A Pedra da Noite escrita por luizaac


Capítulo 6
A viagem.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, achei que ficou meio... superficial, não sei. Comentem e a coisa toda. Besos



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    - Leon, não sei se vai dar não, vai me encrencar com meu pai. – eu mexi no cabelo. Estava pegando a mania de Leon.

    - Claire, é de extrema importância que você venha, e traga a pedra, claro. Importância universal. – ele parecia preocupado.

    - Eu não posso simplesmente te dar a pedra e você fazer o que bem entender com ela ? – tinha medo dessa resposta.

   - Não. – ele parecia um pouco apreensivo. – Eles ainda não descobriram o que fazer com você. – engoli em seco.

   - C-como assim ?

   - Acho que é isso mesmo o que você está pensando. – eu estava arrepiada. – Então, já sabe o que fazer ?

    - A-acho que sim. – tentei pensar rápido. Era difícil pensar alguma coisa que não me queimasse depois. Uma luz surgiu para mim. – Leon, posso te ligar daqui a 10 minutos ?

    - Pode. – ele pareceu meio surpreso. – Se você não ligar, eu mesmo ligo.

    - Ok. – desliguei e rapidamente digitei o telefone de Jane. – Alô, amiga ? Preciso de um big favor seu.

    - O que eu não faço por você, não é, gatinha ?

    - Jane, posso fingir que vou para sua casa ? – mexi no cabelo.

    - Como assim, sunshine ? – ela estava surpresa. Eu não sabia o que dizer para ela. Eu não podia contar sobre os sobrenaturais para ela. Eu já estava correndo risco de vida e não queria que minha amiga passasse por isso também.

    - Eu não posso entrar em muitos detalhes, mas é de vida ou morte. Eu preciso... Viajar. E acho que meu pai não deixaria, entende ? – um nó dominava a minha garganta – Eu só te peço para dizer para o meu pai que eu fiquei na sua casa durante os dias que eu ficar fora. Vou tentar não demorar. Pode ser ?

    - Você sabe que eu não gosto de mentir, amiga. – eu resmunguei. – Mas não há nada nesse mundo que eu não faça por você. Só há uma condição.

    - Qual ? – eu estava aliviada.

    - Você vai me explicar tudinho quando voltar, ok ? – eu assenti, ela, enfim, concordou e desligamos. Eu sabia que podia contar com Jane. Mas tinha medo de prejudicar a minha amiga. Ou botá-la em risco. Liguei para Leon de volta.

    - Tudo resolvido. – expliquei o que tinha combinado com Jane.

    - Ótimo – a voz dele estava bem calma. – Então, vamos fazer o seguinte. Você vai dizer para o seu pai que vai ficar lá até... quarta, pode ser ?

    - Cinco dias ? Tá doido é ?

    - Não, é necessário, Claire. – tinha medo do que podia acontecer durante essa viagem. Por que tantos dias ? O que íamos fazer ?

    - Ok, Leon. – prendi o cabelo em coque e respirei fundo. – E o que mais iremos fazer ?

    - Você vai realmente pra casa dela. Eu vou te buscar às 3, ok ?

    - Da manhã ? – arregalei os olhos.

    - É, queridinha, algum problema ? – ele riu.

    - Não, nenhum.

    - Então tá. – ele usava um tom divertido. – Traga algumas roupas para trocar, coisas de higiene, alguma coisa para fazer durante a viagem, que vai ser longa, essas coisas importantes para vocês, humanos. – Leon disse, sarcástico. – Ah, é claro, a pedra, muito bem guardada, ok ?

   - Ok. Deseja mais alguma coisa ? – usei o sarcasmo. Imaginei que ele teria revirado os olhos.

    - Não senhora, só isso mesmo, obrigado. – dessa vez, eu revirei os olhos. – Esteja pronta às 3, ok ? Nem um minuto a mais, nem um minuto a menos. Se não a gente perde o avião.

    - Avião, ok. Peraí, a gente vai sair do país ?

    - Problemas ? – Leon falou, debochado.

    - Sim, seu tosco – respondi, no mesmo tom – Passaporte, né ?

