Abri a porta e dei de cara com meu melhor amigo encharcado e tremendo, mas acima de tudo, sorrindo feliz. Ele não deu tempo para que eu o convidasse para entrar. Já veio me abraçando, rodopiando, gritando de felicidade e me fazendo ficar totalmente encharcada.

   Não dei importância para aquilo, afinal, um sorriso de Luke, valia mais do que um sermão.

- E ai? – perguntei esperançosa.

- E ai que eu CONSEGUI! – ele gritou a última parte fazendo com que me assustasse.

- Imagine só! Luke Malory, o novo astro adolescente do ano! – disse imaginando.

- Deixa de ser boba!

- Mas me diz como foi lá? – perguntei entusiasmada.

- Foi muito legal, pessoas estranhas... – enquanto ele me contava, seu rosto ficou estranho. Parecia triste.

- O que foi? – perguntei passando o dedo sobre o cenho franzido.

- E-eu vou ter que ficar um tempo em outra cidade. – gaguejou cabisbaixo.

   Meu coração parou.

- Como? – tentei entender. Meu melhor amigo estava indo para outra cidade e me deixaria sozinha?

   Luke pareceu perceber meu desconforto e me abraçou ainda molhado. Saber que ele ficaria ali só por mais um pouco e depois iria embora. Chorei silenciosa e calmamente. Doeu.

- Eu fico se você quiser. – sussurrou apoiando o queixo em minha cabeça.

   Sorri.

- Não. Vá, viva, ganhe o cinema e mostre a eles o que é um verdadeiro ator. Mas, nunca se esqueça de mim. – disse limpando as lágrimas com um gesto bem suave e imperceptível.

- Eu te amo, Rach. Nunca se esqueça disso, O.k? – disse Luke.

   O eu te amo era uma frase fácil, que vinha com uma naturalidade tão grande que eu poderia dizer “eu te amo” para o padeiro!

- Eu também. – disse mais pra mim do que para ele.

(...)