Crônicas do Inferno escrita por Megurine Jackie


Capítulo 11
Ato de Coragem


Notas iniciais do capítulo

è preciso ter coragem para viver.



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Estava apreensiva em relação de como seriam meus próximos dias dali para frente. Como tinha já acordado com Ai, o próximo trabalho será feito por mim, sozinha. Só esse pensamento já me causou muitos arrepios.

E também estava pensando no que Ai disse. De que ela não fez bem em ter me escolhido para substituí-la no seu trabalho. E eu... A abracei!

Não posso imaginar como seria a próxima vez que nos veríamos. Seria, no mínimo, interessante.

Depois disso tudo, meus dias passaram lentamente. Nada de novo aconteceu por quase uma semana. Fiz minhas provas. Aposto que fui muito mal. Tentei não preocupar minha mãe. Até fui ao psicólogo que ela pediu que eu visse. Coitado, acho que ele não vai querer mais me atender, depois da pergunta que eu fiz a ele:

- Doutor, e se o senhor tivesse que escolher entre ir para o inferno ou vingar o ódio das pessoas eternamente. O que o senhor escolheria?

Ele engasgou, engoliu saliva e mudou de assunto. Acho que o assustei.

No final do quinto dia, já achava que Ai havia desistido de mim. Não sei se fiquei aliviada ou assustada.

- Cheguei, mãe!

Ela está na cozinha, ouço sua voz.

- Oi filha! Como foi seu dia?

Eu já subindo as escadas para o quarto.

- Tudo normal...

Entro no eu quarto, jogo minha bolsa na cama. Quando olho para o monitor do meu computador levo um susto: Sua tela está vermelha, com um pequeno símbolo no meio, como uma chama.

- Ué... Não mudei o papel de parede... - Falei comigo mesma, caminhando na direção da mesa.

- O que foi, Maya?

Levo mais um susto. A voz de Ai atrás de mim.

- Ai, não faça isso. Se não vou para o inferno antes da hora!

Ela aponta para o meu computador.

- Essa mensagem é para você.

Eu me sentei na frente do computador e dei um clique. Abriu uma mensagem, como um e-mail. Nela só havia escrito um nome:

"Takae Nabue"

Eu olhei para Ai, certa de que ela iria me explicar mais daquela mensagem. Mas a menina só me olhava em silêncio.

- Ai, como vou saber de maiores detalhes da pessoa que é o alvo. E como sei quem mandou a mensagem?

Ela me olhou seriamente.

- O primeiro passo você já deu. Agora você precisa ir visitar o seu cliente. Chame os seus ajudantes, eles vão fazer o que você ordenar.

 Achei que aquilo não foi muito objetivo.

- Ai, pelo menos me diga quem é o cliente... - Quase chorando.

Ela me olhou e sorriu. Foi a primeira vez que ela sorriu assim, abertamente.

- Olhe o remetente da mensagem, Maya. Fica mais fácil. - Disse, ainda sorrindo.

Fiquei envergonhada. Era tão básico. Mas no remetente só havia outro nome:

 ”Hina Wasabi"

Meu coração quase parou de bater nesse momento. Minhas mãos tremiam sobre o teclado. Não podia acreditar...

- Maya, o que foi?

Eu não tinha forças para falar.

- Não acredito... Não acredito, não pode ser...

Ai me olhava sem entender. Eu tremia tanto que estava prestes a passar mal.

- Hina... Por que você? Justo você? - Comecei a chorar, deitando minha cabeça no teclado.

 Ai, que entendeu o que acontecia ali, tocou de leve o meu ombro.

- Você precisa ser imparcial. Ela não é mais sua amiga, é sim sua cliente. Você irá atendê-la e cumprir o trabalho. Esse foi o seu pedido no acordo. Não vou negá-lo. Mas também não irei revogá-lo.

 - Mas a Hina... - Chorando, ainda. - Ela vai me reconhecer, como vou dizer a ela... Que sou a Hell Girl?

- Não se preocupe com isso. É o meu rosto que ela verá. Ela não a reconhecerá.

Eu não conseguia acreditar naquilo que estava acontecendo. Teria que atender a um pedido da minha melhor amiga. Não reconheci o nome da vítima. Não era alguém que eu conhecesse.

- Vamos, não podemos demorar. Nossa cliente nos espera.

Eu segui a Ai através das paredes de minha casa. Vejo a carruagem e os dois outros ajudantes nos aguardando no meu jardim. Ainda estou com os olhos vermelhos de chorar.

