Mensagens escrita por WinnieCooper


Capítulo 30
Para o bem da Humanidade


Notas iniciais do capítulo

Um ano postando essa fic, leiam minha nota final enorme?



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Para o bem da Humanidade

            Não da pra saber qual vai ser o ultimo dia da sua vida. Os dias que você pensa que serão os últimos (como os da guerra) nunca atingem aquilo que sua mente imaginou ou projetou, para seu alivio ou não...

            São os dias normais, os que começam normalmente, que terminam de forma trágica.

            Nunca sabe que será o ultimo dia de sua vida, até se despedir dela com palavras bonitas ditas no desespero... Até fazer tudo pelo um bem maior... Você não se da conta que está no ultimo dia de sua vida até que está no meio de algo que lhe joga pra trás e faz todos os músculos de seu corpo doerem... E fecha os olhos esperando a dor acabar.

            - Estou com aquela vontade covarde de virar as costas e sair correndo para não ver a verdade.

            - Mas já estamos aqui e... bom na pior das hipóteses confirmaremos tudo e você, pode... sei lá, conversar com eles.

            Um alto e forte trovão fez a grama tremer aos nossos pés. Estávamos de mãos dadas, tinha certeza absoluta que a Hermione tentava não tremer, mas eu podia até mesmo sentir seu coração acelerado apenas segurando sua mão.

            - Você acredita que Deus existe, em vida após a morte, ou que inventamos coisas quando não podemos explicar, para justamente explicar? – ela me perguntou inocentemente.

            Não devia ser eu a ter resposta, ela era a sabe-tudo, ela devia saber.

            - Acho que certas coisas não podem ser confirmadas, a gente só pode, acreditar.

            - No que você acredita Rony? – parecia não satisfeita.

            - Eu acredito que coisas terríveis acontecem, mas depois acontecem coisas boas – parecia que tinha que acrescentar mais alguma coisa – Só porque não entende as razões, não quer dizer que as coisas não existam.

            - Eu ainda quero acreditar que eles estão vivos.

            Paramos um instante de andar, e comtemplamos o cemitério que estávamos. Segundo a auror, era este o local que ela havia encontrado o tumulo. O problema era...

            - A gente nunca vai encontra-los – ela exclamou derrotada.

            Eram túmulos e mais túmulos, naquela grama verde, até se perder de vista.

            Tínhamos chegado a Sydney naquela manhã, o ministério garantiu a gente uma chave de portal direto a um hotel Trouxa no centro da cidade, hotel administrado por um Bruxo, por isso pudemos nos transferir direto para lá. A Hermione insistia para mim, logo após ouvir minha conversa com minha mãe naquele dia, que poderíamos nós mesmos aparatarmos sozinhos e ir apenas com a bolsinha de contas dela com a barraca e as roupas além de suprimentos, não precisávamos de formalidades. Com muito custo consegui faze-la esperar dois dias. O tempo necessário para prepararem a chave de portal, mal chegamos a Austrália e já viemos ao cemitério.

            - Ei – eu exclamei pegando delicadamente o papel impresso com a lápide dos supostos pais dela e me encaminhei para perto de um senhor que aparava a grama de um certo lugar – O senhor trabalha aqui?

            Ele desligou uma maquina barulhenta, logicamente ele era Trouxa. Tirou o boné que usava de sua cabeça e enxugou o suor que escorria.

            - Somente a vinte e três anos meu rapaz, por quê?

            Eu olhei para a Hermione suspirando e nossas trocas de olhares me fez entender que ela me permitia prosseguir.

            - O senhor, consegue se lembrar, o lugar que este tumulo fica localizado?

            Apontei os nomes na foto que não se mexia, o senhor a analisou um instante e me encarou com a feição confusa.

            - Isso é realmente estranho.

            - O que? – perguntou Hermione apreensiva.

            - Primeiro quero saber quem vocês são...

            Eu encarei a garota dos meus sonhos esperando ela responder ao homem, resolvi não abrir minha boca, poderia estragar tudo.

            - Eu não posso explicar muito ao senhor, mas eles podem ser meus pais.

            - Seus pais?

            - História complicada – tentei ajudar ela.

