Scars escrita por jesskhn


Capítulo 2
Capítulo 2 - Uma visita inesperada (Infância)


Notas iniciais do capítulo

Eeei, desculpem pelo capítulo ser muito grande.
São detalhes demais, espero que gostem!



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Tudo girava. Tudo tremia. Por um momento meus ouvidos doeram. Não havia mais gritarias ou risadas, apenas um silêncio pesado e ensurdecedor, vindo do nada, voltando tão rápido quanto fora levado. O cheiro era pesado, e pesava cada vez mais. Por trás dele, ainda salvava-se um pouco do aroma de café frio.

Eu estava com medo. Não conseguira fechar os olhos como mamãe pedira. Tudo o que houve naquele quarto, assisti. Sem um ruído se quer. E por lá permaneci por mais um tempo.

- Como vamos encontrá-la seu idiota, você matou os dois! – começou a gritar a criatura esguia que sobrevoava o teto do quarto.

- Cale a boca Sérmeris! Você não fez nada – respondeu a criatura grande secamente. O voador encolheu-se, cobrindo-se com suas asas rasgadas, os olhos piscando de medo. Até sua própria raça, ou o que quer que fossem, tinha medo dele.

Pouco a frente de seus pés, o corpo gélido e vazio de papai esparramava-se com cortes, banhado pela dor e pela perda. Seu rosto ao chão. O silêncio de suas batidas, assim como o silêncio de mamãe. Não havia mais ninguém. Ninguém para amar, proteger ou para compartilhar minha felicidade. Que felicidade? Se havia algo, ela também se silenciara. Se esvaia com as lágrimas diretamente para um chão do qual eu deveria me libertar em breve.

Porque continuar? Que poderia ser a vida sem o que te move a viver? Onde estava o sentido?

Eu me sentia fraca. Não queria ter que lutar, mesmo sem ter consciência de que em breve seria necessário. Eu era apenas uma criança, mas já não queria continuar ali. Queria abraçar os corpos vazios no chão e me juntar a eles. Eu pertencia a eles e eles me pertenciam, porque nos separaram?

- Ela deve estar por aqui – disse o monstro grande.

- Vamos embora Mérmerus, a garota não deve estar por aqui. Se estivesse estaria chorando, nem saiu das fraudas ainda – reclamou o voador ainda encolhido.

A criatura chamada Mérmerus olhou cada canto daquele quarto como se procurasse uma gota de tinta. Seus olhos semicerrados percorriam os detalhes, a mobília, o café gelado, as estrelas mortas e os destroços até parar na lareira.

- Não acha que para um inverno como esse a lareira deveria estar acesa Sérmeris? – seu tom de seriedade parecia, ao mesmo tempo, banhado em ironia.

No momento em que o ouvi falar sobre a lareira voltei-me para a fresta. Ele olhava diretamente para minha direção, mas não exatamente na direção dos meus olhos. Ele olhava para a parte de dentro. Seria muito azar ele descobrir o tampão. Uma simples batida e ele cairia, não havia forma de segurá-lo. Mérmerus era tão forte quanto qualquer coisa que possa existir, pelo menos era o que eu pensava. Ele matara mamãe e papai sem esforço nenhum, como se esse fosse seu trabalho. Descobrir-me em um simples buraco seria o fim. Mas não era isso que eu procurava? Juntar-me aos que eu amava?

- Acha que ela pode estar escondida ai? – perguntou Sérmeris incrédulo, soltando uma de suas gargalhadas estridentes e calando-se no exato momento em que Mérmerus o olhou.

Não. Por mais que eu quisesse me juntar a eles, que sentido haveria em suas mortes se eu morresse também? Tudo fora para me proteger, sendo assim, eu deveria viver. É claro que, na época, não foi isso que passou pela minha mente. Não posso explicar exatamente como foi, mas eu sabia que deveria viver.

