Scars escrita por jesskhn


Capítulo 3
Capítulo 3 - Boas vindas (Infância)


Notas iniciais do capítulo

Heey people! no fim dos capítulos agora, vou colocar umas "palhinhas" pra vocês!
beijooos;**



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Desde que eu recobrara a consciência, as noites de sono não passavam de uma escuridão com hora marcada para acabar. Não havia nada em minha mente que me permitisse um sonho ou até mesmo um pesadelo. Eu fechava os olhos e não via mais do que o nada. O tempo parecia não passar enquanto eu era presa a esse breu, e então, uma voz ou uma simples luz me libertavam, trazendo-me para uma realidade que não era minha, nem tão pouco desejada, mas era a única que me restara.

- Bom dia – disse Lely gentilmente com um sorriso no rosto e torradas nas mãos – Como está se sentindo hoje?

- Não sei explicar – comentei – Não consigo descansar.

- Não se preocupe querida, logo você vai conseguir. A propósito Liah, quantos anos você tem?

- Não me lembro – respondi com frustração até que algo veio à minha mente. Não sabia qual era a relação com o assunto, mas causou algo dentro de mim, como um salto – Formigas.

- Como? – perguntou Lely parecendo confusa.

- Não sei, quando tentei pensar na minha idade isso apareceu em minha mente. Formigas. Faz sentido?

- Não sei meu bem, talvez você descubra quando sua memória voltar, mas já que as coisas começaram a aparecer, talvez com o tempo você se recorde dos detalhes.

- Tudo bem.

- Mas se isso lhe conforta – disse ela abraçando-me – Você tem cara de quem têm por volta de sete ou oito anos, apesar de ser uma mocinha já.

- Obrigada – sorri timidamente.

- Bem, tome seu café e depois coloque a roupa que está ali em cima daquela mesa – disse ela apontando para um pequeno pacote de plástico sobre a mesa de alumínio – Seja rápida, irmã Elain não tem muita paciência.

- Ok – disse já devorando as torradas e levantando-me ainda com um pedaço na boca, pegando o saco plástico e indo para o banheiro. Não conhecia irmã Elain direito, mas certamente não queria problemas com ela.

Dentro do saco havia um pequeno vestido preto com alguns detalhes em prata e um par de sapatilhas pretas. Surpreendentemente a roupa e a sapatilha serviram perfeitamente. Assim que terminei de me vestir, por algum motivo, alcancei meu cabelo preto e liso dividindo-o em algumas partes e fazendo algo estranho com ele. Não pareceu ficar como deveria, mas estava mais fresco. Sai do banheiro.

- O que houve com seu cabelo? – perguntou Brinen, um loiro dos olhos claros que trabalhava com Lely na enfermaria.

- Não sei, de repente tive vontade de fazer isso, mas não parece que deveria ficar assim – disse meio sem jeito.

- Você tentou fazer uma trança – disse Lely saindo do ambulatório ao lado e entrando na sala com seu belo sorriso. Pude notar um olhar vacilante de Brinen – Talvez sua mãe tivesse costume de fazer isso em você. Estou surpresa, são duas recordações em um dia! Você está indo bem.

- Acha que vou me lembrar de tudo rapidamente?

- É provável – disse Brinen me pegando no colo e colocando-me sobre a cama – você é nova ainda, vai se recuperar facilmente.

- Agora – disse Lely tirando um elástico de seu bolso – Vamos dar um jeito nessa trança.

Delicadamente ela separou meu cabelo novamente cuidando com os nós e, com movimentos leves, transformou a bagunça que eu fizera antes em um enlaçado de três partes, perfeitamente proporcionais. Uma longa trança até quase a cintura.

- Lely quer fazer uma trança no meu cabelo? – perguntou Brinen ironicamente balançando para Lely seus curtos fios loiros e um sorriso esperto.

- Quando seu cabelo crescer talvez eu possa pensar no seu caso – respondeu ela em meio a risadas graciosas – Agora Liah, está na hora, vamos ver irmã Elain ou teremos problemas.

- Boa sorte Liah – disse Brinen.

- Por que boa sorte?

- Você vai precisar – respondeu ele sorrindo – te vejo mais tarde.