            - Olha, o que eu sei, é que neste tumulo, jamais poderão ser seus pais – Hermione apertou minhas mãos fortemente – É estranho tudo isso, realmente está havendo várias perguntas sobre este tumulo atualmente.

            - O senhor sabe quem está enterrado ali? – Hermione voltou a perguntar.

            - Os filhos daquela senhora – ele apontou uma velha senhora de cabelos pretos parada de frente a uma lapide a uma curta distancia de nós – Ela vem muito aqui.

            - Obrigado – eu o agradeci enquanto a Hermione me puxava pela mão se encaminhando até o local indicado.

            Algumas coisas precisamos ver pra acreditar.

            - Bom dia senhora Wilkins - ela falou arriscando o sobrenome, fazendo a senhora reparar em nós.

            - Bom dia minha jovem, me conhece? – aparentemente Hermione havia deduzido certo.

            - Eu posso... – ela gaguejava apontando para a lápide – eu posso... eu só queria...

            - Oh... conhecia meus filhos? É tão jovem para ter os conhecidos... fique a vontade, eu tenho certeza que eles me escutam quando converso com eles, mesmo que por pensamento.

            Hermione agachou de frente a lápide e escorregou seus dedos nas gravações do que estava escrito.

            Algumas coisas precisamos tocar para acreditar.

            - Lembra tanto meu Marcus aos 18 anos – a mulher disse para mim relando em meu rosto me fazendo encara-la – ele estava dirigindo o carro quando o acidente aconteceu.

            - Ele morreu assim? – questionei.

            - Não, meu outro filho Willian, de apenas 10 anos, estava no banco da frente sem cinto e faleceu, Marcus se culpou pela morte do irmão, e se matou não aguentando a pressão.

            Ouvi outro relâmpago e uma chuva começou a cair.

            - Não foi culpa dele, mas ele simplesmente não aguentou sabe? – a senhora começou a chorar.

            - Oh, me desculpe por faze-la relembrar isso, não era minha intenção lhe fazer chorar.

            - M. Wilkins, Marcus Wilkins. W. Wilkins. Willian Wilkins – Hermione sussurrava ainda agachada olhando a lápide.

            - Eu preciso voltar para casa – a senhora voltou a falar ao meu lado – é bom ver que mais alguém lembra deles depois de tantos anos.

            Hermione levantou-se e sem aviso prévio abraçou a mulher.

            - Eu sinto muito – foi tudo o que ela conseguiu dizer. Pude ver que em seu rosto tinha um sorriso de alivio.

            Depois que a mulher saiu de perto de nós, Hermione me encarou com um sorriso antes escondido, me lembrou aquele sorriso, daquela garotinha de Hogwarts, sem preocupações na cabeça. Que saudades desse sorriso.

            - Isso, é por não desistir de mim.

            Quebrando a distancia entre nós, ela me beijou.

            Nossos lábios misturados com a água da chuva que caia, nossas mãos nos perdendo um no outro. Sei que não deve ser a coisa mais romântica do mundo beijos em um cemitério. Sei que aquele cara que cortava a grama deve nos achar uns loucos nesse momento, mas não me importo. Meus beijos com a Hermione tem a tendência de se tornarem únicos e inesquecíveis. Afinal, quem beija no meio de um temporal, no cemitério? Só tenho a certeza que os lábios dela grudados nos meus significam renascimento, e o sorriso que ela estampou assim que nos separamos míseros centímetros significa que a vida continua.

            - Quando eu penso que tudo acabou, e que não há mais esperanças, você surge com algo que... – ela acariciava meu rosto não parando de sorrir – Você é minha fênix.

            - Eu sou? – perguntei como um bobo apaixonado.

            - Você é...

            - Sabe, você é a Rainha Hermione, nunca poderia desistir de você – eu confessei acariciando seu rosto com uma mão e outra ainda segurando fortemente sua cintura.

            - Eu odeio essas mensagens, mas... – ela sorriu mais largo que antes – Sem elas, sem você persistir em me salvar, nós não estaríamos aqui e não saberíamos que meus pais podem estar vivos. Certo?

