Continuava a andar na areia até avistar algo bem depois de entrar na floresta. Havia uma casa escondida no meio da floresta. Milhares de trilhares de árvores em sua volta. O pôr-do-sol ainda estava aparente e logo atrás de duas montanhas. A casa se posicionava perfeitamente com as montanhas e o pôr-do-sol. Eu ainda conseguia enxergar a beleza daquela paisagem apesar de sempre lembrar: talvez eu não veja/sinta/pense desse jeito daqui a alguns dias. A casa era pequena, madeirada, bonitinha a entrada com uma florzinha na porta.

          -Você vai entrar? – levei um susto. Era a voz de Luca. Eu havia pensado que ele tinha ido embora, seguido sua vida – Eu não vou te abandonar tão cedo!

          -Por que? Pra deixar as coisas piores?

         -Eu não vou deixar você ir! Até parece que você quer ir.

         -Você acha que eu quero mudar totalmente de personalidade e deixar de viver a minha vida que eu vivo desde sempre? Que depois de tudo eu finalmente consegui algo em que me agarrar e agora eu vou ser outra pessoa que não vai ter mais nada além do simples desejo de matar todos?

         -Em que você finalmente conseguiu se agarrar?

         -E isso importa agora, Luca? – cruzei os braços.

         -Pra mim sim – achava que Luca estava fazendo graça, mas ele continuou serio.

         -Você acabou de me dizer que me amava, eu amo você também. Depois de tudo que aconteceu você me resgatou, em todos os momentos. Então, você me disse que não tem importância porque eu vou virar, olha eu nem sei o que eu vou virar.

        -Você não vai virar nada. Você já virou um anjo da morte. A única coisa que vai mudar é que você vai mudar de personalidade e não vai mais me amar! Vai ser como se você não existisse mais e eu terei que conviver com isso. Eu não vou fazer isso! – Luca resgatou meu olhar caído de tristeza – Eu quero você e não importa o que aconteça, você vai ser minha, entendeu? – dei uma risadinha.

       -Mas como?

       -Eu não sei – Luca disse desanimado – Vamos à corte!

       -E o que iria acontecer lá? O que eles iriam falar? Como iriam ajudar?

       -Nós explicaríamos o que está acontecendo e eles veriam o que podem fazer!

       -E aquilo de que eu não podia saber sobre os anjos da morte e que eu iria para a corte?

       -Você já virou um anjo da morte então isso não é mais problema! Era ou você virava um anjo da morte ou te matavam porque nenhum mortal poderia saber sobre os sobrenaturais! E no começo não era problema porque eles não haviam descoberto, mas depois que Peter           descobriu sobre você ele queria capturá-la!

      -Eu ainda não entendi porque Peter e Jason queriam me matar! Loren eu até entendo, que era por causa de ciúmes.

      -Eles queriam te matar por causa de Loren. Loren é muito poderosa, ela consegue manipular as pessoas, ou nesse caso sobrenaturais, de uma maneira surpreendente! Ela sempre foi muito manipuladora e sempre conseguia o que queria! Ela também me manipulava, foi um dos motivos d’eu ter terminado com ela. Ela manipulou Peter e Jason porque, como você viu, eles são bem fortes. O jeito como ela manipula as pessoas não é como você imagina. Ao lado de seus olhos tem um tipo de pingente muito pequeno que ele tem poderes, poderes de fazer os outros fazerem o que ela quiser.

     -Onde ela conseguiu isso?

     -Quando ela nasceu seus pais deram de presente esse poder. Seus pais eram os lideres dos anjos da morte, mas eles perderam seus poderes e a única que restava na família com poderes era Loren. Eles viraram humanos e como eles já tinha milhões de trilhões de anos eles morreram e agora queimam no inferno. Gostou da história?

    -Todos os seres sobrenaturais vão para o inferno?

    -Sim porque quando viramos sobrenaturais perdemos nossas almas e automaticamente estamos condenados a queimar no inferno. Vamos voltar um pouco no tempo?

     -Como é que é? – voltar no tempo? Tipo... voltar no tempo?

     -Não voltar, voltar no tempo, mas vamos na casa abandonada, ou melhor, casa dos Del angells.

      -Claro. Vamos voando?

      -É a maneira mais rápida!

      -Ok. – Luca levantou e em seguida me puxou, logo me jogou no ar me fazendo voar sozinha, por minha conta. Era ótimo essa sensação de voar. Mais ainda quando você voa por si só. Não havia percebido quando voava até a ilha pois o estresse estragava essa maravilhosa sensação.

     Aquele lugar me trazia lembranças. Lembranças de quando nem conhecia Luca e lembranças de quando apenas me encontrava com Luca.

     De novo, estava em frente as portas brancas da casa olhando fixamente a pilastra em que Luca se apoiava e me esperava com uma rosa nas mãos. Luca colocou sua mão em meu braço me puxando.

     -Vamos lá pra dentro. Você nunca foi para o fundo da casa, não é? – balancei a cabeça em forma de não. Ele abriu a porta e me deixou passar, sorri. Parecia maior do que nunca. Fazia um tempo que não ia a casa. Já havia virado hábito ir até ela e depois tive que parar de freqüenta-la. Luca fechou a porta e me guiou até o fundo da casa. Lá quando você entrava a coisa que primeiramente você reparava era uma flor no meio do cômodo escuro, uma flor vermelha linda e muito viva – Bonita não é? Ela tem 19.570.897 anos – estava boquiaberta, a flor era a flor mais viva, mais bonita, menos morta que já havia visto.