Abanei para ele e desapareci de mãos dadas com Lely pelo longo corredor. Pela primeira vez eu saía da enfermaria e, a visão daquele mundo, simplesmente me assustou. Para todos os lados havia colunas, torres, estátuas de pedra e gesso, pessoas andando com as mesmas vestes de irmã Elain e muitas, muitas crianças e adolescentes de várias idades, correndo, conversando, convivendo entre si. O tumulto de pessoas conversando e se movimentando era intenso, o barulho era ensurdecedor. De alguma forma, minhas pernas pareceram não funcionar mais. Apertei mais forte a mão de Lely enquanto observava vidrada as pessoas.

- Liah, você está bem? – perguntou ela parando quando ultrapassávamos um jardim. Ao nosso lado uma fonte com três anjos segurando vasos de pedra por onde a água jorrava.

- Eu, eu não sei – disse soltando suas mãos. Meus olhos correram tudo a volta e, logo, tudo parecia girar. Uma dor de cabeça me acertou causando tontura. Senti minha perna vacilar para o lado, o barulho aumentava. Levei minhas mãos aos ouvidos tentando abafar o som, mas ele já não parecia ser do ambiente, parecia estar dentro da minha cabeça.

- Liah, acalme-se – disse Lely segurando-me para que não caísse e me abraçou – vai ficar tudo bem, você só está assustada com todo esse movimento.

- Minha cabeça dói – reclamei.

- Você está sensível ainda, ficou muito tempo no silêncio, inconsciente. É normal que tenha esses efeitos agora. Não se preocupe, você vai ficar bem. Pode andar?

Movimentei meus pés e, ao ver que eles funcionavam, respondi que sim com a cabeça. Ela sorriu e me ofereceu a mão. A segurei com força e a segui, depositando naquelas mãos toda a minha confiança.

Ao atravessarmos o jardim, chegamos a um prédio decorado com anjos de vestes longas nas paredes com harpas nas mãos. Eram lindas e pareciam felizes ali.

- Chegamos – disse Lely. Soltando minha mão ela deu três batidas na porta e esperou – Comporte-se, está bem?

- Está bem.

Ao ouvirmos um “entre”, Lely girou a maçaneta dourada, a única de todo o prédio. Uma maçaneta que eu giraria muitas vezes ainda.

- Bom dia irmã Elain – disse Lely – Trouxe Liah como a senhora pediu.

- Bom dia Lely, muito obrigada – respondeu a senhora.

A SENHORA

Em uma mesa cheia de papéis.

Uma mulher nova que já era chamada de senhora e de superior.

Tinha os olhos firmes e o sorriso perdido.

Quando parecia brava, estava pensando, e quando calava-se,

certamente explodia por dentro.

Uma face que escondia mais que a responsabilidade,

escondia coisas das quais uma criança órfã que morava de favor

não deveria se intrometer ou tentar descobrir.

Pelo menos não agora.

Mas enfim, o rosto.

Do nariz pendia um óculos.

Atrás dos óculos, um olhar direto e frio.

A senhora que todos temem.

Irmã Elain.

- Existe algo que eu possa fazer? – perguntou Lely. Poderia pensar que ela era obrigada a fazer essa pergunta, mas por seu sorriso satisfeito, aparentemente ela não se importava.

- Não, obrigada – respondeu irmã Elain – apenas nos deixe a sós, quero conversar em particular com Liah.

- Está bem, com licença – Lely me lançou um sorriso e, dando as costas fechou a porta.

Irmã Elain, com toda sua elegância e seriedade, deixou os óculos sobre a mesa e, dando a volta, acomodou-se em um sofá próximo a porta, onde eu estava parada, imóvel e assustada.

- Sente-se Liah – disse ela indicando seu lado no sofá. Em silêncio sentei-me ao lado dela e a observei. Ela era muito bonita, talvez nunca entenderia o ela fazia naquele lugar ou o que causara sua melancolia oculta, o desaparecimento de seu sorriso, algo que poucas vezes eu teria a oportunidade de ver – Gostaria de falar com você sobre seus pais – ela parou por um minuto e, ao ver que não tive reação alguma, continuou – Sabe o que houve com eles?

