeceria.  Não sei quanto tempo levei para achar uma que me interessava, mas que foi muito foi. A noticia era sobre uma garota de quinze anos que fora estuprada pelo próprio pai e as autoridades nunca o prenderam já que não tinham provas o suficiente para isso. A garota ficara hospitalizada por duas semanas e quando saíra muitos de seus conhecidos diziam que ela não era mais a mesma. Sua mãe a havia abandonado quando tinha apenas cinco anos e só lhe restava ficar com os tios que também não queriam ficar com ela. Isso foi em 1899, mas havia uma foto bem visível na noticia de jornal.

 É com certeza aquela era Medusa e isso explicava por que ela tinha tanto ódio dos humanos, com um passado desses até eu teria. Mas bem, já tenho o porque da vingança, mas e o ritual para trazer Ashura de volta, quando seria? Talvez ela quisesse revelar a todos de uma maneira que todos vissem que ela mudou de lado. Bom, teria um ritual daqui a alguns dias, mas não sei se esse seria o que ela estava procurando.

 Me levantei do chão em que estava sentada e comecei a andar para fora da biblioteca, completamente absorvida em meus pensamentos. Só voltei a realidade quando ouvi uma espécie de rugido vindo do meu lado, mais uma daquela criaturas estava bem ali perto das arvores, só espreitando e me observando. Guardei rapidamente a noticia em meu bolso da blusa que Soul havia me emprestado, mas não deu tempo de invocar meu dom já que a criatura que parecia ser metade lobo e metade leão se lançou contra mim tentando atingir suas garras afiadas em minha pele. Mas de repente alguns tentáculos de sombra o seguraram e um vulto se posicionou na minha frente.

 Demorei um pouco para perceber que esse vulto era Soul que me protegia usando seu poder de controlar a escuridão. Sabia que só isso não adiantaria para espantar aquelas coisa, por isso rapidamente chamei meu dom fazendo com que meu corpo reluzisse e a criatura desaparecesse em uma nuvem de fumaça. Supus que ela estava morta, mas não tinha total certeza e isso me preocupava.

 - Tudo bem? – perguntou Soul se virando para me ver. As marcas em seu rosto pareciam reluzir na escuridão mesmo sendo negras, elas eram lindas tinha que admitir e faziam o rosto agora bem formado dele ficar ainda mais belo. Era tentador essa minha vontade de tocar nessas marcas, mas consegui me conter e sorrir para ele assentindo.

 - Agora temos que ir. Já sei por que Medusa quer se vingar e temos que falar para os outros. – falei segurando sua mão e o puxando na direção dos dormitórios. Ele apertou um pouco mais firmemente minha mão e pude sentir seu nervosismo. Retribui o aperto para lhe dar um pouco mais de confiança, mas não sabia do que se tratava esse nervosismo, por um lado podia ser pelo o que aconteceu agora a pouco e por outro podia ser pelo o que ele estava tentando me falar desde hoje de manhã.

Entramos no quarto meu e da Chrona encontrando a todos já nos esperando. Acho que Chrona sentiu que precisava falar com eles e reuniu a todos ali, não sei, isso ainda era confuso para mim. Sentei ao lado de Soul na minha cama e tirei a pequena noticia do jornal de meu bolso, mostrando a todos. Liz pegou ele da minha mão e o mirou atentamente, com todos se espremendo do seu lado para ver também.

 - Esse é o motivo pelo qual Medusa quer se vingar. – falei enquanto os outros ainda miravam atentamente o pequeno papel de jornal que já tinha uma cor amarelada.

 - Até eu odiaria os humanos se tivesse passado por isso, mas agora temos que saber quando ela vai fazer tudo. – falou Liz me mirando atentamente.

 - Eruka esta muito animada para esse ritual de benção a deusa. Pode ser nele. – falou Jaqueline. Eu assenti, tinha essa suspeita também, mas antes que pudesse falar alguma coisa meu celular tocou. Atendi sem muitos ânimos só para ouvir a voz de alguém que não conhecia.

