Paraíso Proibido escrita por Bellice, deessah


Capítulo 16
O jogo virou!


Notas iniciais do capítulo

Opa, eu acabei me empolgando e escrevendo o capítulo mais cedo do que deveria! Agora com a volta de PP, não tem motivo pra vocês não me mandarem reviews! u.u
Boa leitura!



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Capítulo 16 – O Jogo Virou

“E o jogo virou
E a casa caiu
Causando a mil por hora e nada abala
E o jogo virou
A mente se abriu, eu vou voar
O mundo gira e bota sempre tudo no lugar.”

Depois da despedida, percebi que já estava atrasada para a escola. Hoje era com certeza um daqueles dias que eu poderia matar aula por conta de toda a confusão que estava passando pela minha vida, mas eu queria ver meus amigos. E Edward. Urgentemente.

Como seria se eu tivesse que trocar mesmo de escola? Eu amava o Forks High School, e definitivamente não ficaria feliz por sair dele.

—Pai? –Ele estava sentado à mesa, lendo o jornal do dia, ou fingindo que lia, não sei. Ele estava muito abalado, e olhar para ele daquela forma me fazia ter pena dele, não raiva. Ele finalmente olhou para mim. —Eu ainda posso usar o carro para ir à escola hoje? Juro que depois do meio-dia... Eu dou as chaves para o senhor. –Eu segurei as lágrimas. Era fútil, mas eu acho que fiquei mais triste com o fato de ter de me desfazer do meu Volvo do que com o abandono de minha mãe. Pelo menos o meu carro sempre me ajudou nos momentos difíceis. Bem, em quase todos. O dia do Cavanhas e a carona de Jacob eram a exceção, óbvio.

—Claro, Bella. Venderei ele junto com o meu. Temos que sair daqui o quanto antes também. Eu vou procurar um lugar para morarmos, e um emprego... Deus, como vou explicar para o pessoal dessa cidade minha demissão, minha repentina pobreza e ainda mais a separação minha e de sua mãe? Eu estou tão confuso, e arrependido, e olhe só para nós dois! Eu nem ao menos consegui ser um bom pai!

Acho que Charlie nunca tinha sido sincero comigo daquele jeito. Lágrimas já escorriam novamente por seu rosto, e isso acarretou no surgimento das minhas. Ele errou, mas ainda era meu pai. Nunca foi o melhor progenitor do mundo, mas ele sempre me deu tudo que eu quis, embora a maioria disso fosse bens materiais. E o mais importante: ele me apoiou quando eu contei sobre Edward. Foi contra a minha mãe, e disse que estava orgulhoso. Ele me amava, só que do jeito dele.

—Você é um bom pai, pai. E além do mais, temos tempo para trabalhar nossos laços agora que você não vai passar o dia todo naquela delegacia. Podemos tentar, sim? Você está mesmo arrependido?

—Estou. Eu... Quer dizer, do que adiantou todo esse dinheiro, se eu tive ao meu lado todos esses anos uma mulher que nunca me amou, e uma filha que eu nem ao menos dava atenção? Perdoe-me, Bella. Eu sei que você deve estar decepcionada comigo, mas você poderia me perdoar?

—Claro, pai. —Sorri. A situação era horrorosa, mas eu podia sentir que coisas boas viriam com isso. —Somos só nos dois agora.

Ele levantou-se e veio até mim, hesitante. Queria me dar um abraço, e eu prontamente me joguei em seus braços. Eu estava me sentindo amada por Charlie Swan. E isso era novidade na minha vida, por mais estranho que pudesse parecer.

—Eu também vou procurar um emprego, pai. Não quero sair da escola agora que falta tão pouco. —Eu sabia que ele não gostaria nada da ideia, mas não dei tempo para que ele negasse. Avisei que estava ainda mais atrasada e saí dali, não sem antes pegar minha mochila e as chaves do meu carro. É, essa seria a última vez que a Bella Swan andaria no seu bebê.

Enquanto dava a partida, decidi ligar para Edward. Ele não sabia de nada ainda, e eu não queria falar por telefone. Sabia que eu já estava bastante atrasada, mas de repente, ele e Alice não tinham saído de casa ainda. Queria dar uma carona para eles, visto que nunca mais eu poderia fazer isso, por um bom tempo.

Alô. —A voz de Edward estava sonolenta, e eu me segurei para não rir. Sério? E eu achando que estava atrasada!