- Não – respondi fracamente – não consigo me lembrar de nada.

- Entendo – disse ela – Lely me disse que você não conseguia lembrar de nada. Bom, faz quase um mês que você está aqui neste orfanato. Não recebemos nenhuma notícia de procura ou algo parecido, sendo assim, por você ser muito nova não posso simplesmente leva-la para qualquer lugar e esperar que seus pais a peguem já que não sabemos nada sobre eles, portanto, decidi instalar você junto com nossos alunos, pelo menos até você crescer ou até conseguirmos notícias sobre seus pais.

- Vou morar aqui? – perguntei.

- Sim, vai morar e estudar, mas devo lembrá-la que este estabelecimento tem regras que devem ser cumpridas. Quero saber se está disposta a isso – ela disse olhando-me de forma estranha. Seus olhos especulavam algo dentro dos meus, com se lá houvesse uma resposta. Não sobre minha disposição, certamente sobre algo além disso.

- Tudo bem – disse a ela sem ao menos ter noção do que estava fazendo.

Ela endireitou a postura e me observou por algum tempo. Havia algo errado ali e, mesmo sem ter consciência, eu sentia isso.

- Certo. Você ficará em um quarto com mais duas meninas com idade próxima a sua. Elas a ajudarão a se movimentar aqui dentro e a compreender nossas regras.

- Por que a senhora fala tanto sobre regras? – aquela foi a primeira vez que eu batia de frente com irmã Elain, perto dos oito anos, sem ao menos ter consciência disso.

- Um dia você vai entender – disse ela secamente – Por enquanto, apenas as siga.

- Sim senhora – respondi.

- Acompanhe-me.

Simples assim, sem tocar, sem delicadeza e sem bajulação. Para mim, eu não era absolutamente nada mais que mais uma criança para ela. Para ela, ela não era mais que uma figura estranha em minha vida. E nós, nessa confusão toda, não imaginávamos o quanto seriamos importante uma para a outra, um dia.

Caminhamos por outro corredor e, subindo uma escada no centro de um hall gigantesco na entrada de um dos prédios, encontramos um corredor iluminado por tochas a cada poucos metros. Um homem andava lentamente no fim do corredor apagando-as uma por uma. Já estava claro, elas não eram mais necessárias.

- Sobre sua cama haverá uma pequena mala com algumas roupas e coisas das quais você vai precisar, dentre elas, um uniforme. Procure usá-lo para as aulas, será necessário ou você será impedida de ter aula, entendeu?

- Sim senhora – respondi sem ao menos ter prestado atenção. No hall por onde passamos, um grupo de crianças corria alegremente, como se aquele lugar fosse divertido. Bonito até era, mas seu silêncio quando não havia conversas aleatórias, entre seus longos corredores e imensidão, era assustador.

Paramos em frente a uma porta gigantesca com um número escrito em uma placa de metal.

“221”, dizia a placa.

Irmã Elain deu três batidas e, alguns segundos depois, a porta se abriu.

Aproximadamente da altura da maçaneta, uma menina de cabelos curtos de tons claros e olhos castanho-avermelhados nos observava confusa.

- Irmã Elain? – disse assustada.

- Bom dia Heike – disse irmã Elain com um tom indiferente – Está muito ocupada?

- Não, estamos apenas nos arrumando para a aula – respondeu a garota – Estamos atrasadas ou algo assim? – perguntou ela com um tom aparentemente assustado, como se relembrasse momentos de desapontamento com o despertador.

- Não se preocupe estão adiantadas – disse irmã Elain calmamente – Tem um minuto?

- Claro – respondeu ela abrindo mais a porta e entrando – Reese, irmã Elain está aqui!

Assim que irmã Elain entrou, ainda na porta, observei as longas cortinas enroladas e presas em uma presilha nas extremidades das paredes. As janelas eram enormes e davam vista para o jardim com a fonte por onde passamos mais cedo.

- Bom dia irmã Elain – disse uma garota que aparecia por uma porta do outro lado do quarto. Tinha a expressão séria envolta de fios que fugiam de sua trança. O cabelo chamou minha atenção. Era avermelhado, como fogo.