    - Fica tranqüila que isso é comigo. – ele riu – Até as três. – e desligou, sem me deixar responder. Fiquei meio atordoada. Não era certo mentir para meu pai, muito menos envolver Jane, mas era uma questão de salvação mundial. Acho.

    Arrumei minha mochila grande com roupas e coisas do tipo e fui falar com o meu pai.

    - Pai, vou dormir na casa da Jane até quarta, tá ? – eu evitava o seu olhar.

    - Ok, filha. – ele estava tentando preparar alguma coisa na cozinha, com ajuda de Keila. – Algum problema ?

    - Não, não. Só saudades da amiga mesmo. – eles sorriram.

   Eu subi, com certo peso na consciência. Não era certo mentir para eles, de jeito nenhum. Balancei a cabeça, tentando me focar na viagem.

    Tomei um banho, troquei os curativos, botei uma roupa confortável – Uma jegging, uma blusa mais comprida e um all star cano curto – e prendi meu cabelo em rabo. Peguei o livro com a pedra e botei dentro da mochila, bem lá no fundo. Olhei para o meu quarto. Pelo andar da carruagem, podia ser a última vez que eu via o meu quarto. Respirei fundo e desci.

    - Pai, vou andando até a casa da Jane, ok ? – eu evitava, mais uma vez o seu olhar.

    - Tá bom, toma cuidado, filha. – lágrimas vieram aos meus olhos. Respirei fundo. Tentei continuar andando, mas não consegui. Corri para abraçar o meu pai. Abracei com o maior amor e sorri.

    - Te amo pai.

    - Também te amo minha filha linda. – dei um beijo na sua bochecha. Abracei Keila e dei um beijo na bochecha.

    - Me façam um favor ? – eles assentiram – Digam para Ellie que Oliver é um babaca ? – eles me olharam, surpresos.

    - Pode deixar. – Keila riu – Eu concordo com você. – ela passou a mão em meu cabelo e eu passei a mão na barriga dela.

    - Amo vocês. – olhei para os dois por uma possível última vez. – Tchau. – abri a porta e fui em direção a casa de Jane.

    Talvez eu estivesse fazendo uma tempestade em um copo d’água. Quer dizer, talvez eu não fosse morrer. Leon não tinha dado sinais claros para eu pensar isso. Eu estava... Paranóica.

     Toquei a campainha da casa de Jane. Ele própria abriu e tomou um susto.

    - Ué, não era para fingir, amiga ? Você não ia viajar ? – ela saiu da frente da porta para eu entrar. Eu entrei e subi as escadas, indo para o quarto dela. Fechei a porta e a encarei.

    - É... Complicado. Eu vou viajar essa madrugada, então, para tudo dar certo... – ela me encarava, de um jeito meio cômico.

    - Isso parece uma novela. – ela prendeu o cabelo de qualquer jeito. – Jane likes. – ela riu.

    - Sério que você não tá brava, nem qualquer coisa comigo ? – eu continuei encarando-a. Ela sacudiu os cabelos ruivos.

    - Não, amiga. Isso parece loucura, e eu adoro loucuras. Apesar de não estar entendendo nada, eu te apoio amiga. Acho que você já deveria saber disso. – eu não pude deixar de me emocionar. Abracei a minha amiga e ela mordeu minha bochecha. Rimos bastante.

    Fomos deitar à meia noite. Botei o celular para despertar às 2 e meia. Deitamos e eu rapidamente peguei no sono. Acordei assustada com o despertador do celular. Levantei e me vesti, tomando muito cuidado para não acordar ninguém.

    Às três, peguei minha mochila e olhei pela janela. Uma pedrinha atingiu o meu rosto.

    - Ai ! – eu resmunguei em um tom um pouco mais alto. Virei para ver se Jane tinha acordado. Não tinha. Suspirei de alívio. Olhei para baixo para ver quem tinha me jogado aquela pedra. Vi Leon olhando para cima e sorrindo. – Peraí que eu vou descer – eu sussurrava de um jeito que ele pudesse ouvir.

    - Sem chances. Demora muito.- ele não tinha a menor precaução. – Desça pela janela.

    - Tá doido, é ? Eu...

