Coração em Conflito escrita por Chibieska


Capítulo 3
Após o Anoitecer




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APÓS O ANOITECER

As lágrimas encharcavam o travesseiro e os gritos angustiados preenchiam o quarto. Mas Yamamoto não estava lá para secar suas lágrimas ou Gokudera para responder aos seus gritos. Sentiu o coração apertar ao pensar neles e escondeu a cabeça embaixo do travesseiro.

=8=

Yamamoto tentou concentrar-se no treino que fazia diariamente, mas seus reflexos estavam mais lentos e o corte de sua espada menos preciso. Sua mente estava presa em Haru, e no que acontecera na noite anterior. Esperara ansioso para vê-la, mas ela não apareceu para o almoço ou jantar. Ficara com receio de perguntar algo a Tsuna e parecer interessado na mulher, afinal ela seria a esposa de seu amigo muito em breve e seria desrespeitoso da parte dele nutrir qualquer sentimento que não fosse amizade.

Mas era exatamente isso que vinha lhe incomodando, era como se só passasse a reparar na jovem depois do pedido de casamento de Tsuna. A sensação de concorrência e infidelidade com o amigo lhe incomodava terrivelmente...

- Você está com medo de perdê-la. - Yamamoto se virou e encarou Reborn parado a porta. – Você sempre achou que ela estaria disponível, te esperando para sempre. – Yamamoto sentiu um nó na garganta, mas do que adiantava mentir para o bebê, ele sabia ler mentes, não era?

- Mas eu nunca senti isso...

- Você apenas mascarou isso, jogando o que sentia para segundo plano, porque sempre teve outros assuntos mais importantes para resolver. – Yamamoto abriu a boca para refutar, mas não disse nada, talvez Reborn tivesse razão.

- Por que Tsuna a pediu em casamento? Ele gosta da Sasagawa.

Mas Reborn não respondeu a pergunta do guardião da chuva, apenas o encarou, como se a pergunta fosse estúpida e a resposta óbvia. Yamamoto tinha uma mente simples, que se aguçava apenas durante uma batalha, ele provavelmente não veria o porquê, a menos que considerasse sua disputa com o chefe da família uma batalha.

- Eu devo me declarar então? – perguntou o rapaz incerto.

- Eu não sei. – respondeu Reborn. – Esses assuntos melosos são com a Bianchi.

E pela primeira vez Yamamoto sorriu, como há dias não se via.

=8=

Ela sempre imaginara aquele momento. Trajando um delicado vestido branco, desenhado por ela e todos os seus amigos a saudando pela feliz união, então terminaria seus dias morando numa romântica casa-barco com seu querido Tsuna. Esperara esse momento desde os quinzes anos, e agora que ele finalmente se engendrava, parecia lhe mais um pesadelo. Sua amiga de longa data mal lhe trocava palavras, seu amado parecia triste e conflituoso. Seu doce e delicado amigo parecia triste, mesmo ainda exibindo sorrisos e tentando mantê-la em pé. E aquele grande idiota, apertou os lençóis e sentiu o rosto cobrir de lágrimas... Apenas as sombras do quarto lhe faziam companhia.

=8=

Uri ronronava aos pés do sofá onde o rapaz dos cabelos cinzentos estava deitado, por vez ou outra ele fitava o piano no outro extremo da sala, mas não tinha motivações para se levantar e dedilhar alguns acordes. O chão do aposento estava coberto de bitucas de cigarros. Deveria ter saído, bebido todas as doses de saquê que conseguisse e então se esqueceria do que ocorrera no fim de tarde. Como podia ter traído o Juudaime de forma tão idiota e agressiva. Ele reclamara que ela não se dava ao respeito, mas o que ele fizera por fim... Não sabia o que dizer ao seu chefe ou como encarar a garota, tudo o que acontecera fora súbito e impulsivo, sentimentos conflitantes que ele refreara desde os quinze anos, simplesmente lhe escaparam do controle quando o sangue ferveu. A voz dela ainda ecoava na sua mente, assim como uma visão clara do desapontamento de Tsuna, ao saber que o seu braço direito havia cruzado um limite sagrado. Uma lágrima desobediente escorreu por seu rosto, lhe tirando de seus devaneios. Secou com a costa da mão e deu um muxoxo irritado, ele não poderia alegar pelo que chorava.


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