“Fogo”

Uma dor acertou minha cabeça novamente. Tentei ampará-la com as mãos em uma tentativa de amenizar a dor, mas pareceu não funcionar. Imagens e vultos giravam em minha mente como borrões avermelhados, extensas línguas de fogo e logo se perdiam em uma escuridão fria e estranha. Em questão de segundos a dor apareceu. Em questão de segundos, a dor se foi.

- Liah, você está bem? – perguntou irmã Elain. Certamente ela notara que eu ainda não estava bem, mas se estava preocupada ou algo assim, seria algo que eu jamais saberia. Sua voz continuava a mesma, e sua expressão, intacta. Enquanto isso, as duas garotas olhavam-me como se eu fosse problemática. Talvez eu realmente fosse. O “quanto” elas saberiam apenas mais tarde.

- Dor de cabeça – disse apenas baixando as mãos e erguendo os olhos. Ela consentiu e voltou-se para as duas garotas.

- Entendo – disse ela – Entre – fez sinal para que eu me aproximasse – Bem, vim até aqui para apresentar Liah a vocês. Ela acaba de chegar ao orfanato e como este quarto ainda tinha uma cama vaga, Liah a ocupará a partir de hoje. Gostaria que vocês a acompanhassem mostrando o lugar para ela, explicando como funcionam os horários das aulas e as normas de convivência da casa. Isso é possível?

- Claro irmã Elain – disse prontamente a garota de cabelos curtos. Subitamente ela pareceu dar um pequeno pulo em minha direção e, com um gesto rápido, estendo a mão para mim sorrindo – Sou Heike Kimura, é um prazer conhecê-la Liah.

Fiquei surpresa não apenas por seu gesto extremamente simpático, mas pela rápida mudança de expressão que agora sorria em minha direção. Pensando no que a levaria a ser tão simpática comigo, notei que demorara a responder seu gesto. Rapidamente alcancei sua mão e sorri educadamente para ela.

- É um prazer Heike – respondi.

- Sou Reese Donner – disse a garota de cabelos como o fogo. Simples, sem movimentos escandalosos ou simpáticos. Se irmã Elain tivesse cabelos como os de Reese, poderia jurar que eram da mesma família.

- É um prazer – repeti da mesma forma, à distância e sem sorrisos, apenas com educação.

- Bem, vou deixá-las agora – disse irmã Elain caminhando para a porta – Nos vemos mais tarde Liah.

Assenti e observei-a sair do quarto fechando a porta às suas costas. Um sentimento de solidão quase me jogou ao chão. Uma vontade de correr e pedir para ficar na enfermaria, como se aquelas duas crianças naquele quarto fossem monstros querendo me devorar. Eu sabia que não seria assim, mas pelo menos o início não parecia ser muito fácil.

- Liah? – chamou Heike. Apenas virei-me para que ela continuasse. Seus olhos pareciam ansiosos, não sei por que – Há pouco tempo uma das irmãs passou aqui no quarto e trouxe uma mala, pedindo para que deixássemos sobre a cama. Certamente seu uniforme está lá dentro – disse ela indicando para a última cama das três que havia no quarto.

- Ahn, está bem – respondi mesmo sem entender bem o que exatamente eu deveria fazer. Aulas, uniformes, horários. O que era tudo isso? Que lugar era aquele?

- Você parece meio perdida – comentou Reese.

- Estou – respondi tão espontaneamente que aparentemente impressionou as duas garotas. Elas se entreolharam e Heike deu um passo à frente.

- Venha, vou te ajudar – disse pegando minha mão e conduzindo-me até uma mala preta grande sobre a última cama. De dentro da mala ela retirou o que parecia ser uma saia, uma camisa social branca, um colete preto e um casaco – Vá ali ao banheiro e coloque isso, se precisar de ajuda me chame. Vou olhar na mala e arrumar seus materiais, se importa?

- Ahn – pensei um pouco sobre tudo o que ela falara e resolvi colaborar mesmo ainda perdida – fique a vontade – dei de ombros e entrei no pequeno banheiro.

Retirei o pequeno vestido preto e joguei a roupa por cima. Estava impressionada com as pessoas daquele lugar, as roupas ficaram perfeitas em meu corpo. Minhas pernas tão finas e pequenas pareceram mais longas. Tive dificuldade de acertar todos os botões do colete, então resolvi deixar apenas os do centro presos. Sai pouco tempo depois do banheiro considerando-me pronta.

