-Selena – disse Mikelly enfática – Obrigada, Leon.

Foi a única que ouvi antes de dormir profundamente nos braços da pessoa que mais detinha meu ódio.

Quando abro meus olhos já estou no velho campo onde Sean mais passava o tempo e como dito encontro-o sentado sobre uma pedra admirando a vista que não sabia como dava para o fundo de um penhasco.

Caminho até ele sentindo o vento leve esvoaçando meu cabelo.

-Sean – chamo-o correndo ao seu encontro.

-Angelique – disse ele me abraçando fortemente – Onde esteve?

Afasto-me dele um pouco com minhas mãos pousadas em seus ombros o encarando confusa.

-Como assim onde eu estive? – pergunto estreitando minhas sobrancelhas – Foi você que sumiu e me deixou na mão.

Ele me encarou por um segundo e depois me puxou para sua casa onde pediu que me sentasse numa das cadeiras de madeira com um belo entalhe.

-Conte-me tudo – pedi ele pegando minhas mãos sentado na minha frente – Não me esconda nada.

Não vou mentir que não senti nada com toda aquela atenção e preocupação que ele tinha por mim, mas não podia deixar que passasse de carinho por ele, jamais.

Assento com a cabeça e resumo tudo que me acontecerá, apenas deixo de lado minha discussão com Leon que era melhor nem ele saber.

Primeiro porque não queria meu corpo cheio de hematomas de uma possível briga que ele armaria e segundo porque não seria justo envolvê-lo em meus assuntos.

-Distrito 15 e Terceira Dimensão – refleti ele com uma mão no queixo – Não imagino como que Ária conseguira te mandar para esses lugares.

-Os Arrancars – digo séria – Eles são o que precisamente?

-São o que Jax disse – responde ele me encarando – Mais de forma bem mais crua adoram carne não importando qual seja o ser.

-Bom saber que eu quase viro comida de canibais mesmo – ironizo arrancando um sorriso seu – Por que não me ouviu?

Ele delicadamente pega o pingente de espada e o encara por um segundo.

-Isso é uma pulseira de afastamento – explica ele ainda olhando o pingente – Não posso sair mais como bem entender de sua mente ou mesmo tomar seu controle. Na verdade, posso fazer isso por algumas horas, mas nada duradouro entende?

Limito-me a assentir com a cabeça sentindo o calor de seu corpo mais próximo do meu.

-E nesses dois mundos – continua ele retornando seu olhar para o meu rosto – Não é permitido a entrada de deuses assim não tinha como socorrê-la.

-Saquei – mordo meu lábio inferior – Mas, Ária me mandou pra esses lugares?

-Na verdade você ajudou também.

-Como assim? – pergunto franzindo a testa.

-Uma outra hora falamos disso – responde ele já se afastando de mim.

Agarro uma das faixas de seu braço trazendo-o de volta para perto de mim. E quando me refiro perto, é muito perto.

Deixo que meus olhos penetrem o mar esverdeado que é o seu olhar.

-Acho bom começar a me contar e...

Não tive tempo de falar, pois ele cola seus lábios ao meus enquanto meu corpo deita-se sobre a mesinha de centro com ele já em cima de mim apertando minhas coxas.

-Sean – digo com seus lábios descendo para o meu pescoço.

Sufoco um gemido de prazer e tento afastá-lo de mim, mas sua força não deixa.

Seus lábios novamente procuram os meus.

-Eu te amo – sussurra ele com seus lábios colados aos meus.

-Me solta – ordeno ficando irritada com seu abuso.

Ele me aperta ainda mais contra o seu corpo.

-Agora! – berro empurrando-o para trás o que nem faço idéia de como consegui.

Ele me olha abismado talvez por ver minha expressão gélida.

-Enquanto você não aprender a domar suas atitudes não venha me procurar, fui clara? – indago friamente.

-Angelique – começa a dizer ele, mas é detido pela mão de Eva sob seu ombro – O que faz aqui?

-Percebi que você estava passando dos limites com ela – responde ela solene antes de se voltar para mim – Desculpe por isso querida, mas daqui em diante terás um melhor sono.

Antes que ela emitisse mais uma palavra, acordo dando-me de cara deitada no colo de alguém.

Esfrego meus olhos sentindo o velho perfume conhecido. Sobressalto-me no mesmo instante deparando-me com duas pedras esverdeadas acinzentas me encarando.

-O que faz aqui? – rosno afastando-me dele.

-Você não me deixou ir embora – respondeu Leon erguendo-se – Ficará abraçada a mim adormecida e não tive como soltá-la.

Abro minha boca de choque por minha atitude nada legal, mas me recomponho o encarando fria.

-Agora está livre para ir – digo encaminhando para a porta.

-Graças – disse ele aliviado.

-E aproveite para  – digo quando ele atravessa a porta – Não aparecer mais no meu caminho.

Ele retorna-se para me olhar frio.

-Já avisei – disse ele solene – Se eu pudesse com certeza não nos veríamos mais.

-Podemos fazer isso – digo encostando-me na porta, não estava conseguindo ver muito bem.

Ele dá um passo na minha direção.

-Selena – ele me chama preocupado – O que você tem?

Aperto meus olhos querendo ver seu semblante, mas o mau estar não estava deixando.

-Suma daqui – rosno quase não reconhecendo minha voz.

-Mikelly – grita ele aparando-me – Mikelly!

-Me larga – peço querendo me afastar dele sentindo a queimação chegar a minha garganta.

-Pare de criancices – pedi ele severo pondo-me no sofá – Mikelly!

-O que houve? – pergunta ela entrando em meu campo de visão.

-Ela está febril – responde Leon pondo sua mão na minha testa – O que está havendo com ela?

-Sean está querendo assumir o controle – responde ela preocupada – Mais tanto a pulseira como alguém não está deixando.

-E? – instiga o romeno apertando a minha mão, não estava sentindo isso!

-Está prejudicando o corpo dela – disse ela hesitante – Acho melhor ir agora, Leon. Eu consigo cuidar de tudo.

-Menos mal então – conclui ele separando nossas mãos.

-Não – nego delirante – Fica.

-Ele precisa ir – sussurra Mikelly ao meu ouvindo passando sua mão no meu cabelo.

-Quero-o aqui – exijo novamente, certamente estava ficando louca.

-Mikelly – disse ele suave – Deixo tudo por sua conta.

Logo depois apenas o perfume dele fica.

-Isso logo vai passar – sussurra Mikelly afagando meu cabelo – É bom ver que não o odeia.

-Claro que eu o odeio – resmungo fechando meus olhos.

E como prometido, Eva me faz ter um melhor sono.