-Não, nós não sentimos fome. Mas comer é tão bom, né ? - ele sorriu.

-É pra levar na maldade ? - eu sorri, maldosa.

-Não. - ele riu. - Achei que você fosse uma menina mais santinha.

-Pensou errado, meu querido. - ele deu de ombros. O filme tinha começado.

Luca se endireitou na cadeira do cinema e passou o braço em volta de mim, me puxando para perto. Eu corei de leve, não era muito de ficar vermelha o tempo todo. Mas acho que ele percebeu, estava sorrindo. Eu revirei os olhos. Na nossa frente, tinha um casal se agarrando no meio do cinema. Arregalei os olhos para a cena. Imagina se o Luca me agarrasse assim ? Revirei os olhos. Eu e minha imaginação terrível.

-Aqueles dois ali sim gostam de comer. - Luca me olhou, sorrindo.

-E como. Estão só lá no preço. - imitei aquela velhinha do comercial do supermercado. Rimos.

-Ai, Carter, só você mesmo.

-Espero que isso seja bom. - ele me olhou.

-É, é sim. - disse, com um sorrisinho. Olhei para o filme, com medo de corar novamente.- Você fica bonita vermelhinha, sabia ? Parece que tá com blush.

-Fala sério. - revirei os olhos. Voltamos a prestar atenção no filme. Quer dizer, ele voltou. Na minha mente, só pensava no Luca. Podia até parecer mais, mas eu tinha certeza de que nós éramos só amigos e era assim que ia ficar por um bom tempo.

Acabei pegando no sono no meio do filme. Estava bem quentinho ali, nos braços dele.

Acordei quando já tinha acabado, com Luca me dando um beijo na bochecha. Ele sorriu quando eu abri meus olhos.

-Gostou muito do filme, hein ?

-Poxa, adorei. - me espreguicei - Da próxima vez, eu escolho o filme, ok ?

-Como quiser. - deu de ombros. - Vamos, vou te levar para casa.

- Precisa não.

-Eu quero, com licensa ? - assenti. Ele me pegou no colo e me levou para fora da sala de cinema. Comecei a bater nele pra tentar sair.

-Luca, me larga. Me bota no chão. - gritava, enquanto todos nos olhavam, assustados.

-Estão olhando para gente.

-É só me largar que eles param de olhar. - eu sorri, desafiando-o.

-Pode tirando o cavalinho da chuva. Para de gritar você. - fechei a cara.

-Isso não é justo, você é mais forte.

-Problema é seu. - Luca foi para trás do shopping comigo. -Vamos da maneira divertida. - ele levantou vôo, pela primeira vez comigo no colo. Me sentia mais protegida, mas o frio na barriga era o mesmo. A viagem era maravilhosa, podia fazer isso todo o dia. E tudo chegava rápido. Luca pousou no meu quintal. - Prontinho. Doeu ?

-Doeu. Mas o vôo compensou.

-Então pronto - ele sorriu. Aquele sorriso que me derretia. - Até amanhã. - me deu um beijo na bochecha.

- Até. - ele levantou vôo de novo. Dei uma acenadinha, respirei fundo para aguentar os gritos que estariam atrás daquela porta e entrei. Para a minha surpresa, meus pais conversavam tranquilamente, rindo juntos. Eu parei na porta, de boca aberta.

- Ah, filha, que bom que você chegou, precisávamos falar com você.

-Ah, podem falar. - eu sentei no sofá, entre eles dois. Eles pareciam contentes, por tanto, seria uma coisa boa.

-Filha, desistimos da separação. Vimos que essas brigas eram todas uma idiotisse e que nós ainda nos amamos. - me segurei para não sair pulando de alegria.

-Sério ? Vocês tão falando sério ?

-Claro que estamos, Carter. - eu dei um pulo de alegria e abracei os dois. Nada poderia me deixar mais feliz naquele momento. Meus pais não iriam mais se separar. Dá pra acreditar ?

-E vamos voltar a ser aquela família dos velhos tempos, filha. Aquela que era feliz. E aí, o que acha ?

-Eu topo ! - rimos.

-Para comemorar, vamos sair para tomar sorvete.

-Adoro ! Vamos ?

    Saímos os três juntos. Era muito bom saber que minha família voltaria a ser aquela família unida e feliz de antigamente. Assim eu espero, é claro. Aquela história de reconciliação me dava mais forças para enfrentar os anjos que queriam matar. Agora sim, anjos da morte, podem vir.

    Fui direto para meu quarto dando pulos de alegria. Cada beijo de Luca em minha testa ou minha bochecha... Ainda me arrepiava. A risada de meus pais e logo depois a noticia que eles não iriam mais se separar. Tudo parecia perfeito, exceto a parte que queriam me matar. Jason, Peter... Esses nomes... Me assombravam.

     Entrando em meu quarto, todo bagunçado, diferente de como havia deixado. Entrava preocupada com a organização. Abri meu armário. A bagunça era pior.

-O que é isso? –falava para mim mesma.

-Está procurando alguma coisa? –uma voz feminina, familiar e maquiavélica. Rapidamente, como de costume, me virei. Não havia ninguém. Logo depois risadinhas. Percebi que não era apenas uma pessoa. Continuei olhando para a janela e vi uma pontinha de um medalhão mas não qualquer medalhão, o medalhão que havia achado em minha mochila. Sabia que não poderia ser boa coisa!

-Quem está ai? -risadinhas. Continuava mesmo eu não conseguindo ver ninguém. Fui em direção a janela e só vi um vulto passando pela janela. Sabia o que era, tinha certeza, pena que não era coisa boa.

     Fui direto para minha caixa de jóias procurar o medalhão. Minha caixa toda revirada. Havia muita coisa nela, brincos, colares, anéis, pulseiras... Só não tinha uma coisa, o medalhão. Revirando a caixa percebi isso, mas também havia algo nela que não estava antes. Um bilhete.