- A senhorita é Maka albarn sobrinha de Blair albarn? – perguntou o que parecia a voz de um homem. Sem entender eu confirmei, meus instintos começaram a apitar bem no mesmo instante, me indicando que tinha algo errado ai. – Desculpe em te dizer isso, mas sua tia sofreu um grave acidente hoje a tarde e não conseguiu se recuperar dos ferimentos.

- Você quer dizer que...? – não consegui terminar a frase. Não podia acreditar, por favor, que não fosse o que eu estou pensando, por favor, não seja isso, não seja isso!

 - Sinto muito. – não pude segurar mais. Deixei o celular cair na cama e sai correndo. Não podia acreditar que a única pessoa que me amou depois da morte da minha mãe havia ido. Não queria acreditar nisso, mas era a verdade e tinha a sensação que a culpa era minha. Tinha quase certeza que aqueles bichos horríveis tinham algo haver com isso, e que eles só a atacaram por que eu pedi ajuda a ela.

 Acabei chegando no jardim da escola, bem profundo dentro daquelas arvores grandes e sombrias. Nem me importava se uma daquelas coisas me atacasse mais uma vez, em minha cabeça a única coisa que passava era as imagens com Blair, as várias lembranças que tive com ela, os vários momentos felizes que tivemos. Não podia, não queria, não conseguia acreditar que ela havia morrido, não depois de todas as coisas que passamos.

 As lágrimas agora escorriam livremente por meu rosto sem que eu pudesse evitar. Deixei-me cair no chão de joelhos enquanto tentava conter os soluços que queria escapar. De repente senti como dois fortes braços passavam por meu ombro e me juntavam a um corpo frio e aconchegante.  Olhei para cima com meus olhos chorosa só para me encontrar com aquela imensidão vermelha que eram os olhos de Soul. Não suportei mais e chorei mais forte, gritando e soluçando sem parar enquanto ele apenas me abraçava e prensava meu rosto e seu peito, fazendo pequenas caricias em meus cabelos.

 De repente um cheiro bom e conhecido chegou em meus sentidos e aposto que nos de Soul também. Olhamos lentamente para o lado só para nos encontrarmos com aquela terrível cena quase totalmente tampada pelo o escuro. Soul voltou meu rosto para seu peito para eu não ver, mas já era tarde. Já tinha visto a imagem da professora Nygus presa em uma arvore, a cabeça pendurada apenas por um pequeno pedaço de carne de seu pescoço, os olhos arregalados, a boca escorrendo um pouco de sangue, os braços contorcidos de uma maneira estranha, as pernas tinham sido arrancadas e havia um enorme buraco em seu estomago. Embaixo dela havia uma enorme possa de sangue que se estendia quase até onde estávamos. Senti meu estomago revirar de enjôo, não podia ver mais nada já que Soul tampava meu rosto, mas a imagem estava presa em minha mente.

 - Não venham! – gritou Soul para o lado. Por alguma razão sabia que eram nossos amigos e sabia por que Soul não queria que eles se aproximassem. Essa era uma cena forte de mais. – Chamem alguém rápido!

 Minhas pernas estavam bambas e sentia que podia vomitar a qualquer instante. Soul começou e me puxar para longe do local com cuidado, enquanto eu andava quase que cambaleando. Não podia acreditar no que estava acontecendo, minha mente não aceitava isso de jeito nenhum. Mas estava acontecendo e sabia que isso só podia piorar.   


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Notas finais do capítulo

Ficou pequeno comparado ao outro (ainda bem) e acho até que não ficou bom... Mas bem, to fazendo uma fic em espanhol para o FF.net então posso acabar me concentrando nela e em outra fic minha, mas não se preocupem que essa fic já esta programada para terminar, não vão ter muito mai caps pela frente e já estamos cada vez mais perto do final (ainda bem). Estou continuando tambem Controle do caos e depois vou me concentrar na Anos de paz, anos de guerra. Mas essa daqui vai acabar de um jeito ou de outro.Bjsss.