Pov Taylor Swift

“...de um jeito que você sabe muito bem fazer”. Essas palavras torturavam minha mente, elas não saiam da minha cabeça nem um segundo sequer.

O vento batia furiosamente contra a janela de meu quarto. Era sinal que uma tempestade se aproximava da cidade. O noticiário parecia ter acertado a previsão.

Não havia conseguido dormir nada a noite passada, o cansaço então era algo inevitável pelo resto do dia.

Sentei-me na cama procurando pela luz do abajur o acendendo. Depois resolvi tomar um banho e troquei-me de roupa.

Fui até a janela e fiquei observando a chuva que ficava cada vez mais violenta.

O clima é uma boa definição da vida, refleti. Temos dias chuvosos com grandes tempestades que causam inúmeros prejuízos. Na vida passamos por diversos momentos de tristeza e sofrimento, são momentos que ninguém deseja passar, momentos em que repensamos nas decisões erradas que tomamos e nas coisas ruins que fazemos, mas devemos de alguma forma agradecer por esses dias ruins, só assim para nos arrependermos e recomeçarmos tudo de novo, analisando os erros e acertando nas escolhas. Quando a tempestade se esvai no horizonte, e o sol aparece para iluminar nossas vidas, é a certeza que tanto sofrimento foi compensado. Não existe alegria maior que você olhar tudo o que passou, todos sofrimentos e todas as angustias, e poder dizer que valeu a pena. Ser feliz não é ter um céu sem tempestades, um caminho sem pedras. É ter maturidade para atravessar cada obstaculo que é imposto, e a humildade de dizer: Eu venci.

Fui interrompida de meus devaneios com o toque de meu celular.

- Alô- atendi

- Oi Taylor, sou eu Evelyn. Você já esta pronta?- minha assistente me perguntou

- Sim já estou-

- Então vou mandar o motorista te buscar ok?-

- Ta, mas é mesmo preciso eu ir de motorista sendo que eu posso ir com meu próprio carro Evelyn?-

- É preciso sim. Daqui a pouco ele esta chegando. Tchau-

- Tchau- desliguei o celular.

Uma das piores coisas de minha carreira é ter que abrir mão de poder sair com meu próprio carro.

Quando o carro chegou desci a escada indo em direção a porta de casa a abrindo e em seguida fechando-a com força, atravessei a forte chuva que caia entrando no carro. Iria ser um dia e tanto hoje, estava muito ansiosa pois iria fazer um show em Franklin (Tennessee), e pelo que minha assistente havia me dito, os ingressos tinham sido todos vendidos.

***

A energia do publico era incrível, todos estavam muito animados e eufóricos.

Quando terminei de cantar a ultima musica do repertorio que havia preparado, agradeci a todos pela presença e me despedi saindo do palco com uma salva de palmas.

O mais gratificante na carreira de um artista é poder sentir a admiração dos seus fãs. Hoje o show estava lotado, e era muito bom saber que meu trabalho agradava muitas pessoas, devo tudo aos meus fãs pois sem eles eu não teria chegado a onde cheguei.

-Taylor parabéns! O show foi maravilhoso!- Evelyn parabenizou-me vindo em minha direção com uma pequena garrafa de agua nas mãos me entregando.

-Muito obrigado. Foi realmente incrível- comentei um pouco sem fôlego, depois fui para o meu camarim e tomei um banho trocando-me de roupa.

-Taylor posso entrar?- Evelyn perguntou dando leves batidas na porta.

-Sim-ela entrou segurando o seu celular.

- Um tal de Hilton Baltazar quer falar com você. É sobre o CMA 2010-Disse ela entusiasmada me entregando o celular.

- Oi- Falei

- Taylor Swift?-

-Sim sou eu. Em que posso ajudar?-

-Bom, eu já falei com o seu empresario, mas queria falar com você também. Eu quero convidar você para fazer uma apresentação no CMA 2010. Você já sabe que esta sendo indicada a uma categoria? Então o que você acha de também se apresentar?-

- Nossa é um convite e tanto! Mas primeiro eu preciso conversar com o meu empresario. Depois eu te dou a resposta, tudo bem?- Perguntei.

- Ok. Ficarei aguardando ansiosamente sua resposta. Foi um prazer falar com você Taylor Swift-

-Igualmente-

-Tchau. Tenha uma boa noite-

-Tchau- respondi desligando o celular.

