A Pedra da Noite escrita por luizaac


Capítulo 3
O novo namorado de Ellie.


Notas iniciais do capítulo

Não ficou tão bom, mas espero que gostem. Desculpa a demora (:



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    Eu estava debaixo de uma árvore, com o sol forte mas extremamente agradável iluminando o lugar, lendo um livro e ouvindo música no meu Ipod. Estava agradável, calmo, silencioso, sem ninguém para perturbar ou falar sem parar. Eu estava com um enorme sorriso no rosto. Foi quando um barulho alto me fez tirar os fones de ouvido, assustada. Fiquei procurando a origem do barulho, com o coração pulando. Não achei nada aparente. Voltei a ouvir minha música, um pouco mais desconfiada.
    - Claire, Claire... Claire ! - alguém começou a sussurrar meu nome, com raiva na voz. Comecei a respirar mais rápido – Claire, me dê a pedra. Eu só quero a pedra ! - vi um par de olhos repletos de raiva chegar mais perto. E mais perto. Senti que estava na hora de sair dali.
    Levantei e fui, devagar, saindo dali. Porém o par de olhos azuis chegava mais perto, e a voz aumentava de volume. Assustada, saí correndo. Corri o mais rápido que pude, mais do que minhas próprias pernas agüentavam. Olhava para trás o tempo todo, para certificar de que não estava mais sendo seguida. E estava.
     Estava correndo prestando atenção no meu perseguidor e não vi um galho que estava na minha frente. Caí, sem me machucar, e fui me arrastando, numa tentativa de me levantar e voltar a correr. Os olhos azuis chegavam mais perto, fechando como se o dono deles estivesse sorrindo, triunfante. Vi duas mãos chegando perto de mim, chegando perto do meu pescoço. Respirei mais rápido.
     - Me dê a pedra ! - suas mãos fecharam em torno do meu pescoço, seu sorriso aumentando cada vez mais. Era o fim.
     Acordei com a respiração acelerada. Tinha dormido profundamente - sabia que seria quase impossível qualquer um me acordar -, mas foi uma noite bem agitada, por causa de meu pesadelo. Levantei e bebi um copo de água, com a intenção de me acalmar. Ainda faltava uma hora para Keila vir me acordar, então resolvi ficar sentada na cama, esperando, já que não ia conseguir voltar a dormir.
     Enquanto estava sentada, fiquei tentando entender meu sonho. Tinha sido mais nítido do que o da noite anterior. Mas tinha sido tão estranho quanto. O homem do sonho - eu achava que era um homem - falava desesperadamente de uma pedra. Será que era a pedra escondida dentro do livro ? Será que essa pedra tinha realmente algum segredo em torno dela, e esse sonho era um sinal disso ? Ou ela era como qualquer outra pedra, e esse sonho era só minha imaginação fértil em ação ?
    Percebi que ficar sem fazer nada só ia me perturbar mais. Fui tomar banho. Pela quantidade de curativos e machucados, ia ser uma missão demorada. E eu estava certa. Demorei 40 minutos no banho, todos os machucados ardendo até o osso.
    - Pulou da cama hoje, Claire ? - Keila sorriu espantada quando meu viu já pronta, na hora que ela foi me chamar para acordar.
    - Pois é. - eu sorri - Eu também tinha que trocar os curativos, e coisa e tal - revirei os olhos enquanto falava.
    - Ah, sim... Tá melhor, meu amor ?
    - Sim, estou. Quer ajuda com o café ?
    - Seria muito bom, obrigada.
    Keila já estava com um barrigão. O que não a impedia de fazer nada. Porém, eu sabia que toda ajuda era bem vinda. Então a ajudei a preparar o café da manhã, com um sorriso no rosto.
    - Nossa - Ellie descia a escada, com seu cabelo loiro preso num rabo de cavalo perfeitamente bagunçado, pronta para destilar veneno - Claire ajudando minha mãe a preparar o café. Tem alguma coisa errada. - eu revirei os olhos - Bem que Bill disse !
    - Bill ? Quem é Bill ? - eu não conhecia nenhum amigo de Ellie chamado Bill. Se bem que, pela quantidade de amigos que ela tinha, provavelmente eu não conhecia a maioria.
     - É, o fantasma que passou a noite comigo - disse, passando sua geléia de morango no pão, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Eu apenas revirei meus olhos.
     Fui obrigada a pegar o ônibus por causa do acidente de ontem. Insisti com meu pai, mas nada podia convencê-lo do contrário. Afinal, ele era meu pai, não era ?
    Passei a curta viagem de ônibus olhando para a janela, ignorando todos os olhares espantados, interpretações e comentários idiotas feitos por causa da minha alta quantidade de curativos. A cara que eles estavam era, provavelmente, muito parecida com a cara que Jane e Ronnie fazeram para mim.