            - Sabe que eu te salvaria mesmo não existindo essas mensagens?

            E desta vez eu iniciei o beijo.

            - Vamos para o hotel – ela disse – Começar a pesquisar, acharemos meus pais.

            Tai uma novidade para mim, não sabia que trabalharíamos em campo. Como vamos acha-los

            xx       

            Eu não entendo muito bem disso, o que sei é que a noite, a Hermione achou algum numero numa tal de lista telefônica e começou a discar números atrás de comida para nós no hotel, no fim estávamos comendo, segundo ela, comida chinesa.

            - Que é isso que estou comendo? – perguntei pela milésima vez.

            Ela estreitou seus olhinhos e franziu sua testa de forma linda e me disse:

            - Macarrão com legumes, já te disse que é uma tradicional comida da China, aliás já te disse isso um milhão de vezes.

            E ela havia dito mesmo, mas adorava ver sua testa franzida nervosa por minha causa.

            - Mas se estamos na Austrália, achei que íamos comer uma comida típica da Austrália – disse com a boca lotada de comida – Mas isso é muito bom.

            Quando nos casarmos vou me assegurar de ter esse tal de telefone em casa, assim como a televisão.

            Depois de estarmos devidamente satisfeitos, deitei na minha cama situada do lado da dela e fiquei olhando para teto pensando em uma vida futura em que preocupações eram coisas simples da vida, quando Hermione falou:

            - Acho que eu devia fazer uma busca pelo telefone.

            - Uma busca? – questionei a olhando sentada na outra cama.

            - Pelos meus pais, por exemplo, sabemos que a auror já viu que em todas clinicas odontológicas de Sydney eles não trabalham, então podem trabalhar em clinicas publicas, em hospitais e etc – ela voltou a pegar aquele livro grosso com inúmeros números – eu só preciso, discar números.

            Assim que ela começou sua busca, perguntando em todos os lugares que discava se existia alguém com o sobrenome Wilkins, vi que não era uma tarefa fácil. Logo estava eu com os olhos fechados e roncando provavelmente e ela ainda ligando. Mesmo com a madrugada toda, ela ligou para hospitais que funcionavam durante 24 horas, e quando acordei com os primeiros raios de sol entrando pela janela, a vi dormindo em cima do fone.

Retirei o objeto delicadamente de perto dela, e a arrumei na cama. Tentando passar o tempo, liguei a tal da televisão e comecei a assistir alguns canais.

Já estou até me familiarizando com essas coisas dos Trouxas.

            - Que horas são? – escutei sua voz horas depois desesperada – Já são dez horas? – perguntou incrédula – Devia ter me acordado Ronald!

            - Achei que devia descansar e ainda acho, volte a dormir.

            - Eu não posso, achei meus pais! – gritou enérgica.

            - Onde? – perguntei virando meu rosto rapidamente para ela parando de ver a TV.

            - Num hospital, neste hospital – ela me mostrou um papel que havia anotado escrito “Westmead Hospital”.

            - Internados? – eu disse preocupado.

            - Não, parece que me pai da aula lá, parece que tem uma faculdade odontológica dentro deste hospital.

            - Ok, então a gente...

            - Vou tomar um banho e me trocar para a gente ir até lá.

            xx

            Pegamos um taxi, por não sabermos o local exato do Hospital, e depois de meia hora estávamos lá em frente a um prédio branco e enorme.

            - O que vamos fazer? – perguntei engolindo em seco.

            - Perguntar na recepção se podemos vê-lo? Não sei ao certo também.

            Nos encaminhamos para dentro do Hospital, vimos uma moça com um objeto pequeno e redondo pregado nos ouvidos, com os olhos fechados ela cantarolava alguma música.

            - Com licença – Hermione disse parando de frente a ela com um balcão as separando.

            Bom a Hermione está tensa, disso eu tenho certeza, mas sinto que alguma coisa estranha tem no ar, por exemplo, porque só o pai dela trabalha aqui?

            - Eu só queria ter uma palavrinha com ele, é rápido – dizia ela a recepcionista com cara de poucos amigos.

            - Olha eu já te expliquei, ele está dando uma palestra agora, e mesmo que não estivesse ocupado, não posso te deixar entrar se não for uma aluna, ou tiver parentes internados aqui.