- Se ela estiver ou não, não faz diferença – disse Mérmerus com visível frieza – Não restará nada desta casa ou de qualquer coisa que esteja dentro dela – e com um sorriso sarcástico, de forma que não pude ver, ele fez fogo com as mãos e o lançou sobre a lareira que se acendeu bruscamente. Segurando duas toras ele as jogou para Sérmeris que as agarrou resmungando pelas queimaduras, jogando as toras de uma mão para outra.

- Quente, quente, quente! – repetia ele apavorado.

- Você morava no inferno, pare de reclamar!

- No inferno não precisava tocar no fogo.

- No inferno você vivia no fogo e não se dava conta disso, praga! – disse Mérmerus acolhendo em suas garras cinco toras – Vou jogar essas no andar debaixo. Espalhe o fogo neste andar e vamos embora de uma vez – e terminando, ele saiu andando com seus passos pesados tremendo a casa por inteira.

- Quando eu for maior vou matá-lo – resmungou Sérmeris – Vou, vou, vou, vou sim, ah, sim! – ele continuou enquanto ateava fogo aos poucos nos móveis e nas roupas de cama.

As chamas começaram a aumentar, o cheiro de fumaça espalhava-se rapidamente e, logo, Sérmeris voltou a se divertir com as chamas. Voava de um lado para o outro com as toras, rindo cada vez que algo estourava ou quebrava.

- Morra criança maldita! – gritou ele rindo como louco e, jogando-se contra a janela de vidro, ele saiu voando perdendo-se na escuridão da noite de estrelas mortas.

Ao longe ainda era possível ouvir suas gargalhadas ecoarem em um grito de triunfo. Sua missão estava cumprida, enquanto Mérmerus desaparecia no silêncio. Se em dúvida não era possível saber. Ele desapareceu. Sem voltar. Sem olhar para trás. Em silêncio.

A fumaça começava a entrar pelas frestas. Meu peito começava a doer, já não poderia mais controlar a tosse que me coçava a garganta. Meus pulmões pareciam arder. Sem saber se poderia ser uma armadilha, se eles ainda estavam lá fora me aguardando ou se realmente tinham ido embora, já não poderia mais resistir. Eu morreria de qualquer forma. Chutei o tampão, mas ele se quer se mexera. Tentei várias vezes e, quando estava prestes a desistir já com dores, ele cedeu caindo para fora e permitindo a entrada de mais fumaça. Já não conseguia enxergar nada com a fumaça cinza e opaca. Tentando ver para onde ia, meus olhos começaram a arder. Meu corpo dolorido de ficar encolhida, minhas pernas fracas de medo. No quarto, o teto desabava em chamas. Olhei para papai e mamãe, não queria deixá-los lá para queimarem, mas não era capaz de levá-los. Não poderia gritar por ajuda, eles poderiam voltar. Meu dever era o silêncio. Atravessando todos os obstáculos com cuidado tentei chegar até a porta. Os pedaços do chão de madeira começaram a cair abrindo grandes buracos até o andar de baixo. Cai diversas vezes até chegar a porta, deixando as minhas costas os corpos que um dia me deram toda a segurança que eu precisava. As lágrimas escorriam mais intensamente, mas eu não poderia voltar. Eles não gostariam que eu voltasse. Ao olhar pelo corredor vi todo o andar debaixo em chamas. Eu precisava sair da casa, mas todas as saídas estavam em puro fogo. Em frente à escada procurei de lá de cima um lugar por onde eu pudesse sair. Perto a porta de entrada um sofá pegava fogo e, atrás dele, uma janela com os vidros quebrados não apresentava sinal de chamas, mas para chegar até lá eu teria que atravessar toda a sala.

Não havia mais o corrimão da escada, ele caíra como um galho seco e velho. Pisei no primeiro degrau. Ele rangia, mas parecia firme. Eu precisava descer as escadas. Fui devagar tentando não colocar todo o peso de uma vez. Quando estava próxima do fim, olhei para cima. A escada se partia ao meio. Ao me acertar fui jogada juntamente com toda a escada diretamente ao chão. Caindo brutalmente, senti algo bater fortemente em minha cabeça. Um pedaço da tábua do degrau que se partira fora atirada pela queda vindo como um tiro em minha direção. Ao ser acertada, caí com a cabeça para trás a batendo em um vaso de ferro que mamãe ganhara de presente.