    - O que aconteceu ? Foi atropelada por um elefante, ou algo do gênero ? – Ronnie estava em dúvida entre rir ou não.

    - Não, fala sério. Eu caí num buraco. – olhei, triste, para os meus machucados.

    - Claire, você se superou. – Jane riu – Como você consegue isso ?

    - Como se você não conhecesse sua amiga – eu sorri.

    - Pois é.

    - Eu tava muito distraída, nem tinha visto o buraco. – eu comentei.

    - E não teria saído lá se não fosse por mim – Leon se intrometeu na conversa, com um sorriso maravilhoso. – Como você está ? – ele me analisou de cima a baixo.

    - Bem melhor. – desviei o olhar surpreso de Jane e Ronnie e fiquei olhando para Leon – Eu disse que não precisaria de eu ir ao hospital. – sorri, triunfante. Ele revirou os olhos.

    - Hã, preciso ir. – ele olhou para um amigo que lhe chamava. – Depois a gente marca alguma coisa. – ele sorriu.

    - Ta bom, tchau. – acompanhei-o com o olhar e virei para meus amigos, que me encaravam, boquiabertos.

     - O. Que. Aconteceu. Agora ? – Jane falou pausadamente, de palhaçada.

     - Nada, ora. Ele me salvou do buraco. Só isso. – dei de ombros.

     - Ai, to pensando seriamente em cair num buraco pra alguém como Leon ir me salvar – ela fez uma cara debochada e eu revirei os olhos. – Brincadeira. Mas, assim, vocês são amigos agora ?

     - Não sei. – parei para analisar. – Talvez.

     - Hã, então ta né. – ela riu um pouco.

     Passei a aula toda voando. Pensando em tudo o que tinha acontecido. No acidente, no Leon, naquela pedra estúpida, no meu sonho... Eu precisava desabafar com alguém sobre os dois últimos. Mas com quem ? Com Jane, minha melhor amiga de todas as horas ? Eu tinha medo de ela não entender isso, até porque, era realmente uma bobagem. Com Ronnie, que já sabia da presença do livro e do meu antigo sonho ? Não tinha tanta certeza assim. Além de que, eu tinha a péssima mania de contar segredos que me davam certo embaraço para pessoas não tão próximas. Então, com quem eu iria desabafar ?

     A volta para casa foi desconfortável. Fui obrigada a sentar com uma pessoa extremamente chata, a qual eu não me lembro, e nem faço questão de lembrar. Ela ficava me cutucando e falando sem parar, encostando-se em mim e fazendo meus machucados arderem. Por pouco não bati nela.

     Entrei em casa quase bufando de raiva. Bati a porta e fui repreendida por Ellie, que veio gritando.

     - Olha a educação, por favor ! Ou pelo menos, finja, ok ? – eu respirei fundo, cerrando os dentes para não bater nela.

     - Gritando assim a mal educada é você. – sorri, debochada.

     - Cala a boca, Claire. Meu namorado ta aqui. Por favor, modos.

     - Namorado ? – eu olhei-a de cima a baixo – Desde quando você tem namorado ? Quem é o coitado ? Onde ele ta ?

     - Desde mais cedo. Ele ta na cozinha. – ela apontou para a cozinha. – Fica longe que ele é meu.

     - Pode ficar – revirei os olhos e fui para a cozinha para ver quem era meu “cunhadinho”.

     Não reconheci o garoto que estava olhando pela a janela da cozinha. Ele estava de costas para mim, mas eu tinha certeza que ele era bonito. Ellie não é de ficar com ninguém menos que isso. Dei uma tossidinha para chamar a atenção e finalmente ver que era ele. Mesmo de frente, não o reconheci. Ele tinha um cabelo loiro escuro perfeitamente cortado e olhos tão azuis quanto duas piscinas iluminadas pelo sol do verão. E, como eu previa, era excepcionalmente bonito.