- E aí Taylor?- Evelyn perguntou curiosa esboçando um sorriso que ia de orelha a orelha.

- Eu fui convidada para cantar no CMA 2010!- a alegria era evidente no tom de minha voz.

- Taylor isso é muito bom-

- Não. É perfeito, é uma ótima oportunidade de divulgação do meu novo cd-

- Fico feliz por você-

-Obrigado Evelyn- entreguei o celular a ela.

-Bom tenho que resolver alguns assuntos. Quando quiser ir embora o motorista esta la fora- disse ela saindo um pouco apressada do camarim.

- Ta- Parei um pouco pensativa, me perdendo em pensamentos.

É claro que essas premiações são ótimas oportunidades de divulgação. Todos estarão assistindo.

Um mar de ideias invadiram minha mente. Algumas um tanto malucas outras mais precisas.

E se o Taylor estiver assistindo o CMA? Eu poderia cometar uma loucura- mas seria em pro do bem.

Se eu pedisse perdão a ele, ao vivo ele iria me ouvir, e quem sabe poderia me entender?

Não. Seria um escândalo para a impressa do mundo todo, só complicaria minha situação ainda mais.

Teria que fazer isso de uma forma discreta e plausível, de uma forma que apenas ele entendesse, mas como?

Uma ideia começou a se formar em minha cabeça.

A frase que minha mãe havia me dito algumas semanas atrais, o motivo de minha inquietação particular, tinha um significado bastante preciso para mim.

Ela acha que eu conseguiria pedir perdão ao Taylor de um modo que eu saiba muito bem fazer, e a única coisa que me vem em mente é simplesmente musica. Agora esta tudo claro, tudo faz sentido, é através da musica que eu conseguirei concretizar meus objetivos.

Peguei minha bolsa em cima da cadeira e sai do camarim a procura de meu motorista. Quando o encontrei um alivio repentino me invadiu, disse a ele que queria ir para casa imediatamente e ele seguiu minhas ordens.

Ao chegar em casa fui direto para o meu quarto ignorando meu irmão Austin que havia me chamado. Adentrei meu quarto jogando minha bolsa no chão e procurando desesperadamente por meu violão, e quando o encontrei sentei-me na cama e comecei a toca-lo. Não entendia o porque desse meu desespero, eu apenas queria tocar.

Eu já sabia o que fazer para conseguir o perdão dele, iria compor uma musica em sua homenagem ou algo do tipo, ele iria ouvir a musica e talvez percebesse que a mesma era especialmente para ele. Eu sempre compunha inspirando-me em fatos reais que aconteceram comigo ou com alguém que eu conheça, então não seria tão difícil descrever em uma musica o quanto eu me arrependera.

Comecei a tocar algumas notas, mas nada me agradava.

Por um segundo lembrei-me de uma tarde maravilhosa que eu e Taylor havíamos passado juntos, Taylor pegou esse mesmo violão que seguro e se arriscou a toca-lo. Confesso que foi um desastre, mas quando por fim conseguiu aprender, ele tocou algo que prendeu minha atenção, era uma especie de canção um pouco abstrata mas aos poucos formou-se uma melodia belíssima.

Toquei o violão tentando lembrar-me da melodia, até que sem perceber acabei criando uma outra que era perfeitamente como eu queria.

Agora eu tinha uma canção só faltava a letra, o que complicava ainda mais.

Passei a maior parte da noite em claro escrevendo musicas. Mas nada ficava do jeito que desejava. Tinha a mais absoluta certeza que não desistiria enquanto não conseguisse escrever aquela bendita musica.

Então um surto de entusiasmo me invadiu, tagalerei qualquer frase que me vinha na cabeça.

Lembrei-me do quanto me arrependera e que faria de tudo para mudar o sombrio passado. Meus lábios se abriram e uma canção surgia em torno de tristezas e arrependimentos. Pensar no quanto eu havia me arrependido pareceu funcionar.

Recitei:

So this is me swallowing my pride,

Aqui estou eu engolindo o meu orgulho

Standing in front of you saying

Na sua frente pedindo

I'm sorry for that night

Desculpas por aquela noite

And I go back to December all the time,

E eu volto para dezembro toda hora.