- Nossa, já está lançando moda? – disse Heike sorrindo.

- Como assim? – perguntei confusa olhando para a roupa em meu corpo. Eu teria colocado algo errado?

- Não é nada – disse ela rindo – Você está linda. Tire a sapatilha e coloque isso aqui – ela me estendeu uma meia longa e sapatos – Vai se sentir mais confortável, pode ter certeza.

- Obrigada – disse sentando na cama. Enquanto eu colocava as meias e os sapatos, Heike explicava-me com tamanha empolgação sobre o lugar e as aulas. Observei a felicidade de Heike falando sem parar e Reese na cama da frente sentada em silêncio. Pensei em como dois extremos conseguiam conviver assim, só então notei que lá, eu aprenderia mais do que eu poderia imaginar, principalmente com aquelas duas. Aquele lugar, um dia, deixaria de ser estranho e seria algo tão importante que eu não conseguiria dar as costas. Não era minha casa, mas depois dos poucos minutos que passei com Heike e Reese, comecei a me sentir, digamos assim, mais a vontade.

Passamos a manhã em uma escola, prédios que tínhamos acesso quando os grandes portões de ferro se abriam no horário das aulas e durante boa parte do dia, um acesso que as pessoas que moravam no orfanato tinham à escola. Todos os professores usavam roupas longas e pretas, os chamavam de “irmãos” ou “irmãs”. No início, eu não entendia nada, mas com a ajuda de Heike fui começando a entender como tudo lá funcionava. Entendi que o orfanato era guiado por uma igreja onde a maioria dos seus funcionários eram freiras e freis das mais diversas idades. Na escola eu tinha uma turma com meninos e meninas juntos. Heike me explicou que o Orfanato Vedette funcionava em parceria com o Vedette High School.

Na parte da tarde Heike e Reese me levaram para conhecer o orfanato e o colégio. Tudo era grande e longo, os prédios, as torres, os corredores, as instalações. De todos os lugares que fomos consegui memorizar o caminho apenas até os quartos, o refeitório, a biblioteca e as salas de aula no colégio.

Após o jantar, Heike me falou sobre a mesma regra que Lely me explicara na enfermaria, sobre não sair à noite dos quartos, o que ela chamou de “toque de recolher”. Quando terminamos, voltamos para o quarto e ficamos conversando até uma das freiras que faziam uma espécie de “ronda” pelos corredores darem duas batidas na porta, o que Reese explicou ser um “calem a boca e vão dormir”.

Recostei a cabeça no travesseiro e pensei em tudo o que tinha passado durante apenas um dia. Fiz novos amigos e conheci o lugar onde eu passaria bons anos, e então, pensei em algo que não se passara muito pela minha mente desde que eu chegaram.

Onde estariam meus pais?O que teria acontecido com eles para que eu não esteja junto com eles?

Uma pequena lágrima escorreu por meu rosto. Não pude entender o porquê, mas era como se ela quisesse dizer que não teria sido boa coisa. Fechei os olhos e tentei não pensar no pior. Um dia eu os encontraria e poderia abraçá-los de saudades, mesmo sem ao menos me recordar como eles eram.

Quando estava prestes a dormir, mais duas lembranças me vieram à mente.

DETALHES SOBRE A NOITE

Conversas chamadas da “fofocas da casa”.

Batidas que dizem “calem a boca e vão dormir”.

Lembranças.

Um sorriso carinhoso.

Um abraço protetor.

A primeira noite com sonhos desde que tudo se tornou nada.


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Notas finais do capítulo

O Próximo Capítulo!
Capítulo 04 - Sensações que uma criança desconhece



"Onde você está?”, chamei por ela, mas já não havia ninguém. Talvez ela nunca tivesse existido. (...)



"Olhei para o café e, tão rápido, para a esquerda novamente. Algo mudara na mesa. Um olhar fora do lugar.Era um olhar diferente.Um olhar que veio diretamente a mim." (...)



"Devo confessar. Eu não esperava por isso. Eu me lembraria daquele dia pelo resto da minha vida"(...)