—Favelado! Você está atrasado. O despertador que você tem nesse celular de quinta deu defeito, foi? —Edward agora não ficava tão bravo com as minhas provocações, nem eu com as dele. Bem, eu estava apaixonada por aquele cara! Qualquer merda que saísse da boca dele seria muito bem recebida por mim. Além do mais, ele sabia que eu não estava desdenhando dele. Não mais. Agora era algo mais como... Um apelido carinhoso? Talvez.

—Ora, ora, se não é a rainha do mundo telefonando para a plebe essa hora da manhã! —Eu ri novamente. Estava cheia de problemas, minha vida estava virada de pernas pro ar, mas só de ouvir a voz de Edward, eu esquecia de tudo isso. Só o que me importava era eu e ele, na nossa bolha perfeita.

—Visto que você se atrasou, eu posso passar aí para te dar uma carona? –Mordi meus lábios. Edward não gostava que eu lhe desse carona. Acho que ele não gostava do meu carro. Acho que ele o achava caro demais. Bem, isso não era mais um problema, no entanto.

—Isabella. —Seu tom era de advertência. —Eu e a Alice podemos muito bem ir à pé. Inclusive, ela já está me chamando para irmos. Até logo.

—Edward, não! Espera... —Ele deve ter ouvido meus berros, pois não desligou. —É só por hoje. Mesmo. Eu... Preciso mesmo falar com você, e eu não sei se vou ter coragem de entrar na escola sozinha agora. Me deixe levar vocês. Só hoje. —Era isso. Eu iria chorar novamente, e agora ao telefone. Virei a esquina onde ficava a sua casa, e esperei por sua resposta. Eu disse que não iria ter essa conversa por telefone, mas eu precisava tanto do apoio dele.

—O que aconteceu, Bella? Por que você não me disse que não estava legal? —O tom de Edward passou imediatamente do rude para o carinhoso. Meu Deus, Edward Cullen estava sendo carinhoso comigo.

Tudo bem, nós até estávamos tipo, juntos, e eu conhecia a sua voz irritada, sua voz grosseira, sua voz excitada, mas a carinhosa... Bem, talvez eu tenho ouvido esta parcialmente quando ele disse que estava orgulhoso de mim, mas agora... Agora era diferente. Era muito mais íntimo.

—Estou na frente da sua casa. A gente se fala pessoalmente, Edward. —Desliguei e, só para reforçar, buzinei também. Edward não ficaria muito contente, eu sabia, mas a briga que talvez tivéssemos valeria a pena, só por eu ter visto Alice abrir a porta da sua cassa correndo, como se quisesse comprar que era mesma ali. Quando eu abri o vidro para que ela me enxergasse, ela soltou alguns gritinhos e voltou saltitando para dentro de casa. Nossa! Se eu soubesse que ela ficava feliz com uma carona, eu teria vindo sempre. Sério.

Não demorou para que ela voltasse a sair de casa, dessa vez arrastando a sua mochila e um Edward emburrado também. Ah, ele era tão lindo! E meu. Só meu.

A porta do carona foi aberta rapidamente por uma Alice animadíssima e tagarela, mas Edward apenas lhe lançou uma carranca em resposta e, vendo o irmão sério, ela logo tomou seu rumo para as portas de trás. Devia ser bem chato ser irmã de Edward. Quer dizer, eu sou suspeita para falar, não é mesmo? Seus beijos me deixavam muito, mas muito acesa mesmo.

—Bella? O que aconteceu? –Edward não me repreendeu por ter vindo buscá-lo, como eu supunha. Ele apenas colocou uma de suas mãos em minha coxa, como se quisesse me dar algum tipo de apoio, e me olhou atentamente.

—Meu pai perdeu tudo. —Eu juro que queria contar quando os quatro estivessem presentes, mas simplesmente não dava para esperar. Acabei desabando ao ver Edward tão preocupado comigo. A animação da baixinha também parecia ter se dissipado quando ouviu o meu tom de voz.

—Como assim? Perdeu tudo o quê?

—O dinheiro, a casa, o meu carro. Tudo, absolutamente tudo que tínhamos de bens materiais, por assim dizer. –Resmunguei. Eu não chorei, nem me desesperei, nem nada do tipo. A situação simplesmente não se resolveria se eu chorasse, por mais que eu estivesse tentada a bater o pé como uma criança mimada na frente dos colegas de trabalho do meu pai, para implorar que eles não vendessem o meu bebê.