    - Desça agora. – ele nem me deixou argumentar. Revirei os olhos e procurei o jeito de descer. Tinha uma árvore próxima. Eu me apoiei na janela e joguei minha mochila. Leon pegou-a, com muita agilidade. Subi no galho da árvore e fui descendo, de galho em galho. Cheguei no chão com um salto. – Ótimo. Espero que não se oponha a andar de moto. – ele apontou para uma motocicleta vermelha parada próxima a nós, me dando um capacete. Coloquei o capacete.

    - Não. – abri a viseirinha do capacete. – Mas... você tem idade para dirigir ? – subimos na moto. Fui obrigada a abraçá-lo com força.

    - Não. E isso torna mais divertido. – ele fechou a viseirinha e acelerou.

    - Leon ! – ele estava indo muito rápido. Praticamente voando baixo. – Isso tá muito rápido, e você não tem carteira.

    - Ah, cala a boca, Claire. – ele soltou uma risada deliciosa. – Para de reclamar só um pouquinho, por favor ? – eu revirei os olhos e assenti.

    - Mas, para onde vamos ? – tinha que gritar para ele ouvir.

    - Aeroporto, não é ? Se vamos pegar um avião... – mais uma vez, revirei os olhos.

    Chegamos rapidamente no aeroporto, considerando que Leon estava a, pelo menos, 100km/h. Descemos da moto e ele pegou minha mochila, sorrindo quando ouviu o barulho irritante daquela pedra. 

    - Que bom que você trouxe.

    - Achou que eu fosse te enganar ? – eu sorri, sarcasticamente.

    - Não sei, você às vezes me surpreende.

    - Eu sou assim – dei de ombros. Ele sorriu, misteriosamente.

    - Vem – Leon saiu andando em ritmo acelerado. Eu tinha que quase correr para acompanhá-lo. O aeroporto nem estava tão cheio, mas eu fazia questão de bater em todos. Obrigada equilíbrio !

    Leon parou na fila de check-in. Me olhou e eu fiquei constrangida.

    - Como você pretende me fazer sair do país sem passaporte e sem autorização dos meus pais ? – eu o encarei, desafiando-o.

   - Com isso, que tal ? – ele me mostrou dois passaportes. Falsos. E duas identidades com nossas fotos, dizendo que tínhamos 18 anos. Eu encarei os documentos falsos, boquiaberta.

    - Documentos falsos, Leon ? – ele fez um sinal para que eu abaixasse o meu tom. Eu sussurrei – Você está louco ?

    - Um pouco – ele deu de ombros. – Mas, você se opõe mesmo em casos de dominação universal ? – eu engoli em seco e balancei a cabeça, negativamente.

    - Isso é loucura. – eu revirei os olhos.

   Fizemos o check-in e fomos embarcar. Fiquei apreensiva com o raio-x, mas Leon disse que não precisava. E ele estava certo, passamos sem nenhum problema. Em menos de dez minutos, embarcamos no avião e fomos para a primeira classe.

    - Se for para fazer, que faça direito. – Leon me olhou, divertido, quando perguntei como a gente estava na primeira classe de um vôo para a França.

    - Mas... por que a França ? – disse, sentando na poltrona macia do avião, depois de guardar a mochila no bagageiro.

    - Espere e verás. – ele sentou do meu lado e ficou me olhando. Eu olhei para o chão e ele desviou o olhar, rindo. – Você é engraçada.

    - Por que ? – eu me senti corar.

    - Não sei, simplesmente é.

    - Não faz sentido. – eu encarei mais um pouco o chão e, em seguida, o teto.

    - A vida não faz sentido. – parei de encarar o teto e encarei-o. Ele sorriu e eu me forcei a desviar o olhar.

    Fiquei ouvindo música por um bom tempo, até cair no sono. A viagem era demorada, e já era madrugada. Dormi quase a viagem toda. Acordei com o piloto anunciando a aterrissagem e me surpreendi de ver Leon me olhando, com um sorriso estranho do rosto. Eu corei.

    - Não precisa se envergonhar. – ele levantou e pegou minha mochila. – Você fica... Fofa dormindo. É legal. E você fala. – eu me virei para olhá-lo.

    - Que tipo de coisas eu falo ? – mexi no cabelo.

    - Nada que dê para ser entendido. – eu suspirei de alívio.