            Hermione bufou irritada e voltou a perguntar:

            - Que horas ele sai?

            - Garota, faz ideia de quantos funcionários trabalham aqui? Não sei os horários de entrada e saída de todos, já faço muito decorando os nomes.

            - Ok, obrigada – agradeceu totalmente irritada e se encaminhou para perto de mim – Vamos ir lá fora pensar em alguma solução.

            Eu não lembro qual foi a ultima vez que a vi tão zangada, só sei que eu sentei em um banco no enorme jardim da frente do Hospital e a Hermione ficou andando na minha frente tentando pensar em alguma solução

            - Eu odeio essa burocracia, isso nos leva a pensar em soluções não honestas. O que faremos?

            - Podemos esperar ele sair pela porta, sei lá... – arrisquei dizer.

            - Podemos inventar algum acidente mirabolante para termos que o ver, se ele é dentista e eu arrancar alguns dentes meus fingindo ser um acidente, e você aparecer desesperado na recepção chamando algum dentista de plantão...

            - Arrancar seus dentes de proposito? – perguntei incrédulo.

            - É perfeito! – exclamou com um brilho estranho nos olhos, tirando a varinha de dentro de sua bolsinha que levava em mãos – Posso fazer um feitiço, alguém está nos observando?

            Olhou para os lados tentando verificar se estavam nos vendo, apontou a varinha para sua boca, ia dizer algum feitiço quando a impedi.

            - Está louca?

            - Rony, mas é a única maneira de o vermos...

            - É claro que não, normalmente é você que faz as coisas com um plano muito bem elaborado e sem chances para erros, esqueceu? Isso se chama desespero e não pensar.

             Suspirando derrotada ela sentou-se ao meu lado triste.

            - O que eu faço? Estamos tão perto, mas tão longe... Se ao menos tivéssemos a capa de invisibilidade do Harry.

            Entrar despercebidos?

            - Lembra dos tempos de guerra? Lembra o que fazíamos para entrarmos nos lugares sem que nos reconhecessem? – perguntei tentando faze-la raciocinar comigo.

            - Poção polissuco!  - gritou levantando-se de um salto do banco.

            - É, mas ela demora um mês para ficar pronta não é? – eu devo ser a pessoa mais animadora do universo.

            - Não, se não precisarmos a preparar.

            xx

            Não me pergunte como, só sei que a noite a Hermione aparatou para nosso Hotel com dois frascos de poção polissuco pronta pra uso.

            - Agora só precisamos das pessoas que vamos nos transformar.

            Normalmente demoraríamos dias até conseguirmos ver a rotina de dois supostos funcionários do Hospital para nos transformarmos, mas ai não faria sentido, seria mais fácil descobrir a rotina dos pais dela, ou até os surpreendermos em sua chegada num dia no Hospital e reverter o feitiço de memória, o fato é que na manhã seguinte, sem plano algum, pegamos o primeiro homem e a primeira mulher que cruzaram nossa frente, os trancamos numa porta lateral, pegamos alguns fios de cabelo, e depois de trocarmos suas roupas e nos vestirmos, estávamos totalmente transformados neles.

            - Eu ainda não gosto desses métodos radicais e perigosos, é necessário isso? – perguntei com a voz do senhor que havia me transformado.

            - A gente já fez isso antes, vai ser fácil.

Quero acreditar nela, mas me lembrando da ultima vez que tomamos poção polissuco e entramos clandestinamente num local me dá arrepios. Seguindo a Hermione, que agora era uma mulher de meia idade de cabelos pretos e olhos verdes, entramos no Hospital.

            Aquela mulher da recepção do dia de ontem estava lá novamente, desta vez mexia nuns botões de um tipo de televisor branco. Sem falar nada eu e a Mione entramos pelas portas sem sermos barrados.

            - Aquela recepcionista nem olha, se quisermos ter entrado ontem teríamos conseguido – Hermione disse – Venha!

            Me puxou para um elevador onde ficamos a sós sem que ninguém nos interrompesse.

            - Tudo o que temos que fazer é não nos separarmos.

