A Pedra da Noite escrita por luizaac
Notas iniciais do capítulo
Eu tô muuuuuuuuuuito envergonhada, mano. Faz 3 semanas que eu não posto, milhões de desculpas. Eu viajei, daí a criatividade e o tempo estavam em falta, e pior: Minha história está entrelaçada com a da minha amiga, então desculpas mesmo por os futuros atrasos. Espero que vocês não tenham me abandonado. Boa leitura.
- Sei sim. – Dhana abriu mais o sorriso para nós, me fazendo quase voar no pescoço dela.
- Pode, por favor, nos dizer o que é ? – falei, entre dentes.
- Posso. – ela me encarou, parecendo se divertir.
- Olha aqui ! – levantei, nervosa com a demora.
- Dhana, - Leon me impediu de continuar a falar, levantando para me puxar e sentando de novo. – explique para nós, por favor ? – ela abriu mais o sorriso, depois o fechou e cruzou os braços.
- Ai, vocês não tem senso de humor mesmo. – deu de ombros. – Vou dizer, espero que vocês entendam. É meio... complicado.
- Complicado quanto ?
- Um pouco. – ela cruzou as pernas e ajeitou o cabelo. – A Claire é uma humana enviada de volta pela sua mãe anja, Bridge. Igualzinho a lenda. Ela então é sobrenatural. Mas disso vocês já sabiam. – assentimos. – O que vocês não sabem é que ela é única no mundo mágico. Quer dizer, atualmente.
- Única ? Quer dizer que só tem eu da minha espécie ? – arregalei os olhos.
- Isso que quer dizer única. – Dhana sorriu ironicamente. – Mas é exatamente isso. Ou vocês já viram ou ouviram falar de uma Homange ? – as expressões de Mason e Leon demonstravam claramente que eles nunca tinham sequer ouvido falar dessa espécie, da minha espécie. – Homange é simplesmente a mistura de ange com humano. Você, Claire.
- Homange... – sussurrei para mim mesma.
- O que é um homange ?
- Vocês são surdos ? É a mistura de ange com humano. – Leon revirou os olhos.
- Quero dizer, quais são as características deles ? É meio humano meio ange ?
- Sim e não. Melhor, não. São mais fortes que os humanos, muito mais, mas são um pouco mais fracos que os anges. E com um bônus: tem dons. – ele arregalou os olhos. Eu fiquei boiando no assunto assim como quando eu ia para o hospital e o médico ficava explicando o que estava acontecendo comigo.
- Que dons ? – os olhos de Dhana brilharam com a pergunta de Leon.
- Todos – ela sorriu para mim, quase me induzindo a sorrir também.
- Todos ? Como isso pode ?
- Tipo, todos. Uns mais fortes que outros. Mas todos podem ser trabalhados. – ela virou-se para mim e abriu bem seus olhos âmbar, com um interesse que me assustou. – Você notou alguma coisa diferente nas suas atitudes, Claire ?
- N-não. Não que eu saiba. – Aqueles olhos claros enormes me encarando me deixaram nervosa.
- Não ? Não ouviu vozes estranhas, ou teve sonhos que não teve como explicar... – encarei-a um pouco, tentando me lembrar dos meus poucos dias de “homange”
- Bem, acho que sim... – Leon e Mason me encararam, como se eu estivesse delirando. Dhana sorriu e fez um gesto para que eu continuasse – Eu... acho que já te conhecia... – olhei para os cabelos dourados dela. – Sim, já sim, eu já tinha sonhado com você, na noite da minha morte.
- Claire, foi a hiponose que... – Dhana levantou a mão, pedindo para que Mason parasse.
- Não foi não, Claire não deve se lembrar da hipnose. – assenti.
- Tenho certeza que foi um sonho. Só que eu não te vi, só vi um vulto e ouvi sua voz.
- E eu dizia o que ?
- Dizia que ia me ajudar, que era para eu não ter medo. – os olhos arregalados de Dhana pareciam cada vez mais interessados.
- Hm, previsões, talvez... Algo mais ?
- Duas vezes... – passei os olhos por Mason e Leon – eu ouvi Mason e Jane falarem, mas eles estavam quietos. – ela assentiu.
- Estava tudo em silêncio, daí você ouviu eles falando, com a própria voz deles ? – fiz que sim. – Hm, o que eles falavam ?
- O que Mason disse eu não entendi, foi baixo e confuso de mais. Jane disse “Talvez”, mas ainda sim tava baixo.
- E quando foi isso ?
- O de Mason foi quando eu morri, e Jane foi ontem. – dei de ombros. – Pode ser nada, mas achei melhor falar.
- Pode não ser nada mesmo, mas no caso, acho que é sim. – ela sorriu, radiante e interessada. – Ai, que legal, nunca achei que fosse poder fazer isso. Claire, amanhã você pode voltar aqui ? – me calei. Amanhã Ralph iria para casa, eu queria poder ficar lá.
- Posso... – disse, meio triste.
- O que você tem pra fazer ? – Dhana pegou uma mecha do cabelo dourado e esticou-o.
- Meu irmão iria pra casa. Sabe, ele nasceu um dia desses... – dei de ombros. – Mas posso vê-lo depois.
- Não ! Não, imagina, eu adoro bebês. Então, vamos fazer assim: Segunda você vem aqui, aí você fica o fim de semana intero com ele. Ok ? – abri um sorriso contente.
- Perfeito. Obrigada.
- Pra que ela tem que vir aqui ? – Leon coçou a nuca. Adorava isso que ele fazia quando estava nervoso.
- Ué, se ela consegue mesmo ler pensamentos e fazer previsões naturalmente, antes do fim da primeira semana, temos que trabalhar nisso antes que tudo vire uma loucura.
