Complicações - Capítulo Onze

Lily Evans

Depois de acordar com a pior dor de cabeça que já teve em toda sua vida, Lily decidiu sair para passear com seu cachorro, Harry. Ela e Harry estavam juntos desde que ela era uma minúscula garotinha de cinco anos. Há alguns dias atrás - antes de toda aquela confusão com Potter acontecer - Harry havia ficado doente e Lily o levou ao veterinário.

Felizmente Harry já estava bem e, com a desculpa de levá-lo para pegar um ar, ela fugiu de suas amigas que insistiam em falar sobre o que havia acontecido na noite anterior.

Estavam passeando pelo parque, enquanto Lily contava os últimos acontecimentos para seu cão.

–... E quando eu entrei pela porta todos ficaram me olhando, Harry. Você não tem noção de como eu fiquei com vergonha.

Ia dizendo para Harry.

–... E o pior não foi isso. Não! O pior foi o que aconteceu depois – ela pôs a mão na cabeça e parou de caminhar. – Eu beijei o Potter, Harry. O Potter! Como eu pude fazer isso? Logo ele! Podia ter sido até o Black, que eu nem iria me importar tanto, mas o Potter!

O cachorro parecia estar prestando atenção em cada palavra que ela dizia.

– E agora eu não sei o que fazer Harry. O que você acha que eu devo fazer? - Lily perguntou para o cachorro.

Como se as palavras de Lily tivessem ativado algum tipo de botão de energia no cachorro, Harry - que até o momento estava quieto, ouvindo o que Lily falava - fez uma careta estranha com a pergunta e, logo em seguida, saiu correndo desembestado pelas calçadas do parque.

Lily foi arrastada miseravelmente pelas calçadas, quase voando do chão, tentando fazer Harry parar, mas o cão era muito mais forte do que ela. Tentou soltar a mão da corrente, mas estava presa.

– HARRY PARA!

E agora o cachorro estava indo em direção à movimentada rua que passava pelo parque.

Era só o que faltava! Depois de ter beijado o garoto mais idiota do mundo, Lily Evans morre por culpa de seu cachorro desembestado.

Eles estavam quase na rua.

Lily fechou os olhos.

James Potter

Depois de muito esforço, James conseguiu fugir de seus amigos que estavam enchedo-o com assuntos que ele preferia nem falar. Saiu de casa e decidiu dar uma volta pelo parque que havia perto de sua casa. Lá havia um capo de futebol e, com sorte, talvez o deixassem jogar.

Chegou na praça, que estava atulhada de pessoas, e avistou o campo de futebol. Estava dirigindo-se para lá quando um grito o assustou.

– HARRY PARA!

James olhou para os lados, à procura do causador de sua momentânea surdez, mas não viu nada fora do comum. Seguiu em frente, mas sua caminhada até o campo foi interrompida quando James foi atingido em cheio por um vulto vermelho e amarelo que o derrubou com força no chão, fazendo-o cair em cima de alguém.

– Ai, minha lombar – ele ouviu a voz abafada em baixo dele.

Alguns latidos a sua volta o fizeram perceber que o seu atropelador havia sido um lindo - e elétrico - labrador dourado.

O cão acoava feliz em volta dele e da pessoa que ele estava esmagando, como se estivesse feliz por alguma coisa. Cachorro doido.

– Será que você poderia sair de cima de mim? - perguntou a pessoa, que ele percebeu ser uma garota, que estava em baixo dele.

– Ah, desculpe! - disse James, levantando-se e ajudando-a a levantar.

E foi ai que ele viu quem era.

Lily. Evans!

Seu coração começou a bater tão forte que ele sem querer soltou a mão dela que estava quase de pé. Ela caiu de novo.

– AU! – disse ela que parecia não ter visto quem era ele.

– Me desculpe – disse ele estendendo novamente a mão para ela que estava com os cabelos completamente bagunçados do tombo.

Evans pareceu perceber de quem era a voz e olhou para cima, encarando-o com os grandes olhos verdes. Seu tom de pele mudou subitamente de rosinha claro para vermelho-sangue.

– POTTER! Tinha que ser você mesmo - disse ela enquanto levantava-se sem pegar na mão dele.

– Tinha que ser eu o que? Foi esse seu cachorro maluco que me atropelou – disse ele revoltado, olhando para o cão que agora lambia suas canelas.

– O Harry não é maluco - disse ela com raiva passando as mãos pelos cabelos bagunçados.

– Sério? Então porque esse bicho veio correndo para cima de mim feito um caminhão desgovernado?