            Era simples na teoria, andar pelo Hospital a procura da tal faculdade que tinha dentro dele e achar o pai da Mione. Bom foi isso que ela me disse na noite de ontem, não faço ideia do que significa faculdade.

            - Sabe, de certa forma eu sinto orgulho deles, se tornaram professores dentro de um Hospital – ela disse sonhadoramente enquanto apertava vários botões num painel dentro do elevador – Bom pelo menos meu pai, talvez minha mãe esteja sempre com ele.

            Então essa tal de faculdade é uma escola? O que uma escola faz dentro de um Hospital? Esses Trouxas são realmente estranhos.

            - Esse elevador não anuncia o andar que estamos e o que tem nele? – perguntei meio entediado meio ansioso para o que iria acontecer.

            - Não. Devia ter qualquer placa de informação aqui.

            Um barulho fez o elevador parar, a porta se abrir e entrar cinco pessoas nele. Eu não teria reparado em nenhum deles se não fosse por um jovem dizer:

            - Professor Wilkins, sobre o ultimo assunto abordado em aula...

            Ele começou a fazer perguntas sobre coisas que jamais entenderei, mas a única coisa que prestava atenção era na feição do rosto da mulher que a Hermione havia se transformado. Seus olhos estavam vidrados no homem parado a sua frente, lágrimas escorriam deles.

            - Amy o que aconteceu com você? – o senhor Granger perguntou olhando pra Mione, aparentemente o nome da pessoa da qual havia se transformado era Amy.

            - Não... não... é... nada senhor Wilkins – ela respondeu com a voz chorosa.

            Pensando rápido, este é o momento certo pra agir, podemos colocar esses alunos todos pra dormir, e quando o senhor Granger parecer assustado é só alterar sua memória.

            Dei um leve esbarrão na Hermione a fazendo olhar cumplice para mim. Como se ela tivesse lido meus pensamentos, tirou devagar a varinha do bolso do colete branco que usava e apontou para a porta do elevador fazendo-o levar um tranco e parar com um feitiço mudo.

            - O elevador parou? – o pai dela começou a apertar vários botões no painel.

            Enquanto o Senhor Granger estava de costas Hermione e eu apontamos nossas varinhas as quatro pessoas lá dentro lançando um feitiço para dormirem:

            - Dormiens!

            Todos caíram no chão dormindo fazendo o senhor Granger virar seu rosto assustado para nós dois ainda com a varinha em punho.

            - O que está acontecendo?

            - Pai – ela não aguentou mais segurar as lágrimas e abraçou-o deixando mais confuso.

            - Amy você está louca?

            Hermione saiu de seus braços, e apontou sua varinha em seu rosto fechando os olhos pude ver as lágrimas ainda escorrerem de seus olhos marcando sua bochecha, se concentrando em um feitiço mudo, girou seu punho fazendo os olhos de seu pai ficarem desfocados por alguns segundos e logo depois voltarem a brilhar como se tivesse acordado de um longo sono.

            - Oh meu Deus! – foi a primeira coisa que ele exclamou.

            - Pai, isso parece estranho, mas sei que se lembra de tudo o que se passou mesmo com a memoria alterada, e isso pode parecer confuso com essa aparência, mas sou eu, a Hermione.

            - Hermione, o que fez comigo e sua mãe, ficou maluca?

            - Eu sei que o senhor não pode compreender isso agora, mas...

            - Hermione – a chamei impedindo dela continuar a falar – Vamos sair desse prédio agora?

            - Não! Preciso achar minha mãe ainda Rony – virando seu rosto novamente para o senhor Granger - Onde ela está pai?

            - Quem é ele? Não pode ser o Doutor Zack.

            - Não sou senhor Granger, meu nome é Ronald Weasley, se lembra de mim?

            - Rony? – perguntou encarando a Hermione que apenas confirmou com a cabeça.

            - Pai, cadê a mamãe?

            - Sua mãe? Não tenho noticias de sua mãe, desde que nós nos separamos.

            - Vocês o que? – ela perguntou angustiada.

            - Olha, eu sei que existem muitas coisas a se por a limpo, mas precisamos sair daqui antes que nos descubram – tentei fazer a Hermione me ouvir.