- Eu consigo ler a mente dos outros ? E prever o que vai acontecer ? – Dhana assentiu, sorrindo.
- O que acontece depois de primeira semana ? – o sorriso de Dhana desapareceu.
- Prefiro não dizer para não assustar... – engoli em seco.
- Isso me assusta mais. – Dhana deu de ombros.
- Acho que temos que ir, não é ? – Mason levantou-se e eu e Leon o imitamos. – Foi bom conversar com você, Dhana.
- Posso dizer o mesmo. – ela sorriu, sem se levantar de onde estava, e pegou a mecha que estava mexendo antes para enrolá-la no dedo.
- Até segunda, então. – disse. Leon me levava pela cintura enquanto seguíamos Mason.
- Mas, me digam. Homanges não são bem mais legais do que anges ? – Dhana olhou para Mason e Leon, provocando os dois.
- Como assim ?
- Ah, por favor né ? Eles tem dons ! Qual é a dos anges ? São fortes ? Ok. São rápidos ? Ok. Olha só, o Usain Bolt também é, e ainda é mais interessante, tem várias medalhas de ouro. – Dhana continuou sua brincadeira com o cabelo, ignorando as caras de Leon e Mason. – Nada contra vocês, meninos, mas a Claire é muito mais interessante. – Queria continuar ali, mas Leon me carregou com mais força. Do corredor, conseguíamos ouvir as risadas de Dhana, o que me fez desistir de segurar o riso.
- Essa Dhana, muito divertida.
- Ela adora provocar a gente. – Leon deu de ombros, me dando um beijo na bochecha com um sorriso também.
No nosso caminho de volta, parei para reparar naquele castelo fenomenal. Ficamos no térreo todo o tempo, mas ele tinha vários andares. As paredes, todas de cor neutra e detalhes dourados, eram repletas de quadros e janelas grandes. Passamos por uma espécie de “recepção”, uma sala grande com uma mesa bem grande. Aliás, ali era bem frio. Muito mais frio que o quarto de Dhana. Me arrepiei.
- Com o tempo, talvez você se acostume. – Leon sorriu para mim.
- Você já teve muitas vezes aqui ? – ele assentiu com a cabeça.
- Eu trabalhava no departamento dos anges antes de subir. Sabe, cansei daqui. – assenti, mesmo sem saber.
Saimos do castelo em direção aquela floresta sombria. Passamos pelo mesmo lugar onde estava tendo o ritual da menina dos cabelos escuros, mas eles não estavam mais lá. Só tinha um corpo e uma cabeça de mulher jogados no chão. Estremeci. Foquei na cabeça. Não, não era a humana. Pelo menos isso.
Voltamos a mesma clareira que estávamos quando entramos no submundo. Mason pegou o medalhão e, mais uma vez, recitou as palavras em francês. Cinco minutos e estávamos no quarto de Leon. Abracei Leon com força em um surto de carência. Ele me deu um afago e me afastou, sorrindo.
- O que acabou de acontecer ?
- Surto de carência. – mostrei a língua para ele e dei de ombros. Ele segurou meus braços de novo, se jogou na cama e me puxou para o colo dele. Deitei apoiada em seu peito, recebendo carinho na cabeça, e percebi que Mason já tinha ido embora. – Para onde ele foi ?
- Mason ? Deve ter ido meditar. Ou não, sei lá. – Leon deu te ombros. – Mas aí, homange, você é muito mais interessante que nós ou que Usain Bolt. – eu dei uma gargalhada.
- Pô, com certeza, sempre fui. É que eu sou muito mais bonita e engraçada que você, daí eu ganhei mais medalhas que o Bolt. Sabia não ?
- Faz sentido, você é muito mais bonita do que eu mesmo.
- E engraçada ?
- Não, eu sou mais engraçado. – nós rimos.
- E modesto.
- Isso também. – eu dei um beliscão de leve nele, sorrindo, e peguei na sua mão.
- O que será que Dhana quis dizer com “Prefiro não dizer para não assustar você” ? O que será que acontece depois da primeira semana ?
- Não sei... Não aconteceu nada comigo depois da primeira semana. – olhei para o teto, frustrada. – Mas pensando bem, eu não sou interessante.
- Bobo. – ele sorriu para mim. Mais uma vez, sua tentativa de me distrair de minhas preocupações funcionou. Me deixei levar por mais um beijo, agora perdendo totalmente o foco nos meus problemas. Se tinha uma coisa que ele era bom, fora tudo, era me distrair. Parei de beijá-lo, ainda com a mão no rosto dele e ri. Leon me olhou e começou a rir também.
- O que foi ?
- Nada. – mordi meu lábio, olhei para aqueles olhos castanhos hipnotizantes e desviei o olhar, um pouco envergonhada. Ele me olhava com curiosidade, um brilho fofo estava lá em seu olhar. – Mas parece que nossa história começou como comédia. Depois passou para aventura e agora é de romance. – eu sorri para a cara de “Só você mesmo” dele.
- Acho que comédia romântica.
- É, acho que sim. Você é a parte da comédia, e eu a do romance.
- Por favor, né ? Eu não sou romântico ? – virei meu corpo para ele, sentando de perna cruzada.
- Eu não disse isso. – ele bufou de brincadeira.
- Aham, sei. – Leon me puxou para seus braços de novo e demos as mãos. A conversa correu por toda a tarde, passando pelos assuntos mais diversos, como meu irmãozinho e até Ellie. Perdi a noção do tempo e do meu organismo, acabei caindo no sono ali mesmo, nos braços de Leon.
Acordei já em casa. Olhei ao redor, sorrindo pelo que tinha acontecido, e levantei, pronta para mimar um pouquinho meu irmãozinho.
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Espero que tenham gostado do capítulo pequeno :s