– Harry estava exercitando-se, apenas isso. Ele gosta de correr... um pouco - Evans respondeu enquanto tirava as folhas e galhos que havia em sua roupa.

James continuou encarando-a até que ela ergueu os olhos e encarou-o também. Ela corou.

E, odiando-se por pensar em uma coisa dessas, James achou que ela ficava linda assim. E desejou morrer por causa desse pensamento. O que estava acontecendo com James Potter? O que estava acontecendo? Pelo amor de Deus! Ele sacudiu a cabeça internamente e revidou.

– Você devia era mandar esse seu cão doido pro manicômio, isso sim! - disse James irritado com as reações que ela causava nele.

– O HARRY NÃO É DOIDO! - disse Evans, furiosa.

– Claro que não! Ele não tem culpa de ter a dona que tem - disse James tentando provocar para não cair na tentação de agarra-la ali.

– Seu idiota - disse Lily que parecia querer atirar algo nele.

– Tão idiota que você até me beijou - disse, descontrolando-se.

– Foi você quem me beijou! - disse ela ficando mais vermelha ainda. Como ele conseguia isso? Ficar num tom de vermelho assim deveria ser perigoso, não é mesmo?

– E você gostou! - disse ele.

Ela não respondeu nada, apenas respirou fundo e olhou para o outro lado.

Ela havia gostado? Essa sua reação tinha sido um sim?

Ela pegou a coleira do cachorro descontrolado e tentou sair andando. Ele impediu. E depois ficou confuso com sua própria reação.

– Vai fugir Evans? – disse ele impedindo sua passagem.

– Sai da minha frente, Potter! – disse ela tentando tirar ele da frente.

– Não, eu tô bem aqui – ele falou, irritando-a. – Você não acha que o dia está bastante agradável hoje?

– Porque você não cala a boca Potter? – perguntou ela indignada.

– Porque você não vem aqui calar Evans? – provocou ele.

Ela olhou para ele com tanto desprezo e nojo que ele se encolheu.

– Eu jamais, se eu soubesse que era você o príncipe, teria beijado alguém tão idiota e egocêntrico como você. Você não vale nada! - disse ela. - Sai da frente Potter.

– Só porque você pediu com educação Evans.

Ele a deixou ir e ficou olhando enquanto ela sumia na multidão que estava assistindo o pequeno show que haviam dado.

As palavras dela haviam machucado-o. E muito. E ele irritou-se com isso.

Principalmente seu orgulho. Seu lado maroto sorriu para ele.

Evans iria engolir as palavras que havia dito á ele da pior forma possível. James iria fazê-la apaixonar-se por ele, só para depois largá-la para ela ver o quanto ele não valia nada.

Lily Evans

Era a segunda-feira menos esperada na vida de Lily Evans. Ela não estava nem um pouco feliz de ter que ir para a escola e encontrá-lo. Especialmente depois do que havia dito a ele na tarde anterior.

Lily não queria ter dito aquilo à ele. Foi puro desespero, afinal se ela não tivesse saído correndo daquela praça, poderia ter feito coisas das quais se arrependeria muito depois. Como por exemplo, beijar o Potter. De novo.

teria de pedir desculpas pelo que disse. E isso seria extremamente humilhante. Ah seria.

Arrumou-se e foi para a escola, mau-humorada. Assim que chegou, ouviu alguém gritar, chamando-a.

– LIILICAAAA!

Ela sabia que era Lene só pelo doce tom de voz.

– É Lily – revidou, irritada.

– Oi, babe! - disse Lene parecendo mais animada que a última vez em que elas haviam se visto.

– Oi Lene! Como você está? - perguntou Lily para a amiga.

– Completamente superada - disse Lene fazendo um gesto com as mãos.

– Que bom! – falou.

Foram para a aula, um pouco atrasadas e, quando abriram a porta da sala receberam um olhar mortal da professora.

– Atrasadas, meninas! - disse a profª. McGonagall. - Andem, sentem-se!

Elas olharam para a sala e viram que só havia dois lugares: um ao lado de Dorcas e um ao lado de... Potter.

E elas fizeram a coisa mais madura do mundo: correram para tentar pegar o lugar ao lado de Dorcas. Ela teria conseguido se não fosse Lene a puxar sua mochila e a atirar longe.

Vaca! Lene só não queria sentar ao lado dele porque Sirius estava atrás.

Respirou fundo, ajeitou-se e foi em direção ao seu triste fim... O dia iria ser longo hoje.