            Nós tivemos muita sorte até agora, sorte até demais, está muito fácil, temos que sair daqui antes que nos descubram, antes que o ministério da Magia daqui descubra o que fizemos, temos que voltar a ser nós antes de encrencas.

            - Pai, está me dizendo que não sabe onde a mamãe está? – ela voltou a perguntar agora com a voz tremendo de desespero.

            - Seu cabelo, está ficando na cor marrom... – o pai dela disse espantado apontando Hermione.

            - Estamos voltando ao normal, Hermione precisamos sair daqui – agarrei seus ombros fazendo ela me olhar.

            Ela enfim concordou com a cabeça. Mudamos a memoria dos alunos desacordados no chão, e abrimos a porta do elevador saindo pela recepção antes que alguém nos parasse.

            - Isso não parece certo – o senhor Granger disse amedrontado olhando nós dois que já havíamos voltado a nossa aparência.

            Abrimos a porta no qual tínhamos deixado os dois que nos transformamos desacordados, recuperamos nossas roupas, assim como fizemos ambos acordarem e pensarem que nada havia acontecido.

            - Me explique o que aconteceu, o que fez, o que foi tudo isso? – o pai dela perguntou quando sentamos nos bancos do jardim do Hospital.

            - Não posso acreditar que a mamãe não está com você – ela dizia tampando se rosto com a mão – Não previ isso.

            - Não gosto da ideia de ficarmos aqui – eu disse olhando para a porta principal do Hospital que tínhamos saído, varias pessoas nos observavam confusas.

            - Pelas minhas contas, mais de um ano se passou desde que nos mudamos para a Austrália – ele encarou a filha apavorado – Hermione você fez um feitiço em nós?

            - Eu tive que alterar a memoria de vocês, eu... não...não... podia deixar vocês correrem risco, foi a solução que achei.

            Virei meu olhar novamente para a porta de entrada do Hospital e aquela recepcionista apontou o dedo para nós três. Um cara com uma roupa preta e braços enormes e ameaçadores, sem contar sua cara de poucos amigos, começou a caminhar em nossa direção.

            - Precisamos sair daqui agora! – gritei puxando a Hermione pela mão correndo juntos com o pai dela que estava em nosso encalço.

            - Temos que aparatar – disse a encarando preocupado.

            - Meu pai nunca fez isso e... não é bom usar magia na frente de um Trouxa.

            - Mas já usamos – insisti.

            - Vamos pegar um Taxi e voltar para o hotel.

            Ela me disse decidida e não paramos de andar até achar um lugar onde achamos um telefone na rua, onde a Hermione conseguiu chamar um taxi.

            Logo no Hotel, pude respirar aliviado.

            - Nem da pra acreditar o quão fácil foi – exclamei deitando na cama que usava com a adrenalina ainda nas minhas veias.

            - Pensando nisso, foi fácil demais – ela me disse preocupada – Nada é fácil demais.

            - Hermione, porque fez isso?

            Acho que o senhor Granger merecia respostas, eu não devia me intrometer nisso. Resolvi sair do nosso quarto com a intenção de deixa-los a sós para todas as respostas, também não estava com vontade de explicar coisas, minha cabeça latejava de dor.

            Durante aquele fim de tarde o senhor Granger, foi até o Hospital que supostamente dava aula como professor e pediu demissão do seu emprego.

            - Porque não pensei nisso Rony? É logico que eles poderiam se separar, eu quis arrumar as coisas e só estraguei tudo – ela dizia tristemente.

            - Porque eles se separaram? – perguntei sussurrando tentando acalma-la em vão.

            - Minha mãe, parece que ela insistia em dizer ao meu pai que ela tinha uma filha chamada Hermione, ela se lembrava de mim – me explicava cabisbaixa – e brigou com meu pai dizendo que ele fingia que eu não existia, mas não era culpa de ninguém, fui eu que não fiz o feitiço de forma correta.

            - Lógico que não Hermione, você devia parar de se culpar por coisas que não pode controlar – sentei-me ao seu lado na cama segurando sua mão – Seu pai está aqui não é? Vamos conseguir achar sua mãe.