No momento seguinte, Edward começou a rir. Eu e Alice olhamos para ele chocadas. O quê? De que merda ele estava rindo?! Tudo bem que eu não estava chorando, mas estava muito longe de gargalhar por conta da minha desgraça.

—Mano, do que você está rindo? –Alice estava confusa, assim como eu.

—É que por um momento pensei ter entendido que a Bella estava pobre, mas não pode ser possível. —E ele caiu na gargalhada de novo, mas visto que eu não o acompanha, o silencio reinou entre nós novamente.

—Bem, isso é verdade? —Assenti. —Certo, vocês perderam a fortuna da família, mas ainda têm o emprego de seu pai, e sua mãe faz muito sucesso com os granfinos, pode voltar a trabalhar. Não ficarão pobres. Não seja exagerada, Isabella.

Ah, eu queria que fosse tão simples assim! Juro que queria.

—Vocês não estão entendendo. —Eu meio que suspirei. Daria tudo para não contar a próxima parte. Por mais que eu já tivesse perdoado Charlie, era muito vergonhoso assumir na frente de Edward e Alice, principalmente por eu saber o quanto eles e o pai davam realmente duro trabalhando para conseguir o que tinham. —Não havia fortuna da família. Meu pai passou anos roubando a delegacia, desviando verbas, essas coisas. Os colegas de trabalho descobriram, e o intimaram a devolver tudo, se não, iriam denunciá-lo à justiça e ele acabaria sendo preso.

Edward e Alice pareciam chocados, mas eu não me importei. Não queria que eles tivessem pena de mim, apenas queria poder conversar sobre isso com alguém.

—Isso quer dizer que você está mais pobre do que nós, é isso, Bella? —Edward não deixou que eu respondesse o questionamento de Alice.

—Cala a boca, Alice! Isso lá é coisa para se dizer para a Bella agora?

—E você queria o quê? Que eu desse os parabéns? Não é legal ser pobre, Edward!

Eu soltei uma risada sem vontade. É claro que não deveria ser legal! Como eu viveria sem meus cartões de crédito, sem minhas bolsas e sapatos e roupas de marca? Como eu viveria sem meus perfumes importados? E principalmente, como eu viveria sem o meu bebê Volvo? Aliás, como eu viveria sem ter um lugar para morar?

Eu estava tão ferrada.

(...)

Ao chegar à escola, estranhei ver Jazz, Rose, e até mesmo Emm, encostados no carro da loira e batendo um papo que parecia estar agradável. E quanto a aula?

—Hey, Queen B. –Jazz me cumprimentou, e tanto Rose quanto ele se curvaram, como se fizessem uma reverência para mim. Eu quis chorar. Os dias da Queen B estavam contados. Quer dizer, não que eu estivesse exercendo muito minhas crueldades de rainha na escola nos últimos dias, mas mesmo assim... Ter poder era bom, mesmo que se isso significasse apenas ter status na Forks High School.

Vendo que eu não sorri quando os dois brincaram comigo, ambos ficaram sérios. Eu precisava desabafar tudo, e para todos os meus amigos.

—Por que vocês não estão na aula?

—A professora não veio, então não temos os dois primeiros tempos. —Rose explicou, revirando os olhos. —Mas a professora de Alice já está na sala há eras.

—Não vou deixar a Bella sozinha. A aula que se foda. —Agora sim, eu com certeza estava chorando. Ela se importava, afinal. Mesmo eu a tendo tratado mal de início. Edward juntou as nossas mãos e me lançou um sorriso compreensivo, e as lágrimas vieram em mais abundância ainda. Olhei para Rose e Jazz, que pareciam preocupadíssimos, apenas me encarando e ansiosos para que eu dissesse algo.

—Bellinha, pode me dizer quem foi que te fez algum mal. —Emmett juntou suas duas mãos como se estivesse... Se preparando para algo? —Não somos amigos há muito tempo, mas mexeu com a mulher do meu brother, mexeu comigo. Quem foi o desgraçado? Vou atropelar com meu skate!

A risada coletiva não pôde ser evitada, e eu agradeci ao apoio de todos, antes que terminasse a história, e a esclarecesse todos para os outros que não estavam presentes antes. De alguma maneira, o jeito como meus amigos me apoiaram ali, fez com que meu coração se aquecesse.

