SORRISO ENSOLARADO

Quando Haru desceu para o café da manhã no dia seguinte percebeu que todas as conversas silenciaram quando chegou à sala de jantar. Os olhos de todos oscilavam entre ela e Tsuna, e ela teve vontade de correr dali.

- Bom dia, Haru. – cumprimentou Tsuna, que fez sinal para que Lambo cedesse seu lugar para a garota dos cabelos castanhos.

-Bom dia, Tsuna-san. – respondeu de forma exagerada, como era de costume e sentou-se ao lado do rapaz. – Tsuna-san precisa comer mais, alimentar-se bem, você não pode ficar desnutrido e desmaiar por ai. – e começou a colocar um monte de comida no prato do rapaz.

“Ela voltou ao normal” pensou Tsuna aliviado. Desde que o noivado havia sido anunciado, os dois se evitam e se tratavam de forma estranha. Mas depois da conversa de ontem, ela parecia ter voltado a ser a velha e excêntrica Haru de sempre.

=8=

Por mais estranho que parecesse, Yamamoto não pode deixar de sorrir ao ver a jovem parecer bem e tratar seu amado Tsuna da maneira como ele vira por anos a fio. Embora ele ainda não tivesse uma resposta para sua pergunta, gostava de ver a jovem de bom-humor, e não chorando pelos cantos como fizera nos últimos dias.

=8=

Gokudera enrolava o talher nos dedos, queria ter um cigarro ali, mas Tsuna não o permitia fumar durante as refeições. A presença daquela mulher estúpida o incomodava, e ele ainda se culpava pelo maldito beijo que havia trocado com ela. Só então reparou que Tsuna usava a aliança de noivado, mas o dedo de Haru estava vazio. Será que ela tinha perdido o anel? Não duvidava, ela era tão boba e descuidada. Desviou o olhar da imagem dela, tentando afastá-la de seu pensamento, mas seus olhos repousaram sobre Yamamoto que sorria debilmente. Só um maníaco do baseball para gostar de uma mulher tão inútil. Ficou ainda mais irritado.

=8=

- Então vocês cancelaram o casamento? – perguntou Kyoko, surpresa.

- Sim. – respondeu Haru.

- Haru-chan, você gosta tanto do Tsuna. Era seu sonho casar com ele. – Kyoko ainda não entendia porque a amiga batera na porta do seu quarto tão cedo para lhe contar a novidade. Elas não se falavam desde o noivado e embora Kyoko sentisse falta da amiga, uma parte dela se sentia traída. Kyoko não tinha decido para o café, e não sabia o que estava acontecendo, mas entendeu que o fim do casamento ainda não era de conhecimento geral.

- Um sonho. Era só isso. – disse casualmente e sorriu para a amiga.

- Mas... você sempre gostou dele. – as duas estavam sentadas sobre a cama de Kyoko.

- E eu amo o Tsuna. – respondeu. Os olhos delas se encontraram e Kyoko sentiu-se desconfortável com aquela declaração. Não entendia porque Haru cancelara o casamento se amava Tsuna. – Eu sempre amei, e sempre vou amá-lo... Mas não sou eu quem ele ama. – e uma lágrima pingou colorindo o lençol. – E só o meu amor não pode manter os dois.

Kyoko estendeu a mão e acaricou os cabelos da jovem, que passou a chorar profundamente. Tudo o que ela sentia, toda a dor, todo sofrimento, agora ela deixava fluir, queria se sentir livre.

O que sentia por Tsuna nunca ia mudar, mas sabia que aquele sentimento não iria levá-la a nada. Ele amava Kyoko e Kyoko o amava, de que adiantava ser um empecilho entre a felicidade deles.

Deitou no colo da amiga e deixou que ela lhe confortasse. Entre as lágrimas incessantes pediu:

- Cuide dele, Kyoko.

Sem saber o que responder Kyoko não disse nada. Mas sentiu seu coração sorrir.