            - Você acha?

            - Tenho certeza! – afirmei com a voz firme.

            - Meu pai disse que talvez saiba o bairro que ela pode estar morando, mas não lembra o local exato.

            - É um começo não é?

            Ela confirmou com a cabeça mais confiante.

             Decidimos assim que amanhecesse procuraríamos pelo bairro que supostamente a mãe dela morava, consegui faze-la deitar um pouco após comermos, agora tinha um sono aparentemente tranquilo, mas por mais que eu quisesse pregar meus olhos não conseguia.

Preciso acreditar que a pior parte já passou, mas porque meu peito dói?

            Eu ouvi batidas na porta e logo me lembrei do pai dela e abri para ele entrar.

            - Ela dormiu? – ele olhou sorrindo para a filha – Isso é bom.

            - Acho que a Hermione não sabe o que é ter uma noite de sono tranquila há vários meses.

            Não que eu esteja confortável, estou falando com o pai dela, sim o homem que normalmente desejaria minha morte, afinal eu sou o namorado de sua filha. Sou eu que irei roubar Hermione para mim.

            - Sabe Ronald, eu sempre tive ciúmes da relação que minha filha tinha com você, Harry e sua família – ele começou o discurso para me matar colocando a mão em meu ombro.

            - Como... como... assim senhor Granger? – engoli em seco.

            - Ela sempre passava boa parte das férias com vocês, mas hoje eu entendo, e eu queria te agradecer.

            Ok, minha boca está escancarada.

            - Pelo que?

            - Por cuidar da minha filha quando eu não estava por perto.

            Consegui apenas concordar com a cabeça. Talvez ele no fim não esteja bravo por roubar sua filha, talvez ele saiba que nada dura para sempre, nós querendo ou não.

            xx

            Na manhã seguinte não tinha nada pra ser uma manhã boa, por exemplo, o céu estava escuro e podia-se ver que a chuva não ia tardar a aparecer, fomos até o bairro que o Senhor Granger achava que sua mulher podia morar, mas esse negocio de bairro é relativo, nós poderíamos passar em todas as casas, condomínios, lojas e etc, perguntando por ela? Era uma missão chata e longa e o bairro era enorme. Além dela talvez não morar mais lá. A única certeza que tínhamos é que não poderíamos desistir fácil.

            Foi as duas da tarde, com sol quente em nossas costas, cansados de andar e famintos, que eu a vi.

            Dizem que coincidências não existem, talvez seja o destino então.

            Tudo que sei que foi num flash que a vi e a reconheci. Vi a mãe da Hermione poucas vezes, mas a reconheceria em qualquer lugar, era muito parecida com a garota dos meus sonhos, principalmente o cabelo.

            Ela estava entrando em um ônibus.

            Um ônibus que ia partir do lugar que estávamos. E todo nosso dia seria em vão.

Foi então que pensei em fazer a coisa mais absurda.

Não da pra saber qual vai ser o ultimo dia da sua vida. Os dias que você pensa que serão os últimos (como os da guerra) nunca atingem aquilo que sua mente imaginou ou projetou, para seu alivio ou não...

Eu tinha que ser rápido, não podia fazer feitiço algum num povoado Trouxa.

            São os dias normais, os que começam normalmente, que terminam de forma trágica.

            Olhei para céu e senti uma gota cair em meu rosto. A chuva havia chegado, talvez ela deixasse as coisas menos dolorosas.

            Nunca sabe que será o ultimo dia de sua vida, até se despedir dela com palavras bonitas ditas no desespero...

            - Escute Hermione, sei que nunca vai ser feliz por completo se não encontrar sua mãe, vou parecer um louco... talvez eu seja mesmo, tão louco por você que cometa loucuras sem pensar...

Até fazer tudo pelo um bem maior...

            De repente, claro em minha mente, soube do porque de meus pesadelos do “para o bem da humanidade”, tudo era tão obvio, todos os pesadelos, era eu me sacrificando para o bem dela, somente o ultimo e pior de todos tinha ela se sacrificando. Talvez significasse que se eu não agisse rápido seria tarde demais e ela estaria perdida para sempre, sem poder ser feliz de novo.