    - Acho que você tem coisas mais divertidas de fazer além de ficar me vendo dormir. Por exemplo... Dormir, que tal ? Ou você não dorme ?

    - É claro que durmo – ele riu – Mas eu dormi o dia todo hoje. Estou sem sono. – eu revirei os olhos.

    Saímos do aeroporto e demos de cara com outra moto. Provavelmente, íamos de moto ao lugar certo.

    - Mais uma hora, se eu for à 100km/h.

    Encarei mais uma hora de moto, praticamente voando baixo. Do jeito que batia vento, era possível eu ficar resfriada. Chegamos em uma viela muito estreita e comprida e de aspecto sujo. Eu dei um passo atrás, mas Leon me puxou, indicando que era para eu segui-lo. Respirei fundo e fui atrás.

    Olhando para o chão, fui andando cautelosa e silenciosamente. Não estava entendendo nada, por que estávamos ali ?

    Depois de andar um pouco, a viela se abriu. Só se via uma casa grande e misteriosa, tipo essas casas mal-assombradas. Dois andares, janelas sujas e aspecto rústico. Leon chegou perto da porta, pegou uma chave e abriu-a.

    - Vem, Claire. – disse, entrando na casa. Segurei a respiração e entrei. Incrivelmente, a casa era magnífica por dentro. Tudo limpo e organizado. Era bem clara e arejada, os móveis novos e cheirava bem. Não pude deixar de exclamar. – Voilá. Gostou ?

    - Uau, é...Surpreendente. – eu sacudi a cabeça – Mas, o que é isso ? Alguma coisa relacionada a...

    - Sim, e não. A gente vai ficar aqui. – ele sorriu. – O lugar aonde nós vamos mesmo, só à noite.

    - Ok. – sentei no sofá e olhei para o relógio. Eram três e quinze. Revirei os olhos.

    - Você pode assistir TV, sei lá.

    - Boa idéia. – liguei a TV. Nada que eu pudesse entender. Resolvi ficar ouvindo música e lendo. Fiquei a tarde toda fazendo isso.

    - São seis e meia. Não vai querer tomar banho ? – eu confirmei com a cabeça. Tomei banho e vesti qualquer roupa. Estava muito apreensiva com o que podia acontecer.

    - Estou pronta. – eram seis e cinqüenta.

    - Me dê quinze minutos.

    - Quanto tempo desejar. – eu sorri. Ele subiu e quinze minutos depois voltou, de banho tomado e roupa trocada. Fiquei olhando, impressionada com a beleza dele. Mas acho que Leon percebeu, porque ele riu, envergonhado.

    - Vem comigo. – ele foi andando dentro da casa. Leon abriu uma porta que eu não tinha visto e apareceu uma escada, descendo. Ele desceu e eu fiquei olhando. Apreensiva, desci também.

    Continuei seguindo-o, cautelosamente. Quando dei por mim, estávamos num corredor escuro e mórbido. Estava arrepiada.

    - O que é isso ? – ele olhou para trás e parou.

    - Espere e verás. – repetiu o que tinha dito no avião. Fechei minha cara. Rindo, Leon botou as mãos na maçaneta da porta que eu não tinha percebido que estava na nossa frente e abriu-a. Eu segurei minha respiração.

    Abriu-se uma sala grande, basicamente branca e bem clara. Nela, havia três pessoas : um homem de uns 50 anos, uma menina que parecia ser mais nova que eu e um garoto que tinha, provavelmente, a nossa idade. Respirei fundo.

    - Torça para que gostem de você. – ele me olhou, com um sentimento indescritível nos olhos.

    - Como assim ? – ele não respondeu. Virou para frente e eu fiquei olhando-o.

    O que Leon quis dizer com isso ? Será que esses eram... Sobrenaturais também ? Será que eles que ainda “não tinham descoberto o que fazer comigo”?

     Fiquei, encarando, boquiaberta, os três que me olhavam misteriosamente.


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Notas finais do capítulo

Queridos leitores, queria desejar a vocês um feliz natal e um ótimo 2011. Que todos sejam mto felizes, que seja tudo maravilhoso.
Obrigada por lerem e por me aturarem.
Besos, Luiza