    O cômodo era escuro e havia apenas uma janela mais para o fundo. Um tapete bem grande escuro também. A pouca iluminação e as cores que predominavam no espaço deixava o ambiente ainda mais escuro. Com moves pretos e marrons, e apenas a única cor colorida que havia era da tal flor.

    Sentamos um ao lado do outro. De repente uma luz veio da janela iluminando o lugar, principalmente a gente. A PARTE DO CAPITULO 3! A VISÃO!

    Era familiar tudo aquilo. De repente lembrei. Já vi isso, já vi tudo isso. Era aquele sonho que havia sonhado a um tempo.

   -O que foi? – Luca devia ter percebido minha cara de fascinação misturada com medo.

  -Nada é que... eu já vi tudo isso. Eu tive um sonho e era exatamente como isso, como tudo isso.

  -Você teve uma visão! Carter temos que te levar de uma vez para o castelo do submundo.

  -Por que? O que isso tem de mais? Já tive visões antes.

  -Você... temos que te levar. Vamos. – Luca puxou meu braço e fomos para fora, voamos. Ele me levou até o alto. Ele abriu o portal e entramos no submundo.

   Corríamos, até uma floresta enorme. Apostávamos corrida. Luca estava na minha frente, acelerei e fiquei ao seu lado, vi ele ir mais devagar e acabei ganhando. Já havíamos chegado no começo da floresta. Era enorme, nunca havia visto uma floresta de tal tamanho.

   -Assim não vale! Você me deixou ganhar! – cruzei os braços.

   -Eu não deixei você ganhar, você é que é rápida! – eu realmente não acreditava.

   Entrávamos na floresta. Havia muitos animais, mas não do tipo normal e nem podiam se chamar animais. Eram sobrenaturais transformados. Lobisomens correndo, vampiros subindo em árvores, etc. O que mais tinha na tal floresta eram borboletas seguindo a gente. Borboletas lindas e de todas as cores.

   Corríamos muito rápido, as borboletas corriam junto com a gente. Até o fim da floresta as borboletas nos seguiam. Quando acabava a floresta aparecia o castelo, enorme, o maior castelo que poderia existir. Todo branco e com janelas cheias de detalhes parecendo tudo um sonho. Nem havia percebido, estava boquiaberta. Luca segurou minha mão, seguimos em frente.

   Olhávamos para o lado, um para o outro, mas não olhávamos para frente. Por isso, esbarrei em uma garota. Ela tinha cabelos castanhos e estava toda melosa com seu namorado. Ela parecia tão espantada quanto eu em relação aos sobrenaturais.

    Minhas coisas estavam caídas no chão, eu e Luca abaixamos para pega-las. Catei tudo com Luca e enfiei tudo na minha bolsa.

    -Você... – olhei para frente, a garota falava comigo. Erguei as sobrancelhas.

    -Carter. – será que ela me conhecia? Puxei um fio do meu cabelo para trás – Você me conhece? – ela ia falar, até abriu a boca, mas parou.

     - Hã... Eu vi seu... ritual. – me encolhi toda, estava um pouco constrangida. – Desculpa falar sobre iss...

     - Tudo bem, não se preocupa. Eu tenho mesmo que superar, hã...

     - Claire.

     - Isso, Claire. – olhei para o castelo atrás de Claire, enquanto eu apertava meus dedos entrelaçados.

    - Peraí, você é o Mason? Mason, cara, lembra de mim? – Luca sorriu para o cara que estava atrás do provável namorado de Claire. A Claire encarou Luca e estremeceu.  – Luca, amigo do James, lembra de mim? – Luca conhecia ele?

      - Lembro, claro que lembro – eles se abraçaram, rindo de experiências passadas. – Como é que tá?

     - Tá tudo bem.

     - Hã, Luca, esse é o Leon e a Claire é a...- Mason deixou a cabeça tombar de lado, sem saber como me denominar.

     - Namorada do Leon – Leon sorriu para Luca, que retribuiu. Parecia que Claire havia estremecido de novo.

     - Ah, é. Faz muito tempo mesmo. – Mason e Luca riam. Pelo menos não era só eu que já que não entendia nada, Leon e Claire também não entendiam sobre o que que era. Leon apertava os braços em volta da cintura de Claire e eu encarava Claire um pouco, numa mistura de confusão e admiração. Queria ver se também já a tinha visto antes. Claire começou a me encarar também.

     Caraca, que garota estranha essa daí, viu ? E o que será que ela quis dizer com viu meu ritual ? Será que ela também estava envolvida com aquilo tudo ? Não, não acho.

     Claire deu uma gargalhada alta. Todos pararam de prestar atenção em qualquer outra coisa que estivessem prestando e a encararam, sem saber como reagir. Principalmente Mason e Leon, que estavam na defensiva. Mason deixou de lado e virou-se para Luca.

     - Bom revê-lo. Mas agora temos que ir.

     - A gente também. – Luca passou o braço por volta de mim e me puxou levemente para perto, carinhosamente, enquanto eu olhava, com medo, pro castelo atrás de nós. Mason cumprimentou Luca, que sorriu para mim e Leon. Retribui o sorriso.

    -Seu amigo, Luca?

    -Ah, é. Pois é. Eu o encontrei na festa do Jason, sabe? Um dos anjos que ajudaram a te salvar.

    -Ata. Er... – olhava para o castelo na minha frente agora. Respirei fundo.

   -Melhor a gente ir ver o que ai acontecer com a minha pequena. – dei um sorrizinho. Luca falava do jeito mais lindo “pequena”

    Estava com medo. O que vai acontecer no castelo?