    - Hã, oi – eu fiquei corada. Ele era muito bonito. E me lembrava alguém. Leon, talvez. Pela beleza e alguns traços do rosto. Sorri. – Sou... Claire. Claire de Bellefort, meio-irmã da Ellie. Prazer.

    - O prazer é meu. – ele sorriu. Um lindo sorriso. – Meu nome é Oliver. Oliver Petrosa. – tive a impressão que alguma coisa nele era um tanto quanto familiar. Não sabia o que. Estava bem na minha frente, eu sentia, mas não sabia dizer.

    - Hã, licença, Oliver ? – eu precisava falar com Ellie. Quem era aquele garoto ? De onde ela tinha conhecido-o ? Já era tempo o suficiente para começar um namoro ?

    - À vontade. – ele sorriu e voltou a olhar pela janela.

    - Ellie Mcdonald ! – disse, saindo da cozinha.

    - Ih, lá vem – ela revirou os olhos – Fala.

    - De onde você conhece o Oliver ? – eu fui direta.

    - Da escola, ora. Ele é novo. – ela me olhou, como se fosse uma coisa óbvia.

    - Novo ? Ellie, ele é novo ? E você já ta namorando ele ? – tentava olhar nos olhos dela, mas ela desviava o olhar o tempo todo. – Ellie, você realmente gosta dele ? Sabia que ele pode ser...

     - Psiu – ela me interrompeu – Não quero saber. Primeiro que eu namoro com quem eu quiser. Segundo que eu não lhe devo satisfações. Tchau, eu tenho um namorado para ficar. – ela saiu andando, com o nariz empinado.

    - Só não diga que eu não te avisei. – subi para o meu quarto.

    Fui tomar banho e fazer os curativos. Estava um barulho estranho e eu não sabia de onde era. Dei de ombros para o barulho e fui para o quarto de Keila, que me chamava.

    Voltei depois de meia hora e tomei um susto. Oliver, o novo namorado de Ellie, estava no meu quarto, mexendo na minha mesinha de cabeceira. Olhei, assustada.

   - O que você está fazendo ? – falei em um tom de voz um pouco acima do normal.

    - Hã... – ele parecia procurar uma resposta. – Eu vim buscar uma coisa que Ellie pediu, mas, olha, já achei. Licença. – e saiu pela porta do meu quarto, levemente amedrontado.

    - Que estranho. – fiquei pensando no que acabou de acontecer. Ellie realmente pediu para ele pegar alguma coisa no meu quarto ? O que ? Acho muito pouco provável. Então, o que ele estava procurando ?

    Olhei para o meu quarto em geral. Algumas coisas estavam fora do lugar. Estaria Oliver realmente procurando alguma coisa no meu quarto ? Revirei os olhos. Sabia que ele era problema. E já tinha avisado para Ellie.

    Ouvi o barulho estranho de novo. De onde estava vindo aquele barulho irritante ? Eu ia procurar a origem, mas meu celular tocou. De supetão, peguei-o, que estava em cima da cômoda. Era um número desconhecido. Atendi, receosa.

    - Alô ?

    - Alô, hã, Claire, pode falar ? – a voz de Leon me pegou de surpresa.

   - Posso, posso sim.

    - Será que você quer... – ele parecia procurar palavras para dizer – ir no cinema comigo ? Ou sei lá, qualquer outra coisa ?

    - Por que eu iria querer ? – brinquei com ele.

    - Ah, não sei – ele me pareceu meio encabulado. Eu tentei concertar o que eu tinha feito.

    - Brincadeira. Vamos sim, hã... amanhã ? Depois da aula ? – olhava para o teto e mexia no meu Ipod.

    - Combinado. Te pego na sua casa às duas. Ok ?

    - Ok, - eu sorri. – Por mim tudo bem.

    - Então tchau. – a voz dele estava indecifrável.

    - Tchau, até amanhã. – e desliguei.

   Eu tinha acabado de marcar um quase encontro com um dos garotos mais bonitos do colégio. Dá pra acreditar ? Não que isso fosse alguma coisa de importante, até porque nem meu amigo direito Leon é, mas, não sei... Eu me sentia feliz.

    Tão feliz que nem percebi que tudo que eu estava falando estava sendo ouvido.


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Notas finais do capítulo

Espero qe gostem *-* Comentem *-*