Tudo ficou embaçado, como se houvessem várias casas e várias chamas. Tudo estava em chamas. A dor era insuportável, comecei a gemer para controlar o grito que estava preso em minha garganta. Senti algo líquido escorrer entre os fios soltos do meu cabelo. Cheirava ferrugem. Era vermelho e dolorido. Ainda no chão comecei a tatear para me mover. Precisava chegar até a janela. Eu estava cansada, não conseguiria atravessar a sala em chamas me rastejando. Tentei me erguer e novamente a tontura. Nada mais do que eu via parecia fazer sentido.

Parei no meio da sala.

Olhei ao meu redor e tudo se apagou e voltou ainda fraco e embaçado. Para onde eu deveria ir? O que eu procurava? Onde eu estava?

A dor insistia. Eu lutava. Lutei. Comecei a ceder até já não mais me mover.

Respirando com dificuldade, virei-me de bruço e, tossindo, tentando resistir à ardência dentro do meu corpo, desisti de tentar viver. Não haveria mais chances para uma saída, eu estava perdida. Jogada sem me mover no meio da sala, já tarde da noite com a casa em chamas, eu não mais resistiria. Eu havia desistido de tudo. Esperei a morte. Esperei ver um sorriso que brilhava, sentir o abraço que me fazia sentir segura. De quem seriam? Eu não conseguia me lembrar.

Aos poucos a escuridão se aproximava. O que eram imagens duplicadas tornaram-se turvas, meros borrões. Talvez fosse a morte aproximando-se com ela. Virei-me sem força para o lado, parecia não sentir meu corpo, não conseguia comandá-lo. Virei-me para as chamas e lá meus olhos permaneceram. Talvez eu não quisesse a escuridão, ela me dava medo. Talvez eu tivesse um motivo para rejeitá-la.

Foquei meus olhos. Algo se moveu. Não eram mais móveis pegando fogo ou explodindo ou o que quer que fosse. Uma sombra negra por trás das chamas. Meu coração acelerou, algo se aproximava. Uma pontada aguda na cabeça me acertou. Imagens negras...criaturas, humanos? Não, não eram humanos, davam medo. Não conseguia pensar, a dor era muito forte. Meu corpo se contorceu com a dor, apertei os olhos e, quando o vi, não havia uma figura negra.

RESQUÍCIOS

Havia chamas e uma figura negra.

Havia chamas e uma luz.

Golpes de dor em minha cabeça, tudo girava.

Havia luz e um homem andando sobre as chamas.

Havia um homem que andava nas chamas que se aproximava.

Mais golpes e um pesar das pálpebras. A escuridão voltava e me acertava.

Medo e Dor.

Havia um homem que brilhava e estava ao meu lado.

A dor foi mais forte. Estava sem forças. Fechei os olhos.

Esperei a morte.

Ela me rejeitou.

***

Um cheiro. Era quente e agradável. Era comum, tinha um nome. Pequeno e bom. Havia um aroma que se espalhava e dava vontade. Ele tinha um nome... tinha um nome...

Estava escuro e gelado. Não sabia se realmente estava escuro ou se eram meus olhos fechados. Eu queria ver, mas parecia não haver nada para ser visto. Abri os olhos, continuei não vendo nada. Estava vazio, tudo era preenchido pelo vazio.

“O que acha que aconteceu com ela?”

“Não sei, mas ela está gravemente ferida”.

“Quem a trouxe?”

“Não sabemos, ela estava aqui quando chegamos”.

Vozes. Vazias e sem sentido. Nunca antes ouvidas. Nada parecia ter sentido. Mas espere. Vozes? Eu ouvia, mas nada via. Não tinha aberto os olhos?

“Está prestes a acordar”.

“Acha que ela se lembrará de algo?”

“Não sei, acho difícil, mas sempre há esperança, não é?”

“É claro, sempre há esperança”.