            - Isso é para o bem da Humanidade, o seu bem, já te disse que você é a Rainha?

            - Rony...

            Ela começou a falar, mas a calei com um beijo leve em seus lábios.

            - Só não esquece que eu te amo, ok?

            Eu não me importava se o pai dela estava nos observando o tempo todo, nem que a Hermione me achasse maluco naquela hora, tudo que sei é que eu tinha uma missão.

            Não podia deixar a minha Humanidade, se machucar ainda mais.

            Correndo para o meio da rua, parei de braços esticados em frente ao ônibus, sabia que era tarde demais, perdi tempo me despedindo dela, ele avançava rapidamente pronto para colidir em mim.

            Pode me chamar de louco agora. Sei que sou.

Você não se da conta que está no ultimo dia de sua vida até que está no meio de algo que lhe joga pra trás e faz todos os músculos de seu corpo doerem...

- RONY! – seu berro chamando meu nome é quase um alivio.

E fecha os olhos esperando a dor acabar.


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Notas finais do capítulo

N/A: Um ano de fic eu realmente não esperava isso, quer dizer, vocês sempre foram tão bem receptivos comigo no inicio da Fic. Bom, só pra que saibam, eu li Eu sou o mensageiro em 08 de maio de 2010 (eu decoro data que leio livros porque coloco meu nome e a data que comprei dentro deles) e eu amei, porque Markus Zusak é incrível, ele me faz chorar e rir ao mesmo tempo em um livro, e ele é meu autor preferido, ai vocês pensam: nossa ela ama Harry Potter e gosta mais de outro autor de livro sem ser a JK Rowling, eu amo a tia Jo, ela me deu minha infância, adolescência e fase adulta, ela me deu amigos verdadeiros, meus melhores amigos hoje, são por causa de Harry Potter, mas eu amo mais Markus Zusak e to esperando desesperadamente o novo livro dele Ponte de Argila desde 2010. Enfim, me deparei com Ed me aventurando nas paginas de Eu sou o mensageiro aquele personagem tão real e cheio de defeitos fazendo coisas incríveis para ajudar pessoas que ele simplesmente não conhecia por causa de cartas de baralho. Eu me apaixonei por isso e pensei na Fic. Rony protagonista (narrando em primeira pessoa, que é meu maior desafio), fic pós guerra, com todas suas cicatrizes e formas de dor, e peças de xadrez. Desde o inicio eu sabia a ordem e as missões do Rony, sabia as soluções e quantos capítulos a fic ia ter. Muitas missões me surpreenderam, a do Percy foi uma, a do Jorge e da senhora Weasley, mesmo eu não gostando de algumas coisas, foram as melhores para mim. E eu acho que a missão da Mione não supera essas... e eu não estaria escrevendo essa fic ainda, se vocês não lessem e me dissessem sempre as palavras lindas e perfeitas em cada review minha. Muito Obrigada!
Acho que já disse demais né gente?
Bom, só pra agradecer vocês por este um ano, eu quero muito terminar Mensagens até Dezembro, mas acho que vou terminar em Janeiro, mas quando acabar vou me aposentar do mundo das fics.
Esse cap não está betado, não consegui conversar com minha beta hoje, mas eu precisava postar ele hoje, então aqui está.
Ele não ficou bom na minha opinião, é o maior de todos até agora. Achei que as coisas ficaram corridas e o final sem noção, mas eu gostei de escrever o beijo no cemitério, era uma coisa que sempre quis escrever. Ah o hospital eu pesquisei no google e vi que tinha esse hospital em Sydney que tinha uma faculdade de odontologia e gostei e coloquei.
Eu sempre quis colocar também isso de frases no começo, que refletem no final. Espero que não tenha ficado muito confuso.
Eu ainda não respondi as reviews porque o Nyah resolveu me deixar nervosa esses últimos dias. Mas juro que vou responder cada uma com carinho aqui
Acho que é só...
Se não acharem esse cap uma porcaria (o qual achei) e quiserem saber o final. Faltam apenas dois capítulos pra terminar Mensagens
Beijos
E obrigada pelo um ano.