Escutou a porta batendo. Sabendo que era Grissom pelo jeito paciente que batia.

GG: Oi. Posso entrar?

Sara abriu passagem, nem se importou em fechar a porta. Deixou isso com ele.

SS: Desculpa pelo gelo que eu te dei esses últimos tempos.

GG: Eu que tenho que me desculpar. Você tava certa, apesar de ainda achar que você deveria ter me contado...  É o seu corpo. Você quem deve mandar nele.

Sara reparou como aquilo parecia um discurso preparado e difícil para ele.

Ela ficou com pena dele quando reparou no esforço que ele fazia para não desmontar em frente dela.

SS: O que você acha que eu devo fazer?

GG: Sobre?

SS: Sobre a pintura da parede da minha sala Grissom!

GG: Como?

Ela notou em como ele tava lento, devia ter tomado algo.

SS: Acha que eu deveria mesmo abortar?

GG: É o mais simples.

SS: Exatamente como eu pensei.

Ficaram um tempo em silêncio. Um silêncio perturbador para ambos.

GG: Repito. O que achar melhor. Eu vou te apoiar.

Não, não vai. Pensou Sara.

Pediu pra ele ir embora que ela estava cansada. O que não era totalmente mentira.

Ela tinha reparado que ele foi embora triste. Mas triste exatamente por quê?

Um bebê que faria tudo mudar. Ele odiava mudanças.

Era uma das infinitas e principais razões deles resolverem não se envolver mais do que por algumas noites.

Olhou pra rua atráves da janela e ficou surpresa vendo Grissom se sentar no banco que tinha em frente ao seu prédio.

Ficou lá por alguns minutos olhando para ele, quando seu telefone tocou.

Era sua nova médica, perguntando quando seria uma boa hora para ela.

Sara não sabia o que responder.

Sara se encolheu no casaco, não porque estava com frio, mas para se sentir mais segura. Grissom tinha apagado a mensagem dela.

Então ela só aparecia como uma cliente regular.

Apesar do espanto dos outros quando ela contou que gastava aquela fortuna em uma ginecologista.

E só restavam um mês antes de acabar o prazo legal para o aborto.

Passou-se duas semanas e ela já tinha marcado a data. Mas sempre adiava.

Evitava falar com Grissom. Ficar sozinha com ele. Tinha medo do que ele pudesse dizer. Á favor ou contra.

Estava preparando suas coisas para ir embora quando seu telefone tocou.

SS: Griss, precisa de alguma coisa?

GG: Sim... Preciso saber se você já fez.

Ela demorou um pouco para responder, sabia que se dissesse que não ele ia saber que ela estava com medo, mas achou melhor não mentir.

SS: Ainda não.

A linha ficou muda por um tempo.

GG: Vo... Você quer que eu vá junto?

Em qualquer outra situação de sua vida teria dito não a um homem que achava que ela não era capaz de algo.

Mas dessa vez era diferente. Se tratava de uma vida...

SS: É agora.

GG: Agora?

SS: Eu tava saindo de casa quando você telefonou.

GG: Qual é o endereço?