E então, luz. Tão forte e branca que fechei os olhos, cobri o rosto e gritei.

“Segurem ela”, pediu uma voz estranha.

“O que houve?”

“Sensibilidade à luz, ela passou muito tempo inconsciente”.

Com o rosto coberto quis abrir meus olhos, mas tive medo. Medo da luz, medo das vozes, medo do que seria ou não real. Seria a morte? Não. Talvez nunca houvesse, ou talvez fosse sempre assim. Não havia forma de saber.

Movi meu corpo procurando por dor, mas não a senti. Tudo parecia estranhamente normal. Conseguia me mexer, conseguia respirar normalmente. Então por que eu procurava alguma dor? O que eu deveria sentir?

Abri os olhos. Havia luz, mas não era forte, era apenas, branca.

Tentei assimilar o ambiente com qualquer coisa que eu conhecia, mas havia simplesmente nada. Eu não fazia idéia de onde estava. Sob meu corpo, algo confortável. Passei a mão sentindo algo macio e liso. Nas laterais, apoios. Segurei os dois lados e tentei levantar. Uma dor forte me fez voltar. Uma mão no ombro me fez voltar.

- Ei, ei, calma garota – disse uma voz doce – Tente não se mover muito.

Pisquei os olhos algumas vezes. Levei as mãos sobre o rosto e sobre a cabeça. A dor era forte. Achei algo além de cabelo. Uma faixa. Quis fazer perguntas, procurei minha voz e a encontrei no fundo de minha garganta.

- O que aconteceu? – perguntou uma voz estranha e rouca que deveria ser minha.

- Não sabemos exatamente, mas acalme-se. Você sofreu uma pancada muito forte na cabeça, precisa descansar – disse a mesma voz de antes.

Virei meus olhos para o lado, seguindo a voz. Um rosto claro de maçãs rosadas envoltos por um cabelo liso escuro perto dos ombros cercava-me com seus olhos negros.

- Quem é você?

- Meu nome é Marely, sou a enfermeira que cuida de você desde que chegou.

- Que lugar é esse? – perguntei apoiando uma das mãos na lateral. Lentamente me levantei sentando na cama macia. Tudo em volta era branco e limpo, alguns instrumentos, mais algumas camas como a que eu estava, armários e jalecos. Tudo branco.

- Está em uma das enfermarias de um orfanato.

- Não conheço esse lugar – comentei para a estranha chamada Marely – Como vim parar aqui?

- Não sabemos – respondeu ela – Eu e meu colega te vimos pela primeira vez aqui dentro, não sabemos quem a trouxe.

- Há quanto tempo estou aqui? – perguntei um tanto receosa.

- Há quase um mês – respondeu ela enquanto notava meu claro espanto – Você acordava algumas vezes, mas nunca falava nada. Como uma pilha no fim. Ficava acordada por algumas horas e depois apagava por mais alguns dias. Tentamos conversar com você para mantê-la acordada, mas você nunca respondeu. É a primeira vez que fala desde que apareceu aqui.

- Porque estava cuidando de mim? – questionei.

- É o meu trabalho, além do seu caso me intrigar. Além de não sabermos como você veio parar aqui, não sabemos nem o porque ou quem é você – disse ela com um olhar carinhoso – Consegue se lembrar de alguma coisa?

Fiquei em silêncio. Fechei os olhos e cobri o rosto. Havia muito para me lembrar, mas eu não conseguia muita coisa.

- Meu nome é Liah – respondi após algum tempo.

- Liah do quê?

- Eu... não consigo me lembrar – algo dentro de mim começou a se revirar. Frustração talvez. Eu não conseguia se quer lembrar meu nome completo – Não me lembro de nada mais além do nome, de fumaça e de uma luz.

- Entendo. Foi o que eu pensei.

- Do que está falando?

- Quando te encontrei você estava completamente machucada, sofreu uma pancada forte na cabeça. Chama-se amnésia traumática. A desaceleração no momento da colisão fez com que seu cérebro fosse jogado violentamente para frente e para trás, chocando-se choque com a parte óssea da cabeça. Nessas circunstâncias, você provavelmente sofreu alterações na coordenação motora, na fala e até no nível de consciência. Consegue acompanhar essas informações?

