Ironias de Uma Vida escrita por ThatzFer


Capítulo 12
Capítulo 12




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         Dois dias haviam se passado desde a descoberta da minha gravidez. Os enjôos tinham tirado o resto de cor que havia na minha pele, então todos começaram a notar que eu não estava bem. E como poderia estar?

- Mamma, venha aqui. – chamou mamãe, preocupada. – Venho notando que você está tão fraca, minha filha. O que está acontecendo?

Fiquei com ímpetos de contar a ela, mas resolvi que ela saberia na mesma hora que eu.

- Não sei, mãe, estou me sentindo meio mal esses dias... Acho que está na hora de ver um médico, não é? – respondi, fazendo carinha de choro.

- Vou ligar para o meu médico, querida, vamos descobrir o que você tem logo, logo. – ela falou, me dando um beijo na testa e levantando-se pra pegar o telefone.

Com certeza um bom exame de sangue comprovaria minha gravidez, e eu faria a maior cara de surpresa, assim como mamãe, e começaria a chorar ao saber da notícia. Tinha a cena toda planejada na minha cabeça, mas não planejava nem um pouco o que aconteceria duas horas depois...

* No médico *

- Doutor Jonas, esta é Mamma, minha filha. – mamãe apresentou-me rapidamente – Ela anda muito fraca esses dias, vomitando muito. Eu gostaria de uma requisição para fazer um exame de sangue, doutor, e também que você desse uma olhada nela.

A cada minuto que passava, meu estômago embrulhava mais com a expectativa. Ele olhou pra mim analiticamente, e perguntou:

- Você está vomitando muito, Mamma? Tem tido enjôos, e o que mais?

- Er, sinto muita fome, doutor. Mas nada segura no meu estômago, já acordo vomitando. – respondi, o mais inocentemente possível.

- E quanto à sua menstruação, Mamma? Está normal?

- Bem, eu deveria menstruar semana passada, mas não veio... – quando eu disse isso, a compreensão fez os olhos da minha mãe se arregalarem em desespero.

- Deixe-me perguntar apenas mais uma coisa: você é virgem, Mamma?

Aquilo me fez tremer nas bases. Ninguém sabia que eu e Tom tínhamos uma, err, ‘vida sexual’ ativa. Só nós dois. Bill apenas desconfiava.

- Bem... Não. – respondi, embaraçada.

- Como assim, Mamma?? Como pôde esconder isso de mim?? – explodiu mamãe, desesperada.

- Mãe, você não precisa saber de cada detalhe que acontece na minha vida!

- Então, tenho a forte impressão de que você está grávida, Mamma. Mas vamos fazer um exame de sangue para comprovar, e alguns exames a mais também.

Graças a Deus. Aquele peso tinha saído de mim. Pelo menos parte dele.

* Depois de feitos os exames *

         O médico olhava para os resultados com uma expressão preocupada, mas eu não sabia por que. Afinal, era só um caso de gravidez, não era?

- Bem, você está mesmo grávida, Mamma. Mas há mais uma coisa aqui... – começou ele, sério e cauteloso. O que mais haveria ali? Dois bebês?!

- O que é, doutor? – perguntou mamãe, impaciente.

- Seu útero...

- O que tem o meu útero??

- Seu útero é malformado, Mamma. Não tem elasticidade suficiente para carregar uma criança... Sinto muito.

Como assim? Quer dizer que eu não teria aquele bebê? Eu deveria estar contente, então! Por que ele sentia muito?

- Err, doutor, e o que vai acontecer, então? – perguntei, fazendo cara de triste.

- Teremos de... de retirar seu útero, Mamma. – ele respondeu, cauteloso. Espere aí. Retirar o meu útero? Aquilo significava que...

- Então... eu não vou poder ter mais filhos? – perguntei, quando a ficha caiu. Eu não queria ter aquele filho, mas isso não significava que eu não queria ter filhos!

- Sinto muito, Mamma, mas não, você não poderá ter mais filhos.

Então eu comecei a chorar. Minha mãe já chorava havia séculos.

A cirurgia foi marcada. Quanto antes, melhor. Esterectomia, era o nome. Retirada do útero. Junto com um pequeno feto... Foi tudo muito rápido. Uma semana depois, e eu já estava livre daquele peso. Mas a dor não me abandonava jamais. Depois de todas as burrices que eu já tinha feito na minha vida... Eu tinha encontrado alguém interessante, por mais estranha que fosse a nossa relação... Eu estava feliz com o Tom. Apesar de tudo, eu estava feliz. O triste de tudo aquilo... era saber que além de não poder ser uma mãe agora, com 16 anos, não poderia ser uma mãe nunca.


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Notas finais do capítulo

agradecimentos a Duda_ que ajudou com a idéia do útero malformado!
Espero que gostem do rumo que a fic tá levando...
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