—Papai roubava a delegacia. Descobriram, e para ele não ir preso, terá que devolver tudo. Não há nenhuma herança da vovó Swan. Estamos sem dinheiro, sem casa, e eu ficarei sem meu bebê. —Lancei um olhar triste para o meu carro a poucos metros de mim. —Enfim, minha mãe foi embora de casa, disse que só casou com meu pai porque ele começou a fazer aqueles esquemas no trabalho. Disse também que não queria me ver mais, porque nem capaz de prender o Jacob pelo sexo eu consegui. Ela disse que eu nem ao menos servi para casar com alguém rico. —A minha voz foi ficando cada vez mais fraca. Era vergonhoso admitir que tua mãe não se importava nada contigo. Edward apertou mais a minha mão, e me abraçou, querendo me dar apoio. Eu me aconcheguei um pouco mais nele. —Estou completamente pobre. E para piorar, meu pai disse que se ele não arrumar um trabalho logo, eu terei que me transferir para a escola pública.

—Não, Bella! Qual é, até nós, os favelados aqui, —apontou Emm para ele próprio, Edward e Alice, —sabemos que o ensino na pública de Forks é uma merda! Você não pode sair daqui.

—Quem sabe não consegue uma bolsa como nós temos? Não paga toda a mensalidade, mas já ajuda. —Alice disse. Eu queria me apegar naquela possibilidade, realmente queria. Porém, Edward acabou com a minha esperança.

—Vocês sabem que eles só concedem as bolsas no começo do ano letivo, Alice.

O silêncio reinou entre nós.

—Você pode morar comigo. —Foi Jazz que se pronunciou dessa vez. —Minha mãe e meu pai te adoram, Bella. E temos um quarto sobrando.

—Mas e aquela sua prima Maria que virá morar com vocês na semana que vem? —Perguntei. A expressão de Jazz se desanimou, e eu entendi que ele havia esquecido totalmente dela. —Sem problemas, Jazz.

—Bom, meus pais gostam de você, Bella. Mas meu pai é juiz, você sabe. Se você e seu pai forem morar lá, e ele descobrir o Charlie que fez, e ele vai querer saber o motivo dessa mudança drástica na vida de vocês, vai dar merda.

Assenti, mordendo o lábio. O jeito era rezar para que meu pai achasse um emprego logo para podermos alugar alguma casa. Quem sabe eu possa ajudar vendendo umas roupas minhas? Eu acho que isso não iria ser confiscado pelos colegas de meu pai.

—Vocês podem morar comigo, Alice e nossos pais. Não é, irmãzinha? —Edward falou tão naturalmente aquilo, que eu quase estava acreditando no que ele estava dizendo. Porém, não era sério, né? Qual é! Seu pai devia me odiar por ter arrumado aquela confusão enorme no seu bar aquela vez. E além do mais, eles não tinham muito dinheiro sobrando, por assim dizer. Nunca que os pais de Edward convidariam dois desempregados como eu e meu pai para darmos apenas mais despesas.

—Seria ótimo! Bella, você podia dormir no meu quarto, sabe? A gente leva o teu colchão, mas acho que a cama não vai caber no meu quarto não! Se você se sentir melhor com isso, eu me livro da minha cama também. Podemos colocar os dois colchões no chão e dormirmos sempre juntas! Ah, vai ser tão legal. Você já é minha cunhada, amiga, e agora vai ser minha irmã! Que tudo! —Alice pulava, e eu ainda estava tentando assimilar a frase de Edward. Ele só podia estar brincando! Ficando louco!

—Os pais de vocês nunca quererão isso. Eu e meu pai daremos um jeito.

—Não, Isabella. —Edward me fez olhar diretamente para seus olhos, e eu quase me perdi neles, de tão profundos e claros que estavam. —Eu não vou deixar a minha namorada e o meu sogro na rua. E outra: já está na hora de você conhecer um ditado bastante popular dos favelados: onde comem quatro, comem seis.

—O ditado não é bem assim, cara, mas vou fingir que é para o teu momento de mocinho salvando a donzela não parecer uma merda.

Edward fuzilou Emmett com o olhar e, assim como todos, eu caí na gargalhada.

Pois bem, parece que eu irei morar com o meu namorado favelado.

E nós nem tínhamos transado ainda!

Era bem a nossa cara mesmo viver invertendo a ordem das coisas.

Não que eu estivesse reclamando, é claro.


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Notas finais do capítulo

Comentem, tá bom? Esse capítulo foi o maior da história até agora!
Beijão



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