- Mais ou menos – respondi – minha cabeça dói.

- Talvez seja bom você comer alguma coisa, porque medicada você já está. Se importaria de, mais pra frente, permitir que eu faça alguns testes com você? Preciso saber qual é o seu estado atual para tentar entender a gravidade do seu problema.

- Tudo bem.

- Certo, vou trazer algo para você comer, não saia da cama, está bem? Volto em um minuto – e ela desapareceu por uma porta branca.

Depois de comer fiz os testes que Marely pediu, como encaixar quadrados, círculos e estrelas nos espaços certos, escrever algumas coisas que ela pedia e fazer movimentos que testavam minha coordenação. Pelo que ela disse eu estava bem, o único problema era a amnésia. Disse que havia possibilidades de eu recuperar minha memória com o tempo, como se cada lembrança fosse uma peça de um quebra cabeça e, assim que eu tivesse todas as peças, poderia montá-lo.

Passei mais dois dias na enfermaria onde me tornei mais próxima de Marely, ou Lely como ela pediu para chamá-la.

No fim do segundo dia, recebi uma visita.

- Liah? – chamou Lely na porta – Está acordada?

Levantei-me na hora, estava apenas descansando.

- Sim, estou – disse sentando.

- Você tem visita – disse ela abrindo totalmente a porta.

Sem entender, sentei-me mais para a ponta da cama e olhei para a porta esperando para saber quem era. De trás de Lely, uma mulher completamente vestida de preto com um crucifixo pendurado pela cintura balançando sobre as vestes na proximidade dos pés, apareceu com as mãos unidas à sua frente. Seu olhar especulou-me por completo até parar em meus olhos.

- Como se sente Liah? – perguntou-me. Sua voz tinha um tom decidido, mas ainda assim era suave. Sua expressão era séria assim como sua postura.

- Ahn, bem obrigada – respondi educadamente.

- Liah, está é a irmã Elain, ela é a diretora do orfanato – explicou-me Lely.

- É um prazer conhecê-la – disse a ela – Agradeço por me permitir ficar aqui.

- Não se preocupe, é um hábito que temos. Sinta-se a vontade. Não vim vê-la antes porque não sabia se tinha melhorado.

- A senhora já sabia que ela estava aqui? – perguntou Lely parecendo surpresa.

- É claro, eu a trouxe para cá – respondeu ela naturalmente sem parecer se importar com nossa surpresa – Isso resolvemos mais tarde, preciso conversar com você Liah, precisamos acertar algumas coisas, porém esta não é a melhor hora – e desviando sua atenção de mim ela voltou-se para Lely – Encontre uma roupa do depósito que sirva nela e apronte-a. Quero vê-la em minha sala amanhã pela manhã se possível, pode fazer isso?

- Sim senhora – respondeu Lely rapidamente.

- Obrigada – disse irmã Elain – Nos vemos amanhã então Liah – e abrindo a porta, virou-se para perto de Lely falando-lhe em tom baixo – Lely, instrua Liah sobre as regras do orfanato. Não queremos problemas.

- Não teremos senhora, boa noite – respondeu Lely. Assim que a porta foi fechada ela virou-se para os armários e tirando algumas cobertas, estendeu-as sobre mim.

- Dormir cedo? – perguntei.

- É uma das regras – comentou com uma graciosa risada – mas preocupe-se mais com a mais importante.

- E qual seria?

- Não ouse colocar os pés para fora do alojamento depois do terceiro sinal.

- Que sinal?

E no mesmo instante, uma badalada foi dada em um sino, certamente deveria estar em uma torre como nos filmes.

- Esse sinal. Depois da terceira você vai arrumar confusão.

- Bom saber.

- É melhor você dormir, vai ter um dia complicado amanhã.

- Por que? Não vou apenas conversar com a irmã Elain?

- É um bom motivo para dormir cedo.


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