It turns out freedom ain't nothing but missin' you

Acontece que a liberdade não passa de saudades de você

Wishing I'd realized what I had when you were mine

Queria que eu tivesse percebido o que tinha quando você era meu

And I go back to December, turn around

Eu voltaria para dezembro, mudaria de ideia

And make it all right

E faria tudo certo

I go back to December all the time

Eu volto para dezembro toda hora

Sim, era isso o que eu esperava de mim mesma. Agora eu já tinha o refrão perfeito, para um certo pedido de desculpas.

Estava tão entretida que esqueci o quanto estava cansada. O sol começou a aparecer um pouco tímido, foi quando desabei na cama dormindo profundamente por longas e merecidas horas.

***

Acordei naquela manha um pouco atrasada para o compromisso que tinha com meu empresario, iriamos conversar sobre o CMA, e estava muito ansiosa para contar-lhe a ideia que tive para minha apresentação.

Coloquei uma camiseta lilás com o meu querido jeans e uma jaqueta beje, peguei minha bolsa descendo apressada pelas escadas.

-Filha não vai tomar café?- meu pai perguntou-me enquanto lia seu inseparável jornal.

-Não pai estou um pouco atrasada- respondi pegando minhas chaves na estante.

-Sua mãe saiu com o Austin disse que iam visitar um museu e que voltariam antes do almoço. Ela pediu-me para avisar a você que não se atrasasse de novo-

-Vou ver o que posso fazer- disse indo em sua direção e lhe dando um beijo na bochecha.

-Tudo bem. Até mais filha- falou enquanto eu abria a porta.

-Até mais- fechei a porta me atrapalhando com as chaves , entrei no meu carro ligando-o e indo ao encontro do meu empresario.

Estava tão feliz naquela manha que nada poderia mudar o meu humor, nem conseguia digerir todo o meu progresso no pedido de desculpas. Cantava repetidamente o refrão da canção que havia criado. Mal podia esperar para voltar para casa e escrever mais trechos da musica.

Quando cheguei no prédio onde era o escritório dele, entrei na portaria e subi no elevador. Andei pelos corredores procurando me lembrar do numero do apartamento que ele havia me dado a um tempo atrais, até que o encontrei. Toquei a campainha duas vezes e logo ele me recebeu.

-Taylor mas que visita agradável- Ele logo sorrio esbanjando simpatia.

-Olá Robby como vai?- perguntei.

-Bem. Entre- ele ofereceu e entrei.

-E você como tem passado?- perguntei

-Digamos que mais ou menos. Tive alguns problemas pessoais , mais isso não vem ao caso, vamos ao que interessa - Pausou fazendo um sinal para que me sentasse no sofá e ele fez o mesmo- Quer alguma coisa? Agua, café ou suco?

- Não obrigado-

- Bom como eu estava dizendo, o organizador do CMA me perguntou se você gostaria de fazer uma apresentação na premiação. Tenho certeza que você iria aceitar, mas achei melhor conversarmos. E que tem um problema. No mesmo dia que sera a premiação também haverá um show seu em Nova York, e cabe a você decidir se você quer abrir mão de um show tão importante quanto é esse para sua carreira, e preferir ir para essa premiação- Tinha me esquecido desse enorme detalhe. Detalhe ao qual eu não esperava.

-Confesso que tinha me esquecido desse show- estava tão confusa que só consegui dizer aquelas palavras.

O som do telefone dele nos interrompeu, ele olhou no identificador

- Me desculpe mas tenho que atender- Ele foi para o outro comodo da casa. Nem havia percebido que a tv estava ligada. Tentei ocupar minha mente me concentrando em um programa que parecia ser de celebridades. A apresentadora estava falando sobre rumores de novos romances em Hollywood. Desviei meus olhos da tv achando aquilo muita bobagem, quando algo prendeu minha atenção. Olhei automaticamente de volta a tv.

-Taylor Lautner, o lobo gato da Saga Crepúsculo, foi visto em um restaurante com sua colega de elenco do seu novo filme, Lily Collins. Algumas pessoas que trabalham juntamente com o casal afirmam que eles tem uma química incrível que vai além das telas. E aí sera que eles estão namorando?- Fiquei pasma e sem reação aquela noticia tão inesperada e surpreendente ao mesmo tempo, todo o meu entusiasmo agora acabara de sumir por completo.