- O que foi, menininha. Já está com medo? - Me pergunta Hone Onna, com tom sarcástico.

Não respondi, apenas baixei minha cabeça e entrei na carruagem. Ficamos em silêncio até chegarmos à porta da casa da Hina.

'Minha amiga, o que você fez?'

- Vou com você, para garantir que não faça nenhuma bobagem. - Ai, me olhando seriamente.

- Mas eu posso agir normalmente, posso conversar com ela? - Perguntei.

Ela me olha novamente com sombra no olhar. Fico com medo dela toda a vez que me olha assim.

- Nem pense em tentar dissuadi-la. Mando-te para o inferno!

Seu tom de voz era sinistro. Seu olhar rasgava-me a alma por completo. O medo me petrificou até que ela disse-me, rispidamente.

- Vamos, não podemos demorar mais!

 Entramos na casa, e logo no quarto de Hina. Posso vê-la sentada na frente do computador, chorando. O que será que aconteceu para ela odiar tanto aquela pessoa, a Takae Nabue.

 Ai me olha e aponta para minha amiga.

- Você prossegue daqui.

 Penso que devo imitar os procedimentos da Ai. Estou com muito medo. Sinto pena da Hina, sinto-me tão confusa... Respiro fundo.

- Você me chamou?

As palavras saem fracas, quase inaudíveis.

Hina vira-se repentinamente, com a face pálida do susto que levou.

- Quem é você? - Ela gagueja.

- Você me chamou... - Lembrei que não podia usar o meu nome nesse caso. Olhei para Ai.

- Pode usar meu nome. - Ela assentiu.

- Sou Ai Enma, você me chamou. - A voz trêmula não negava o quão apavorada eu estava.

 Ouvi a voz de Ai atrás de mim.

- Continue, está indo bem...

Hina olha para mim e diz:

- Ah, Hell Girl, me ajude! Essa mulher está destruindo a minha família! Minha mãe está doente, não come mais. Só chora. Eu a odeio! Mande-a para o inferno, por favor!

 Partiu meu coração ve-la tão triste. E a esperança dela era que, mandando aquela mulher para o inferno a sua família ficaria bem.

- Hina, eu... - Falei quase sem voz. - Por que você acha que mandá-la para o inferno irá resolver todos os seus problemas? Acha mesmo que odiá-la e vingar-se vai trazer de volta a felicidade de sua família?

Ela olhou para mim assustada. Era o rosto de Ai que ela via. Mas eu tinha certeza que, naquele momento, era a minha voz que ela ouvia.

- Mas ela está separando meus pais... - Chorando.

- Mesmo que ela desapareça, provavelmente seus pais vão acabar se separando. Sua mãe e seu pai vão conhecer outras pessoas e vão continuar suas vidas. Mas a alma dessa mulher passará a eternidade no sofrimento do inferno. E você nunca vai se perdoar por isso!

Hina parecia perdida com tudo aquilo que eu estava dizendo. Acho que não era aquilo que ela esperava.

- Isso sem dizer que além de passar sua vida se martirizando pelo que você fez, sua alma também vai para o inferno! Acha que vale a pena?

Estava com medo de olhar para Ai, por que sabia o que me esperava. Mas não permitiria que minha melhor amiga cometesse esse erro.

Eu sentia um desejo enorme de chorar e de abraçá-la. De implorar para que ela não fizesse aquilo. Mas fiquei ali, em pé na sua frente, esperando uma resposta.

Hina olhou carinhosamente para mim. Ela se aproximou e disse:

- Nossa, Hell Girl! Você me lembra muito uma grande amiga minha...

Hina parou de chorar e me sorriu tristemente. Eu retribui o sorriso, me virei e caminhei em direção de Ai, que me olhava daquela forma assustadora. Aproximei-me dela e, quando cheguei bem perto disse, baixinho:

- Estou esperando lá fora. Não fugirei do que foi acordado.

Continuei andando. Meu corpo tremia inteiro, mas internamente. Por fora eu parecia estar tranquila e segura de meus atos. Não olhei para trás. E me sentia muito orgulhosa do que tinha acabado de fazer.

Minha alma já estava perdida. Não deixaria que tomassem a alma de minha melhor amiga por nada nesse mundo!


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Notas finais do capítulo

Amores, espero que gostem do capítulo.
Domo aregatou!